CENA 1: Sala de espera para
Raio-X em hospital na Urca, RJ. NOITE.
(Continuação
imediata do capítulo anterior)
JOÃO: Oi
Cínthia. Que tipo de serviço?
CÍNTHIA:
Fiquei sabendo que você mexe no de animais agora.
JOÃO:
Quem te disse isso? O bocudo do Wesley?
CÍNTHIA:
Ele mesmo.
JOÃO: Tá
precisando de quais?
CÍNTHIA:
Os mais raros. Tô precisando lucrar.
JOÃO:
Com os problemas no plano das dançarinas do funk, tá apelando até pra animal
agora?
CÍNTHIA:
Meu Deus. Esse Wesley é mesmo um fofoqueiro. Falar pra ele é igual que falar no
programa da Helô Ambrósio, todo mundo fica sabendo.
JOÃO:
(RINDO) Pois é.
CÍNTHIA:
Tudo certo na sua área aí?
JOÃO:
Mais ou menos.
CÍNTHIA:
Por quê?
JOÃO: A
Vilminha foi presa.
CÍNTHIA:
Presa?
JOÃO:
Sim. Agora tamos ferrados, pouca gente pra vender.
CÍNTHIA:
Vou me ferrar com isso também, né?
JOÃO: De
certa forma sim, porque ela também é das drogas.
CÍNTHIA:
Que vacilo dela!
JOÃO:
Foi mesmo.
CÍNTHIA:
Vocês vão fazer o que então?
JOÃO:
Acho que ela tava negociando com alguém da delegacia.
CÍNTHIA:
Policial?
JOÃO:
Não. Presa.
CÍNTHIA:
Atah. Mas mudando de assunto: quais animais raros você tem?
JOÃO:
Tem preferência?
CÍNTHIA:
Não.
JOÃO:
Bem, de bicho novo tem filhote de Leopardo-de-amur.
CÍNTHIA:
O que é isso?
JOÃO: É
uma espécie rara de leopardo, também chamam de leopardo-siberiano. Ele é lá da
Ásia.
CÍNTHIA:
Quer dizer que é caro né?
JOÃO:
Também.
CÍNTHIA:
(RINDO) Já imaginava.
JOÃO: E
tem a famosa e tão querida arara azul.
CÍNTHIA:
Sério?
CENA 2: Sala do delegado em
delegacia em Nova Iguaçu, RJ. NOITE.
Agatha,
Elvira, Rayane e Shirley terminam de depor.
DEL.
SILVANO: Então, é só isso. Acabei de ficar sabendo que agora fui transferido
para essa delegacia, mas a delegacia lá da Urca agora tá no comando do delegado
Lacerda. Ele é experiente, trabalhava em Ipanema um tempo atrás, cuidando de
casos importantes como o da Michelly Ramos.
AGATHA:
Aquela garota assassinada pela amiga?
DEL.
SILVANO: Sim. Essa mesma assassina provocou alguns acidentes, é uma história
bem longa.
AGATHA:
Sim.
DEL.
SILVANO: Então as investigações daquele vandalismo de Elvira e Rayane darão
prosseguimento lá ainda, já sobre esse caso de hoje, eu que cuidarei aqui. Ok?
ELVIRA:
Sim.
DEL.
SILVANO: Rayane...
RAYANE:
Tudo bom.
DEL.
SILVANO: Então muito obrigado. Podem sair já.
As
quatro saem da sala do delegado.
CENA 3: Sala de espera para
Raio-X em hospital na Urca, RJ. NOITE.
JOÃO:
Sim. Tenho só cinco.
CÍNTHIA:
Tá. Quero três araras e dois desse leopardo aí.
JOÃO:
Vem buscar aqui?
CÍNTHIA:
Em Rio das Flores?
JOÃO:
Uhum.
CÍNTHIA:
É bem longinho né?
JOÃO: É.
CÍNTHIA:
Mas eu vou sim. Só pra te ver. Te prepara que daqui a pouco eu to aí.
