[Narrado
por Vanessa]
“Como dizia Martin
Luther King Junior, a verdadeira medida de um homem não é como ele se comporta
em momentos de conforto e conveniência, mas como ele se mantém em tempos de
controvérsia e desafio.”
CENA 1
Cíntia e Eliane ajudam Sabrina a se levantar.
Cíntia: O que aconteceu aqui? Rômulo, você deve uma explicação.
Rômulo: Essa mulher é louca. Ela entrou na minha sala e começou a rasgar a
roupa na minha frente e depois começou a gritar. Também não entendi nada.
Sabrina: Mentira, vocês tem que acreditar em mim. Ele tentou me agarrar. Ele
queria... Ele é um monstro.
Rômulo estava sem reação diante da acusação. Todos começavam a fazer
comentários entre eles.
Rômulo: Escuta aqui sua desequilibrada, eu não sei qual é a sua, mas eu te
garanto que isso que você está fazendo é um crime. Eu vou te processar.
Sabrina: Eu quero sair daqui. Por favor, me levem daqui.
Eliane: Vamos. Vem coma gente. Cíntia, me ajuda.
Cíntia e Eliane levam Sabrina para a sala dos professores e Inaiá vai
atrás.
Alfredo: Muito bem, os outros podem sair. Acabou a festa, circulando.
Todos se dispersaram pelos corredores do colégio. Alfredo fecha a porta
e caminha até Rômulo.
Rômulo: Eu não acredito que isso aconteceu. Mas o que será que ela quer
fazendo isso?
Alfredo: Você não a conhece de algum lugar?
Rômulo: Como assim?
Alfredo: Não sei. Tem mulheres que são loucas e quando estão fixadas em um
homem são capazes de tudo. Eu achei que talvez ela fosse algum caso...
Rômulo: Escuta aqui, eu nunca vi essa louca na minha vida. Eu falei a verdade.
Ela quis chamar atenção e conseguiu. Eu só não sei o que ela pretende. Só que
algo me diz que não é nada bom.
CENA 2
Cíntia dá um copo de água para Sabrina.
Cíntia: Tente se acalmar um pouco.
Sabrina: Obrigada. Fiquei com muito medo. Achei que ele ia abusar de mim.
Cíntia: Olha,
não é que eu queira proteger ninguém, mas você sabe que essa acusação é muito
séria, não sabe?
Sabrina: Você
não acredita em mim, não é? Ninguém acredita. Porque motivo eu iria fazer isso?
Porque iria me expor desta forma? Eu jamais acusaria alguém se não fosse
verdade. Eu sou pobre mas tenho dignidade.
Cíntia: Calma,
não precisa se alterar. Eu não estou dizendo que você está inventando, apenas
estou te colocando a par da situação.
Afastada
das duas, Eliane e Inaiá observavam.
Eliane: Ela
parece bem segura do que está dizendo. Eu não posso acreditar que isso seja
verdade.
Inaiá: E não é. Conheço o doutor Rômulo
muito bem. Tenho certeza de que seria incapaz de cometer tal ato.
Eliane: Será mesmo?
Eu não sei.
Inaiá: Pois eu não tenho dúvidas de que tudo
isso é uma farsa. Não sou de me enganar. Algo me diz que por baixo desta
invenção tem uma verdade muito pior.
Eliane
observa Sabrina.
CENA 3
Bernardo
chega em casa. Teresa estava arrumando algumas flores no vaso.
Teresa:
Bernardo? Querido, onde estava?
Bernardo: No
consultório do Dr. Gilliardo.
Teresa: Ah. E
está tudo bem?
Bernardo: Não.
Não está nada bem.
Teresa: Como
assim? Está me deixando preocupada. O que aconteceu? Fala logo.
Bernardo: Tenho
um câncer no pulmão.
Teresa
coloca as mãos sobre a boca, surpresa com a revelação.
Teresa: Não
pode ser verdade. Está brincando.
Bernardo: Pra
você ver que estava coberta de razão. O resultado dos exames diagnosticou um
tumor maligno alojado em meu pulmão. Por isso as tosses e a falta de ar.
Teresa: Meu
Deus? E agora? O que o Dr. Gilliardo fará?
Bernardo: Serei
submetido a radioterapia e quimioterapia. Infelizmente não posso realizar
cirurgia. Mas ainda tenho chances de sobreviver a isso. Cabe a Deus me
permitir. Agora eu vou subir para o meu quarto.
