segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Capítulo 10: Salto Alto

CAPÍTULO 10:

CENA 1: Casa de Roberto, Urca, RJ. NOITE.
DAYSE: Isso é verdade, Roberto?
VERÔNICA: O que você tem a falar pra se defender, pai?
ROBERTO: Isso é mentira!
DAYSE: Não acredito que você foi capaz de fazer isso, Roberto!
AGATHA: (CHORANDO) Pai, foi você?
ROBERTO: Verônica, como você inventa uma coisa dessas?
VERÔNICA: É verdade sim. Quem não quiser, não acredita.
ROBERTO: Verônica, fala a verdade pra sua mãe e pra sua irmã.
VERÔNICA: Eu já disse.
ROBERTO: (COM RAIVA) Se você não contar a verdade, te expulso de casa.
VERÔNICA: (DEBOCHANDO) Ai, paizinho, tudo agora você recorre a me tirar de casa.
DAYSE: Verônica, nos conte a verdade.
VERÔNICA: Eu estou falando a verdade. Se vocês não concordam, esperem amanhã porque os resultados desse desvio vão sair.
ROBERTO: Vai pro seu quarto já!
VERÔNICA: Que droga!
Verônica, mesmo aborrecida, vai ao seu quarto.
DAYSE: (TRISTE) Um Deus, amor, estou muito preocupada com a Verônica.
ROBERTO: Também estou.
DAYSE: Eu não sei o que fazer.
ROBERTO: Deixa ela falar essas mentiras.
DAYSE: Eu não criei minha filha pra ser uma mentirosa.
ROBERTO: Mas se ficarmos acreditando no que ela fala, ela vai acabar mandando na gente.
DAYSE: Nisso eu concordo.
ROBERTO: Então, vamos deixar.
DAYSE: Vamos ver isso numa semana.
ROBERTO: Está bem.

CENA 2: Casa de Álvaro, Lapa, RJ. NOITE.
ELVIRA: Você não vai falar comigo direito, Karina?
KARINA: Não, Elvira.
ELVIRA: Eu sou a sua mãe, me respeita.
KARINA: Eu não te considero minha mãe. Minha mãe se chama Álvaro.
RAYANE: (RINDO) Papai é transexual?
KARINA: Para de bobeira, Rayane.
RAYANE: Ele é hermafrodito?
KARINA: Hoje você está engraçaralha pra cadinho, né, Rayane? Só faltava o nariz de palhaça. Eu quis dizer que o papai, pra mim, não foi só pai, mas uma mistura entre pai e mãe, como chamam por aí, ‘‘pãe’’.
ELVIRA: Que palhaçada, garota! Falando de palhaço, me lembro logo dessa Vivi, que acha que o Alvinho gosta dela.
ÁLVARO: Eu amo a Viviane.
VIVIANE: Para de falar da minha vida, Elvira. Você é muito invejosa.
ELVIRA: Não tenho nenhuma inveja de você. Meu lema é ‘‘I’m sexy and I know it’’, não preciso de você.
VIVIANE: Sexy? Vou te recomendar um médico pra ver sua visão.
ELVIRA: (IRÔNICA) Hahaha. Muito engraçado. Vou até te contratar prum programa de humor, mas vai pra um bem ruinzinho que ninguém assiste. Verdadeira palhacinha você!
KARINA: Você adora palhaços né, Elvira?! Palhaçada e outras coisas foi o que você fez com o papai.
RAYANE: Para de ser puxa saco, Karina.
KARINA: Não sou puxa saco, estou reconhecendo tudo o que ele fez por a gente, Rayane, e você tanto ignora e despreza.
Nesse momento, Álvaro começa a chorar.
ELVIRA: Ta chorando por que, Alvinho?
ÁLVARO: Não me chama assim, Elvira. Não temos nada mais.
ELVIRA: Não é o que provei agora pouco quando essa Viviane chegou.
ÁLVARO: (GRITANDO) Sai da minha casa, Elvira. Estou de saco cheio de você por hoje.

