quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Capítulo 07: Crazy For Life


Cena 01. Ext. Floresta. Noite.
     Rodrigo dorme na floresta onde se perdeu. O homem de capa branca o observa. Esse homem pega Rodrigo e o leva carregado para fora da floresta.
Cena 02. Ext. Rio de Janeiro – RJ. Rua. Noite.
     O homem de capa branca consegue sair da floresta e carrega Rodrigo pelas ruas da cidade.
Cena 03. Ext. Colégio Alberto Villani. Frente. Noite.
     O homem chega até o Colégio Alberto Villani e repousa Rodrigo no chão. O homem pega uma chave no bolso de sua capa e destranca o portão. Novamente, o homem de capa branca pega Rodrigo e o leva para dentro da escola.
Cena 04. Int. Colégio Alberto Villani. Sala de Aula. Noite.
     O homem de capa branca põe Rodrigo deitado sobre a mesa do professor na sala de aula do colégio e vai embora.
Cena 05. Ext. Rio de Janeiro – RJ. Pontos. Noite/Dia
     (Sonoplastia: Demorou, já é – Dienis)
     Amanhece no Rio de Janeiro. O bondinho se movimenta, algumas pessoas visitam o Cristo Redentor, outras fazem caminhada pelo calçadão de Copacabana. Close no Colégio Alberto Villani.
     (Sonoplastia: Fade Out > Demorou, já é)
Cena 06. Int. Colégio Alberto Villani. Sala de Aula. Dia.
     Rodrigo acorda. Ele está deitado na mesa do professor.
RODRIGO: Como assim? Onde é que eu tô?
     Rodrigo vê na parede um retrato com o nome “Colégio Alberto Villani” e, logo abaixo, a foto do diretor Rômulo com os professores.
RODRIGO: Colégio Alberto Villani? Como é que eu vim parar aqui? Eu dormi na floresta. Como é que... ah, o homem de capa branca. Nunca pensei que eu ia dizer isso, mas agradeço a ele.
     Rodrigo ouve o barulho dos alunos entrando na escola.
RODRIGO: Droga. Eu preciso arrumar um jeito de sair daqui.
     Rodrigo pula pela janela e sai correndo da escola.
     Os alunos chegam e sentam-se em suas cadeiras. Letícia percebe o medalhão da fênix que Caio deu para Rodrigo no chão.
LETÍCIA: O quê que é isso?
BATERA: Isso o que, Lê?
LETÍCIA: Eu encontrei esse medalhão aqui no chão.
GI: Então sua pergunta está respondida. É um medalhão.
LETÍCIA: Cala a boca que eu não falei com você, rolinha do coronel da Tapitanga.
     Gi mostra a língua para Letícia, que continua observando o medalhão.
Cena 07. Ext. Rio de Janeiro – RJ. Rua. Dia.
     Rodrigo anda pela rua, indo para sua casa. Tati aparece.
TATI: Rodrigo? Por que você tá assim, todo sujo?
RODRIGO: É uma longa história, Tati.
     Rodrigo percebe que Tati está com uma capa branca.
RODRIGO: Tati...
TATI: Que foi, Rodrigo?
RODRIGO: Essa sua capa branca. Onde você encontrou?
TATI: Eu comprei, Rodrigo. Por quê?
RODRIGO: Nada... não é nada não. Esquece. Você tá indo pra academia?
TATI: Tô sim.
RODRIGO: Então tá. Diz pro professor Geraldo que eu não vou poder ir hoje, tá?
TATI: Tá bom. Então tchau.
RODRIGO: Tchau, Tati.
     Tati continua andando. Rodrigo olha para a capa branca da menina.
RODRIGO: Será?
     Rodrigo segue o caminho.
Cena 08. Int. Academia Friedrich. Interior. Dia.
     Tati chega na academia. Geraldo está na frente, falando com os demais alunos. Bilu está sentado do lado de Tetéia. Tati se senta.