Bernardo
vai para o quarto e Teresa começa a rezar.
CENA 4
No
colégio, todos comentavam sobre o acontecido. Era um escândalo. Uma viatura da
polícia chega no colégio. Minutos depois, Alfredo entra na sala de Rômulo.
Alfredo: A
polícia chegou.
Rômulo: A
polícia? Mas quem chamou a polícia?
Alfredo: Eu não
sei. Eles estão falando a mulher. Acho melhor ligar para um advogado.
Rômulo: Não
acredito nisso. Eu vou lá falar com eles.
Alfredo:
Espera, não sei se é uma boa ideia.
Rômulo
ignora Alfredo e vai para a sala dos professores. Alfredo vai atrás dele. Ao
entrar na sala, Rômulo observa enquanto Sabrina conversa com um policial.
Eliane e Cíntia olham para ele.
Sabrina: É ele.
O
policial olha para Rômulo.
Policial: O
senhor confirma a denúncia desta moça?
Rômulo: Claro
que não. Olha, eu não sei porque ela está inventando tudo isso, mas eu juro que
não toquei em um fio de cabelo dela.
Policial: Só que
ela tem testemunhas. Ela afirma que senhor obrigou ela a mostrar os seios.
Rômulo: O quê?
Isso só pode ser brincadeira. Escuta moça, eu não sei o que pretende com isso,
mas é melhor falar a verdade.
Policial: Bom,
estou a disposição. Cabe a senhorita fazer a denúncia e abriremos uma
investigação para podermos darmos início aos procedimentos necessários.
Rômulo
passa as mãos sobre a cabeça.
Sabrina: Na
verdade eu não quero fazer a denúncia.
Todos
ficam surpresos com a decisão de Sabrina.
Policial: Tem
certeza? Se realmente ocorreu tudo o que me relatou então o melhor a fazer a
denunciar.
Sabrina: Eu
tenho certeza. Tudo o que aconteceu já foi bem desgastante pra mim. Não quero
meu nome arrolado em um caso policial desse tipo. A única coisa que eu quero e
espero que seja feita é que este homem seja expulso do cargo de diretor do
colégio.
Rômulo: O quê?
Cíntia e
Eliane se olham. Sabrina encara Rômulo.
CENA 5
O caso
já havia vasado para a mídia e algumas redes de televisão estavam transmitindo
ao vivo da frente do colégio a notícia sobre a tentativa de estupro. Na casa
dos Villanes, Simone entra no seu quarto. Omar estava deitado.
Omar: O que houve? Alguém morreu?
Simone: Ainda
não. Mas depois do que você vai ver, com certeza alguém pode acabar morrendo de
tanto desgosto.
Simone
liga a televisão.
Repórter: Ao que
tudo indica o diretor do Colégio Alberto Villane, um conceituado colégio
situado em uma região nobre do Rio de Janeiro, tentou abusar de uma
funcionária. De acordo com uma fonte, várias pessoas testemunharam o momento em
que o diretor foi flagrado em sua sala junto com a funcionária. Ela estava
muito abalada e tinha as roupas rasgadas.
Omar: O quê? Eu não acredito no que estou
vendo? Isso é verdade?
Simone: Eu
disse que tiraria seu irmão desse colégio.
Omar
observa Simone por alguns segundos.
Omar: Então foi você? Esse era o seu plano
esse temo todo. Claro! Agora o meu irmão está completamente ferrado. Um
escândalo em rede nacional. Você foi genial.
Os dois
se abraçam e se beijam.
Enquanto
isso, no apartamento de Adonys, o telefone de Roberta toca e ela atende, era
sua mãe, Leonor.
Leonor: Onde
você está?
Roberta: Estou
com o Adonys.
Leonor: Eu não
acredito nisso. Enquanto você fica cedendo aos seus caprichos, seu futuro está
desabando.
Roberta: Não
entendi.
Leonor: Então
liga a televisão.
Roberta
liga a televisão. Adonys se aproxima dela. Os dois ficam pasmos ao ver a
notícia.
Roberta: Eu não
acredito nisso.
Adonys: Esse
não é o seu...
Roberta: Sim! É
ele mesmo.
Na casa
de Vanessa, seus pais, Beatriz e Rodrigo, estavam vendo a notícia também.
Beatriz: Não
posso acreditar nisso. O diretor do colégio onde nossas filhas estudam? Alguém
tem que tomar uma providência.
Rodrigo: Que
perigo.
