Chamava-me Carlota Vigarius. Encarei
meu reflexo dentro da privada. Não, aquilo era patético. Não existia loira do
banheiro nenhum. Cronometrei o tempo no relógio de pulso até me certificar de
que a escola estava fechada. Era a minha oportunidade de alterar minha nota de
Relações Públicas. Passei pelo pátio e quase fui flagrada por aquela caseira
conversando com a funcionária da limpeza sobre seu esquecimento de varrer as
folhas secas atrás da biblioteca. Mas também, quem iria ter coragem de entrar
naquele quintalzinho estreito, Margot, minha amiga de longa data já me contara
que vira um rato morto lá dentro. Dava até para sentir o cheiro de carniça
entrando pela minha alma. Ai que nojo. Não gostaria nem de lembrar. Passei pela
enorme estátua de liberdade no pátio central e avistei de longe naquela salinha
acesa do outro lado do jardim: a secretária. Tinha que agir rápida para sair
daquele lugar o mais rápido possível. Afroixei o elástico do rabo de cavalo e
limpei o suor da testa. Mas estava tão escuro que não percebi que o alçapão no
chão estava aberto e rolando pela escada e esbarrando nos barris fui dar de
cara com uma estante de insetos mortos no porão. Deu-me um medo, só de ver
aquelas tarântulas gigantes. Só o pessoal da biologia mesmo para aturar aquilo.
Foi então que toquei sem querer num tijolo meio solto e uma passagem secreta
surgiu por meio de uma porta giratória. Meu Deus, o que era aquilo? Estava em
Hogwarts? Não... Puxei o castiçal da parede e iluminei com sua chama o caminho
que se abria. Um enorme corredor fino se abria. E nele era possível ver quadros
estranhos que pareciam não ter olhos, mas surpreendentemente começaram a ter,
mas eles se mexiam, como se alguém estivesse do outro lado da câmara. Quem está
aí? Gritei, mas ninguém respondeu, apenas ouvi um som de motor cada vez mais se
aproximando, até que...Meu Deus... Pulei rapidamente no teto segurando no
lustre... um fusca em alta velocidade sem motorista passou bruscamente,
parecendo querer me devorar com aquele porta mala na frente. Depois que sumiu
pela passagem que entrei, continuei o caminho e cheguei num laboratório cheio
de lodo no teto, teias de aranhas grudaram no meu rosto, com um susto consegui
tirá-las. No chão, besouros e aranhas mortos. Pareciam que haviam sidos
pisoteados. Líquidos de cores fosforescentes brilhavam nos frascos de tamanhos
ondulatórios, diferentes. Havia uma pílula em cima de uma bancada escrita Soma a pílula da felicidade. Hesitei um
momento, isso me fez recordar o livro Admirável Mundo novo que li no ensino
médio. Não, mas aquilo não era... Sim, era verdade. Na parede um enorme quadro
estava exposto, mas esse sem olhos se mexendo. Depois de Ford. O mecanizador
humano. Alguém estava tentando tornar a vida humana um trabalho. Haviam tubos
de gás oxigênio que fomentava o crescimento de zigotos. No computador, havia um
menu que você poderia inserir genes da mórula, fase Pré- blástica e
personalizar a criança, podendo torna-la loira, morena, sem cabelo. Era
horrível. Escutei um choro de criança e corri para uma porta azul com o símbolo
de radiação. Vários bebês eram eletrocutados quando pegavam a flor,
introjetando neles desde pequeno somente o apelo pelo livro que nada acontecia
quando tocavam. Até que uma risadinha soou atrás das minhas costas, um velho,
com cabelos grisalhos que dizia ser Albert Einsten, mas como se ele havia
morrido? Começou a tirar minha roupa. Eu
não queria, tentei correr, mas ele me eletrocutou de alguma maneira e eu cai no
chão de bruços. Ele tirou minha calcinha. Meus braços tentavam impedi-lo
daquela brutalidade e ele com aquele beijo molhado de boca inchada agora se
revelava um negão dotado com o pênis cheio de gonorreia que escorria pela
glândula sebácea, aquele líquido branco grosso, louco para infectar uma vagina,
transpirava, urrava, peidava, batia, babava, os lábios com herpes, os dentes
com tártaro, fedia aquele hálito igualmente a podridão do senso
comum, da inversão dos valores humanos que... NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOO...