GERALDO: Bem, alunos. Hoje voltamos retomamos nossas aulas depois de alguns dias de luto pela morte do seu Aristeu, o proprietário desse estabelecimento onde estamos. Eu sei que ele continua aqui. Não fisicamente, mas espiritualmente. Ele vai sempre estar conosco, o.k.? Sempre. Pois bem, o seu Aristeu não deixou nenhum documento de quem assumiria seu lugar de dono da academia. Então ela é de todos nós. Por isso eu queria deixar uma mensagem. Preservem, cuidem e valorizem a academia. Ela é fruto de muita batalha, de muito suor do seu Aristeu. Eu fui um dos primeiros alunos daqui e hoje sou professor. E eu sempre valorizei essa academia, sempre guardei ela no meu coração. E o seu Aristeu era como um pai pra mim. (se emociona) Desculpa. Então é isso. A academia é de todo mundo.
     Todos aplaudem e abraçam Geraldo.
Cena 09. Int. Casa de Rodrigo. Sala. Dia.
     Rodrigo está na frente de seus pais. Caio está sentado no sofá.
TAMARA: Como assim se perdeu em uma floresta, meu filho?
CELSO: O que você foi fazer lá? A gente ficou muito preocupado com você.
RODRIGO: Eu resolvi procurar o homem de capa branca de novo.
TAMARA: Eu não acredito, Rodrigo. De novo essa história? Foi por isso que você foi atropelado, lembra? Agora você se mete nessa floresta e deixa todo mundo com o coração na boca, preocupado com você.
CELSO: Calma, Tamara.
TAMARA: Calma não, Celso. Rodrigo, você tem que parar de procurar esse tal homem de capa branca. Vai ver que isso é coisa da sua cabeça.
RODRIGO: Não é não, mãe. Eu dormi na floresta e acordei em uma escola. Como você explica isso? Foi o homem de capa branca que me levou até lá. Ou você acredita que eu fui levitando até aquele colégio Alberto Não-Sei-Das-Quantas?
TAMARA: Rodrigo, isso tá muito mal explicado, meu filho.
CAIO: Eu disse pra você que era enrascada, Rodrigo, mas você não quis me ouvir. Deu no que deu.
TAMARA: Como assim, Caio? Você sabia de tudo, moleque? Por que você não disse pra gente?
CELSO: Você tava gostando de ver a gente sofrer por causa do seu irmão, é isso, Caio?
CAIO: Desculpa.
RODRIGO: Gente, não briga com o Caio, ele não teve culpa de nada. Agora me deixa subir. Eu preciso de um banho.
     Rodrigo sobe as escadas.
TAMARA: Rodrigo, volta aqui. Rodrigo!
     Tamara põe a mão na cabeça.
Cena 10. Int. Colégio Alberto Villani. Sala de Aula. Dia.
     Gi está sentada em cima da mesa do professor conversando com os alunos.
GI: Gente, façam tudo que a gente combinou. Eu quero ver quem é que vai para o Estado Islâmico.
     (Sonoplastia: Assim Caminha a Humanidade – Lulu Santos)
     Todos começam a fazer cartazes e faixas. Os alunos usam pincel, giz de cera, lápis de cor e etc. Todos acabam se sujando de tinta.
     (Sonoplastia: Fade Out > Assim Caminha a Humanidade)
Cena 11. Int. Colégio Alberto Villani. Pátio. Dia.
     Os alunos andam pelo pátio, com os rostos cobertos por toalhas, como no Estado Islâmico, segurando suas faixas e cartazes em protesto à sua ida para o referido local. Todos começam a cantar uma paródia de “Que país é esse”.
TODOS (cantam): Que escola é essa? Que escola é essa? Que escola é essa?
     O diretor Rômulo sai de sua sala acompanhado de Cabeção e percebe o protesto.
RÔMULO: Ei, ei, ei! Parou! Quê que é isso?
GI: Não tá vendo? É um protesto.
BATERA: E contra essa ideia tosca de mandar a gente pro Estado Islâmico guerrear.
     Todos voltam a protestar.
TODOS (cantam): Que escola é essa? Que escola é essa? Que escola é essa?
     Rômulo e Cabeção voltam à sala do diretor.
Cena 12. Int. Colégio Alberto Villani. Sala de Rômulo. Dia.
     O diretor e o professor entram.
RÔMULO: O que você acha disso, professor Artur?
CABEÇÃO: Eu sabia que eles não iam reagir bem. Diretor Rômulo, eu sei que você não queria fazer isso e que você tá sendo obrigado. Mas eu já disse que quem tá te obrigando a fazer isso tá possuído, também não é vontade dessa pessoa.
