sábado, 11 de abril de 2015

Capítulo 30: Salto Alto (RETA FINAL)

CENA 1: Heliporto na Urca, RJ. MADRUGADA.
(Continuação imediata do capítulo anterior)
FUNCIONÁRIO: É isso mesmo, senhora. Vocês vão ter que sair daqui. Vou precisar fechar.
CÍNTHIA: Mas está chovendo muito e o táxi já foi.
FUNCIONÁRIO: Vocês não podem ficar aqui dentro. Eu vou fechar ali atrás e quando voltar, espero que não estejam mais aqui.
SANDRO: Tá.
O funcionário afasta-se e vai fechar algumas portas no outro lado da parte interna do heliporto, onde eram guardados alguns jatinhos e helicópteros, além de salas de pilotos e instrutores.
CÍNTHIA: Tá louco, Sandro? Nós precisamos ficar aqui.
SANDRO: Eu sei, mas tinha q falar que iríamos embora só pra despistar o cara.
CÍNTHIA: Onde vamos ficar?
SANDRO: Naquelas salinhas ali.
Os dois encaminham-se às salas onde pessoas importantes como os pilotos ficavam. Um tempo depois, o funcionário trancou a porta da sala, mas nem viu se tinha gente lá dentro. Alguns minutos depois, o funcionário tranca o portão principal do heliporto e sai de lá. Na sala, Sandro e Cínthia se beijam.
CÍNTHIA: Você é muito inteligente, Sandro!
SANDRO: (RINDO) Eu sei.
CÍNTHIA: Modesto você, né?
SANDRO: Sou mesmo, mas qual o planejamento pra amanhã?
CÍNTHIA: Bem cedo vamos pra Rio das Flores, mas quero que uma pessoa especial vá conosco.
SANDRO: Quem?
CÍNTHIA: A Verônica.
SANDRO: Você checou se ela está mesmo no grupo da Vilma?
CÍNTHIA: Tinha me esquecido. Eu vou abrir aqui no computador uma rede social onde o Rico, um dos chefes, costuma conversar com a Vilma.
Cínthia liga o computador da sala, mas se depara com a exigência de senha.
CÍNTHIA: Putz! Que droga, tem senha. Não tínhamos pensado nisso.
SANDRO: Tenta 1, 2, 3, 4, 5.
CÍNTHIA: Vamos ver!
Cínthia testa a senha sugerida por Sandro e consegue abrir o sistema.
CÍNTHIA: Foi!
Cínthia abre na rede social com o login de Rico, e vê as mensagens entre o traficante e Vilma.
SANDRO: Achou?
CÍNTHIA: Sim. Tá escrito aqui: ‘‘essa Verônica não dá trabalho, Vilma, só é muito fresca, já cortamos o cabelo dela bem curto e tá marrom, amanhã ela começa.’’
SANDRO: Você quer que eu pegue ela amanhã?
CÍNTHIA: Sim, já até tenho um plano.
SANDRO: Qual?

CENA 2: Quarto de Rayane na casa de Clécio, Lapa, RJ. MANHÃ.
Rayane pega seu celular e seu fone de ouvido e conecta o fone ao telefone, depois coloca o fone no ouvido e coloca para tocar a música ‘‘Hoje o céu abriu’’, porém com um descuido o fone acaba soltando do celular e a música toca alto, acordando Clécio que vai ao quarto de Rayane.
CLÉCIO: Tudo bem, Rayane?
RAYANE: Tudo. A música tocou alto. Desculpa se te acordei.
CLÉCIO: Não tem problema. Qual música é essa?
RAYANE: ‘‘Hoje o céu abriu’’. É Nx Zero.
CLÉCIO: Ouvindo rock agora, Rayane?
RAYANE: Acho que o funk pode ter me traumatizado.
CLÉCIO: Deixa de bobeira, foi uma fase, passa.
RAYANE: É, tem razão.
CLÉCIO: Agora acho melhor você dormir, porque eu quero me ajude aqui no bar.
RAYANE: No bar?
CLÉCIO: É.
RAYANE: Então eu não vou poder sair com minhas amigas?
CLÉCIO: Vai poder sim, mas tem que me ajudar.
RAYANE: Tá bom então.

