Cena
01. Ext. Floresta. Noite.
Rodrigo dorme na floresta onde se
perdeu. O homem de capa branca o observa. Esse homem pega Rodrigo e o leva
carregado para fora da floresta.
Cena
02. Ext. Rio de Janeiro – RJ. Rua. Noite.
O homem de capa branca consegue
sair da floresta e carrega Rodrigo pelas ruas da cidade.
Cena
03. Ext. Colégio Alberto Villani. Frente. Noite.
O homem chega até o Colégio Alberto
Villani e repousa Rodrigo no chão. O homem pega uma chave no bolso de sua capa
e destranca o portão. Novamente, o homem de capa branca pega Rodrigo e o leva
para dentro da escola.
Cena
04. Int. Colégio Alberto Villani. Sala de Aula. Noite.
O homem de capa branca põe Rodrigo
deitado sobre a mesa do professor na sala de aula do colégio e vai embora.
Cena
05. Ext. Rio de Janeiro – RJ. Pontos. Noite/Dia
(Sonoplastia:
Demorou, já é – Dienis)
Amanhece no Rio de Janeiro. O
bondinho se movimenta, algumas pessoas visitam o Cristo Redentor, outras fazem
caminhada pelo calçadão de Copacabana. Close no Colégio Alberto Villani.
(Sonoplastia: Fade Out > Demorou, já é)
Cena
06. Int. Colégio Alberto Villani. Sala de Aula. Dia.
Rodrigo acorda. Ele está deitado na
mesa do professor.
RODRIGO: Como
assim? Onde é que eu tô?
Rodrigo
vê na parede um retrato com o nome “Colégio Alberto Villani” e, logo abaixo, a
foto do diretor Rômulo com os professores.
RODRIGO: Colégio
Alberto Villani? Como é que eu vim parar aqui? Eu dormi na floresta. Como é
que... ah, o homem de capa branca. Nunca pensei que eu ia dizer isso, mas
agradeço a ele.
Rodrigo
ouve o barulho dos alunos entrando na escola.
RODRIGO: Droga. Eu
preciso arrumar um jeito de sair daqui.
Rodrigo
pula pela janela e sai correndo da escola.
Os
alunos chegam e sentam-se em suas cadeiras. Letícia percebe o medalhão da fênix
que Caio deu para Rodrigo no chão.
LETÍCIA: O quê que
é isso?
BATERA: Isso o
que, Lê?
LETÍCIA:
Eu
encontrei esse medalhão aqui no chão.
GI: Então sua
pergunta está respondida. É um medalhão.
LETÍCIA: Cala a
boca que eu não falei com você, rolinha do coronel da Tapitanga.
Gi
mostra a língua para Letícia, que continua observando o medalhão.
Cena
07. Ext. Rio de Janeiro – RJ. Rua. Dia.
Rodrigo anda pela rua, indo para
sua casa. Tati aparece.
TATI: Rodrigo?
Por que você tá assim, todo sujo?
RODRIGO: É uma
longa história, Tati.
Rodrigo
percebe que Tati está com uma capa branca.
RODRIGO: Tati...
TATI: Que foi,
Rodrigo?
RODRIGO:
Essa
sua capa branca. Onde você encontrou?
TATI: Eu
comprei, Rodrigo. Por quê?
RODRIGO: Nada...
não é nada não. Esquece. Você tá indo pra academia?
TATI: Tô sim.
RODRIGO: Então tá.
Diz pro professor Geraldo que eu não vou poder ir hoje, tá?
TATI: Tá bom.
Então tchau.
RODRIGO: Tchau,
Tati.
Tati
continua andando. Rodrigo olha para a capa branca da menina.
RODRIGO: Será?
Rodrigo
segue o caminho.
Cena
08. Int. Academia Friedrich. Interior. Dia.
Tati chega na academia. Geraldo está
na frente, falando com os demais alunos. Bilu está sentado do lado de Tetéia.
Tati se senta.
