Episódio 17: Jovens

[Narrado por Renato]
“De certa forma não posso acreditar que haja tantas barreiras que não possam ser escaladas por um homem que sabe os segredos de como tornar os sonhos realidade. Esse segredo especial pode ser resumido em curiosidade, confiança, coragem, e constância. Quando você acreditar em uma coisa, acredite nela até o fim.”

CENA 1
Omar abraça Simone ao ouvir Bernardo falar que o cargo de diretor seria dele.

Simone: Parabéns meu amor. Você merece esse momento.
Teresa vem ao encontro de Omar.
Teresa: Parabéns meu filho.
Teresa e Omar se abraçam.
Omar: Obrigado, mãe.
Teresa: Espero que faça uma gestão de sucesso, assim como seu pai e seu irmãos fizeram enquanto dirigiram o colégio.
Omar: Cuidarei do nosso patrimônio com muito cuidado, mamãe.
Bernardo apenas observa a cena.
Omar: O senhor não vai me dar os parabéns, meu pai?
Bernardo se aproxima de Omar e aperta a mão dele.
Bernardo: Meus parabéns. Finalmente conseguiu o que tanto queria, não é mesmo?
Omar: Os conselheiros me escolheram. Eles acreditam em mim.
Bernardo: Ninguém aqui está questionando sua escolha. Apenas fico curioso para saber até onde você seria capaz de ir para conseguir esse cargo.
Omar: Não estou entendendo essa insinuação papai.
Bernardo: Não estou insinuando nada. Mas de uma coisa esteja certo: você deu passo muito arriscado, Omar. O que acontecer daqui para frente é responsabilidade sua.
Simone fica pálida e Omar encara Bernardo.
Bernardo: Agora me deem licença que preciso resolver algumas coisas.
Bernardo se retira da sala e Teresa vai atrás dele. Simone abraça Omar.
Omar: Me prometa que não há como ninguém descobrir o que você fez.
Simone: Não se preocupe. É impossível alguém saber de qualquer coisa. Esse segredo vai morrer com a gente.

CENA 2
Fred estava reunido com seu amigos, Renato, Rogério, Paula e Vanessa, em baixo de uma árvore no colégio.

Fred: Eu reuni vocês aqui porque tenho uma coisa muito importante para falar com vocês. É sobre mim.
Vanessa: É algo grave? Aconteceu alguma coisa com sua mãe?
Fred: Não. É comigo mesmo. Talvez algum de vocês não entenda e eu apenas quero pedir que não me julguem pelo que vou dizer.
Paula: Está me deixando preocupada.
Rogério: Fala logo, cara. O que aconteceu?
Fred respira fundo.
Fred: Eu não exatamente como vocês acham que eu sou. Quer dizer... Eu sou exatamente como sempre fui, porém... tem uma parte de mim que vocês não conhece.
Renato: Não entendi. Como assim?
Fred: Galera, eu sou gay. Minha família já sabe e meu pai me colocou para fora de casa. É isso.
Fred abaixa a cabeça. Vanessa, Paula, Renato e Rogério se olham. Vanessa caminha até Fred e coloca a mão no ombro dele.
Vanessa: Não precisa ficar envergonhado. Fico feliz que tenha resolvido nos contar. Por um lado tenho que admitir que já sentia que você era diferente. Mas essa diferença não te faz inferior a ninguém.
Vanessa abraça Fred. Paula se aproxima dele.
Paula: Te desejo toda felicidade do mundo, Fred. Só fico chateada por você ter demorado tanto para se abrir coma gente. Mas nós te perdoamos.
Paula abraça Fred. Renato se aproxima de Fred.
Renato: Meu brother. Pode contar comigo. Nada muda entre a gente.
Fred: Obrigado.
Renato e Fred se abraçam. Rogério também se aproxima de Fred.
Rogério: Pode contar comigo também, Fred. E quem mexer contigo é só me falar que eu dou jeito.
Rogério também abraça Fred.
Fred: Obrigado gente. Você são mais que amigos. Vocês são a minha família.
Fred estava com lágrimas nos olhos. Paula, Vanessa, Renato e Rogério abraçam Fred, todos de uma vez.

CENA 3
Sônia estava sentada no sofá da sala. Pedro chega em casa. Ela vai ao seu encontro.