CENA 3: Sala de piloto em heliporto na Urca, RJ. MADRUGADA.
CÍNTHIA: Você vai ter que ter ajuda de algum outro, mas aí você se vira. Você vai ter que dar um jeito de botar fogo no galpão onde eles tão. Aqui tem o endereço certo. Esse Rico é mesmo um otário, mas a Verônica você vai pegar e trazer pra gente. Então vamos levá-la pra Rio das Flores, e lá acabamos com ela e o João.
SANDRO: Ótimo. Dois babacas que só serão pedras nos nossos sapatos.
CÍNTHIA: Também acho.
SANDRO: Mas aí o Roberto ia te perseguir né?
CÍNTHIA: Tô nem aí pra ele. Se precisar, ele morre também.
SANDRO: Quanta crueldade, Cínthia.
CÍNTHIA: Estou muito cruel mesmo.
SANDRO: Vamos ver se tá cruel comigo também.
Sandro tira a roupa de Cínthia e os dois se deitam em cima da mesa da sala, onde se beijam e fazem amor.
SONOPLASTIA – Deixa se envolver (Melanina Carioca)

CENA 4: Câmera passeando pelas praias do Rio de Janeiro. COMEÇO DE MANHÃ.
A câmera passeia pelas praias do Rio de Janeiro, mostrando muitas pessoas chegando à praia para trabalhar principalmente.
SONOPLASTIA – Hoje o céu abriu (Nx Zero)

CENA 5: Esconderijo em galpão na Urca, RJ. COMEÇO DE MANHÃ.
Rico levanta-se de seu colchão e joga um copo de água no rosto de Verônica, que ainda dorme.
RICO: (GRITANDO) Bora, Verônica!
Verônica finalmente acorda.
VERÔNICA: Que horas são?
RICO: São quase seis. Já está atrasada. Bora! Vai lá vender.
VERÔNICA: Eu preciso ir realmente hoje?
RICO: Claro, não queremos prejuízo.
VERÔNICA: Você não vende não?
RICO: Preciso descansar um pouco.
VERÔNICA: Tá.

CENA 6: Cozinha do apartamento de Julia, Susana e Alice, Urca, RJ. COMEÇO DE MANHÃ.
Alice levanta-se da mesa, onde Julia e Susana estão sentadas.
JULIA: Vai aonde, Alice?
ALICE: Vou dar uma saída, depois vou direto pra Mais Saúde.
SUSANA: Não vai nos enganar hoje, né?
ALICE: Preciso ir.
JULIA: Mas que saída é essa?
ALICE: Nada demais.
JULIA: O que é, então?
ALICE: Não quero falar.
JULIA: Se não é nada demais, qual o problema?
ALICE: (DESCONVERSA) Preciso ir.
SUSANA: Alice, tu tá muito estranha. Volta aqui.
Susana segura o braço de Alice.
ALICE: Deixa eu ir, Susana.
SUSANA: Pelo menos, explica porque você tá tão misteriosa.
ALICE: Me larga.
Susana larga Alice.
SUSANA: Fala, Alice!
ALICE: Tchau.
Alice sai do apartamento.

CENA 7: Sala de jantar na casa de Roberto, Urca, RJ. COMEÇO DE MANHÃ.
Roberto chega à sala de jantar junto com Dayse. Agatha já estava sentada na mesa.
ROBERTO: Bom dia, Agatha. Demorou pra chegar né?
AGATHA: Sim.
Elvira chega à sala.
ELVIRA: Bom dia, seu Roberto e dona Dayse.
DAYSE: Oi Elvira. Tudo bom?
ELVIRA: Mais ou menos. Estou mais aliviada ao saber que a Rayane não tá nas mãos daquele funkeiro, mas ela tá mesmo achando que o Clécio é pai dela.
ROBERTO: Você não sabe?
ELVIRA: Não. O que eu tive com o Clécio foi algo muito rápido. O meu ex-marido, Álvaro, sempre foi meu grande amor.
ROBERTO: Por que vocês se separaram?
ELVIRA: Eu me afastei por um tempo e ele arrumou outra.
DAYSE: Mas e o que houve com sua filha ontem?
ELVIRA: O tal MC Jorjão estava mandando ela e a outra garota dançarem num show.
DAYSE: Ele foi preso?
ELVIRA: Sim, mas o cara que comanda ainda tá por aí.
ROBERTO: Qual o nome dele?
ELVIRA: Wesley.
ROBERTO: E o sobrenome?
ELVIRA: Acho que é Alcântara.
ROBERTO: Depois eu tento ver alguma coisa sobre ele.
ELVIRA: Ok. Obrigada, seu Roberto.
ROBERTO: De nada. Agora, tem como trazer um suco de manga pra mim?
ELVIRA: Claro.
Elvira deixa a sala.
ROBERTO: (PARA AGATHA) Filha, da próxima vez que for sair com a Elvira pra um lugar desses, me avisa.
AGATHA: Avisar pra você não me deixar ir?
ROBERTO: Não interessa. Tinha que ter falado comigo, mas pelo menos a garota não tá mais com o bandido.

