segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Capítulo 19: Salto Alto


CENA 1: Salão de eventos da ‘My Body’, Urca, RJ. MANHÃ.
(Continuação imediata do capítulo anterior)
VERÔNICA: Como assim?
CÍNTHIA: Não se faça de boba, Verônica, eu e a polícia já sabemos de tudo que você aprontou.
VERÔNICA: Você nem tem como provar.
CÍNTHIA: Você que pensa. Nós conseguimos imagens suas entrando nos arquivos da empresa e desviando boa parte dos nossos lucros, e as câmeras de segurança de um restaurante flagraram você atropelando um garoto e depois fugindo, sem nem socorrer.
VERÔNICA: Ele é um trombadinha.
CÍNTHIA: Mas você deveria ter socorrido.
VERÔNICA: Você não me diz o que eu devo fazer ou não.
CÍNTHIA: Aqui na empresa sim, mas no trânsito, o Código de Trânsito Brasileiro manda.
POLICIAL: (GRITANDO) Senhora Verônica, você está presa.
Verônica tenta correr pelo palco, mas os policiais a cercam, algemando-a em frente a todos, principalmente seus pais, que ficam chocados e desesperados.
DAYSE: (GRITANDO) A gente vai te livrar, filha.
Verônica é levada para fora da sala. Dentro da sala, só se comenta a respeito dessa prisão.

CENA 2: Portaria da ‘My Body’, Urca, RJ. MANHÃ.
Na portaria da empresa, dezenas de fotógrafos e repórteres tentam falar com ela, mas os policiais a levam antes disso para o carro da polícia.
Dayse e Roberto entram no carro de Roberto, e seguem o carro da polícia. Cínthia fica parada na porta da empresa, tentando expulsar a imprensa.
REPÓRTER: Cínthia, o que aconteceu para a sua secretária sair algemada?
CÍNTHIA: Queridos jornalistas, eu não irei me manifestar sobre o assunto até eu conversar com a Verônica.
REPÓRTER: Mas por que você não acompanhou a Verônica?
CÍNTHIA: Preciso resolver pendências aqui, mais tarde irei à delegacia.
Os repórteres, satisfeitos com a declaração breve de Cínthia, saem da portaria da ‘My Body’.

CENA 3: Recepção da academia ‘Mais Saúde’, Urca, RJ. MANHÃ.
Paula, Hugo e Susana assistem na televisão à prisão de Verônica.
PAULA: Quem diria, né, uma jovem tão rica mas roubando a empresa onde o pai tem muitas ações.
SUSANA: Pois é, mas o mais suspeito é que quando ela roubou, ela nem trabalhava lá.
HUGO: Ela deve ter algum cúmplice.
PAULA: Deve mesmo.
Agatha entra na academia correndo.
AGATHA: (BUFANDO) Desculpa, Verônica, por entrar assim correndo mas os jornalistas estavam me perseguindo pela prisão da minha irmã.
PAULA: Sem problemas, Agatha, até porque agora você trabalha aqui.
AGATHA: Então eu estou no grupo de decoração?
PAULA: Exatamente. Você prefere ficar aqui em baixo ou numa sala reservada?
AGATHA: Eu preciso ligar pros meus pais. Posso ficar na sala de pilates?
PAULA: Claro.
Agatha entra na sala de pilates. Fora da sala, Hugo, Paula e Susana continuam assistindo à televisão.
SUSANA: Essa Agatha parece ser bem diferente da irmã, né?
PAULA: É mesmo, a irmã é arrogante e a Agatha já foi meio rebelde, segundo umas revistas, mas agora não mais.
Na televisão, aparece uma foto aproximada de Verônica.
PAULA: Hugo, eu já tinha visto a Verônica nas revistas, mas com essa foto aproximada acho que eu conheço ela de algum outro lugar.
SUSANA: Às vezes eu também tenho essa impressão.
PAULA: Minha memória é meio falha, mas acho que é algo relacionado à escola, faculdade, curso, algo do tipo.
HUGO: Faculdade não deve ser porque eu fiz com você, lembra, Paula?
PAULA: É mesmo. Susana, tem como você ligar para Júlia pedindo para ela vir aqui hoje acertar as coisas da contratação dela.
SUSANA: Claro.
Susana pega o telefone para ligar para Júlia.

