sexta-feira, 20 de março de 2015

Episódio 09: Crazy for Life


Cena 01. Int. Cinema. Sala. Noite.
    Todos estão concentrados, assistindo o filme. Bilu chega com um pote de pipoca.
BILU: Cê quer, Tetéia?
TETÉIA: Como assim eu quero? Isso engorda e muito. Você quer que eu fique uma rolha de poço?
BILU: Então tá, né...
    Bilu come a pipoca sozinho.
TETÉIA: Bilu, cê não vai me dar a pipoca não?
BILU: Mas você...
TETÉIA (interrompe): Me dá logo isso aqui.
    Tetéia pega o pote de pipoca e come.
Cena 02. Int. Casa de Rodrigo. Sala. Noite.
    Caio está vendo televisão com o pai, ambos deitados no sofá. Tamara chega do quarto.
TAMARA: Algum de vocês viu o Rodrigo? Ele saiu a muito tempo e nunca voltou pra casa. Eu tô começando a ficar preocupada.
CAIO: Não sei de nada, mãe.
CELSO: Eu também não tô sabendo. Pra onde será que esse menino foi?
TAMARA: Ah, não, ele vai fazer a gente passar por isso de novo!
CELSO: Calma, amor! Ele deve estar passeando com os amigos dele. Relaxa que a qualquer momento ele volta.
TAMARA: Relaxar? Celso, você não tá entendendo. O nosso filho não voltou pra casa até agora, ele pode ter sito assaltado, sequestrado ou até assassinado.
CAIO: Ai, mãe! Vira essa boca pra lá. Eu tenho certeza que o Rodrigo tá bem.
TAMARA: Vocês não entendem mesmo!
    Tamara sai de casa.
Cena 03. Ext. Rio de Janeiro – RJ. Rua. Noite.
    (Sonoplastia: Pompeii – Bastille)
    Tamara anda pela rua a procura de Rodrigo. Ela pergunta a várias pessoas pelo filho, mas não obtém sucesso. Ela vai na casa de várias pessoas que estudam na academia, que também não sabem onde ele está. Tamara senta na mesma calçada em que Rodrigo havia sentado e começa a chorar descontroladamente. O homem de capa branca olha para ela.
Cena 04. Ext. Estrada de terra. Noite.
    A sonoplastia da cena anterior continua. Rodrigo anda por uma estrada de terra, sem rumo. Já está tudo escuro e o rapaz não sabe onde se abrigar.
    (Sonoplastia: Fade Out – Pompeii)
    Rodrigo vê uma pequena casa feita de barro e vai até lá. Ele bate palmas, para saber se tem alguém ali. Ninguém sai da casa.
RODRIGO: Eu acho que não tem ninguém.
    Rodrigo vê uma lamparina acesa.
RODRIGO (entrando na casa): Oi, tem alguém aí? Não tem ninguém?
    Um vulto passa por traz de Rodrigo, que se vira, mas depois não vê nada.
RODRIGO: Eu não tô gostando dessa brincadeira, seja quem você for. Pode parar!
    Novamente passa um vulto por traz do rapaz, que se vira e fica com medo.
RODRIGO: Eu já disse que eu não tô achando graça nisso. Quem é você? Quem tá querendo me assustar?
    Dois olhos observam Rodrigo, mas o rapaz não percebe isso.
RODRIGO: Você gosta de brincadeiras, é? Então eu vou tentar adivinhar quem é o espertinho que quer me assustar. Deixa eu ver... o assassino do Kenedy? Não, esse aí já deve ter batido as botas. Então... são os marcianos que invadiram a terra? Hahaha. É, também não. Já sei, só pode ser o Fabrício Melgaço.
    Ouve-se uma voz.
VOZ: Cala a boca!
    Vê-se uma mão empunhando uma enxada. Rodrigo se vira. A enxada acerta seu pescoço. Rodrigo acorda, ofegante e suado.
    O rapaz está em uma casa também de barro, iluminada somente por uma lamparina. Um casal de velhinhos está ao seu lado.
MULHER: Acordou, rapaz?
HOMEM: Ocê tava tendo um pesadelo, não era? Tava todo se remexendo.
RODRIGO: Quem são vocês?