CENA 8: Esconderijo em galpão na Urca, RJ. COMEÇO DE MANHÃ.
Verônica prepara-se para sair do galpão.
RICO: Vai logo, Verônica. Daqui a pouco não vai ter mais ninguém por aí.
VERÔNICA: Calma, Rico.
RICO: Não dá pra ficar calmo não.
VERÔNICA: Já tô indo!
RICO: Anda logo.
VERÔNICA: Sossega, Rico! Relaxa.
Verônica deixa o galpão.

CENA 9: Rua do galpão/esconderijo na Urca, RJ. COMEÇO DE MANHÃ.
Verônica sai na rua do galpão, mas anda um pouco, logo saindo da rua. Menos de cinco minutos depois, Sandro entra na rua junto com seu comparsa, então eles aproximam-se da porta dos fundos do galpão.

CENA 10: Sala da casa de Álvaro, Lapa, RJ. COMEÇO DE MANHÃ.
Karina chega à sala, onde seu pai está sentado, num sofá.
KARINA: Bom dia, pai.
ÁLVARO: Bom dia, filha. Vai trabalhar agora?
KARINA: Vou sim. Preciso chegar um pouquinho mais cedo hoje.
ÁLVARO: Tá.
KARINA: Tudo bem, paizinho?
ÁLVARO: (DESANIMADO) Tudo.
KARINA: Fala sério, pai. Eu sei que você tá triste pela Rayane.
ÁLVARO: É isso mesmo, filha. Eu não consigo acreditar que ela me largou pra ficar com o Clécio.
KARINA: Ela deve estar querendo conhecer o Clécio.
ÁLVARO: Não sei. Tudo isso é culpa da Elvira. Aquela vagabunda, ficava se entregando pra qualquer um.
KARINA: Mas você que era o marido dela, pai.
ÁLVARO: Isso é ruim, né? Quer dizer que fui chifrado várias vezes.
KARINA: Não é isso! Significa que ela fez um monte de bobagem, mas ela gostava de você.
ÁLVARO: Você tá parecendo até a Rayane agora.
KARINA: Eu só tô falando o que ela sempre te disse. Agora, eu vou trabalhar.
ÁLVARO: Tá. Bom trabalho.
Karina sai da casa.

CENA 11: Esconderijo em galpão na Urca, RJ. COMEÇO DE MANHÃ.
Rico está sentado no chão do galpão e seu telefone toca, então ele atende.
RICO: (POR TEL.) Quem é?
VERÔNICA: (POR TEL.) Oi Rico. Verônica. Eu já vendi um pacote. Um cara aqui já pagou adiantado por mais quinze, eu vou aí buscar, tá?
RICO: Quinze?
VERÔNICA: Sim.
RICO: Tá. Vem logo.
VERÔNICA: Já tô indo.
Sandro e seu comparsa entram no galpão pela porta dos fundos, usando um grampo de cabelo e os dois apontam as armas. Sandro percebe que Rico fala no telefone, então pega o aparelho e atira contra a parede com força, quebrando o aparelho.
RICO: Que foi, cara? Tá achando que é quem?
SANDRO: Não te interessa quem eu sou.
RICO: Como entrou aqui? Cai fora.
SANDRO: (GRITANDO) Cala a boca! Quem se mexer ou falar, vai morrer.
O comparsa logo recolhe as armas dos bandidos, que estavam expostas sobre uma mesa.
COMPARSA: (PARA SANDRO) Recolhido, chefe!
SANDRO: Ótimo. Agora calem a boca.
Sandro pega uma garrafa com álcool e gasolina e espalha os líquidos por todo o galpão. Depois ele dá uma caixa de fósforos ao comparsa.
SANDRO: (PARA COMPARSA) Acende isso e joga aqui, depois corre e sai pela porta onde entramos. Espero tu lá fora.
Sandro sai do galpão, porém tranca a porta usando um grampo, sem que o comparsa perceba. Então, o comparsa acende os fósforos e jogam no chão, em cima do líquido e o fogo se forma. O comparsa corre em direção à porta dos fundos, porém percebe que ela está trancada, então ele bate na porta várias vezes, tentando forçá-la, porém o fogo aproxima-se dele cada vez mais, então ele e os outros bandidos no galpão não escapam e morrem queimados, junto com as drogas.