Quando acordei ainda naquela
sala. Ele havia sumido. Uma névoa tomou conta do local. Algo denso que quase me
sufocava. Consegui sair por uma porta verde no canto do local e percebi que
estava sangrando. Ele havia me estuprado. Que desgraçado. Eu iria entrega-lo,
nem que fosse a última coisa que fizesse na minha vida, mas quando dei conta
estava no alto de um prédio a ruínas. Olhei para os carros lá em baixo e
percebi que estava bem longe da escola. Como eu havia descido e subido tanto ao
mesmo tempo? Mas a resposta veio em segundos. Aqueles carros eram diferentes.
Havia rabos no lugar de rodas que batiam no chão ferozmente e de chifres
escuros flamejava frangalinhamente um fogo que parecia pulsar e queimar tudo
pela frente. Estava no inferno. Minha
perna começou a estourar varizes e estrias grossas, pelos iam nascendo por
cima, pus saia das minhas unhas que em carne viva abria as veias revelando um
tecido podre de defunto. Vomitei e escorreguei em algum líquido no chão,
batendo fortemente em uma parede lateral, mas acabei atravessando e caindo num
escuro, pendurada dentro de um guarda-roupa gigante. Tentava balançar, me
desvencilhar, mas não adiantava era de ferros. Até que uma diabinha criança
abriu grunhindo como coruja das torres o local e puxou um casaco, me fazendo
parar no bolso dela. Ela passou a mão nele e me sentia. Puxando rapidamente
para olhar. Eu tremia e ardia em febre, o pús agora saía por pequenos poros do
meu pescoço, parecendo um monte de espinhas em sequências. Estava pururuca. Ela
lambeu. Cheirou com seu nariz peludo de capivara e sorriu. Levou-me para uma
penteadeira e com uma banheira de água quente, começou a me lavar, as manchas e
marcas sumiam aos poucos. Mas aquela água estava muito quente para o local.
Abraçou-me e passou um perfume que fedia estrume. Trocou minha roupa, eu fiquei
envergonhada e começou a brincar comigo e suas bonecas. Epa? Ela achava que eu
era uma boneca. Começou a me apertar entre aqueles panos cheios de ácaro que
ela dizia ser brinquedo, comecei a tossir, até que senti um desejo instintivo,
um desejo carnal de mordê-la. E mordi seu dedo. Ela grunhiu e com um tapa me
derrubou no chão. Começou a despedaçar em enormes pedaços que pareciam
sanguessugas procriando. Elas começavam a tremer no chão ferozmente, buracos na
pele começou a fervilhar e pús com um caldo verde tremia também. Ela fervia.
Fervia como o inferno. Emitia um som de um bule de chá. Meu Deus, eu nunca mais
tomaria chá na minha vida. Até que uma grande quantidade de água inundou o
quarto e não consegui ver mais nada. Só via imagens rapidamente de peixes e
tubarões desfocando minha visão, até que uma sombra preta enorme foi chegando
mais perto... mais perto, até que... vi que era uma baleia.
Acordei. Havia desmaiado
embaixo da estátua da liberdade. Minha pressão. Eu estava asmática. Mas tinha
que ir até a secretária se quisesse mudar minha nota, mas estava muito fraca e
a enfermaria estava mais perto. Arrastei-me no chão, exaustamente, engatinhando
e esfolando meu joelho na terra molhada pela chuva, até que empurrei a
enfermaria, estava vazia. Recordei que já havia de noite na escola. Um relógio
ao longe badalou meia noite. A lua cheia estava a pino. Quando fui sair, a
porta se fechou bruscamente. A luz se acendeu. Uma cadeira de rodas veio
andando de costas até onde estava. Alguém estava vestido com um lençol.
Fantasma? A cadeira virou de frente e o pano caiu. Era uma caveira que
gargalhava com uma foto do Einsten negão que vira no meu sonho, ela ria mais
fortemente ainda e percebi que suas pernas haviam ficado emperrada no fundo de
uma privada imunda de caixa, atrás das vassouras. Era a loira do banheiro!

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