GERALDO:
Bem,
alunos. Hoje voltamos retomamos nossas aulas depois de alguns dias de luto pela
morte do seu Aristeu, o proprietário desse estabelecimento onde estamos. Eu sei
que ele continua aqui. Não fisicamente, mas espiritualmente. Ele vai sempre
estar conosco, o.k.? Sempre. Pois bem, o seu Aristeu não deixou nenhum
documento de quem assumiria seu lugar de dono da academia. Então ela é de todos
nós. Por isso eu queria deixar uma mensagem. Preservem, cuidem e valorizem a
academia. Ela é fruto de muita batalha, de muito suor do seu Aristeu. Eu fui um
dos primeiros alunos daqui e hoje sou professor. E eu sempre valorizei essa
academia, sempre guardei ela no meu coração. E o seu Aristeu era como um pai
pra mim. (se emociona) Desculpa. Então é isso. A academia é de todo mundo.
Todos
aplaudem e abraçam Geraldo.
Cena
09. Int. Casa de Rodrigo. Sala. Dia.
Rodrigo está na frente de seus
pais. Caio está sentado no sofá.
TAMARA: Como assim
se perdeu em uma floresta, meu filho?
CELSO: O que você
foi fazer lá? A gente ficou muito preocupado com você.
RODRIGO: Eu resolvi
procurar o homem de capa branca de novo.
TAMARA: Eu não
acredito, Rodrigo. De novo essa história? Foi por isso que você foi atropelado,
lembra? Agora você se mete nessa floresta e deixa todo mundo com o coração na
boca, preocupado com você.
CELSO: Calma,
Tamara.
TAMARA: Calma não,
Celso. Rodrigo, você tem que parar de procurar esse tal homem de capa branca.
Vai ver que isso é coisa da sua cabeça.
RODRIGO: Não é não,
mãe. Eu dormi na floresta e acordei em uma escola. Como você explica isso? Foi
o homem de capa branca que me levou até lá. Ou você acredita que eu fui
levitando até aquele colégio Alberto Não-Sei-Das-Quantas?
TAMARA: Rodrigo,
isso tá muito mal explicado, meu filho.
CAIO: Eu disse
pra você que era enrascada, Rodrigo, mas você não quis me ouvir. Deu no que
deu.
TAMARA: Como
assim, Caio? Você sabia de tudo, moleque? Por que você não disse pra gente?
CELSO: Você tava
gostando de ver a gente sofrer por causa do seu irmão, é isso, Caio?
CAIO: Desculpa.
RODRIGO: Gente, não
briga com o Caio, ele não teve culpa de nada. Agora me deixa subir. Eu preciso de
um banho.
Rodrigo
sobe as escadas.
TAMARA: Rodrigo,
volta aqui. Rodrigo!
Tamara
põe a mão na cabeça.
Cena
10. Int. Colégio Alberto Villani. Sala de Aula. Dia.
Gi está sentada em cima da mesa do
professor conversando com os alunos.
GI: Gente,
façam tudo que a gente combinou. Eu quero ver quem é que vai para o Estado
Islâmico.
(Sonoplastia: Assim Caminha a Humanidade –
Lulu Santos)
Todos
começam a fazer cartazes e faixas. Os alunos usam pincel, giz de cera, lápis de
cor e etc. Todos acabam se sujando de tinta.
(Sonoplastia: Fade Out > Assim Caminha a
Humanidade)
Cena
11. Int. Colégio Alberto Villani. Pátio. Dia.
Os alunos andam pelo pátio, com os
rostos cobertos por toalhas, como no Estado Islâmico, segurando suas faixas e
cartazes em protesto à sua ida para o referido local. Todos começam a cantar
uma paródia de “Que país é esse”.
TODOS
(cantam): Que escola é essa? Que escola é essa? Que escola é essa?
O
diretor Rômulo sai de sua sala acompanhado de Cabeção e percebe o protesto.
RÔMULO: Ei, ei,
ei! Parou! Quê que é isso?
GI: Não tá
vendo? É um protesto.
BATERA: E contra
essa ideia tosca de mandar a gente pro Estado Islâmico guerrear.
Todos
voltam a protestar.
TODOS
(cantam): Que escola é essa? Que escola é essa? Que escola é essa?
Rômulo
e Cabeção voltam à sala do diretor.
Cena
12. Int. Colégio Alberto Villani. Sala de Rômulo. Dia.
O diretor e o professor entram.
RÔMULO: O que você
acha disso, professor Artur?
CABEÇÃO: Eu sabia
que eles não iam reagir bem. Diretor Rômulo, eu sei que você não queria fazer
isso e que você tá sendo obrigado. Mas eu já disse que quem tá te obrigando a
fazer isso tá possuído, também não é vontade dessa pessoa.
