terça-feira, 3 de março de 2015
Episódio 20: Reaper 2
EPISÓDIO DO PONTO DE VISTA DE MILENA EM SEU PASSADO
Row, row, row your boat,
Gently down the street,
Merrily, merrily, merrily, merrily,
Life is but a dream.
Termino o meu desenho no centro de reabilitação. Antes do acidente, eu desenhava animais felizes e bichinhos de contos de fada com a maior facilidade e eu me sentia feliz com isso, mas então eu sofri um acidente de carro.
No presente, eu não me lembro de ninguém e nem de nenhum acontecimento, mas duas pessoas me visitam com frequência aqui no centro e eles me contaram a história detalhada do que aconteceu.
Aparentemente, eu estava voltando de uma caçada – seja lá o que isso for – e, junto com minha irmã, Kitana, roubamos um carro para escapar. Eu estava elétrica, cheia de adrenalina no corpo e não conseguia controlar meus sentidos, então, eu acabei jogando o carro de um precipício. Eu fui a única que sofreu sequelas do acidente, mas Kitana está bem, e ela e um cara sempre me visitam aqui.
Pelo que eu olhei na minha ficha, eu estou internada aqui a mais ou menos três meses. Nesse meio tempo, tudo o que eu tenho feito – ou o que me lembro de ter feito – é desenhar pessoas aleatórias que ficam brotando na minha mente, ainda está muito confuso. Ouço uma movimentação de pessoas e dois enfermeiros entram no meu quarto. Eles me pegam pelos braços e saem me arrastando pelo centro de reabilitação, com todos os funcionários, pacientes e visitantes horrorizados com a cena.
[,,,]
Sou jogada na parte de trás de uma van e os enfermeiros colocam amordaças na minha boca, amarram minhas mãos e começam a se despir. Dou um ataque de pânico dentro do carro e tento desesperadamente me soltar. Quando um dos enfermeiros já está apenas de roupas íntimas, ouço uma sequência de tiros.
Meu coração palpita e eu sinto várias balas passarem de raspão por minhas pernas, uma delas acerta a corda que prendia minhas mãos e eu tiro a amordaça da boca. Abro os olhos. Os dois enfermeiros estão caídos na van, cobertos de sangue, um deles com a cabeça completamente espatifada e eu vomito ao ver tudo aquilo. A porta da van se abre.
Um homem moreno estende a mão para mim e me puxa para fora da van. Ele carrega uma arma e me escolta até um carro preto que estava estacionado algumas quadras daqui.
— Quem é você? – Pergunto.
— Alguém que é melhor você não saber o nome. – Ele responde.
[...]
A viagem dura horas. Não faço ideia de quem são ou para onde estão me levando, e isso me assusta demais. Kitana, Jared, onde vocês estão? Olho pela janela do carro e vejo um caminhão se aproximando.
— Ai meu Deus! – Grito.
Atiro-me no chão do carro e os eventos seguintes passaram muito rápido. O caminhão bateu na parte lateral do carro oposta a onde eu estava, e arremessou o veículo, que deu duas voltas no ar antes de capotar três vezes no acostamento.
Para a minha sorte, eu não fui atingida por boa parte do impacto, mas tenho certeza absoluta que minha perna sofreu algum tipo de dano, pois sinto algo perfurando a minha carne. O carro está parado de cabeça para baixo, e eu, coberta de sangue.
Arrasto-me para fora do veículo, com meu corpo ensanguentado passando por cima dos estilhaços de vidro até encontrar uma grama molhada onde eu posso deitar e examinar tudo com mais calma. Assim que me sento na grama, olho para a perna e vejo uma lasca da porta do carro cravada na minha perna e arranco-a o mais cuidadosamente possível, e mesmo assim, o sangue jorra ferozmente.
Tento gritar de dor, mas sei que não vai adiantar muito, então deito na grama e sinto a temperatura baixar. A princípio, achei que era o meu corpo morrendo aos poucos, mas então senti algo pousar sobre meu braço, depois, sobre minha perna, e logo estava tudo coberto de branco. A neve me engole aos poucos, o que faz com que o ferimento fique paralisado por hora.
Ouço um barulho de vários carros e de cantar de pneus. Vários tiros são disparados e o barulho de um helicóptero quase me ensurdece. Tento me levantar para ver o que está acontecendo e percebo que não consigo enxergar bem. Está tudo turvo. Alguém injeta alguma coisa em mim e meus sentidos se recuperam quase que imediatamente. Meu ferimento é restaurado.
— Vamos acabar com eles.
— Kitana? – Pergunto.
— Winchesters nunca abandonam uns aos outros. – Ela me entrega duas adagas – Faça bom uso disso.
Kitana corre e utiliza leques e outros tipos de armas para brigar com os homens de preto. Não faço ideia do que está acontecendo e recebo um tiro de raspão na cintura. Acho que a injeção ainda está funcionando, pois não sinto absolutamente nada. Olho para o lado oposto e vejo Jared com um bastão de madeira luminoso, lutando contra quatro homens que disparam constantemente contra ele.
Quem nós somos?
Olho para as adagas. Memórias vêm à minha mente.
Flashes brotam em meus pensamentos. Aventuras lendárias, batalhas, missões, casos, tudo o que os Winchesters são e tudo que nosso clã já passou. Eu sei quem sou. Eu sei o que sou. Eu sou uma Winchester.
E eu sou uma caçadora muito foda.
Vejo uma porta ao meu lado, o que não faz sentido algum considerando o ambiente onde estou. Sei que preciso voltar. Sei que Chase e os outros precisam de mim, mas nesse exato momento, meus irmãos precisam de mim, e eu não vou desapontá-los. Entro na briga.
[...]
— Chase, o que está acontecendo? Por que a Milena não voltou?! – E.D. me pergunta, atordoado.
— Eu não faço ideia. Todos estão desacordados exceto por nós dois. Eu sei que eles estão cumprindo seus deveres no fundo de suas mentes, mas com a Milena há algo de errado. Ela está mais... Transparente.
E num piscar de olhos, o corpo de Milena começa a brilhar. Afasto-me dela e empurro E.D. para trás. Seu corpo toma uma coloração amarelada, em seguida, vira uma espécie de pó dourado e sobe rumo ao topo do inferno.
— O que foi isso? – E.D. questiona.
— Ela está morta. Pra valer dessa vez. – Respondo, com um nó na garganta.
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