sábado, 11 de abril de 2015

Episódio 05: Lúcia


O primeiro dia de aula


         Chegando ao dormitório, que ficava no quinto andar do castelo, perto da sala de vídeos, fomos recebidos, uma estatua de sereia que se mexia e falava e ficava dentro de um chafariz no meio da sala principal:
         - Sejam bem vindos novatos- disse a estatua- Eu sou a mãe de vocês! Os ajudarei em tudo, aconselharei e darei broncas! Vocês foram escolhidos porque tem o poder de dominar o elemento água, então são meus filhos! Que a paz possa reinar entre vocês, que a partir de agora são irmãos! E que o amor e confraternização possam sempre estar em toda a escola!
         - Mas não podemos namorar entre nós? - perguntou um rapaz muito bonito, seus olhos verdes, cabelos loiros, branco e alto.
         - Claro que pode Leandro! - respondeu a estatua sorrindo. - O fato de serem irmãos é que vocês tem que ser unidos, pois não admito brigas entre vocês do grupo!
         - Ufa! - respirou ele quase como um assovio de alivio- Achei que eu não iria poder seduzir as meninas da Agua!
         Todos nós rimos. Leandro era filho de uma sereia com um mago, ele sabia encantar as mulheres.
         - Agora vão se deitar que as aulas começam amanhã! - disse a sereia de pedra.
         Fomos para os nossos dormitórios. Cada grupo tinha dez quartos para os seus alunos, eu fiquei junto com meus dois amigos. Xamã e os outros curupiras foram para seus dormitórios.