A
notícia já havia se espalhado.
CENA 6
Teresa e
Bernardo estavam em seu quarto. Omar entra eufórico, acompanhado de Simone.
Bernardo: Mas o
que significa isso? Não sabe bater antes de entrar?
Omar: Perdão meu pai, mas acho que deveriam
ver isso.
Omar
liga a televisão.
Repórter: De
acordo com o que foi nos passado, a vítima preferiu não denunciar o ocorrido,
mas exige que o responsável pelo colégio tome medidas cabíveis a respeito do
assunto. Ela quer que o diretor seja afastado definitivamente do colégio.
Bernardo
se levanta da cama. Estava sem reação.
Teresa: “Caso
de estupro no colégio Alberto Villane”. Mas o que significa isso?
Omar: Exatamente o que você leu, mãe. Seu
filho foi flagrado tentando estuprar uma funcionária.
Bernardo
sente uma tontura e cai sentado na cama.
Teresa:
Bernardo? Cuidado meu amor. Simone pega um copo de água, rápido.
Simone
vai pegar água.
Bernardo: Isso
não é verdade. Eu não acredito.
Teresa: Calma
meu bem, tudo isso vai ser esclarecido.
Bernardo: Eu
preciso ver o meu filho, preciso falar com ele.
Teresa: Calma
Bernardo, você tem que procurar se controlar, sua saúde...
Bernardo: Que se
dane a minha saúde. Eu vou falar com o Rômulo e ponto final.
Teresa: Então
eu irei com você.
CENA
7
Rogério
chega em sua casa e encontra seu pai, Celso, arrumando algumas pranchas de
surfe.
Celso: Filho? Vi a notícia na televisão. O
que aconteceu?
Rogério: Não
sei. Com licença eu vou para o meu quarto.
Celso
larga as pranchas e vai atrás de Rogério.
Celso: Vai ser assim então?
Rogério: Assim,
como?
Celso: Vai querer me punir para sempre por
não ter te contado sobre sua mãe?
Rogério: Eu não
estou te punindo. Apenas estou chateado. Mas não sei quanto tempo ainda levarei
para superar. Com licença.
Celso
fica pensativo enquanto Rogério sobe para seu quarto.
CENA 8
Fred
chega em sua casa e encontra sua mãe, Sônia, sentada no sofá. Ele percebe que
ela está pensativa e se aproxima.
Fred: Oi, mãe. Tudo bem? Você está
chorando?
Sônia: Filho senta aqui do meu lado.
Precisamos conversar.
Fred
fica curioso e ao mesmo tempo assustado. Ele senta ao lado de Sônia.
Fred: Aconteceu alguma coisa?
Sônia: Não. Apenas quero conversar com você
sobre algo.
Fred: Conversar.
Sônia
mostra o diário e Fred fica tenso.
Fred: Onde você encontrou isso?
Sônia: Não importa onde encontrei. Mas
receio que você tem muito que me contar.
Fred: Eu... Não. Eu não preciso contar
nada. Isso é um livro que estou fazendo. São histórias que eu invento.
Sônia
abre o diário e começa a ler.
Sônia: Suave como o perfume das flores na
primavera. O som de sua voz é como a canção dos anjos. Para os meus amigos é
apenas mais um colega, enquanto para mim é alguém muito especial...
Fred: Para, mãe.
Fred se
levanta e Sônia fecha o diário.
Sônia: Olha para mim, Fred. Olha para mim.
Não precisa ter vergonha de mim. Eu li. Eu sei dos seus sentimentos. Eu não vou
te condenar e nem te repreender por isso. Meu filho eu te amo. Eu tenho orgulho
de você assim como tenho do seu irmão. Eu me sinto abençoada em ter um filho
como você. Você é puro de sentimentos.
Fred: Eu... Me desculpa, eu não sei o que
dizer.
Sônia se
aproxima de Fred e passa a mão em seu rosto.
Sônia: Então não diga nada. Não precisa. Eu
já sei.
Fred
abraça Sônia e começa a chorar.
Sônia: Eu te amo meu filho. Eu te aceito do
jeito que você é. Tenho certeza de que você é verdadeiro em tudo o que diz. Eu
sempre estarei com você meu anjo. Sempre.
CENA 9
Rômulo
estava sentado em sua sala. Ainda estava tentando entender tudo o que
aconteceu. De repente Bernardo e Teresa entram.
Rômulo: Pai?
Mãe?
Rômulo
fica tenso.
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