Cena
1. Ext. Rio de Janeiro. Rua. Noite.
Celina
se aproxima de uma árvore e vê o homem de capa branca olhando para ela.
CELINA: Quem é
você? Espera aí, você é o mascarado de capa branca que o Rodrigo tava falando
né?
O
homem de capa branca sai correndo.
CELINA
(grita): Volta aqui, seu desgraçado!
O
homem de capa branca dobra em uma esquina. Celina desiste de correr até ele.
Cena
03. Ext. Rio de Janeiro. Pontos. Noite/Manhã.
(Sonoplastia:
NXZero – Razões e Emoções)
Amanhece
no Rio de Janeiro. Pessoas saem de sua casa para as praias. Outras passeiam de
bicicleta.
(Sonoplastia: Fade Out – Razões e Emoções)
Cena
04. Ext. Rio de Janeiro – RJ. Rua. Dia.
Bilu e
Tetéia andam pela rua até que chegam ao local onde Rodrigo foi atropelado. O
carro do atropelador ainda está lá.
BILU: Mas é muita
cara de pau desse Raul deixar o carro na cena do crime.
TETÉIA: Zip! Não
te perguntei nada. Agora me dá a câmera.
Bilu entrega uma
câmera fotográfica para Tetéia. A menina fotografa a placa do carro.
TETÉIA: Agora sim
a gente pode tirar a prova dos nove e descobrir quem é o atropelador do
Rodrigo, sem ficar acusando pessoas sem provas, entendeu?
BILU: Mas
Tetéia, eu...
TETÉIA: Zip! Calado
aí.
Tetéia continua
tirando fotos do carro.
Cena
05. Int. Hospital. Sala de Espera. Manhã.
Rodrigo e sua família estão na sala
de espera do hospital. Rodrigo já recebeu alta. Tamara limpa uma poeira na
camisa do filho.
TAMARA: Ah, filho.
Que bom que você saiu logo desse hospital.
CELSO: Nunca mais
dá esse susto na gente, hein, moleque?
CAIO: Mas eu
acho que isso ainda não terminou.
RODRIGO: Como
assim, baixinho?
CAIO: Ninguém
ainda descobriu quem atropelou o Rodrigo. A gente tem que descobrir isso
rápido.
CELSO: É, pior
que isso é verdade, hein?
TAMARA: Ah, mas
quem é que faria isso com o nosso filho? Ele não tinha inimigos.
RODRIGO: É, mãe,
mas isso é o de menos. Eu tô preocupado mesmo com o seu Aristeu.
CAIO: Seu
Aristeu? O que ele tem a ver com isso?
RODRIGO: Ah, ontem
de noite ele chegou na sala de internação onde eu tava. Depois acharam melhor
transferir ele pra uma sala onde ele pudesse ficar sozinho e descansasse
melhor.
TAMARA: Mas o que
aconteceu com ele?
RODRIGO: Ele teve
um infarto.
CELSO: Meu Deus,
mas foi grave?
RODRIGO: Eu acho
que sim, mas tomara que ele já esteja bem, né?
CAIO: Será que a
gente não pode fazer uma visita pra ele?
CELSO: É uma boa
ideia. Eu vou ali falar com a balconista.
Celso
vai até o balcão conversar com a balconista.
RODRIGO: Tomara que
ela libere a nossa visita. Eu quero muito visitar o seu Aristeu.
Celso
volta.
CELSO: Ela
liberou. Ah, e a dona Olga, a mulher dele, também tá lá na sala.
TAMARA: Então
vamos?
RODRIGO: Só se for
agora.
Rodrigo
e a família caminham em direção a uma sala.
Cena
06. Int. Hospital. Sala de Internação 2. Manhã.
Dona Olga está sentada em uma
cadeira perto da cama de Aristeu, que está desacordado. Rodrigo e sua família
chegam.
TAMARA: Licença.
Oi, dona Olga.
Tamara
beija Olga no rosto.
OLGA: Ah, que
bom que vocês vieram. Meu marido tava mesmo precisando de uma visitinha.
RODRIGO: Mas e aí,
dona Olga, ele nunca acordou?
OLGA: Ainda não,
Rodrigo. Ele tá desacordado desde que eu cheguei aqui. Vocês acreditam que só
ontem à noite eu fui saber?
