Cena 01.
Mansão Amadeu/ Sala de estar/ Int./ Noite.
Continuação
imediata da última cena do capítulo anterior. Estão na sala, de pé: Vitória,
Heloísa, Miguel, Eneida e Eva.
Heloísa – Vem cá,
você não vai dizer para ninguém o motivo dessa sua viagem? A gente já sabe que
você só voltou, porque ficou sabendo da visita que a sua titia iria fazer a
você.
Vitória
(irônica) – O caminhão da família Buscapé enguiçou aí na porta,
foi? Que tia? Eu descubro que tenho uma prima, agora vou descobrir que tenho
uma tia?
Eva
(gritando) – Heloísa está falando da sua tia Yvete.
Vitória
(incompreensiva) – Que Yvete?
Yvete
(voltando à sala) – Eu, querida sobrinha.
Vitória
olha Yvete e fica muito espantada.
Eva – Yvete, onde
é que você estava Yvete?
Yvete – Fui tomar
água.
Miguel – Agora não
tô entendendo nada. Aparece a ex-falsa noiva, a suposta prima e agora uma tia?
É isso mesmo produção? Se isso daqui fosse uma novela, juraria que era obra do
caduco do Wesley Alcântara. Mas como é vida real, alguém precisa me explicar
direitinho essa situação.
Vitória
(nervosa) – Eu não conheço essas pessoas.
Eneida – Chega de
teatrinho Vitória. Acabou pra você, como dizem nos filmes: Game Over! Conta de
uma vez por todas toda essa história. Esclarece esse passado e seja feliz.
Vitória
fica muito tensa.
Yvete (a
Miguel) – Há muitas coisas sobre o passado da minha sobrinha que você
desconhece. Inclusive que o nome dela é Nameless.
Miguel
(surpreso) – O que?
Yvete – Prepare-se,
pois as emoções e revelações estão apenas começando.
Miguel fica
muito surpreso e Vitória muito tensa.
Vitória
(atônita) – É mentira...tenta entender meu filho, isso daqui é
um complô que fizeram para denegrir a imagem da sua mãe.
Yvete – Não sejamos
tão hipócritas Nameless. Mais cedo ou mais tarde o seu filho saberia desse seu
passado imundo.
Miguel
(nervoso) – Que diabos de passado é esse?
Vitória
olha Eneida, que olha para Yvete, que olha para Heloísa.
Heloísa – Já que
ninguém conta, deixa que eu mesma falo com todas as letras: Sua mãe, querido
Miguel, foi na verdade, uma prostituta no passado. Foi num bordel em Vila Velha
que ela conheceu o seu pai.
Miguel fica
surpreso.
Yvete – A sua mãe
usa um pseudônimo. Nameless, como era conhecida Vitória Lemos de Amadeu.
Miguel
(abalado) – Isso é verdade mãe?
Vitória
começa a chorar.
Vitória
(chorando/ triste) – Merda, merda, merda! Eu nunca quis que isso
acontecesse, mas a minha mãe me obrigou a fazer isso desde nova. Não foi fácil
pra mim, eu nunca quis ser taxada de puta ou de rameira.
Miguel – E por que
você nunca me disse isso? Por que escondeu essa história de mim?
Vitória – Porque eu
não me orgulho nem um pouco de ter sido prostituta.
Miguel – É por isso
que a Tia Pombinha, que aquela tal Dama viviam te pressionando. Elas sabiam
desse seu passado sórdido. Eu tenho nojo de você Vitória. Aí precisou a sua tia
vir lá de onde Judas perdeu as botas, para revelar, o que você achou que
carregaria para o túmulo.
Vitória – Essa mulher
não é minha tia.
Eva
(espantada) – Como não, Vitória? A Yvete me contou tudo sobre a
relação de vocês.
Vitória – Então você
sabe pouco dela mesmo, ou melhor, ela te usou pra conseguir o que queria. Ela é
manipuladora. Nem Yvete ela se chama. O nome dela é Catalina, Madame Catalina
de Bresson.
Yvete fica
tensa e Eva fica muito surpresa.
Corta para:
Cena 02.
Bar Chegaí/ Salão Principal/ Int./ Noite.
