CENA 1: Delegacia na Urca, RJ. MANHÃ.
(Continuação imediata do capítulo anterior)
ELVIRA: Como assim, delegado?
RAYANE: Que isso, novinho?
DEL. SILVANO: Senhorita Rayane, me respeite, senão te prendo por desacato também. Não tem mais o que explicar, Elvira. Vocês ficarão aqui na delegacia detidas por uns dias, depois irão direto para um local mais preparado para recebê-las.
RAYANE: Não pode ser. Não vou agüentar ficar aqui nem duas horas.
DEL. SILVANO: Vocês ficarão de 3 meses a 1 ano, e terão que pagar uma multa.
ELVIRA: Por que tudo isso?
DEL. SILVANO: Vocês depredaram o patrimônio público.
RAYANE: Traduz, delegado.
DEL. SILVANO: Vocês quebraram a janela do ônibus, uma forma de vandalismo.
ELVIRA: Mentira!
DEL. SILVANO: Nem adianta negar, temos todas as provas.
RAYANE: E o trombadinha?
DEL. SILVANO: A pena dele será mais alta que a de vocês.
RAYANE: Quanto?
DEL. SILVANO: De um a quatro anos, além de multa.
ELVIRA: Que isso, seu delegado? Só isso?
DEL. SILVANO: Senhora, é o período que consta na nossa Constituição.
RAYANE: Tinha que matar esse desgraçado.
DEL. SILVANO: Aqui não é a Indonésia, por exemplo, que matou um brasileiro recentemente.
ELVIRA: Infelizmente.
DEL. SILVANO: Vamos parar de papo mole! Celso, leve as duas para celas separadas.
O policial Celso obedece o que o delegado Silvano recomenda e Elvira e Rayane ficam em celas separadas.
CENA 2: Sala de estar da casa de Roberto, Urca, RJ. MANHÃ.
Agatha volta à sua casa e encontra a mãe.
DAYSE: Já voltou, filha?
AGATHA: Fui só entregar uma ficha.
DAYSE: E a Verônica? Foi trabalhar?
AGATHA: Sim. Você não viu a gente saindo junta?
DAYSE: Sim, mas ela poderia ter fugido.
AGATHA: Pelo que eu saiba, ela não fez isso ainda.
DAYSE: Ainda?
AGATHA: É. Mãe, as empregadas não chegaram não?
DAYSE: Nem todas. A irmã da Karina não apareceu.
AGATHA: Ah, mãe, tenho que te contar uma coisa.
DAYSE: Fala.
AGATHA: Eu tava na rua, aí uma mulher atropelou um ladrãozinho que tinha furtado uma senhora. Essa senhora era a mãe da Karina, ela tava junto com a irmã, tavam vindo pra cá, eu disse que ia até vir com elas, mas aí eu fui na academia e quando voltei, elas tinham sido levadas pra delegacia.
DAYSE: Sério?
AGATHA: Não podia ser mais sério.
DAYSE: Mas por que elas foram pra delegacia?
AGATHA: Parece que quebraram a janela do ônibus na hora de perseguir o ladrão.
DAYSE: Meu Deus, não é melhor avisar a Karina?
AGATHA: Sei lá, porque a mãe disse que infelizmente era mãe da Karina, disse que ia explicar isso depois, mas não tivemos tempo.
DAYSE: De qualquer forma, vou ligar para o seu pai, pedindo para ele avisar à Karina. Qual foi a delegacia?
AGATHA: Deve ter sido a que tem perto da ‘My Body’.
DAYSE: Tá, filha.
Agatha vai para seu quarto. Dayse liga para Roberto.
DAYSE: (POR TEL.) Oi Roberto.
ROBERTO: (POR TEL.) Oi amor. O que houve? Você disse que não ia vir hoje.
DAYSE: Não irei mesmo, é só pra avisar uma coisa pra Karina.
ROBERTO: Fala rápido, porque daqui a menos de dez minutos tenho a reunião com a Cínthia e o computador deu pau.
DAYSE: Meu Deus! Tá, vou ser breve: fala pra Karina que a mãe e a irmã dela tão na delegacia por vandalismo.