JOÃO:
Como assim?
Cínthia
desliga o telefone sem responder João, e faz uma ligação: para Sandro.
CÍNTHIA:
(POR TEL.) Oi Sandro. Foi na delegacia já?
SANDRO:
(POR TEL.) Tô chegando aqui agora com a advogada.
CÍNTHIA:
A doutora Mirtes?
SANDRO:
Ela mesma.
CÍNTHIA:
Ótimo. Preciso que ela saia daí hoje, e que vocês a levem pro lugar que
combinamos.
SANDRO:
Rio das Flores?
CÍNTHIA:
Isso mesmo. Marquei com o trouxa do João lá. Chegando lá, acabamos com ele e
com a Verônica, e levamos os animais.
SANDRO:
Mas e a mercadoria que tá com o João?
CÍNTHIA:
Vamos pegar. Mas ainda tem uma vendedora dele que tá presa, é a Vilma.
SANDRO:
Tá.
CÍNTHIA:
Então relembrando: vamos pra Rio das Flores de jatinho, acabamos com Verônica e
João, e assim seguimos pra Europa.
SANDRO:
E o Wesley?
CÍNTHIA:
Ele vai pro Acre achando que eu vou ajudar ele ainda.
SANDRO:
E aquelas suas garotas? Ingrid e Rejane, né?
CÍNTHIA:
Tô nem aí pra elas. Não servem pra quase nada.
SANDRO:
Tá.
CÍNTHIA:
Não posso falar muito mais. Beijo, até mais.
Cínthia
desliga o telefone e o guarda na bolsa.
CENA 4: Sala de espera em
delegacia em Nova Iguaçu, RJ. NOITE.
Agatha,
Elvira, Rayane e Shirley estão na sala de espera, após saírem da sala do
delegado.
SHIRLEY:
Valeu gente. Vocês me salvaram. Agora eu vou pra minha casa.
RAYANE:
A gente se fala. Beijo.
SHIRLEY:
Beijo.
Shirley
deixa a delegacia.
ELVIRA:
(PARA RAYANE) Vai pra onde, filha?
RAYANE:
Pra minha casa.
ELVIRA:
A do seu pai?
RAYANE:
A do Clécio.
ELVIRA:
Como assim?
RAYANE:
Quero me aproximar mais dele. Afinal, ele pode ser meu pai.
ELVIRA:
Ele pode ser, mas ainda não sabemos se é ou não. Não se iluda!
RAYANE:
Não vivo num mundo de conto de fadas, mãe.
ELVIRA: Que
bom! Toma cuidado.
RAYANE:
Você não vem comigo?
ELVIRA:
Não. Eu vou trabalhar, na casa dos patrões da Karina.
RAYANE:
Então tá bom.
ELVIRA:
Boa sorte, filhota.
As duas
se abraçam e Rayane deixa a delegacia, levando suas malas.
AGATHA:
(PARA ELVIRA) Bora, Elvira?
ELVIRA:
Bora.
As duas
também deixam a delegacia.
CENA 5: Cela em delegacia na
Urca, RJ. NOITE.
Verônica
está deitada no chão da cela, ao lado de Vilma.
VILMA:
(SUSSURRANDO) Agora é a hora!
VERÔNICA:
Agora já?
VILMA:
Sim. Tá tudo planejado já. Eles vão forjar um assalto sério aqui perto, então
você vai fugir.
VERÔNICA:
Como?
VILMA:
Eu vou dar um jeito de pegar a chave com a carcereira e acabo com ela. E eles
também vão desligar as luzes daqui pra as câmeras não te flagrarem.
VERÔNICA:
Ótimo, mas você vai matar a carcereira?
VILMA:
Talvez. Só se precisar.
VERÔNICA:
Então quando for a hora só me avisar.
VILMA:
Pode deixar.
CENA 6: Bar de Clécio, Lapa,
RJ. NOITE.
Rayane
chega ao bar, carregando malas e bolsas.