CAIO: Como
assim? A senhora não viu quando ele teve o ataque cardíaco?
OLGA: Não, eu
estava dormindo na hora, aproveitando que o diretor da escola onde eu trabalho
deu um recesso nas aulas. Depois que eu acordei, eu encontrei aquele professor
da academia, o Geraldo, e dois alunos de lá, um tal de Bilu e uma tal de Tetéia
na sala da minha casa.
CELSO: Mas só aí
a senhora foi saber?
OLGA: Foi. E eu
vim desesperada pro hospital encontrar o meu marido. Mas até agora nada dele
acordar.
RODRIGO: Que pena,
né?
Aristeu
começa a se mexer.
RODRIGO: Seu
Aristeu? Seu Aristeu?
ARISTEU
(com esforço): Rodrigo.
OLGA: Aristeu,
meu amor?
ARISTEU: Olga...
Caio... Celso e Tamara... Eu...
RODRIGO: Seu
Aristeu, o que tá acontecendo?
ARISTEU
(com esforço): Comprei uma passagem.
OLGA: Como é que
é? Aristeu, você tá bem?
ARISTEU
(quase sem voz): Mais lúcido impossível. Eu comprei uma passagem só
de ida.
RODRIGO: Seu
Aristeu, eu acho que o senhor não tá bem. Eu vou chamar a enfermeira.
ARISTEU: Não
precisa, Rodrigo. Não adianta de nada. Eu vou. Quando a gente vai embora, a
última coisa que quer é deixar um legado, uma marca. Suponho que você sofreu um
acidente, não é mesmo? Ele deixou várias cicatrizes no seu corpo. Mesmo não
sendo uma coisa boa, ele deixou sua marca. Eu criei a Academia de Artes
pensando nisso. Eu deixei essa marca no mundo pensando em vocês.
RODRIGO: Seu
Aristeu, por favor...
ARISTEU: Eu vou e
deixo meu legado, filho. Mas além disso, eu deixo mais. Eu deixo... (tosse) eu
deixo...
RODRIGO: O que, Seu
Aristeu?
ARISTEU: Eu deixo o
que é seu.
Aristeu
morre. A máquina de batimentos cardíacos começa a apitar.
RODRIGO: Seu
Aristeu! Seu Aristeu!
OLGA
(vai até o marido): Aristeu, meu amor. Acorda! Me responde!
Olga
começa a chorar. Rodrigo mexe Aristeu.
RODRIGO: Seu
Aristeu, por favor, não faz isso com a gente. Acorda, por favor!
Tamara,
Celso e Caio observam de longe o desespero de Olga e Rodrigo, com pena dos
dois.
RODRIGO
(chorando): Seu Aristeu! Fala comigo!
OLGA
(chorando): Amor, acorda! Acorda! Por favor! Acorda, Aristeu!
CAM
mostra, de cima, Rodrigo e Olga ajoelhados diante da cama de Aristeu. A câmera
vai se distanciando. Rodrigo e Olga continuam chorando.
Cena 07.
Int. Academia Friedrich. Frente. Dia.
(Sonoplastia:
Marcha Fúnebre)
Geraldo fecha os portões da
academia. Depois, pega um cartaz e cola no portão. No cartaz está a palavra
“LUTO”. Depois, o professor tira a carteira do bolso e, de lá, tira algumas
fotografias. Nelas, ele está ao lado de Aristeu, sorrindo, celebrando. Geraldo
começa a chorar, emocionado. Ele põe as fotografias novamente dentro da
carteira e vai embora. CAM foca no cartaz. Cada vez mais a câmera vai se
aproximando.
Cena 08.
Int. Casa de Rodrigo. Quarto de Rodrigo. Dia.
A sonoplastia da cena anterior
continua. Rodrigo está deitado em sua cama, chorando. Tamara entra no quarto do
filho e senta na cama do mesmo. Ela passa a mão no braço de Rodrigo, que
continua chorando.
Cena 09.
Int. Casa de Olga. Sala. Dia.
A sonoplastia continua. Olga está
sentada em uma poltrona, aos prantos. Ela enxuga as lágrimas com um lenço
branco. A mulher olha para a parede e vê um retrato onde estão os dois
sorrindo. Olga começa a chorar ainda mais.
