domingo, 1 de março de 2015

Capítulo 21: Salto Alto


CENA 1: Escritório de Cínthia na ‘My Body’, Urca, RJ. TARDE.
(Continuação imediata do capítulo anterior)
Cínthia e Sandro arrancam as cortinas de pano e se cobrem com elas, e desligam o som.
CÍNTHIA: Como você entra assim na minha sala?
ROBERTO: Eu bati na porta, mas essa safadeza estava tão alta.
CÍNTHIA: Isso não te dá o direito de entrar.
ROBERTO: Da mesma forma que você não pode ficar se pegando quase nua com um funcionário.
CÍNTHIA: (ESTRESSADA) Então saia logo daqui, e pare de cuidar da minha vida.
ROBERTO: Tá estressada porque sabe que fez besteira, né?
CÍNTHIA: Você não está aqui para julgar o que eu fiz de certo e de errado. Vai pra sua sala trabalhar.
ROBERTO: Estava tentando trabalhar, até que ouço um funk que tem o Catra entre os cantores. Percebi que o nível estava diferente aqui.
SANDRO: Tá criticando o Catra, Roberto?
ROBERTO: Não. Você é mesmo um falso, Sandro. Se fez de bonzinho e agora se pega com ela e também foi com a minha filha.
CÍNTHIA: (FINGINDO) Você ficou com a Verônica, Sandro?
SANDRO: (FINGINDO) Mentira desse babaca do Roberto.
ROBERTO: Mesmo não sendo seu chefe, me respeita garoto, aqui eu posso demitir qualquer, menos a Cínthia, infelizmente.
CÍNTHIA: Também lamento por eu não poder te botar no meio da rua, e ver você fazendo malabarismo no sinal, e tendo os cracudos como amigos de calçada.
ROBERTO: Fica quieta, Cínthia. Agora eu quero saber o que você planeja falar pra Helô Ambrósio hoje à noite.
CÍNTHIA: Você vai saber daqui a pouco, a entrevista vai ser ao vivo.
ROBERTO: Para todas as bombas sobre as besteiras que você fez serem lançadas na hora?
CÍNTHIA: A única pessoa que faz besteiras aqui é você, Roberto, mas diferente de mim, você não joga nada no ventilador, guarda tudo, mas cuidado porque isso não dá certo.
ROBERTO: Está insinuando o que, Cínthia?
CÍNTHIA: Nada, ué.
ROBERTO: Não se faça de sonsa nem cínica e me conta logo o que você vai declarar, porque não consigo acreditar que a Helô vá na sua casa para falar de decoração e moda.
CÍNTHIA: Já disse para você esperar porque daqui a pouquinho você vai saber.
ROBERTO: Só não quero saber de nenhuma fofoca em relação à empresa nem sobre a prisão da Verônica.
CÍNTHIA: Querido, você não conhece liberdade de expressão não? Eu vou falar o que eu quiser.
ROBERTO: Só espero que não seja mentira que me envolva.
CÍNTHIA: Isso não posso te garantir.
ROBERTO: Da mesma forma que eu não garanto que não te processarei futuramente.
CÍNTHIA: Você tá tentando me ameaçar, Roberto? Se enxerga!
ROBERTO: Você que precisa se enxergar.
CÍNTHIA: Agora cai fora daqui.
ROBERTO: Saiba de uma coisa: o que aconteceu aqui hoje não vai ficar assim.
CÍNTHIA: Tá me ameaçando, Roberto?
ROBERTO: (IRÔNICO) Imagina!
CÍNTHIA: Agora dá pra você e essa outra que fica aí de poste saírem daqui?
KARINA: Dá sim.
Roberto e Karina saem da sala de Cínthia.