RAYANE:
(GRITANDO) Clécio!
CLÉCIO:
Rayane?
RAYANE:
Oi. Preciso de uma mega ajuda sua.
CLÉCIO:
Não me diga que é pra te defender na frente de teu pai!
RAYANE:
Nada disso. Quero morar com você.
CLÉCIO:
Comigo?
RAYANE:
Sim. Algum problema?
CLÉCIO:
Não... é que eu não esperava.
RAYANE:
Então não ficou sabendo que você pode ser meu pai.
CLÉCIO:
Fiquei sabendo sim.
RAYANE:
Então pra quê a surpresa?
CLÉCIO:
Eu achava que você ia me largar, me deixar de lado. Você me surpreendeu.
RAYANE:
Eu não faria isso. Mas, então, posso morar aqui?
CLÉCIO:
Claro.
RAYANE:
Preciso dormir! Tô muito exausta.
CLÉCIO:
Me conte o que aconteceu.
RAYANE:
Vou falar sim.
Rayane e
Clécio saem do bar e entram na casa de Clécio.
CENA 7: Sala da casa de
Álvaro, Lapa, RJ. NOITE.
Karina
aproxima-se do pai e senta no sofá.
ÁLVARO:
Tava olhando o que ali na janela, Karina?
KARINA:
A Rayane.
ÁLVARO:
Então abre a porta pra sua irmã.
KARINA:
Ela entrou no bar do Clécio e depois foram pra casa dele.
ÁLVARO:
Como assim?
KARINA:
Foi o que eu vi. Ela entrou no bar e depois junto com o Clécio foram pra casa
dele.
ÁLVARO:
Será que ela foi morar com ele?
KARINA:
Pode ser. Ela tava com malas e bolsas.
ÁLVARO:
Minha filha vai ficar se misturando com esse safado, canalha!
KARINA:
Ela deve estar achando mesmo que ele é pai dela.
ÁLVARO:
Deles eu espero tudo, mas eu achava que ela fosse mais grata a mim.
KARINA:
Será que ela volta?
ÁLVARO:
Acho que não.
Karina
sai da sala.
CENA 8: Sala de espera de
Raio-X em hospital na Urca, RJ. NOITE.
Heloísa
chega à sala de esperas.
CÍNTHIA:
Aleluia. Que demora!
HELOÍSA:
Pode ir agora, praga! Sua vez!
CÍNTHIA:
Ótimo. Achei que só ia ser chamada no ano que vem.
HELOÍSA:
Então quer dizer que fui rápida, né?
CÍNTHIA:
Não. Foi mais lenta que uma tartaruga.
HELOÍSA:
E você, mais burra que uma porta.
CÍNTHIA:
Querida, já vou indo. Não quero gastar minhas energias e palavras com você.
HELOÍSA:
Boa sorte nos exames.
CÍNTHIA:
Você me falando isso até acho estranho.
Cínthia
entra na sala de Raio-X.
CENA 9: Sala do delegado em
delegacia na Urca, RJ. NOITE.
Sandro
entra na sala do delegado junto com a advogada Mirtes.
DEL.
LACERDA: Boa noite. Sou o novo delegado aqui da Urca, delegado Lacerda.
SANDRO:
Prazer. Meu nome é Sandro.
MIRTES:
E eu a advogada, Mirtes Xavier. Viemos para pagar a fiança da senhora Verônica.
DEL.
LACERDA: A filha de Roberto Lima?
MIRTES:
Sim.
DEL.
LACERDA: A fiança é de meio milhão.
MIRTES:
(ENTREGANDO UMA MALA) Aqui está. Pode checar o dinheiro.
DEL.
LACERDA: Já volto. Vou levar o dinheiro para contagem;
O
delegado sai de sua sala, restando somente Mirtes, Sandro e um policial na
porta.
CENA 10: Celas em delegacia
na Urca, RJ. NOITE.
Vilma
levanta-se.
VILMA:
(PARA VERÔNICA) Vai ser agora.