Cena
10. Ext. Cemitério. Frente. Dia.
A sonoplastia continua. CAM mostra
a frente de um cemitério. Aparece o letreiro “DIAS DEPOIS”.
Cena
11. Int. Cemitério. Interior. Dia.
A sonoplastia da cena anterior
continua. Todos os alunos da academia de artes estão vestidos de preto, ao
redor do caixão de Aristeu, que está sendo enterrado. Entre os alunos da
academia estão Rodrigo, Caio, Marília e Raul. Rodrigo está abraçado com dona
Olga. Os dois choram bastante ao ver o caixão sendo enterrado.
As
horas se passam. Algumas pessoas começam a ir embora, até que ficam apenas
Rodrigo e Olga, olhando para a cruz fincada no chão.
OLGA: Ele era
tudo o que eu tinha. Nós nos amávamos de verdade.
RODRIGO: Ele era
como um avô pra mim. Nós éramos amigos, ele me dava conselhos, me apoiava, me
fazia sorrir. Até que ele foi embora.
OLGA: Ele já era
fraco por causa da idade. E teimoso, não queria ir para o hospital de jeito
nenhum. E só no dia do ataque é que eu fui descobrir que ele tinha uma doença
incurável. E ele foi embora. Pra sempre.
RODRIGO: Não, não
diz isso, dona Olga. Ele não foi embora, não. Ele ainda tá aqui com a gente. A
senhora amava ele de verdade, não é? Então ele não foi embora, ele vai tá
sempre aqui (põe a mão no peito de Olga). Sempre. Ele nunca vai abandonar a
gente.
Olga
abraça Rodrigo, emocionada. Os dois choram.
(Sonoplastia: Fade Out > Marcha Fúnebre)
Cena
12. Ext. Cemitério. Frente. Dia.
Raul e Marília estão na frente do
cemitério.
MARÍLIA: Coitado do
Rodrigo. O seu Aristeu era como um pai pra ele.
RAUL: Agora você
vai ficar com peninha do paulista? Foi merecido. Ele tem que sofrer. Ele não é
melhor que ninguém aqui, não, Marília. Eu só vim aqui porque, tipo, o velho era
o dono da academia. Mas, por falar nisso, quem é que vai assumir a academia
agora, depois que ele partiu dessa pra melhor?
Marília
dá de ombros, em sinal de que não sabe.
Cena
13. Int. Casa de Tetéia. Sala. Dia.
Tetéia está deitada no sofá de sua
casa. Bilu está sentado na poltrona. Tetéia analisa a foto que tirou do carro
do atropelador de Rodrigo.
BILU: Tetéia, eu
já disse que quem atropelou o Rodrigo foi o Raul. Foi ele.
TETÉIA: Zip! Eu já
te expliquei milhões de vezes que você só fala quando eu te perguntar. Eu te
perguntei? Não. Então, caladinho aí no seu canto.
BILU: Nossa, já
não tá mais aqui quem falou.
Tetéia
continua analisando a foto.
TETÉIA: Será que
foi o Raul mesmo que atropelou o Rodrigo? Bilu, vem comigo.
BILU: Mas
Tetéia, vai começar a novela e eu...
TETÉIA
(interrompe): E você lá é homem de faltar ao trabalho por causa
de novela, Bilu? Vem comigo.
BILU: Mas...
TETÉIA: Mas nada,
Bilu. Mas nada. Vem agora!
Tetéia
puxa Bilu pelo braço e o leva para fora de casa.
Cena
14. Ext. Academia Friedrich. Frente. Dia.
Bilu e Tetéia estão parados em
frente à Academia Friedrich. A academia está fechada.
BILU: Olha aí,
Tetéia. A gente veio aqui a toa. A academia tá fechada, tá de luto.
TETÉIA: Uma garota
prevenida não precisa de mais nada. Eu pensei em tudo no caminho até aqui.
BILU: E eu posso
saber qual é o seu plano?
Tetéia
olha para Bilu, sorrindo.
Cena
15. Ext. Academia Friedrich. Frente. Dia.
Tetéia está com os pés em cima dos
ombros de Bilu, tentando subir o muro da academia.
BILU: Tetéia,
isso não vai dar certo. Você não tinha um outro plano?
TETÉIA: Esse foi o
melhor plano que eu já tive na minha vida, Bilu.