MULHER: Meu nome é Maria Teresa, mas todo mundo me chama de Teresinha.
HOMEM: Eu sou Bonifácio.
RODRIGO: Que lugar é esse? Como eu vim parar aqui?
BONIFÁCIO: Óia, essa é a nossa casa. É humilde, pobrezinha, mas é que nem coração de mãe: sempre cabe mais um.
TERESINHA: Nós achou ocê dormindo lá no pasto. Óia, ocê não é nenhum ladrão de galinha não, né?
RODRIGO: Claro que não. O meu nome é Rodrigo. Mas até agora eu não entendi como eu vim parar aqui.
TERESINHA: Ora, eu acabei de falar que ocê tava dormindo no pasto.
RODRIGO: Exatamente. Eu não lembro de ter dormido no pasto. Eu só lembro de estar andando sem rumo, sem saber onde ficar e aí... aí eu acordei aqui.
BONIFÁCIO: Tem certas coisas que a gente não consegue expricar. Mas é bom drumir que amanhã é segunda-feira e todo mundo tem que acordar cedo, e eu acho que ocê tem que ir pro colégio, não é mesmo?
RODRIGO: É, eu tenho sim. Mas peraí, hoje não é sexta-feira?
TERESINHA: Não é não, rapaz. Hoje é domingo, pé de cachimbo.
BONIFÁCIO: Eu acho que ocê tá meio destrambeiado assim de nervosismo. Mas não se espante não, nós não vai fazer mal nenhum procê.
RODRIGO: Tudo bem.
    Teresinha e Bonifácio sorriem.
Cena 05. Int. Casa de Letícia. Quarto. Noite.
    Letícia abre sua mochila e, de lá, tira o medalhão que encontrou na sala de aula. Ela deita na cama e fica admirando a peça.
LETÍCIA: Como será que isso foi parar na escola?
    Letícia continua apreciando o medalhão, que representa uma fênix.
Cena 06. Ext. Rio de Janeiro – RJ. Rua. Noite.
    Bilu e Tetéia voltam do cinema.
BILU: Filme bom, né Tetéia?
TETÉIA: Foi bom sim, mas tinha outro melhor em cartaz.
BILU: Pô, Tetéia. De tudo você reclama. Eu faço de tudo pra te agradar, sabia?
TETÉIA: Pode não dar chilique aqui no meio da rua, Bilu.
BILU: Eu acho que você tá fazendo isso porque ficou sem-graça depois do nosso beijo. Acertei?
TETÉIA: Claro que não, Bilu. De onde você tirou essa bobagem?
BILU: Bobagem nada, Tetéia. Eu gosto muito de você. E eu sei que você também gosta de mim.
TETÉIA: Bilu, eu...
BILU (interrompe): Eu já disse uma vez, mas eu vou dizer de novo. Tetéia, eu te amo.
    Bilu e Tetéia se beijam.
Cena 07. Ext. Rio de Janeiro. Pontos turísticos. Noite/Dia.
    (Sonoplastia: The Lazy Song – Bruno Mars)
    Amanhece no Rio de Janeiro. Pessoas caminham na praia, outras surfam, outras fazem ginástica. O Cristo Redentor é visitado. O bondinho se mexe. Close na casa de Rodrigo.
    (Sonoplastia: Fade Out – The Lazy Song)
Cena 08. Int. Casa de Rodrigo. Sala de Jantar. Dia.
    Caio, Tamara e Celso tomam café da manhã. Tamara está com os olhos vermelhos.
TAMARA: Relaxar, não é Celso?
CELSO: Tamara, vai ver ele dormiu na casa de um amigo ou amiga dele. Calma.
TAMARA (bate na mesa): Calma nada, Celso! Meu filho tá desaparecido. Como é que eu vou ter calma diante de uma situação dessa?
CELSO: Quer saber a verdade, Tamara? A culpa é sua do Rodrigo ter saído de casa. Você disse que o nosso filho é louco e que precisava procurar ajuda psiquiátrica.
TAMARA: Agora a culpa é minha, é isso?
CELSO: É sua sim. Quem mandou você não acreditar no nosso filho?
TAMARA: Celso, eu tive minhas razões, eu tive meus motivos pra não acreditar na história do tal homem de capa branca.