RÔMULO: Professor Artur, você comentou mesmo a respeito disso, mas não detalhou. Por favor, estou esperando.
CABEÇÃO: Eu só posso dizer que um demônio entrou na vida dessa pessoa e manda nela.
RÔMULO: Como assim?
CABEÇÃO: Eu não posso dizer mais nada.
     Cabeção sai correndo.
RÔMULO: Ei, professor Artur, espera aí! Me conta direito essa história!
     Rômulo sai da sala.
Cena 13. Int. Colégio Alberto Villani. Pátio. Dia.
     Os alunos continuam o protesto. Rômulo sai pelo colégio procurando Cabeção.
LETÍCIA: Batera, você acha que isso vai dar certo?
GI: Claro que vai, garota. A ideia foi minha, esqueceu?
LETÍCIA: É mesmo? Eu não sabia que seu nome era Batera. Você guarda outros segredos além desse? Onde você tava quando aconteceu o massacre do Carandiru?
GI: Cala a boca, garota.
BATERA: Meninas, será que até num protesto por uma causa séria vocês não param de brigar? Pelo amor de Deus, para um momento, pô.
     As meninas param. O protesto continua.
Cena 14. Ext. Rio de Janeiro – RJ. Rua. Dia.
     Rômulo procura Cabeção pelas ruas. Ao virar uma esquina, ele acaba tombando com alguém.
RÔMULO: Perdão!
     Rômulo levanta a cabeça e vê o homem de capa branca.
RÔMULO: Você?
     Rômulo olha fixamente para o homem de capa branca.
Cena 15. Int. Casa de Rodrigo. Sala. Dia.
     Rodrigo está em frente à janela, olhando a paisagem. Caio, Celso e Tamara estão sentados no sofá.
TAMARA: Filho, vem pra cá também.
RODRIGO: Você acha que eu sou louco, não é? Pode ser que eu mate alguém eletrocutado com a tomada da televisão.
TAMARA: Rodrigo, para com isso, filho. Eu não quis dizer que você é louco.
RODRIGO: Mas disse. Disse com todas as letras que o seu filho é louco. Não adianta tentar contornar essa situação, mãe. Contra fatos não há argumentos! Eu sei que você me acha um maluco, um doido.
TAMARA: Rodrigo, eu não tive a inten...
RODRIGO (interrompe gritando): Cala a boca! Você quer me internar num hospício! Você me odeia!
     Rodrigo sobe as escadas.
TAMARA: Rodrigo, espera... filho!
CELSO: Tamara, ele tá estressado, e com razão, viu? Você não devia ter dito aquilo pra ele.
TAMARA: Você acha, Celso?
CELSO: Não só ele como eu também. Você foi muito grossa com o Rodrigo.
TAMARA: Fica na sua que você ainda tá de castigo, seu moleque. Falando nisso, quem te deu permissão de jogar videogame? Pode ir desligando isso aí!
     Os três começam a discutir.
Cena 16. Int. Colégio Alberto Villani. Pátio. Dia.
     Todos estão desanimados.
GI: É, parece que a ideia do protesto não deu muito certo.
LETÍCIA: Sendo que a ideia veio de você, isso não é nenhuma surpresa.
GI: Nem vou te responder, porque seria perda de tempo. Agora a gente precisa pensar em um jeito de conseguir escapar dessa tal viagem para o Estado Islâmico.
BATERA: Pior que o Gago nem o professor Cabeção tão aqui. Eles dariam mó força pra gente, com certeza.
LETÍCIA: É, mas agora só resta a gente ir embora, né?
GI: Detesto assumir, mas concordo com a Letícia. Vamo, Batera?
BATERA: Já vou. Só deixa eu ir no banheiro primeiro.
LETÍCIA: Posso ir com você?
GI: Aquieta essa periquita, menina. Vambora.
     Gi e Letícia vão embora, assim como o resto dos alunos. Batera tira uma lata de grafite do bolso e picha na parede da escola a palavra “JUSTIÇA”.




FIM DO CAPÍTULO
OS CRÉDITOS SOBEM AO SOM DE

“PRIMEIROS ERROS” – CAPITAL INICIAL

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