CENA 1: Mansão de Cínthia,
Urca, RJ. COMEÇO DE MANHÃ.
(Continuação...)
Antes
das 7 da manhã, o homem que havia combinado com Cínthia sobre uma encomenda no
dia anterior, liga para ela.
HOMEM:
(POR TEL.) Tô na porta da sua casa.
CÍNTHIA:
Já tô indo.
Cínthia
desce as escadas e abre a porta para o homem.
HOMEM:
(ENTREGANDO 3 CAIXAS) Aqui está o que você me pediu.
CÍNTHIA:
Valeu, querido.
Cínthia
fecha a porta da casa e entra com as caixas para o seu quarto. Ingrid ouve
barulhos de pisadas e resolve ir ao corredor ver quem é, então vê Cínthia
carregando as três grandes caixas para seu quarto.
CENA 2: Casa de Clécio, Lapa,
RJ. COMEÇO DE MANHÃ.
Elvira
acorda e é surpreendida por Clécio.
ELVIRA:
Que susto, Clécio!
CLÉCIO:
Foi mal, Elvira.
ELVIRA:
Ta.
CLÉCIO:
Virinha, sinto saudade dos velhos tempos.
ELVIRA:
Que velhos tempos?
CLÉCIO:
(APROXIMANDO-SE DE ELVIRA) Quando a gente era ...
ELVIRA:
A gente era o que?
CLÉCIO:
Esquece.
ELVIRA:
Você não sabe o que a gente era?
CLÉCIO:
Não sei o nome que se dá a isso.
ELVIRA:
Nós éramos dois safados que ficávamos nos pegando quando Álvaro saía de casa.
CLÉCIO:
Eu não descreveria assim.
ELVIRA:
Mas não é verdade?
CLÉCIO:
Bem...
ELVIRA:
Você sabe que é, né Clécio?
CLÉCIO:
Eu não gosto de lembrar que trai a confiança do Álvaro.
ELVIRA:
Ele é um velho louco apaixonado por uma dançarina de bordel.
CLÉCIO:
Dançarina de bordel?
ELVIRA:
É, aquela vagaba.
CLÉCIO:
Falando dela, fiquei sabendo de uns podres da vida dela.
ELVIRA:
Tá esperando o que pra me contar?
CLÉCIO:
Pode ser que depois eu te conte.
ELVIRA:
Já sei o que você quer em troca.
Elvira
agarra Clécio e ele a segura contra a parede, se beijando loucamente, até que
Rayane aparece.
RAYANE:
Que pouca vergonha é essa?
CENA 3: Mansão de Cínthia, Urca,
RJ. MANHÃ.
No
seu quarto, Cínthia abre as caixas que recebeu do homem, e retira as
encomendas, uma por uma. Ingrid observa tudo por um cantinho da porta e fica
espantada.
INGRID:
(PARA SI MESMA) Então ela é mesmo uma traficante de...
Ingrid
é interrompida por Rejane que sai do quarto.
REJANE:
Ingrid, ta fazendo o que aí?
INGRID:
Fala baixo, tô tentando espionar a Cínthia.
REJANE:
Tá, o que ela ta fazendo?
INGRID:
Abrindo umas caixas.
REJANE:
Com o quê dentro?
INGRID:
(MENTE) Bem, não deu para ver.
REJANE:
Vishi, ela deve estar vindo, dá pra ouvir barulho de pé. Vamos pro nosso
quarto.
Rejane
e Ingrid voltam para o quarto delas, e logo depois, Cínthia vai para lá.
CÍNTHIA:
Oi meninas.
REJANE:
Oi Cínthia.
INGRID:
O que vamos fazer hoje?
CÍNTHIA:
Bem, eu tenho uma reunião na My Body, mas posso antecipar tudo lá pra agora, de
manhã, aí de tarde nós podemos ir ao Jockey.
REJANE:
Você se encantou mesmo com o cara que cuidou do Adamastor né?
CÍNTHIA:
Para de gracinha, Rejane. Quero ver vocês trabalhando.
INGRID:
Ah, consegui um emprego para mim e Rejane, lá em Copa. A gente começa amanhã.
CÍNTHIA:
Que bom.
REJANE:
Que horas você nos busca aqui, Cínthia?
CÍNTHIA:
Perto da hora do almoço, aí a gente aproveita e almoça num restaurante bom por
ai.
INGRID:
Tá. E você vai pra My Body agora?
CÍNTHIA:
Em torno de meia hora estarei saindo daqui. Por quê?
INGRID:
Nada não.
CÍNTHIA:
Vou descer pra tomar café. Vocês me acompanham?