Sônia: Nós precisamos conversar sobre nosso filho.
Pedro: Se você se refere ao Fred, saiba que não tenho mais nenhum filho com esse nome.
Sônia: Meu Deus. Como você pode dizer uma coisas dessas? O Fred é o seu filho você querendo ou não. Veja bem o que você está fazendo, Pedro. Uma atitude extremamente radical.
Pedro: Não tem nada de radical, Sônia. EU não aceito e nem quero ter um filho bixona. O que os outros vão dizer?
Sônia: Então se trata dos outros? De tudo o que você tem a única coisa que te importa é isso? No que os outros vão pensar?
Pedro: Não queira me fazer de culpado...
Sônia: Não, Pedro. Eu não estou te fazendo de culpado. Eu não preciso te mostrar isso. Mas eu tenho certeza de que você ainda vai refletir sobre cada palavra que você está dizendo aqui e agora. E quando estiver pronto para caminhar com suas próprias pernas sem precisar da aprovação dos outros, daí você me procura e agente conversa como duas pessoas racionais.
Sônia sai da sala e deixa Pedro pensativo.

CENA 4
Na frente do colégio, Marta estava se preparando para ir embora. Luís se aproxima dela.

Luís: Fez uma boa venda hoje?
Marta: Vendi quase tudo.
Luís: Que maravilha.
Luís fica pensativo por alguns segundos.
Luís: Olha, eu não queria te contar nada, mas acho que não devo te esconder.
Marta: Do que está falando? O que você tem para me falar?
Luís: Seu ex-marido esteve aqui ontem.
Marta: O Brandão? E o que ele queria?
Luís: Me intimidar. Exigir que eu me afaste de você.
Marta: Eu não acredito que aquele canalha teve essa audácia. EU vou...
Luís: Não! Você não vai fazer nada. Não quero que você se aproxime desse cara. Deixa que dele cuido eu. Ele pensa que eu tenho medo das ameaças dele, mas ele está muito enganado. Nada do que ele fale ou faça vai mudar meus sentimentos por você.
Luís dá um beijo em Marta.

CENA 5
Vanessa e Renato estão em canto do pátio, afastado dos demais alunos.

Vanessa: O que você quer conversar comigo?
Renato: Bom, na verdade temos que terminar a nossa conversa. Da última vez você saiu correndo.
Vanessa: Olha, Renato. Eu gosto de você, tenho um carinho enorme, porém não podemos ter nenhum tipo de compromisso que vá além da nossa amizade.
Renato: Não. Por favor, pensa melhor e me...
Vanessa: Por favor, Renato. Eu não posso.
Renato: Mas por quê? Qual é o motivo?
Vanessa: Pela nossa amizade. Eu sei que deve ser difícil para você ter que ouvir tudo isso, mas é preciso. Você é um amigo especial e é assim que quero te ter na minha vida. Me desculpa.
Renato abaixa a cabeça.
Renato: Não, tudo bem. Eu compreendo. Eu é que pensei demais. Achei que poderíamos dar certo juntos. Mas isso passa.
Vanessa: Com certeza. E eu tenho certeza de que você vai encontrar uma pessoa legal que vai te corresponder. Acredite nisso. Agora eu preciso ir. Até amanhã.
Renato: Até amanhã.
Vanessa vai embora e Renato senta no chão, dobrando os joelhos e apoiando sua cabeça entre eles.

CENA 6
Elias aparece na academia onde seu pai, Brandão, treina.

Brandão: Filho? Que surpresa boa.
Elias: Vim ver como estão as coisas.
Brandão: Tudo tranquilo. E você? Como está a convivência com seu novo papai?
Elias: Novo papai? Do que você está falando?
Brandão: O quê? Então quer dizer que sua mãe ainda não te contou?
Elias: O quê exatamente?
Brandão: Sua mãe está tendo um caso com o porteiro do seu colégio.
Elias: Como é que é?

CENA 7
Diego está em seu quarto olhando algumas fotos. Fred bate na porta e entra.