BILU: Melhor só
se for pra você, que não tá com um trambolho de mil quilos em cima do ombro.
TETÉIA: O que foi
que você disse, traidor?
BILU: Nada,
Tetéia, nada.
TETÉIA: Vai, me
ajuda aí.
Tetéia
consegue pular o muro.
TETÉIA
(off.): Agora é sua vez, Bilu!
BILU: Mas como é
que eu vou subir, Tetéia? Não tem ninguém aqui pra me ajudar.
TETÉIA
(off.): Se vira, Bilu.
BILU: E agora,
como é que eu vou fazer, meu Deus do céu?
Bilu
pega um barril azul que havia perto dali e sobe nele, com muito esforço.
TETÉIA
(off.): Rápido, Bilu!
BILU: Já tô
indo, Tetéia.
Bilu
quase consegue subir no topo do muro, mas acaba caindo.
BILU
(grita): AAAAHHHH!!
Bilu
cai no chão.
TETÉIA
(off.): O que aconteceu aí, Bilu? Você caiu?
BILU: Não,
imagina, eu gritei porque a Xuxa tava passando por ali e eu queria tirar uma
selfie.
TETÉIA
(off.): Você tá muito respondão hoje, hein, Bilu? Não tô gostando nada
disso.
BILU: Eu preciso
encontrar outro jeito de subir esse muro...
Bilu
olha para o lado e vê um poste.
BILU: Vai ter
que ser assim.
Bilu
agarra o poste e começa a subir nele, desajeitado.
Cena
16. Int. Casa de Rodrigo. Sala. Dia.
Caio está sentado no sofá, jogando
videogame com Rodrigo.
RODRIGO: Não
adianta, Caio. Nada consegue me fazer esquecer o seu Aristeu.
CAIO: Pô,
Rodrigo, cê tem que se animar, cara.
RODRIGO: Me diz
como, Caio.
Caio
não responde. A campainha toca.
RODRIGO: Deixa que
eu atendo.
Rodrigo
vai até a porta e a abre. Do outro lado da porta, está Celina.
RODRIGO: Celina?
CELINA: Oi,
Rodrigo. Eu vim ver como é que cê tá. Tudo bem com você?
RODRIGO: Tudo, mas
obrigado por se preocupar comigo.
CELINA: Que é
isso. Mas, puxa, como é grande a sua casa, hein? E aquela piscina ali?
Maravilhosa.
RODRIGO: Topa dar
um mergulho?
CELINA: Ah, não,
Rodrigo. Eu tô toda suja de graxa. E além do mais, eu tenho uma coisa muito
importante pra falar com você.
RODRIGO: Depois cê
me fala. Agora vem.
Rodrigo
empurra Celina para a piscina. Caio fica sozinho na sala.
CAIO
(olha pra câmera): Isso ainda vai dar casamento. Quer apostar quanto?
Caio
volta a jogar videogame.
Cena
17. Ext. Casa de Rodrigo. Área de Lazer. Dia.
Rodrigo e Celina chegam até a área
de lazer, onde tem uma grande piscina. Rodrigo tira a roupa e fica de sunga.
RODRIGO: Não vai
tirar a roupa, Celina?
CELINA: Rodrigo,
eu não tô de biquíni.
RODRIGO: E daí?
Vai, tira logo essa roupa pra gente dar um mergulho.
CELINA: Tá bom.
Celina
tira a roupa e fica apenas de calcinha e sutiã. O sutiã é roxo, já a calcinha é
amarela. Rodrigo fica olhando para Celina.
CELINA: Cê não vai
mergulhar?
RODRIGO: Primeiro
você.
Rodrigo
empurra Celina na piscina e começa a rir.
CELINA: Rodrigo!
RODRIGO: Ah, você
ficou parecendo uma estrela do mar. Hahaha.
CELINA: Ah é?
Agora eu vou te mostrar a estrela do mar.
Celina
puxa Rodrigo para dentro da piscina. Os dois começam a jogar água um no outro.
(Sonoplastia: Summer – Calvin Harris)
Rodrigo
e Celina nadam no fundo da piscina. Os dois acabam se beijando.
#FIM DO QUARTO CAPÍTULO
OS CRÉDITOS SOBEM AO SOM DE:
“SUMMER” - CALVIN
HARRIS

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