ROBERTO: Vou avisar. E a Verônica?
DAYSE: Bem, ela já saiu daqui de casa há um tempo. Ela não chegou aí?
ROBERTO: Não. Então beijos e boa sorte aí.
DAYSE: Eu que te desejo isso aí na empresa. Beijo.
Dayse desliga o telefone.
CENA 3: Escritório de Roberto na ‘My Body’, Urca, RJ. MANHÃ.
Roberto disca no interfone o número da sua secretária, Karina.
ROBERTO: (POR TEL.) Karina, a Dayse pediu pra avisar que sua mãe e sua irmã tão na delegacia por vandalismo. Só sei disso!
KARINA: (POR TEL.) Ok, obrigada doutor Roberto.
Roberto desliga o telefone.
ROBERTO: E aí, Sandro?
SANDRO: Olha, doutor Roberto, tá comprovado: hackearam o seu computador, não estou conseguindo recuperar os arquivos, isso pode demorar bastante tempo, então para a reunião de agora não vai mas eu vou com você mostrar isso para a Cínthia.
ROBERTO: Muito obrigado, Sandro.
SANDRO: Nem precisa agradecer.
ROBERTO: Só não se esqueça do sigilo.
SANDRO: Claro. Como as crianças da minha rua falam: vou colocar um zipper na boca.
ROBERTO: (RINDO) Faz isso mesmo.
SANDRO: Eu vou no banheiro agora rapidinho antes da reunião, já volto. Te encontro aqui mesmo, né?
ROBERTO: Isso, te espero.
Sandro sai da sala de Roberto.
CENA 4: Mesa de Karina na ‘My Body’, Urca, RJ. MANHÃ.
Após o recado do patrão, Karina liga para o pai.
KARINA: (POR TEL.) Paizinho, preciso da sua ajuda.
ÁLVARO: (POR TEL.) O que houve? Não é hoje sua reunião?
KARINA: Preciso falar rápido, a reunião já vai começar. A Ray e a Elvira foram presas, por favor dá um jeito de tirá-las de lá.
ÁLVARO: Minha filha, não temos advogado.
KARINA: Você não conhecia um advogado meio fracassado lá da Gafieira?
ÁLVARO: Ah, tem ele mesmo. O doutor Maciel.
KARINA: Então, fala com ele por favor. Sei que as duas aprontaram muito com a gente mas a Ray é minha irmã e por mais que tenhamos brigado, ainda a quero feliz.
ÁLVARO: Que fofura, filha! Adoro seu lado meigo. Vou falar com o Maciel, se eu não conseguir te ligo depois.
KARINA: Tá. Brigadinha, pai. Beijo.
ÁLVARO: Beijo.
Karina desliga o telefone.
CENA 5: Banheiro masculino na ‘My Body’, Urca, RJ. MANHÃ.
Sandro entra no banheiro e liga discretamente para Verônica.
SANDRO: (POR TEL.) Verônica, já sei de tudo.
VERÔNICA: (POR TEL.) De tudo o quê? Que Papai Noel nem Coelhinho da Páscoa existem?
SANDRO: Não.
VERÔNICA: O que então? Da fada do dente?
SANDRO: Que você roubou a ‘My Body’.
VERÔNICA: Não sei do que você tá falando.
SANDRO: Não se faça de sonsa comigo.
VERÔNICA: Como você descobriu?
SANDRO: Seu pai tá investigando isso, mas alguém apagou os documentos antes dele saber.
VERÔNICA: O que isso quer dizer?
SANDRO: Que alguém hackeou o computador dele antes dele descobrir que foi você, mas eu consegui recuperar isso de volta, mas eu menti para ele. E eu descobri que foi você que roubou.
VERÔNICA: Agora você cala a sua boca.
SANDRO: Claro, mas por que você não me contou isso antes?
VERÔNICA: Sei lá, agora eu preciso ir, tem polícia aqui perto.
Roberto entra no banheiro sem que Sandro perceba.
SANDRO: Tá. Vem logo, a reunião já vai começar, Verônica.
Sandro desliga o telefone.
ROBERTO: Você estava falando com a Verônica, Sandro?