CENA 3: Apartamento de Paula e Hugo, Urca, RJ. NOITE.
O casal está vendo um filme de romance.
PAULA: Hugo, você acha que tudo o que estamos fazendo na academia vai dar certo?
HUGO: Claro, Paulinha.
PAULA: Eu também espero, amor.
HUGO: Paula, estava pensando em fazermos uma parceria com aquela empresa ‘‘My body’’.
PAULA: Aquela de artigos esportivos.
HUGO: Essa mesma.
PAULA: Mas, Hugo, essa empresa é de gente rica. Devem cobrar os olhos da cara pra parcerias.
HUGO: Fiquei sabendo que eles estão com pouco dinheiro e pouca parceria. Não devem estar cobrando muito caro assim.
PAULA: Eles estão no vermelho?
HUGO: Sim. Perderam muitos clientes e sócios.
PAULA: Então podemos ver isso. O que você acha que podemos propor a eles?
HUGO: Podemos vender os produtos deles na academia ou nós compramos uma certa quantidade de roupas e acessórios, e quando a pessoa fizer inscrição na academia ganha um kit com blusa, garrafa, toalhinha e outras coisas.
PAULA: Gostei dessa ideia do kit. Amanhã mesmo eu posso ir na empresa.
HUGO: Ta.
PAULA: Com quem eu devo falar? Você sabe?
HUGO: Melhor falar com um dos presidentes. Fiquei sabendo que a Cínthia Corlonn, que possui grande parte da empresa, voltou de umas viagens, ela até fez uma grande festa.
PAULA: Ah, também vi na revista sobre essa festa.
HUGO: E também tem um cara chamado Roberto, ele também é muito importante lá dentro. Acho que aquela garota Agatha, que procurou pelo grupo de decoração, é filha dele.
PAULA: Vou ligar para ela agora.
HUGO: Ok.
Paula procura na sua bolsa o número de Agatha e liga para ela.
AGATHA: (POR TEL.) Alô. Quem é?
PAULA: (POR TEL.) Olá, sou eu, Paula, da ‘‘Mais Saúde’’.
AGATHA: Oi. Por que a senhora está me ligando essa hora?
PAULA: Me chama de você. Estou ligando pra confirmar uma coisa.
AGATHA: É sobre o grupo de decoração? Você não gostou de mim? Ainda vou mandar a ficha, amanhã mesmo.
PAULA: Não é isso, querida. Só queria saber se você é filha de um dos sócios da ‘‘My body’’, o Roberto.
AGATHA: Sim, sou filha dele.
PAULA: Gostaria de uma ajuda sua.
AGATHA: Qual?
PAULA: Uma parceria entre a ‘‘My body’’ e a ‘‘Mais saúde’’.

CENA 4: Quarto de Rejane e Ingrid na mansão de Cínthia, Urca, RJ. NOITE.
As duas amigas estão no quarto, e Cínthia entra.
REJANE: O que foi, Cínthia?
CÍNTHIA: Vocês estão muito paradas. Quero que comecem a pensar num novo golpe.
INGRID: Vai ser em velhinhos de Copacabana.
CÍNTHIA: Ta. Falem mais desse golpe.
REJANE: Nós vamos fingir que somos cuidadoras de velhinhos e depois vamos dar um jeito de arrancar grana deles.
CÍNTHIA: Mas velho é tudo pobre coitado, não deve ter nada, além de uma merreca da loteria que eles jogam todo dia.
INGRID: Em Copacabana, tem muito velho com grana.
CÍNTHIA: Está bem. Amanhã vamos novamente no Jockey.
REJANE: Você gostou mesmo do cara que cuida do Adamastor né?
CÍNTHIA: Não. Para de gracinha. Eu vou falar com o cara que cuida dele de verdade, o gordo.
REJANE: Então, você gosta do gordinho, né?
CÍNTHIA: Vou nem te responder, Rejane. Pensem em alguma coisa pra esse golpe.
INGRID: Ta.
Cínthia sai do quarto.
REJANE: A Cínthia ta meio estranha.
INGRID: Estranha?
REJANE: Sim. Ela tá meio quieta, deve estar armando algum plano e não falou para a gente.
INGRID: Você acha que ela faria isso?
REJANE: Claro. Ela é muito ambiciosa e só quer aumentar os domínios dela. Igual aos imperadores antigos, quer aumentar seu império cada vez mais.
INGRID: Fica de olho nela, enquanto eu pesquiso sobre velhinhos que precisam de cuidadora.