RÔMULO: Professor
Artur, você comentou mesmo a respeito disso, mas não detalhou. Por favor, estou
esperando.
CABEÇÃO: Eu só
posso dizer que um demônio entrou na vida dessa pessoa e manda nela.
RÔMULO: Como
assim?
CABEÇÃO: Eu não
posso dizer mais nada.
Cabeção
sai correndo.
RÔMULO: Ei, professor
Artur, espera aí! Me conta direito essa história!
Rômulo
sai da sala.
Cena
13. Int. Colégio Alberto Villani. Pátio. Dia.
Os alunos continuam o protesto.
Rômulo sai pelo colégio procurando Cabeção.
LETÍCIA: Batera,
você acha que isso vai dar certo?
GI: Claro que
vai, garota. A ideia foi minha, esqueceu?
LETÍCIA: É mesmo?
Eu não sabia que seu nome era Batera. Você guarda outros segredos além desse?
Onde você tava quando aconteceu o massacre do Carandiru?
GI: Cala a
boca, garota.
BATERA: Meninas, será
que até num protesto por uma causa séria vocês não param de brigar? Pelo amor
de Deus, para um momento, pô.
As
meninas param. O protesto continua.
Cena
14. Ext. Rio de Janeiro – RJ. Rua. Dia.
Rômulo procura Cabeção pelas ruas.
Ao virar uma esquina, ele acaba tombando com alguém.
RÔMULO: Perdão!
Rômulo
levanta a cabeça e vê o homem de capa branca.
RÔMULO: Você?
Rômulo
olha fixamente para o homem de capa branca.
Cena
15. Int. Casa de Rodrigo. Sala. Dia.
Rodrigo está em frente à janela,
olhando a paisagem. Caio, Celso e Tamara estão sentados no sofá.
TAMARA: Filho, vem
pra cá também.
RODRIGO: Você acha
que eu sou louco, não é? Pode ser que eu mate alguém eletrocutado com a tomada
da televisão.
TAMARA: Rodrigo,
para com isso, filho. Eu não quis dizer que você é louco.
RODRIGO: Mas disse.
Disse com todas as letras que o seu filho é louco. Não adianta tentar contornar
essa situação, mãe. Contra fatos não há argumentos! Eu sei que você me acha um
maluco, um doido.
TAMARA: Rodrigo,
eu não tive a inten...
RODRIGO
(interrompe gritando): Cala a boca! Você quer me internar num
hospício! Você me odeia!
Rodrigo
sobe as escadas.
TAMARA:
Rodrigo,
espera... filho!
CELSO: Tamara,
ele tá estressado, e com razão, viu? Você não devia ter dito aquilo pra ele.
TAMARA: Você acha,
Celso?
CELSO: Não só ele
como eu também. Você foi muito grossa com o Rodrigo.
TAMARA: Fica na
sua que você ainda tá de castigo, seu moleque. Falando nisso, quem te deu
permissão de jogar videogame? Pode ir desligando isso aí!
Os
três começam a discutir.
Cena
16. Int. Colégio Alberto Villani. Pátio. Dia.
Todos estão desanimados.
GI: É, parece
que a ideia do protesto não deu muito certo.
LETÍCIA: Sendo que
a ideia veio de você, isso não é nenhuma surpresa.
GI: Nem vou te
responder, porque seria perda de tempo. Agora a gente precisa pensar em um
jeito de conseguir escapar dessa tal viagem para o Estado Islâmico.
BATERA: Pior que o
Gago nem o professor Cabeção tão aqui. Eles dariam mó força pra gente, com
certeza.
LETÍCIA: É, mas
agora só resta a gente ir embora, né?
GI: Detesto
assumir, mas concordo com a Letícia. Vamo, Batera?
BATERA: Já vou. Só
deixa eu ir no banheiro primeiro.
LETÍCIA: Posso ir
com você?
GI: Aquieta
essa periquita, menina. Vambora.
Gi
e Letícia vão embora, assim como o resto dos alunos. Batera tira uma lata de
grafite do bolso e picha na parede da escola a palavra “JUSTIÇA”.
FIM DO CAPÍTULO
OS CRÉDITOS SOBEM AO SOM DE
“PRIMEIROS ERROS” – CAPITAL
INICIAL

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