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Olho com pesar para o corpo
frágil de Zoe. Ela sempre esteve ao meu lado, éramos como unha e carne. Agora
ela se foi.
— Chase, eu posso enviá-la
de volta ao mundo mortal, se você quiser. Como ela morreu no submundo, ela
morreria no mundo mortal também, mas pelo menos você poderia visitá-la.
— Faça, Luna. – Respondo e
saio das catacumbas.
[...]
Sento no chão, apoiado na
parede da entrada das catacumbas. Ponho as mãos no rosto e penso em todas as
coisas ruins que aconteceram por causa dos meus erros. Primeiro E.D., depois
Zoe, agora só resta Chloe. Não posso deixar que ela morra.
Ouço alguns passos subindo
as escadas das catacumbas. Chloe aparece na entrada e senta ao meu lado.
— Provavelmente não é a
melhor hora, mas o que a Zoe queria que você me contasse?
— Eu beijei outra garota.
Bom, tecnicamente ela me beijou, mas de qualquer forma, eu cometi um erro,
Chloe.
Os olhos verde-claro de
Chloe brilham e vejo algumas lágrimas escorrerem. Ela limpa as lágrimas,
respira fundo e olha para frente.
— Eu não sei o que dizer. –
Ela diz, fracamente. – Eu não sei o que sentir.
— Não precisa dizer nada. Eu
entenderei se quiser terminar tudo, mas eu nunca, jamais, em hipótese alguma,
deixarei de proteger você.
— Chase, eu amo você. Eu
nunca vou deixar de amar você, mas, sinceramente, eu não sei mais em que
acreditar. Eu preciso de um tempo.
— Entendo.
Depois de alguns minutos em
silêncio, Íris, Luna, Ryan e Silas saem das catacumbas e Chloe e Eu nos
levantamos. Decidimos andar em busca de Morte, mas eu não esqueci aquela mulher
morena. Ela ainda vai pagar pelo que fez à Zoe, e vai pagar caro.
[...]
Depois de andarmos por quase
doze horas, Íris e os outros decidem parar para descansar. Luna faz um feitiço
básico de camuflagem e materializa algumas barracas. Todos, com exceção de mim
e ela, vão se deitar.
— Chase, você precisa
descansar.
— Luna, eu não estou com a
mínima vontade de descansar.
— E cansado você não vai
conseguir ir a lugar nenhum!
— Conta outra. Nós não
sabemos nem para onde ir. Estamos andando sem rumo a um bom tempo e não vimos
nenhum sinal de outro ser vivo. – Retruco.
Silas junta-se a nós. Ele
está tão abalado quanto eu. Silas amava Zoe, era mais do que evidente isso. Ela
conseguiu tirá-lo do lado de Morte e trazê-lo para o nosso lado. Silas é leal,
e é bom saber disso.
— Alguma ideia de onde
vamos? – Pergunto a ele.
— Eu conheço algumas pessoas
por aqui. Eu posso tentar contatar um amigo meu, Aaron, mas eu preciso de um
alquimista para isso. – Silas responde.
— Um alquimista? Uma maga
não serve? – Aponto para Luna.
— Ah, obrigada por me tratar
como um objeto!
— Não há de quê. – Sorrio
ironicamente.
— Não. Uma maga não serve. É
preciso um alquimista. Alguém que saiba misturar magia e ciência para manipular
os resultados. Preciso entrar no limbo.
— Limbo?
— O limbo é um lugar entre a
vida e a morte, contudo, ele é inteiramente diferente do purgatório. Um limbo é
uma dimensão alternativa onde algumas pessoas são confinadas para que não
interfiram tanto no mundo mortal quanto no submundo. Apenas um alquimista pode
resgatar alguém do limbo, digo, apenas um alquimista pode fornecer o necessário
para resgatar alguém do limbo. – Eu e Luna nos olhamos – Porém, um mortal que
saiba usar magia também pode entrar no limbo e resgatar quem quer que seja.
Imediatamente lembro-me do
bastão.
— Meu amigo Aaron Crass foi
condenado ao limbo algumas décadas atrás. Se você conseguir tirá-lo do limbo,
ele ficará em dívida com você, e fará qualquer coisa para compensá-lo.
Silas continua explicando os
símbolos que devem ser desenhados para que alguém entre no limbo, quantas
pessoas podem entrar, quantas podem sair, as consequências disso, enfim, várias
outras coisas. Luna termina de desenhar os símbolos no solo e eles brilham uma
luz azul.
Luna desenhou um símbolo
grande e sete símbolos em volta dele. Eu ocupo o símbolo maior, Íris, Ryan e
Silas ocupam um símbolo menor cada. Chloe não pode entrar no limbo por ser
inteiramente mortal e não possuir nenhuma magia. Luna precisa ficar no submundo
para controlar o fluxo de energia entre o submundo e o limbo, para que as
coisas não entrem em colapso.
Antes que eu use a minha
magia, Luna materializou algumas armas para Íris, Ryan e Silas, para que não
entrem no limbo sem proteção. Aparentemente, todos os poderes são neutralizados
naquele ambiente. Íris está com duas adagas, similares às de Milena, Ryan está
com uma espada de prata e Silas está com o punhal usado para matar Zoe.
Então, tiro o bastão de
dentro da minha foice e conjuro o feitiço. Nossos corpos são inteiramente
jogados no limbo. Há algo estranho aqui. É idêntico ao submundo, exceto que eu
não consigo interagir com coisas materiais. Vejo nossos corpos caídos no chão,
enquanto Chloe se desespera ao lado do meu corpo, Luna está focada em manter o
equilíbrio entre os dois lugares.
Nossos poderes não estão
conosco.
Nossos corpos não estão
conosco.
Somos apenas sub-almas.
Corpos astrais que vagam sem rumo. Felizmente, ainda temos nossas armas conosco
e somos capazes de manuseá-las normalmente.
— Queremos encontrar Aaron
Crass. – Diz Silas, e então, a imagem do limbo se distorce.
Lembre-se da missão. Isso
continua sendo repetido em minha mente.
Guardo o bastão de volta na
minha foice quando a imagem do limbo fica nítida novamente. Silas e Eu ficamos
pasmos com o local.
É uma base central da C.I.A.

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