         Eram seis horas da manhã quando fomos acordados por uma voz que vinha de autos falantes  que tinha nos quartos, nos corredores e nas salas de aula, essa voz era a do diretor da escola:
         - Bom dia, meus queridos alunos! - dizia a voz fina- Começa agora o primeiro dia de aula, então levantem-se de suas camas e após se arrumarem, encontremo-nos no refeitório. Tenham todos, um bom dia de aula!
         Eu me espreguicei e vi vários alunos andando para lá e para cá, todos acabará de acordar, Marcos estava bem sonolento, todos nós estávamos, pois passamos quase a noite toda conversando e jogando dama e baralho.
         Amanda  apareceu toda arrumada, com o seu uniforme da cor do grupo escolar que  era azul- mar e branco com o símbolo de uma sereia:
         - Vocês ainda não estão prontos? - perguntou ela toda animada
         - Eu acabei de acordar! - falei
         Marcos nem respondeu o que ela perguntará e foi bem sonolento para o banheiro que estava cheio de bruxos tomando banho e se trocando.
         Lá fui eu para o banheiro feminino, peguei meu uniforme, tomei um banho bem quente, e me troquei. Amanda ficou esperando do lado de fora, arrumando suas coisas.
         Assim que eu terminei, sai do banheiro e peguei minha bolsa, Marcos, Amanda e eu fomos para o refeitório, que por sinal, parecia maior que o salão triunfal, ele era cheio de mesas compridas e bancos enormes de madeira, além de suas enormes janelas e velas flutuando no teto. Via- se comidas voando para as mesas, era só você pedi a comida ela vinha até você. Nas mesas tinha os cardápios, eu passei o dedo no papel e pedi torradas com requeijão e clooc's.
         Clooc's é uma bebida, ela era amarela e tinha um cheiro maravilhoso, vinha da fruta abacaxi, tinha um gosto muito bom e pode ser comparado ao café dos humanos.
         Havia sacis em todo o refeitório, tinha um em especial que aprontava mil e uma, muitas vezes não deixava as comidas chegarem ao destino ou fazia redemoinhos que a comida voava em cima do bruxo o melecando todo:
         - Aladin! - gritou minha avó muito brava- Aladin!
         Todos olharam em direção a porta que ela estava entrando, o saci brincalhão correu para trás de uma pilastra, se escondendo:
         - Venha aqui, Aladin! Chega de traquinagens! - ela deu um grito tão alto que estremeceu as janelas- Aladin!
         O saci agora saiu de trás da pilastra e com uma torta de amora na mão disse:
         - Que foi, velha bruxa? - ele ria com um cachimbo na boca. Todos os outros sacis tinham saído do salão, juntamente com os fantasmas, com medo dos gritos de minha avó.
         - Venha aqui! - gritou ela
         - Não vou não! - ele cantarolou e depois jogou a torta na cara de minha avó, todos os alunos viam atentamente a briga dos dois. A vice-diretora esticou sua varinha em direção a ele e disse:
         - Mexmai! - Aladin caiu no chão e ficou como uma estatua sem se mexer. Vovó foi até ele e disse com um ar de orgulho- Nunca mais jogue coisa alguma em mim, você vai ficar de castigo! - ela então gritou novamente- Helio!
         - Aqui, senhora! - disse um fantasma gordo e alto
         - Leva o Aladin para a minha sala, quero ter uma conversa com esse atrevido! - após ela falar isso, pegou a sua varinha e a mexeu no ar fazendo com que tudo que o Aladin bagunçou fosse arrumado- Agora podem comer em paz, crianças!
         Minha avó saiu do refeitório indo juntamente com o fantasma Helio que carregava Aladin no colo.
         - Esse Helio é o fantasma que ajuda a dona Sonia com os alunos e criaturas magicas travessas! - disse um aluno alto de cabelos lisos e barba por fazer, ele era do terceiro ano, esse era seu ultimo ano na escola.
         - Não sabia! - falei
         - Sim! Ele já me deu detenção umas trossentas vezes! Eles costumam nos levar para as masmorras ou para a casa do horror! - continuou ele
         - Casa do horror? - perguntou Marcos assustado
         - Sim! - respondeu ele- É uma enorme mansão que fica dentro da floresta negra, ela é vigiada por ceifadores da terra e por almans!
         - O que é Almans? - perguntou Marcos
         - São criaturas mágicas que se alimenta da alma da pessoa, ela te suga até você morrer, ou tira sua magia, você deixa de ser bruxo!  - respondeu Amanda lendo um exemplar de "O Outro Cavaleiro das Trevas"
         - Interessante, não? - disse Marcos assustado
         -  Lá na casa do horror é habitado pelo Boitatá! - disse o rapaz fazendo voz de terror e deixando Marcos cada vez mais encolhido na cadeira.
         - B-boitatá!? - perguntou Marcos- Aquela... cobra... que cospe... fogo?
         - Isso mesmo! - disse ele
         - Arthur! - falou uma menina atrás do rapaz- Vamos para a sala!
         - Estou indo, Ingridi! - disse ele- Bom crianças, eu tenho que ir! A gente se vê por ai! - disse ele indo atrás da menina
         - Até mais! - disse
         Após o desjejum fomos para a sala de aula. A sala estava pouco cheia, pois os alunos ainda estavam no refeitório. Era seis e quarenta da manhã e as aulas só começavam sete e meia.