CENA 5: Casa de Álvaro, Lapa, RJ. NOITE.
ELVIRA: Eu nem tenho lugar pra morar.
ÁLVARO: Dane-se. Isso é problema seu.
ELVIRA: Mas eu sou a mãe das suas filhas.
ÁLVARO: Atualmente, isso não diz nada. Elas já estão praticamente criadas.
ELVIRA: Mal criadas, você quer dizer, né? Porque a outra nem quis me abraçar.
ÁLVARO: ‘‘A outra’’ tem nome, é sua filha, Karina. Como você pode pedir educação e respeito se essas palavras nunca existiram no seu vocabulário.
ELVIRA: Não é ela que disse que não se considera minha filha? Então por que eu devo respeitá-la?
ÁLVARO: Ela é minha filha e eu estou falando pra respeitá-la. Sai daqui logo.
VIVIANE: Álvaro, acho que não é a Elvira que tem que sair.
ÁLVARO: Eu que não saio daqui. A casa é minha.
VIVIANE: Eu que irei sair.
ÁLVARO: Por quê?
VIVIANE: Eu estou aqui perdida e parada com um ás de paus nesse papo de família.
KARINA: Vivi, você que faz parte dessa família. A intrusa aqui é Elvira.
RAYANE: Ei, Karina. A mamãe faz sim parte da família.
KARINA: Você pode considerar ela da família, mas eu não considero. Ela nos largou com o papai quando éramos muito pequenas, você principalmente.
RAYANE: E daí?
KARINA: ‘‘E daí’’ que ela não deu a mínima por nós.
RAYANE: Mas ela ta de volta e quer se aproximar da gente.
KARINA: Comigo ela pode até querer, mas acho muito difícil de conseguir. Ela fez o estrago e agora volta como se não tivesse feito nada, se fazendo de santa.
ÁLVARO: E de santa ela não tem nada.
ELVIRA: E você não é nenhum santo, tá, Álvaro?
ÁLVARO: Eu pelo menos reconheço meus erros.
ELVIRA: Eu também, estou correndo atrás do prejuízo.
KARINA: Você acha mesmo que me abraçando e se fazendo de mocinha vai me fazer esquecer tudo o que passei junto com papai e a Rayane logo que você largou?!
ÁLVARO: Não foi nada fácil criar duas meninas sem ninguém pra me ajudar e com pouco dinheiro, mas eu me reergui.
RAYANE: Se reergueu? Que bom que não me lembro desse passado, porque se agora moramos nesse barraquinho, imagina antes.
KARINA: Rayane, às vezes você me dá nojo.
RAYANE: Nojo é o que tenho ao saber que minha irmã é doméstica.
ELVIRA: Você é empregada, Karina?
RAYANE: Karina, a empreguete da família, mas ela não canta, só fica pegando o patrão.
KARINA: Não sou mais empregada, mas já fui e com muito orgulho. Para de gracinha, Rayane, o seu Roberto é só meu patrão.
RAYANE: (INSINUANDO) Sei...
ELVIRA: Você tá trabalhando aonde, Karina?
RAYANE: Ela agora é secretária na empresa do seu Roberto. Devem ficar se agarrando toda hora.
ÁLVARO: Chega! Rayane para de infernizar a sua irmã. Vamos parar com essa briga.
KARINA: Rayane, esse emprego é muito digno. Estou cansada de te avisar, mas vou repetir: o seu Roberto te aguarda na mansão ainda essa semana. Se você quiser, vá com ela, Elvira. Pelo menos, fará algo de útil.
RAYANE: Não nasci pra limpar privada de patricinha.
KARINA: Nem eu, mas é necessidade.
ÁLVARO: Depois vocês veem isso. Agora eu quero saber quem encontrou essa pilantra da Elvira.
RAYANE: Eu. Estava na rua e ela também tava lá.
ELVIRA: É, a Ray me contou sobre a proposta do funkeiro.
Viviane e Karina olham para Álvaro com um jeito intencionado e o dançarino percebe o que elas tentam transmitir.
KARINA: O Jorjão?
RAYANE: Ele mesmo.
ÁLVARO: Rayane, tenho que te contar uma coisa.     
RAYANE: Desembucha logo.

CENA 6: Quarto de Cínthia na mansão dela, Urca, RJ. NOITE.
No seu quarto, Cínthia conversa pelo telefone com uma mulher.
MULHER: Quero a encomenda logo.
CÍNTHIA: Não ta tão fácil de arrumar.
MULHER: Por quê? Em vários lugares, você encontra isso.
CÍNTHIA: A polícia fica de olho nisso.
MULHER: Isso não é coisa de polícia. Eles são muito enxeridos.
CÍNTHIA: Claro que é coisa da polícia. Tem um lugar com várias dessas ‘‘coisinhas’’, vou ver se consigo arrumar pra você.
MULHER: Você vai arrumar sim.
CÍNTHIA: Já falei: vou tentar.
MULHER: Quero isso pra amanhã.
CÍNTHIA: Amanhã?
MULHER: É, amanhã de manhã. Traga aqui no meu escritório.
CÍNTHIA: Escritório? Eu chamaria isso aí de depósito.
MULHER: Chame de Central de tratamento.
CÍNTHIA: Só não sei se vai dar pra amanhã.
MULHER: Se isso não chegar aqui antes das 10 da manhã, vamos ver o que vai acontecer.
CÍNTHIA: Ta, vou arrumar isso pra tu.
MULHER: Acho bom mesmo.
Cínthia desliga o telefone e fica preocupada, então faz uma ligação misteriosa.
HOMEM: O que foi, Cínthia?
CÍNTHIA: Preciso que arrume umas coisas pra mim.
HOMEM: Qual tipo?
CÍNTHIA: Qualquer um, o que você tiver aí e mais barato.
HOMEM: Pra quando?
CÍNTHIA: Amanhã.
HOMEM: Amanhã?
CÍNTHIA: (IRÔNICA) Não, hoje, abestado.
HOMEM: Hoje?! ‘‘Hoje você não me escapa... ’’
CÍNTHIA: Meu Deus, como cantor, você é um ótimo traficante.
Nesse momento, Rejane entra no quarto de Cínthia.
REJANE: Traficante?


CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO...

Nenhum comentário:

Postar um comentário