CENA 4: Sala de pilates da ‘Mais Saúde’, Urca, RJ. MANHÃ.
Agatha pega seu telefone e liga para a mãe.
AGATHA: (POR TEL.) Mãe, o que tá acontecendo? Fiquei sabendo através de uns jornalistas que vieram me perseguir na rua.
DAYSE: (POR TEL.) A sua irmã foi presa por roubar a empresa e não socorrer aquele garoto que você falou ontem. Fica num lugar seguro.
AGATHA: Tá, pode deixar, estou aqui na academia.
DAYSE: Fica aí então que nós vamos tentar tirar a Agatha da cadeia.
AGATHA: Qualquer coisa, me liga mãe.
DAYSE: Ok, filha, se cuida. Beijo.
AGATHA: Beijo.
Agatha desliga o telefone e sai da sala de pilates.

CENA 5: Salão de eventos da ‘My Body’, Urca, RJ. MANHÃ.
Cínthia sobe no palco e pega o microfone para falar.
CÍNTHIA: (PARA TODOS) Olá, gostaria de avisar a todos que trabalham na empresa que voltem para seus setores.
Todos voltam para seus setores, exceto Sandro que fica esperando por Cínthia.
SANDRO: Tudo certo agora?
CÍNTHIA: Quase. Você vai na delegacia amanhã pra pagar a fiança da safada.
SANDRO: Mas quem te garante que o Roberto não vai pagar?
CÍNTHIA: Eu vi com o delegado que o valor é muito alto e ele não tem condições de pagar nem um quinto.
SANDRO: Se ele não consegue, como eu vou pagar?
CÍNTHIA: Eu que vou te dar o dinheiro, você só vai lá pra ela achar que você gosta dele.
SANDRO: Mas se ela perguntar, o que eu falo sobre como arrumei a grana toda?
CÍNTHIA: Dá um jeito, fala que tinha umas economias, que me roubou, pegou empréstimos, raspou a poupança.
SANDRO: Tá. E depois disso?
CÍNTHIA: Depois disso, ela vai sair de lá e você arruma um motivo pra brigar com ela e dá um pé na bunda. O Roberto, certamente, vai expulsá-la de casa, então eu quero ela na rua.
SANDRO: Só amanhã que eu irei lá?
CÍNTHIA: Sim, vamos fazer ela sofrer um pouquinho. Isso é um aperitivo do que ela vai passar na rua.
SANDRO: (RINDO) Quanta maldade!
CÍNTHIA: É o que ela merece.
SANDRO: O que eu faço agora?
CÍNTHIA: Pegue todas as suas coisas.
SANDRO: Tá me demitindo?
CÍNTHIA: Claro que não. Você tá promovido, agora é meu secretário.
SANDRO: Que bom.
Cínthia e Sandro se beijam.

CENA 6: Delegacia na Urca, RJ. MANHÃ.
Verônica chega à delegacia algemada, e seus pais a acompanham atrás. A imprensa está na delegacia, mas ninguém da família fala nada. Verônica é levada imediatamente para a sala do delegado Silvano.
DEL. SILVANO: Bom dia. Verônica?
VERÔNICA: Oi, seu delegado, saiba que eu não fiz isso.
DEL. SILVANO: Dona Verônica, temos diversas provas contra você, então para com essa palhaçada de ficar negando.
VERÔNICA: Tá, então eu só vou me pronunciar diante do advogado.
DEL. SILVANO: A senhora não quer sair daqui logo?
VERÔNICA: Claro.
DEL. SILVANO: Então pare de enrolar e vamos logo.
VERÔNICA: O que você quer de mim?
DEL. SILVANO: Quero a sua versão dos fatos.
VERÔNICA: Eu tava precisando de uma grana, antes de trabalhar na empresa, aí eu consegui desviar uma pequena quantidade em dinheiro.
DEL. SILVANO: E sobre o atropelamento?
VERÔNICA: Eu estava mega atrasa pro trabalho e foi muito sem querer o que aconteceu, então como estava com pressa, nem socorri o menino.
DEL. SILVANO: Você sabia que ele era trombadinha e tinha roubado uma senhora?
VERÔNICA: Fiquei sabendo disso ontem.
DEL. SILVANO: Ótimo então, dona Verônica. Quando seu advogado aparecer aqui, mando lhe chamarem.
VERÔNICA: Eu vou pra onde?
DEL. SILVANO: Pra uma cela aqui na delegacia.
Verônica é levada para a área das celas.