CELSO: E que motivos são esses, posso saber?
CAIO (grita): Parem!!! Nossa, vocês parecem duas crianças menores do que eu. Enquanto vocês estão brigando aí, o Rodrigo deve estar passando fome ou então morando na rua. Pensem nisso e vamos logo procurar o meu irmão.
    Tamara e Celso se entreolham.
CELSO E TAMARA: Ele tem razão!
    Os três saem de casa.
Cena 09. Int. Academia Friedrich. Interior. Dia.
    Todos os alunos (com exceção de Rodrigo e Caio) estão assistindo a aula de teatro do professor Geraldo. Bilu e Tetéia estão de mãos dadas.
GERALDO: O grande motivo por William Shakespeare ter se tornado um renomado escritor foi...
    O telefone da academia toca.
GERALDO: Desculpa, gente, eu vou ter que atender. Vai que é alguma emergência, né?
    Geraldo atende.
GERALDO: Alô? (pausa) Como assim? (pausa) Não, tudo bem. (pausa) Tudo bem, a gente tá indo. (pausa) Obrigado.
    Geraldo desliga e volta ao palco.
GERALDO: Gente, vocês perceberam que o Caio e o Rodrigo faltaram, não é? Então, o Caio faltou pelo motivo que eu vou falar agora. O Rodrigo tá desaparecido e a família dele já tá desesperada com isso.
    Tati levanta a mão.
GERALDO: Pode falar, Tati.
TATI: Professor Geraldo, a polícia já iniciou as buscas?
GERALDO: Pior que não, Tati. A polícia só considera uma pessoa desaparecida depois de 48 horas, e ainda não se passaram nem 24. Bem, mas nós vamos ajudar a procurar ele, independente de polícia, de tempo, de nada. Vamo lá?
    Todos saem e vão para a rua. A academia fica vazia, mas Raul ainda está lá. O rapaz sorri. Marília chega do banheiro.
MARÍLIA: Ué, Raul. O quê que aconteceu? Por que a academia tá vazia?
RAUL: Cadê o Rodrigo que tava aqui? Uma certa pessoa comeu.
MARÍLIA: Estupraram o Rodrigo?
RAUL: Não, mente poluída. O engomadinho tá desaparecido, ninguém sabe onde diabos ele se enfiou.
MARÍLIA: Ah, tá. (vê Raul sorrindo) Raul, não vai me dizer que você tá envolvido nisso.
RAUL: Pode ser que sim, pode ser que não. Quem sabe?
    Raul continua sorrindo.
Cena 10. Ext. Rio de Janeiro – RJ. Rua. Dia.
    (Sonoplastia: Bailando – Enrique Iglesias)
    Todos saem nas ruas do Rio de Janeiro a procura de Rodrigo. Alguns alunos perguntam a pessoas que estão na rua, outras procuram em lugares que ele costumava ir. O pessoal da academia se encontra com a família de Rodrigo e as buscas continuam.
    (Sonoplastia: Fade Out – Bailando)
Cena 11. Int. Colégio Alberto Villani. Sala de aula. Dia.
    Todos estão chateados, pois o protesto não deu certo. Cabeção dá sua aula.
CABEÇÃO: A nota fá é representada assim.
    Ele desenha no quadro.
CABEÇÃO: Alguém aqui sabe como a nota sol é representada?
    Ninguém responde.
CABEÇÃO: Gente, o que tá acontecendo com vocês? Que desânimo é esse?
GI: Precisa perguntar? Claro que é por causa da ideia de jerico do diretor Rômulo de mandar todo mundo pro Estado Islâmico guerrear. Tipo, nós, meninas, vamos ter que nos disfarçar de homens pra poder entrar nessa maldita guerra.
BATERA: Gente, o diretor Rômulo nunca faria isso com a gente. Eu tenho certeza que tem uma pessoa obrigando ele a fazer isso.
LETÍCIA: Pode ser, Batera. Se isso for mesmo verdade, eu odeio com todas as minhas forças essa pessoa.
    Cabeção passa mal e cai no chão, desmaiado. Todos socorrem o professor. Ouve-se uma risada demoníaca e uma fumaça preta toma conta do ambiente.




FIM DO CAPÍTULO

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