         Assim que sentamos um ao lado do outro, um dos irmãos do Marcos o chamou na porta. Era um dos mais velhos, eu o achei muito bonito apesar da quantidade de pelos.
         - Era o Eric! - disse Marcos depois de falar com o irmão- Ele disse que vai ter uma festa na casa da tia Julia no fim de semana e me convidou e convidou vocês!
         - Tia Julia? - perguntei
         - Sim! É uma fada! - disse Amanda- Ela a fada protetora dos animais mágicos. Ela é a única a ter a altura de um bruxo, dizem que foi enfeitiçada assim que nasceu...
         - Ela dará uma festa e está convidando os alunos! Vocês vão né? - perguntou Marcos
         -  Claro! - falei - Estou doida para conhecer a protetora dos animais mágicos!
         A sala de aula encheu-se de gente e entrou um professor de cabelos cacheados, olhos bem pretos, alto, magro e vestes verde-agua, ele era o professor lider do grupo Terra.
         - Bom dia, alunos! - disse ele animado- Sejam bem vindos a essa escola, eu sou Macedo, professor de domação de animais mágicos e estarei com vocês pelo resto do ano! - ele era bem simpático.
         Todos os alunos prestavam atenção, sem um mínimo de desvio, apenas um fazia brincadeirinha, ele se chamava João Malta, um garoto de cabelos prateados, olhos verdes, branco e baixo. Ele estava atirando aviãozinho de papel na sala, os aviões voavam como se tivesse motor e caiam na cabeça dos alunos.
         - Esse é João Malta! - disse Marcos indignado, fazendo negativo com a cabeça.
         A aula passou voando, o professor fez algumas dinâmicas de conhecimento e debates sobre: o que a escola serve e sobre os animais mais polemicas.
         Logo depois, saímos da sala de poções e fomos para a sala de defesa contra as forças do mal. Entramos. Um professor meio peludo de costas, escrevendo na lousa estava lá, suas vestes era azul marinho. Entramos e sentamos nas cadeiras perto da porta:
         - Ele é o famoso escritor de "A Arte das Trevas" - disse Amanda hesitada
         - Ele é pai da minha prima de segundo grau! - disse Marcos sem muitas expectativas
         - Não acredito que você é parente dele! -Amanda estava mais ofegante ainda
         - Esse livro minha avó comprou para mim assim que comecei a ler e escrever! - falei- Ele é cheio de contos e diz que a especialidade dele é lutar contra os vampiros!
         Ele se virou, depois de escrever quase uma lousa inteira, e olhou para a classe, abriu um sorriso e disse:
         - Bom dia a todos! Meu nome é Edgar Laubos, sou professor e escritor de defesa das forças do mal! Neste primeiro bimestre aprenderemos a história das trevas, pois antes de lutar contra ela é preciso saber como começou e o porquê de ter começado!
         - Professor! O senhor conta em seu livro que os vampiros são uma das maiores ameaças para o mundo alternativo, por quê? - perguntou Amanda
         - Essa é uma boa pergunta! - admirou-se ele - Nós podemos começar pelo começo de tudo! Quando na época em que só havia dois elementos da natureza- ele apontou a varinha para uma tela branca e tudo que ele falava ia formando um minifilme- Terra e Agua! foi assim que o Deus Dumber formou o mundo mágico. No passado os povos viviam em harmonia, Dumber colocou nós, bruxos, para serem os governantes do mundo alternativo- ele mudava a fisionomia conforme a história mudava de rumo- Mas os vampiros, considerados depois dos bruxos, os seres mágicos mais inteligentes, se revoltaram e começou-se uma guerra entre os bruxos e os vampiros!
         - Mas professor- contestou uma aluna que era bem estudiosa, seu nome era Maria- Os vampiros não entram mais no nosso mundo, né?
         - Então, senhorita - continuou ele respondendo a pergunta de Maria- Houve uma guerra que durou cerca de duzentos anos até que as fadas se intrometeram no meio e separou o nosso mundo em o mundo bruxo e o mundo vampiro. O mundo vampiro começa depois da floresta negra, nenhum bruxo ou vampiro vivo atravessou sua fronteira.
         - Professor! - disse Amanda- Mas e o cavaleiro das trevas?
         - Bom, o cavaleiro das trevas foi-se há muito tempo, ele se despedaçou ficando apenas suas roupas no chão! - disse o professor empolgado
         - E quem seria ele? - perguntou Leticia, uma filha de humanos que curiosamente era bruxa, coisa rara de se acontecer.
         - Ele se chama Gabriel Macedo Albuquerque, ele foi o bruxo mais temido de todos, ele acabou com o mundo mágico, destruiu famílias, nos deixou presos em celas, tomou o poder da Republica da Magia - disse o professor mostrando uma foto dele no telão.
         Ele era um homem alto de cabelos negros penteados para o lado, olhos vermelho-fogo, vestes negras, boca pálida, e a pele bem branca, ele segurava uma varinha, sua expressão era de ódio.
         Quando a historia estava interessante o sinal tocou e deu a hora do almoço. 



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