CENA 2: Escritório de Roberto na ‘My Body’, Urca, RJ. TARDE.
Roberto entra no seu escritório e Dayse está o esperando.
DAYSE: Estava aonde, Roberto?
ROBERTO: Resolvendo umas coisinhas com a Cínthia.
DAYSE: Não me diga que vocês tavam brigando mais uma vez.
ROBERTO: Você consegue imaginar alguma outra coisa entre eu ela? Que tal um jogo de xadrez?! Ou uma partida de futebol?! Já sei: tirar uma selfie!
DAYSE: Para de bobeira, amor. Eu só estou falando que não é o melhor vocês ficarem discutindo.
ROBERTO: Por quê?
DAYSE: Ela, como a maior acionista da empresa, sabe de muita coisa que você não sabe e pode jogar coisas no ventilador, melhor, na mídia.
ROBERTO: Eu não tenho medo da mídia.
DAYSE: Mas a mídia prejudica a nossa vida. A Agatha tava falando no carro do assédio dos repórteres. Isso não é a vida que planejamos.
ROBERTO: Nem tudo é como o planejado.
DAYSE: Eu sei, mas não podemos ficar mais nessa guerrinha contra a Cínthia.
ROBERTO: (RISADA COM SARCASMO) Você quer que eu fique amigo dela? Só falta dizer que terei que tomar chazinho na casa dela.
DAYSE: Estou falando sério! Se não quer me ouvir, deixa pra lá, mas depois vai entender o que estou falando.
Dayse sai da sala de Roberto, e Karina entra.
KARINA: Doutor Roberto, gostaria de saber se vai precisar de mim para alguma coisa porque com esse trânsito, estou chegando em casa bem tarde.
ROBERTO: Não preciso não. Pode ir já.
Roberto levanta-se de sua cadeira, aproxima-se de Karina, mas ela se afasta dele.
KARINA: Tchau, doutor Roberto.
Karina sai da sala do patrão.

CENA 3: Sala de estar da casa de Álvaro, Lapa, RJ. TARDE.
Álvaro e Viviane estão sentados no sofá, lado a lado, e assistem a um comercial de televisão.
HELOÍSA AMBRÓSIO: (NA TV) Oi, mais tarde estarei entrevistando Cínthia Corlonn ao vivo, da casa dela, na Urca. Não perca esse papo especial com a maior acionista da ‘My Body’.
Álvaro surpreende-se.
ÁLVARO: Essa mulher é a patroa da Karina, né?
VIVIANE: Sim, ela mesma.
ÁLVARO: Quero ver essa entrevista.
VIVIANE: Então não vamos na Gafieira hoje?
ÁLVARO: Estou meio cansado, vamos deixar para ir lá outro dia.
VIVIANE: Está bem.
ÁLVARO: Será que o MC já tirou a Karina da cadeia?
VIVIANE: Não sei, por que você não ligou pra lá?
ÁLVARO: Posso ligar, mas antes quero saber da Karina. Ela deve estar bem desgastada com tudo isso lá na empresa. Vou ligar pra ela pra saber que horas ela sai hoje.
Álvaro pega o telefone e liga para Karina.
ÁLVARO: (POR TEL.) Oi filha. Que horas vai sair daí?
KARINA: (POR TEL.) Oi paizinho. Vou sair daqui agora.
ÁLVARO: Então, filhinha, você poderia me fazer um favor?
KARINA: Claro, pai.
ÁLVARO: Tem como você passar na delegacia onde sua irmã está pra ver se ela já saiu de lá.
KARINA: Tá, é perto daqui, daqui a pouco passarei lá.
ÁLVARO: Obrigado, filhota. Faremos algo bem gostoso aqui pra você e pra nós.
KARINA: Tá bem, pai. Beijo.
Álvaro desliga o telefone.
ÁLVARO: Karina vai na delegacia saber sobre a Rayane.
VIVIANE: Você está mesmo sentido saudades dela, né?
ÁLVARO: Mas eu vi a Karina hoje.
VIVIANE: Não se finja de sonso, você sabe que tô falando da Rayane;
ÁLVARO: Estou com saudades mesmo, mas ela precisa aprender algumas coisas e eu não posso simplesmente passar a mão na cabeça dela diante de algumas coisas que ela faz.
VIVIANE: Exatamente. Você às vezes não brigava com ela por achar que estava sendo cruel fazendo-a sofrer ainda mais.
ÁLVARO: Verdade. Tudo isso é culpa da Elvira. E pior de tudo é que a Rayane agora está do lado da mãe, mas ela ainda vai ver um dia que a Elvira não presta, é uma piranha.
VIVIANE: Vamos fazer o que agora, Alvinho?
ÁLVARO: Não sei, vamos lá na delegacia da Urca e aproveitamos pra buscar a Karina?!
VIVIANE:

CENA 4: Apartamento de Clotilde, Copacabana, RJ. TARDE.
Clotilde senta-se no sofá.
CLOTILDE: Meninas, acho que o remédio está fazendo efeito.
INGRID: Que bom, dona Clô.
CLOTILDE: Ivone, traz pra mim o macarrão que está na panela em cima do fogão.
INGRID: Claro.
Ingrid vai à cozinha. Rejane está sentada ao lado de Clotilde.
CLOTILDE: Raíssa, vocês moram aonde?
REJANE: Na Urca.
CLOTILDE: Vocês nasceram aqui no Rio?
REJANE: Sim.
CLOTILDE: Eu estava pensando em fazer uma atividade na praia amanhã. Umas senhoras aqui do prédio também vão, é uma atividade para idosos na areia.
REJANE: Legal, dona Clô.
Ingrid chega à sala com um prato cheio de macarrão, e entrega-o para Clotilde.
INGRID: Aqui está, dona Clô.
CLOTILDE: Obrigada, Ivone.
Ingrid e Rejane afastam-se de Clotilde e vão para a cozinha do apartamento.
INGRID: Rejane, o que ela ficou te perguntando?
REJANE: Nada demais, mas ela disse que amanhã está querendo fazer uma atividade na praia com velhotas também.
INGRID: Tipo treino funcional?
REJANE: Deve ser, mas esse só vai ter maracujá de gaveta.
INGRID: (RINDO) Pois é.
REJANE: Mas eu tava pensando num plano ótimo. Podíamos dar um remédio pra ela apagar amanhã nessa atividade na praia e diríamos que ela tem péssimo fôlego.
INGRID: (DESCONFIADA) Algo me diz que essa ideia não vai dar certo. Vou ligar pra ver o que a Cínthia acha.
REJANE: Ótimo.
Ingrid liga para Cínthia.
INGRID: (POR TEL.) Cínthia, preciso de uma ajuda sua.
CÍNTHIA: (POR TEL.) Aonde vocês tão?
INGRID: Na casa da velha. Ela tá querendo fazer tipo um treino funcional amanhã na praia, Rejane sugeriu que colocássemos algo pra ela apagar e o fôlego dela seria o ‘‘culpado’’.
CÍNTHIA: Tenho uma ideia melhor.
INGRID: Qual?
CÍNTHIA: Que tal se uma aranha venenosa a picasse a ponto de ela morrer?!
INGRID: Como aconteceria isso?
CÍNTHIA: Só implantar uma aranha aí no apartamento e aí vocês terão ela morta, mas antes precisam pegar tudo pra vocês.
INGRID: Mas como?
CÍNTHIA: Deem um jeito, sei lá, manda ela escrever um testamento quando estiver quase morrendo. Usem a criatividade.
INGRID: Entendi. Obrigada Cínthia.
Ingrid desliga o telefone.

CENA 5: Celas em delegacia na Urca, RJ. TARDE.
Verônica está num canto de sua cela, e Rayane e Graça do seu lado.
RAYANE: Seus pais não vão te tirar daqui não, garota?
VERÔNICA: Eles estão mais duros que um poste, não sei nem como vou sair daqui.
RAYANE: Você acha que alguma outra pessoa pode te tirar daqui?
VERÔNICA: Nã... Bem, existe sim.
RAYANE: Quem?
VERÔNICA: (OLHOS BRILHANDO) O nome dele é Sandro, ele trabalha na My Body, ele é lindo e inteligente, mas não sei se ele teria essa grana.
RAYANE: Não tem ninguém que tenha grana que possa te ajudar?
VERÔNICA: Sinceramente, acho que não. E você?
RAYANE: O MC Jorjão parece que vai me tirar daqui hoje.
VERÔNICA: E a sua?
RAYANE: Vamos sair daqui juntas.
Um policial chega no corredor.
POLICIAL: (GRITANDO) Maria das Graças Couto!
GRAÇA: (GRITANDO) Aqui.
POLICIAL: Você vai pra Bangu. Bora!
O policial abre a cela e leva Graça.
RAYANE: (PARA GRAÇA) Boa sorte!
Um outro policial abre a cela de Elvira e a leva para a cela de Verônica e Rayane.

CENA 6: Cozinha do apartamento de Clotilde, Copacabana, RJ. TARDE.
REJANE: O que ela sugeriu?
INGRID: Falou que poderíamos colocar uma aranha venenosa, aí ela picava a velha, então a velha quase morrendo iria fazer um testamento deixando tudo para nós.
REJANE: Tá, mas como vamos arrumar uma aranha venenosa?
INGRID: Não sei, daqui a pouco vamos para casa encontrar com a Cínthia, vamos deixar isso pra amanhã, porque hoje ela tem a entrevista com a Helô.
REJANE: Ah, é mesmo.