VERÔNICA:
Ok.
CENA 11: Delegacia na Urca,
RJ. NOITE.
Dois
jovens andam pela rua da delegacia encapuzados e vestindo roupas pretas, e uma
mulher que faz parte da mesma quadrilha anda pela rua com roupas de grife e
joias expostas. Os jovens partem para cima dela, que finge um assalto, atraindo
a atenção dos policiais, inclusive o delegado Lacerda, que se aproxima do local.
DEL.
LACERDA: Que isso aqui?
Os
policiais correm atrás dos ‘‘bandidos’’, que correm para longe. O delegado
Lacerda corre também.
DEL.
LACERDA: Pega esses safados! Bandidinhos!
Um
integrante da quadrilha desliga todas as luzes da delegacia. Nas celas, a luz
acaba também e Vilma ouve o som, grita e a carcereira aproxima-se.
CARCEREIRA:
Que foi? Tá escuro. Sossega!
Vilma dá
um soco no rosto da carcereira e a bandida pega a chave da cela, conseguindo
abrí-la.
VILMA:
(PARA VERÔNICA) É a sua chance. Vá.
Verônica
sai da cela correndo, conseguindo passar pela delegacia sem que percebam já que
quase todos policiais estavam perseguindo os ‘‘assaltantes’’. Após sair da
delegacia, Verônica entra direto num carro que sabia que era da quadrilha de
Vilma.
CENA 12: Sala de médico em
hospital na Urca, RJ. NOITE.
O médico
Pedro chama Heloísa e Cínthia ao mesmo tempo. As duas entram na sala.
HELOÍSA:
Eu de novo com essa louca?
CÍNTHIA:
Você tá se vendo no espelho, querida?
DR.
PEDRO: Senhoras, a minha sala não é uma zona. Vou dar logo os recados. Dona
Cínthia, a senhora se livrou, não tem nada demais, já você, Dona Heloísa...
HELOÍSA:
O que eu tenho?
CÍNTHIA:
Beleza que não é.
DR.
PEDRO: Vamos continuar. O seu caso foi mais grave, Heloísa. A senhora fraturou
a costela e poderá ter futuros problemas cerebrais, mas se livrou de um
traumatismo craniano.
HELOÍSA:
O que eu terei que fazer?
DR.
PEDRO: Repouso absoluto é o que deve fazer nesse primeiro momento. Isso quer
dizer que não vai ter direito à academia e nem pense em gravar seu programa.
HELOÍSA:
Vou ter que me afastar?
DR.
PEDRO: Sim.
HELOÍSA:
Tudo isso é culpa sua, Cínthia. Você é mesmo uma cobra, uma víbora.
DR.
PEDRO: As senhoras estão querendo que eu chame o segurança?
CÍNTHIA:
Não precisa. Eu já vou indo.
HELOÍSA:
Vai logo, sua demente!
CÍNTHIA:
Au revoir!
HELOÍSA:
Vaza!
Cínthia
deixa a sala.
CENA 13: Sala do delegado em
delegacia na Urca, RJ. MADRUGADA.
O
delegado entra na delegacia já com luz, frustrado.
MIRTES:
Delegado, a luz acabou. O que houve?
DEL.
LACERDA: Um assalto ali na frente. Todos fugiram, inclusive a vítima. A falta
de luz deve ser por isso também.
MIRTES:
Estranho, não acha?
DEL.
LACERDA: Devem ter feito isso pra brincar com a polícia ou despistar pra fazer
algum outro crime.
Um
policial entra na sala, bufando.
POLICIAL:
Delegado Lacerda, já sabemos por que fizeram aquela encenação ali fora e o
motivo da falta de luz.
DEL.
LACERDA: Por quê?
POLICIAL:
Verônica Lima fugiu. Ela bateu na carcereira Márcia e o mais estranho: trancou
a companheira de cela Vilma aqui.
CONTINUA NO PRÓXIMO
CAPÍTULO...

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