Fred: Eu só vim perguntar se você quer que eu prepare alguma coisa para o almoço?
Diego: Não. Tudo bem.
Fred: Essa é a sua mãe?
Fred pega uma foto grafia e analisa.
Diego: Sim. É ela.
Fred: Ela é linda.
Fred coloca a foto sobre a cama.
Fred: Você quase não fala sobre ela.
Diego: Mas não deixo de pensar nela em um só momento.
Fred: E quando vai visitar ela?
Diego: Não sei. Digamos que é um pouco complicado.
Fred: Como assim? Vocês não se dão muito bem?
Diego: Lembra quando eu te disse que sabia exatamente como você se sentia quando foi expulso de casa?
Fred: Lembro. Mas... Espera! Você foi expulso de casa?
Diego: Não exatamente. Sai por vontade própria.
Fred: Mas o que te fez tomar essa decisão?
Diego: Eu também tenho meu segredo.
Fred observa Diego por alguns segundos. Diego olha dentro dos olhos de Fred.
Diego: Você não é o único que sente atração por garotos. Eu também sinto.
Fred abre um sorriso e abraça Diego.
Fred: Não acredito. Nossa, isso é muito incrível.
Diego: Eu sei. Mas por muitas vezes queria não ser assim. Isso me afastou da minha família.
Fred: Mas não é culpa sua. Não temos culpa de sermos assim. Sabe que não podemos escolher. É uma manifestação natural.
Diego: Claro! Você está certo.
Fred: Mas tudo vai terminar bem.
Fred se levanta e sai do quarto. Diego fica pensativo olhando a fotografia de sua mãe.

CENA 8
NOITE. As luzes iluminam a cidade do Rio de Janeiro. Joana estava sentada em um banco de uma praça, quando Dênis se aproxima dela.

Dênis: Gata. Qual vai ser a de hoje? Parecia bem apressada no telefone.
Joana: Na verdade não vamos fazer nada hoje.
Dênis: O quê? E para que me chamou aqui?
Joana: Dênis aconteceu uma coisa muito séria que diz respeito a você. A nós dois, na verdade.
Dênis: Fala sério. Não acredito que ainda perdi tempo vindo até aqui.
Joana: Estou grávida!
Dênis fica pálido ao ouvir a revelação de Joana.
Dênis: Grávida? E... O que eu tenho a ver com isso?
Joana: Tudo haver. Você é o pai dessa criança.
Dênis: Nem vem. Eu não sou pai de ninguém. Procura outro otário para aplicar esse golpe aí.
Joana: Que golpe? Acha mesmo que faria isso de propósito? Eu nem queria que isso tivesse acontecido.
Dênis: Então tira.
Joana: Como?
Dênis: Claro. Muitas mulheres fazem isso. Se você não queria, muito menos eu. Se resolver ter essa criança, jamais terá meu apoio para nada. Será só vocês dois. Você decide. Falô.
Dênis vai embora. Joana fica sentada no banco chorando.

CENA 9
Omar e Simone estouram uma champanhe e brindam.

Omar: Ao meu mandato no Alberto Villani.
Simone: Ao seu futuro como diretor permanente do colégio.
Quando eles bebem o primeiro gole, Rômulo aparece na sala.
Rômulo: Ora, vejo que não existe mais união familiar. Se bem que esperar solidariedade de você é como desejar a paz mundial.
Omar: Ah, meu irmão. Sabe que fico triste em te ver sendo despejado do cargo de diretor do colégio. Mas não tenho culpa de que os conselheiros acreditem na minha capacidade.
Rômulo: Não seja cínico, Omar. Sei perfeitamente que vocês dois estão aí festejando a minha queda.
Simone: Pois está muito enganado meu cunhado...
Rômulo: E você fique calada. Eu não estou falando com você.
Omar: Deixa, meu amor. Não leve para o lado pessoal. Meu irmão parece não ter tanta tolerância com mulheres...
Rômulo: Seu infeliz, eu vou te matar...
Rômulo agarra Omar pelo colarinho da camisa. Teresa surge na escada.
Teresa: Mas o que significa isso? Solte seu irmão, Rômulo.
Rômulo encara Omar dentro dos olhos.
Rômulo: Você não vai escapar tão fácil.
Rômulo solta Omar, que ajeita sua camisa. Rômulo sai da sala e Teresa vai atrás dele.
Simone: Você está bem?
Omar: Sim. Está tudo bem.

CENA 10
Marta estava arrumando a mesa do jantar. Elias chega em casa furioso e joga a mochila sobre o sofá.

Elias: Mãe!
Marta se apavora com os gritos de Elias e vai até a sala. Paula também aparece na sala.
Marta: O que houve meu filho? Porque está gritando assim?
Elias: É verdade que você está tendo um caso com o porteiro do colégio?
Marta fica tensa.
Elias: Responde! É verdade ou não?