REJANE:
Eu já tô indo.
INGRID:
Eu também.
Cínthia
desce as escadas enquanto Rejane e Ingrid se arrumam para tomar café da manhã.
CENA 4: Casa de Clécio,
Lapa, RJ. MANHÃ.
ELVIRA:
Bem, minha filha...
RAYANE:
Deixa, mãe, já entendi. Você e o Clécio estão curtindo uns passeios pelo
passado, né? Tipo flashback, não é:
CLÉCIO:
Como você ficou sabendo?
RAYANE:
Eu não sou surda, eu ouvi tudo.
ELVIRA:
Só não espalha pro Álvaro nem pra Karina.
CLÉCIO:
Você ainda gosta do Álvaro, Elvira?
ELVIRA:
Nã... claro que não.
CLÉCIO:
Então por que você não quer que ele saiba?
ELVIRA:
Ele vai achar que eu não presto.
CLÉCIO:
Mas ele já sabe disso.
ELVIRA:
Até você agora, Clécio?!
CLÉCIO:
Você larga ele com duas meninas pequenas e ainda quer que ele tenha uma boa impressão
sua?
ELVIRA:
Eu quero reconstruir minha vida.
CLÉCIO:
Então já saquei tudo: você ainda gosta dele. Pra mim, tranquilo, você pode
aproveitar, mas não vou deixar você ficar aqui.
RAYANE:
Por que, Clécio? Vacilo!
CLÉCIO:
Não vai fazer muito sentido vocês ficando aqui. Procurem o tal emprego que a
Karina vive falando lá na casa do patrão dela.
ELVIRA:
Tá. Valeu, Clécio.
CLÉCIO:
Quando precisarem de mim realmente, sabem onde procurar.
Elvira
e Rayane saem da casa de Clécio com suas coisas.
CENA 5: Sala de jantar da
casa de Roberto, Urca, RJ. MANHÃ.
Roberto
chega à sala de jantar e encontra a esposa tomando café.
ROBERTO:
Acordou cedo, Dayse?
DAYSE:
Sim. Hoje vou contratar logo a nova empregada.
ROBERTO:
Que bom.
DAYSE:
E a sua reunião com a Cínthia?
ROBERTO:
É agora de manhã.
DAYSE:
Descobriu quem roubou a My Body?
ROBERTO:
Vou descobrir isso logo que chegar à empresa, só falta analisar uns arquivos.
DAYSE:
Que bom. Se essa pessoa não for a Cínthia, o que ela vai fazer com essa pessoa?
ROBERTO:
Não sei, mas acho que ela vai fazer a pessoa pagar pelo crime. Cínthia gosta de
ver sofrer quem a fez sofrer.
DAYSE:
Você suspeita de alguém a não ser ela?
ROBERTO:
Não. Isso é o que me preocupa. Preciso pensar em outras hipóteses.
DAYSE:
Não tem nenhum funcionário que você suspeita?
ROBERTO:
Não. Agora eu vou comer alguma coisa para poder resolver isso logo.
Roberto
come um pão e sai logo da casa.
CENA 6: Sala de refeições na
mansão de Cínthia, Urca, RJ. MANHÃ.
CÍNTHIA:
Meninas, eu já vou para a My Body.
REJANE:
Mas já?
CÍNTHIA:
Sim. Tenho uma reunião com o Roberto, preciso ver quem roubou a empresa.
INGRID:
Quem você acha que foi?
CÍNTHIA:
Tenho suspeitas.
REJANE:
Tipo...
CÍNTHIA:
Tipo que não são da sua conta.
REJANE:
Quanta grosseria, Cínthia.
CÍNTHIA:
Eu estou é ansiosa mesmo com o resultado da pesquisa que o Roberto andou
fazendo.
INGRID:
Então vá trabalhar.
CÍNTHIA:
É o que eu farei mesmo.
Cínthia
sai da sala de refeições.
CENA 7: Ônibus, Lapa, RJ.
NOITE.
Rayane
e Elvira entram num ônibus.
ELVIRA:
Meu Deus, que calor do inferno!
RAYANE:
(ABABANDO-SE) Tá mesmo, mãe.
ELVIRA:
Com esse calor, minhas pelancas vão virar tudo torresmo.
RAYANE:
E eu vou ficar igual um peixe.
ELVIRA:
Como assim?
RAYANE:
Cheia de espinhas.
ELVIRA:
(RINDO) Você é muito engraçada, filha, diferente do bronco do seu pai.
RAYANE:
Sou mesmo. Mãe, você sabe onde fica a casa desse cara que a gente vai pedir
emprego?