CENA 12: Rua do galpão/esconderijo na Urca, RJ. COMEÇO DE MANHÃ.
Do lado de fora do galpão, o velho estabelecimento pode ser visto pegando fogo. Do outro lado da rua, Sandro observa o incêndio e fica esperando por Verônica. Alice observa, de longe, o incêndio e corre em direção ao galpão, porém Sandro vê somente as costas e o cabelo da jovem. Achando que era Verônica, Sandro corre em direção a ela, colocando uma sacola preta na sua cabeça, coloca um pano com sonífero na boca dela e a coloca no porta-malas do carro. Sandro entra no carro e sai da rua. Logo depois, Verônica finalmente vê o incêndio e corre em direção ao galpão, então percebe que não há mais pessoas vivas lá dentro.
VERÔNICA: (PARA SI MESMA) Meu Deus. Agora eu tô frita. O cara já pagou e não tenho nenhuma droga.
Desesperada, ela pede ajuda a uma pessoa que passa na rua, que liga  para os bombeiros.

CENA 13: Salão de vidro no jardim da mansão de Cínthia, Urca, RJ. COMEÇO DE MANHÃ.
Ingrid e Rejane sentam-se nas cadeiras, no salão de vidro, para tomar o café da manhã.
INGRID: É muito diferente ficar aqui sem a Cínthia, né?
REJANE: Muito. Pelo menos não temos uma pesso pra mandar na gente. Que horas vamos pra casa da Clotilde?
INGRID: Daqui a pouco. Toma o café logo pra não atrasar.
REJANE: Ok. Aquele remédio fatal nós teremos que lá pra dar pra ela?
INGRID: Não. Ela tá achando que é um outro remédio. Eu troquei ontem.
REJANE: Esperta, você, hein?
INGRID: (RINDO) Eu sei.
REJANE: E aquele emprego que você tava falando ontem?
INGRID: Ah, bem lembrado. Precisamos fechar isso hoje depois de acabar lá com a velha. Tem vaga lá na academia que fechou parceria com a My Body.
REJANE: Ótimo. Mas por que a gente não vai pra My Body? A Cínthia tá fora.
INGRID: Acho melhor não. Vamos deixar a My Body de lado.
REJANE: Quem assume na ausência da Cínthia?
INGRID: O Roberto.
REJANE: Então, se ela morrer, ele vira dono?
INGRID: Sim, mas ainda restaria uma pequena parte dos outros acionistas.
REJANE: Ah, sim.
INGRID: Por que quer saber isso, Rejane? Tá querendo apagar a Cínthia do mapa
REJANE: (RINDO) Ainda não.
INGRID: Tá.
Rejane acaba de comer, e levanta-se.
REJANE: Bora?
Ingrid também levanta-se.
INGRID: Sim.
As duas saem do salão de vidro.

CENA 14: Heliporto na Urca, RJ. COMEÇO DE MANHÃ.
Sandro chega ao heliporto em seu carro. Ele abre o porta-malas, pega a mulher que acredita ser Verônica. Como ela está desmaiada, ele a carrega nos braços. No heliporto, encontra-se com Cínthia.
CÍNTHIA: Finalmente! Vamos logo. Quero acabar com esse João o mais rápido possível.
SANDRO: Eu também não vejo essa hora.
Cínthia e Sandro entram no helicóptero. Um funcionário carrega o corpo de Alice e o coloca dentro do helicóptero também. O piloto entra no helicóptero e as portas são fechadas. O helicóptero logo decola, saindo do heliporto.

CENA 15: Academia da Terceira Idade (ATI) em Praça em Copacabana, RJ. COMEÇO DE MANHÃ.
Clotilde está na academia junto com outros idosos fazendo vários exercícios. A princípio, sem nenhuma causa, ela cai no chão, chamando a atenção de outras pessoas que passam por ali, inclusive Ingrid e Rejane, que se aproximam.
INGRID: O que foi, dona Clô?
CLOTILDE: Ivone, me ajuda.
INGRID: O que foi?
CLOTILDE: (SONOLENTA) Tô passando mal.
REJANE: Meu Deus. Chamem uma ambulância!
Mirtes aproxima-se da cena e Clotilde levanta-se.
INGRID: Dona Clô, essa moça aqui disse que é a sua advogada, certo?
CLOTILDE: Não conheço essa moça.
MIRTES: (FINGINDO) Clotilde, não se lembra de mim? Eu fiz o seu divórcio, lembra?
CLOTILDE: Ah, acho que sim.
MIRTES: A senhora tá querendo alguma coisa?
CLOTILDE: (BUFANDO) Hospital.
MIRTES: Acho melhor fazermos o testamento aqui.
CLOTILDE: Como assim?
MIRTES: Assinar a confirmação dos bens para a Ivone e a Raíssa.
CLOTILDE: (RESPIRAÇÃO QUASE PARANDO) Tá.
Clotilde pega a caneta e assina o papel. Depois, Ivone, Raíssa e uma outra testemunha falsa assinam o testamento. Clotilde cai no chão novamente, e percebem que ela morreu.


CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO...

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