CENA 7: Celas em delegacia na Urca, RJ. MANHÃ.
Verônica é colocada na mesma cela que Rayane e Graça.
RAYANE: Oi, qual teu nome?
VERÔNICA: Verônica.
RAYANE: Não foi você que atropelou o ladrãozinho ontem?
VERÔNICA: Quem é você?
RAYANE: Eu que fui assaltada por ele junto com a minha que também tá aqui numa cela. Eu sou irmã da Karina.
VERÔNICA: Atah.
RAYANE: Você não vai me dar um abraço não?
VERÔNICA: Que abraço?
RAYANE: Porque acabamos de nos conhecer.
VERÔNICA: Garota, me deixa.
GRAÇA: Não trata assim a Ray não.
VERÔNICA: Arrumou uma segurança, garota?
RAYANE: Essa é a Gracinha.
GRAÇA: (PARA VERÔNICA) Pra você, é só Graça mesmo.
VERÔNICA: Entendi.
GRAÇA: Te prenderam só pelo atropelamento mesmo?
VERÔNICA: Não, eu roubei a empresa onde eu trabalho.
RAYANE: Aquela do bode?
VERÔNICA: (CONFUSA) Como assim? Que bode?
RAYANE: O nome não é ‘Ai bode’?
VERÔNICA: (RINDO) É ‘My Body’, que significa meu corpo.

CENA 8: Bar do Clécio, Lapa, RJ. MANHÃ.
Álvaro e Viviane chegam ao bar do Clécio.
CLÉCIO: Oi. Vieram fazer o que aqui essa hora?
ÁLVARO: Nós vamos tentar visitar a Rayane.
CLÉCIO: Atah.
ÁLVARO: Clécio, você sabe quanto tempo o advogado do Jorjão vai demorar pra tirar a Rayane e a Elvira de lá?
CLÉCIO: Ele disse que até amanhã elas saem de lá.
VIVIANE: Que bom. Só espero que a Rayane não vá dançar com aquele tarado.
ÁLVARO: Concordo, Vivi.
CLÉCIO: Mas é o que ela curte né, Álvaro?
ÁLVARO: Já percebi que você vai ficar do lado do MC. Então vamos lá.
CLÉCIO: Tá. Manda um abraço pra ela.
Viviane e Álvaro deixam o bar de Clécio.

CENA 9: Apartamento em Copacabana, RJ. MANHÃ.
Ingrid e Rejane tocam a campainha do apartamento e esperam uma pessoa para abrir.
INGRID: Não se esqueça que agora você é Raíssa e eu sou Ivone.
REJANE: Qual a lógica desses nomes falsos?
INGRID: Não podemos arriscar de usar nossos nomes reais e criei nomes com as nossas iniciais normais.
REJANE: É, faz sentido mesmo.
Finalmente, uma senhora abre a porta.
CLOTILDE: Oi meninas, vocês são Ivone e Raíssa?
INGRID: Sim. A senhora é a dona Clotilde?
CLOTILDE: Sim, mas me chamem de dona ‘‘Clô’’.
REJANE: Pode deixar. Vamos entrar?
CLOTILDE: Claro.
Ingrid e Rejane entram na casa de Clotilde.
INGRID: Dona Clô, você mora sozinha?
CLOTILDE: Moro sim. Não tenho nenhum familiar, por isso que preciso sempre de alguém pra me ajudar.
REJANE: Você tem alguma doença?
CLOTILDE: Eu tenho miopia nos dois olhos, o grau é bastante alto, por isso não vivo sem meus óculos.
INGRID: Ah, entendi.
CLOTILDE: Vocês vão chegar que horas aqui?
REJANE: Às sete está bom?
CLOTILDE: Sim. E a saída?
INGRID: Perto das sete da noite pode ser?
CLOTILDE: Pode.
REJANE: A senhora pode nos mostrar seu apartamento?
CLOTILDE: Claro.

CENA 10: Sala do delegado Silvano em delegacia na Urca, RJ. FIM DE MANHÃ.
Roberto entra na sala do delegado após um policial chamá-lo.
DEL. SILVANO: Olá doutor Roberto.
ROBERTO: Bom dia delegado Silvano.
DEL. SILVANO: O senhor quer saber do período que sua filha ficará aqui?
ROBERTO: Exatamente.
DEL. SILVANO: A Verônica desviou dinheiro da empresa e ainda não socorreu uma vítima de atropelamento que ela mesma cometeu, somando tudo, consideramos que ela ficará num presídio por 10 anos e os outros 5 anos poderá cumprir no semi-aberto.
ROBERTO: Não existe fiança nesse caso?
DEL. SILVANO: Como ela não tem antecedentes criminais, tem uma fiança, que é de quinhentos mil reais.
Roberto fica surpreso com o valor da fiança.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO...

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