ELVIRA:
Claro. Andei pesquisando.
RAYANE:
Que bom.
ELVIRA:
Vou dar uma ligada lá pra patroa.
RAYANE:
Melhor, né?
ELVIRA:
Também acho.
Elvira
tira seu celular da bolsa para ligar para Dayse, mas um trombadinha passa por
ela rapidamente, arrancando o celular da sua mãe.
ELVIRA:
(GRITANDO) Pega ladrão!
RAYANE:
(GRITANDO) Safado, volta!
Alguns
passageiros apavoram-se e o trombadinha corre pelo ônibus.
ELVIRA:
Bora, Rayane. Vamos pegar esse projeto de gente.
RAYANE:
(GRITANDO) Abre a porta, seu motorista.
MOTORISTA:
(GRITANDO) Só no ponto.
ELVIRA:
(GRITANDO) Abre, seu corno!
MOTORISTA:
Menos, senhora. Sinto muito.
ELVIRA:
Eu vou falar sinto muito quando eu te matar, seu babaca.
MOTORISTA:
Tamos filmando tudo.
ELVIRA:
Eu perguntei alguma coisa? Abre essa porcaria logo.
Nesse
momento, o trombadinha consegue abrir um vidro e pula de lá.
RAYANE:
Vou pular também, mãe!
ELVIRA:
E eu?
RAYANE:
Sei lá.
Elvira
consegue forçar o vidro e ele quebra, assim ela e a filha correm.
ELVIRA:
(APONTANDO PARA O LADRÃO) Ali ele!
RAYANE:
(GRITANDO) Pega ladrão!
O
ladrão fica ‘‘zizagueando’’ entre os carros e Rayane e a mãe o perseguem.
CENA 8: Sala de jantar da casa
de Roberto, Urca, RJ. MANHÃ.
Verônica
e Agatha chegam à sala de jantar, onde Dayse está.
VERÔNICA:
Cadê a nova empregada, mãe?
DAYSE:
Hoje vou decidir.
AGATHA:
Não era mais fácil você ir numa dessas agências de empregada?
DAYSE:
Prefiro escolher cara a cara a pessoa.
VERÔNICA:
Já que não gosta da Lei do Menor Esforço, boa sorte nessa sua busca super
animada.
DAYSE:
Obrigada, filha. Você não deveria estar na My Body?
VERÔNICA:
Deveria, mas como você pode ver, não estou lá.
AGATHA:
Não vai trabalhar hoje não, mana?
VERÔNICA:
Vou agora.
AGATHA:
Me dá uma carona aí, Vê.
VERÔNICA:
Pra onde?
AGATHA:
Pra ‘Mais Saúde’.
VERÔNICA:
Mas a sua chefa não vai estar na My Body?
AGATHA:
Vou deixar a ficha com a secretária.
VERÔNICA:
Então vou te largar lá, aí depois tu se vira porque já tô mega atrasada.
AGATHA:
Então bora. Tchau mãe.
DAYSE:
Tchau filhas.
Agatha
e Verônica saem de casa.
CENA 9: Portaria do prédio
da ‘My Body’, Urca, RJ. MANHÃ.
Roberto
chega à empresa.
PORTEIRO:
Seu Roberto, a Karina ainda não chegou, mas ligou e disse que está vindo.
ROBERTO:
Tá. E a Cínthia?
PORTEIRO:
Bem, a dona Cínthia ainda não chegou, mas disse que chegará daqui a pouco por
causa de uma reunião.
ROBERTO:
Tá. Algum acionista chegou já?
PORTEIRO:
Pelo que eu saiba, não. Por quê?
ROBERTO:
Nada não, só pra saber.
PORTEIRO:
Mais alguma coisa?
ROBERTO:
Ah, e a Aline?
PORTEIRO:
A do setor de inovações?
ROBERTO:
Ela mesma.
PORTEIRO:
Chegou tem menos de cinco minutos.
ROBERTO:
Valeu. Vou pra minha sala.
PORTEIRO:
Bom trabalho.
Roberto
entra no elevador.
CENA 10: Ruas da Urca, RJ.
MANHÃ.
Verônica
dirige seu carro e deixa a irmã em frente à academia ‘Mais Saúde’.
AGATHA:
Não dá pra esperar, Vê?
VERÔNICA:
Tô muito atrasada, Cínthia vai querer me matar.
AGATHA:
Tá. Beijo.
Verônica
continua andando de carro, ouve seu telefone tocando e vai pegá-lo mas não
percebe e acaba atropelando o trombadinha que roubou o celular de Elvira.
CONTINUA NO PRÓXIMO
CAPÍTULO...

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