CENA 6: Quarto de Agatha na casa de Roberto, Urca, RJ. MANHÃ.
Agatha pesquisa na Internet sobre pessoas que fogem após atropelarem outras, então ela liga para Verônica.
AGATHA: (POR TEL.) Vê, vi um trosso aqui.
VERÔNICA: (POR TEL.) O que foi?
AGATHA: Eu vi sobre o crime de fugir após atropelar uma coisa.
VERÔNICA: Você com isso de novo?!
AGATHA: É. E fiquei sabendo de outra coisa: aquele garoto era um bandidinho que tinha acabado de assaltar a mãe e a irmã da Karina.
VERÔNICA: Aquela porca que trabalha com o papai agora?
AGATHA: Ela mesma. A mãe e a irmã tavam vindo aqui pra casa arrumar emprego, mas elas quebraram uma janela do ônibus e foram presas.
VERÔNICA: (RINDO) Também, né, só podia ser parente daquela cavala.
AGATHA: Vou voltar ao assunto inicial. Aqui falam que esse crime leva a pessoa para a cadeia de seis meses a um ano, ou uma multa.
VERÔNICA: Multa?! Dinheiro é o que não falta na nossa família.
AGATHA: Você se esqueceu que não tamos bem financeiramente? E o papai não pagaria muito dinheiro pra te livrar da cadeia.
VERÔNICA: Esqueci mesmo, mas eu vou dar o meu jeito.
AGATHA: Você sempre dá, né?
VERÔNICA: Aham, sou brasileira!
AGATHA: (RINDO) Então vai trabalhar, Vê. Vou indo. Beijo.
VERÔNICA: Tá. Beijinho.
Agatha desliga o telefone
CENA 7: Casa de Álvaro na Lapa, RJ. MANHÃ.
Álvaro pega o telefone para ligar para Maciel, seu amigo advogado.
VIVIANE: Vai ligar pra quem?
ÁLVARO: Pro Maciel.
VIVIANE: Aquele advogadinho lá da Gafieira?
ÁLVARO: Ele mesmo.
VIVIANE: Por quê?
ÁLVARO: A Elvira e a Rayane foram presas.
VIVIANE: O que elas aprontaram?
ÁLVARO: Elas quebraram o vidro do ônibus.
VIVIANE: Meu Deus! Mas por que você vai chamar o Maciel?
ÁLVARO: A Karina pediu pra tirar elas da prisão.
VIVIANE: Mas vocês brigaram ontem.
ÁLVARO: Mesmo com as brigas, ainda quero a felicidade da minha filha.
VIVIANE: Então não libera a Elvira, vai sair mais caro.
ÁLVARO: A Rayane não ia gostar, quero vê-la feliz.
VIVIANE: Entendi, mas vê se não me esquece.
ÁLVARO: Impossível te esquecer.
Álvaro agarra Viviane pela cintura e a joga na cama, onde se amam.
CENA 8: Bar do Clécio, Lapa, RJ. MANHÃ.
MC Jorjão entra no bar.
CLÉCIO: MC Jorjão?
MC JORJÃO: Eu mesmo.
CLÉCIO: Você não ia fazer uma turnê?
MC JORJÃO: Ia, mas fiquei sabendo que a Rayane foi presa.
CLÉCIO: Presa?
MC JORJÃO: Você não sabia?
CLÉCIO: Não. Foi agora pouco?
MC JORJÃO: Sim. Vim aqui porque achei que você saberia alguma coisa.
CLÉCIO: Só sei que ela brigou com o pai, então ela e a mãe foram expulsas de casa, e hoje saíram daqui com tudo nas mãos, iam procurar por um emprego na Urca.
MC JORJÃO: Urca! Lá mesmo que elas estão.
CLÉCIO: Então vou falar com o pai dela.
MC JORJÃO: Mas você não disse que eles brigaram?
CLÉCIO: Sim, mas assim mesmo acho melhor avisar.
Clécio sai do bar e vai à casa de Álvaro.
CENA 9: Banheiro masculino da ‘My Body’, Urca, RJ. MANHÃ.
ROBERTO: Fala logo, Sandro. Você tava falando com a Verônica?
CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO...

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