CENA 7: Sala de espera em delegacia na Urca, RJ. FIM DE TARDE.
Karina chega à delegacia e vê MC Jorjão com seu advogado, Diógenes, e os dois se aproximam dela.
KARINA: O que vocês querem comigo?
MC JORJÃO: Calma, querida, eu sei que você é irmã da Rayane.
KARINA: Sim. E daí?
MC JORJÃO: Só viemos falar com você.
KARINA: Só espero não ficar grávida assim como outras garotas que ‘‘conversam’’ com você.
MC JORJÃO: O que eu te fiz, garota?
KARINA: Ainda nada, mas, por favor, me deixa quieta.
MC JORJÃO: Você veio falar com a Ray?
KARINA: Sim. O que você faz aqui?
MC JORJÃO: Eu e o Diógenes vamos tirar ela daqui.
A conversa é interrompida quando um policial aparece na sala de espera.
POLICIAL: (GRITANDO) Por favor, Jorjenei e Diógenes.
KARINA: (PARA MC JORJÃO) Quem é Jorjenei?
MC JORJÃO: Sou eu.
Karina ri, e MC Jorjão e Diógenes vão em direção à sala do delegado.

CENA 8: Sala do delegado em delegacia na Urca, RJ. FIM DE TARDE.
MC Jorjão e Diógenes entram na sala do delegado Silvano.
DEL. SILVANO: Boa tarde.
DIÓGENES: Boa tarde, senhor delegado.
DEL. SILVANO: Costumo ser objetivo e hoje não será diferente. Cadê o dinheiro para a fiança?
DIÓGENES: (ENTREGANDO UMA MALA) Aí está.
O delegado abre a mala e confere o dinheiro.
DEL. SILVANO: Está correto!
MC JORJÃO: Elas vão sair agora?
DEL. SILVANO: Sim.
DEL. SILVANO: (PARA POLICIAL) Pega a Rayane e a mãe dela, Elvira.
O policial sai da sala do delegado.

CENA 9: Celas em delegacia na Urca, RJ. FIM DE TARDE.
Verônica, Rayane e Elvira estão na mesma cela.
RAYANE: O MC Jorjão tá demorando.
ELVIRA: Espera um pouco, filha. Ele disse que ia tirar a gente daqui, né?
RAYANE: Sim.
ELVIRA: Então é só esperar.
VERÔNICA: Vai voltar pra casa do seu pai, Rayane?
RAYANE: Não sei.
ELVIRA: Nós vamos procurar um emprego lá na sua casa, Verônica.
VERÔNICA: E a proposta do funkeiro?
RAYANE: Não tem como eu aceitar.
ELVIRA: É o seu sonho, filha.
RAYANE: Eu não posso te largar mãe pra ficar dançando por aí.
ELVIRA: Vive a sua vida que eu vivo a minha.
RAYANE: A minha vida é ao lado de você, mãe.
ELVIRA: (EMOCIONADA) Que bom ouvir isso, filha.
Um policial aparece na área das salas.
POLICIAL: (GRITANDO) Rayane e Elvira!
RAYANE: (GRITANDO) Eu!
O policial vai à cela de Rayane, Elvira e Verônica e tira mãe e filha, deixando Verônica sozinha.
RAYANE: Boa sorte, Vê.
VERÔNICA: Manda um beijo pros meus pais.
ELVIRA: Pode deixar.

CENA 10: Sala do delegado em delegacia na Urca, RJ. FIM DE TARDE.
Elvira e Rayane entram na sala acompanhadas do policial.
DEL. SILVANO: Agora vocês já podem ir! Liberadas.
ELVIRA: Obrigada, seu delegado.
Elvira, Rayane, MC Jorjão e Diógenes saem da sala do delegado.

CENA 11: Sala de espera em delegacia na Urca, RJ. FIM DE TARDE.
Elvira, Rayane, MC Jorjão e seu advogado sentam-se em umas cadeiras na sala de espera.
RAYANE: A gente precisa ir, Jorjão.
MC JORJÃO: Mas você não vem comigo?
RAYANE: Bem...

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO...


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