O bar está
vazio, Zé Diogo fecha a porta e começa a recolher as garrafas das mesas e leva
até o balcão, onde Ondina está limpando.
Zé Diogo – É minha
velha, consegui um bom dinheiro, vou vender o Chegaí.
Ondina
(meio triste) – Vou sentir saudades desse bar, sabia? São mais de
quinze anos atrás de balcão servindo os nossos amigos e fazendo os quitutes
mais famosos da cidade.
Zé Diogo – Com o
dinheiro da venda do Bar, poderemos comprar a nossa casa e nosso quiosque em
Angra dos Reis. É melhor a gente ir para lá mesmo, não acha?
Ondina – Tem razão.
É bem melhor irmos para outra cidade, viver outras experiências. Acho que esse
ciclo tem que se encerrar.
Zé Diogo – Um ciclo se
encerra, para que outro recomece, é a lei da vida.
Ondina
começa a limpar a estufa de salgados e Zé pega uma vassoura e começa a varrer o
bar.
Corta para:
Cena 03.
Mansão Amadeu/ Sala de Estar/ Int./ Noite.
Continuação
da cena 01.
Eva
(surpresa) – Como assim ela não se chama Yvete?
Vitória
começa a gargalhar.
Vitória – Como você é
burra hein Eva. Até quando quer ser inteligente, você se deixa enganar fácil
demais. Essa mulher velha aí, na verdade é uma cafetina. Ela era a minha
cafetina. Madame Catalina de Bresson.
Eva (a
Yvete) – Isso é verdade?
Yvete – Infelizmente
é. Eu queria há muito tempo destruir com a vida da Vitória, e vi em você essa
possibilidade. Eu sabia, muito antes, o plano que essa família estava armando e
decidi esperar você chegar ao sanatório, porque eu sabia que lá, a sua sede de
vingança seria bem grande e assim eu poderia pegar carona no seu plano e estar
onde estou.
Eva
(decepcionada) – Mas você disse que era minha amiga, que era
solidária a minha sede de justiça.
Yvete – E sou.
Heloísa – Essa
conversa tá me dando sono. Onde vamos dormir?
Miguel (a
Heloísa) – Vai dormir na puta que te pariu. Bem longe de mim.
Eva – Você me
usou Yvete. Assim como o Miguel, a Milena e a Vitória, você me usou. Você
mentiu pra mim. Disse uma coisa, quando na verdade, o que você queria era
completamente diferente.
Yvete – Tenta
entender que eu.../
Eva
(corta/gritando) – Que você passou por cima dos valores morais, em prol
do seu bel prazer. Queria resolver o seu conflito, mas não teve capacidade para
criar sua estratégia, aí pegou carona na dos outros. Você é uma fraca, uma
medíocre.
Eneida – À uma hora
dessas, vocês querem falar de valores morais? Uma foi prostituta, a outra
cafetina, outro mentiu, a outra quer vingança. Acorda gente, ninguém aqui é
perfeito. Vocês estão aí, a um tempão julgando os erros alheios, tentando
apontar quem tem a maior falha, quando no fundo, vocês estão em pé de
igualdade, um ao lado do outro no fundo do poço.
Todos se olham,
e em seguida, abaixam a cabeça.
Eva – Eu vou
embora. Mas saiba Miguel, amanhã eu volto pra resolver a questão do meu filho.
Yvete – Eva me
perdoe.
Eva olha
com desdém para Yvete.
Eva – Tá
arrependida, ou esse é mais um disfarce, pra você debochar de mim mais tarde?
Yvete
abaixa a cabeça e Eva sai da casa.
Vitória – Que noite
turbulenta. Agora eu quero essa Heloísa e a Madame Catalina fora daqui. Fo-ra!
Yvete – Mas nós não
temos para onde ir.
Vitória – Aguarde um
momento.
Vitória vai
até a cristaleira, pega um vaso nas mãos e retira dele um molho de chaves e uma
nota de 50 reais.
Vitória
(entregando a Yvete) – Toma, isso daqui é a chave da casa de uma amiga
que está viajando. Fica no aterrado, pode ir.
Yvete – Só 50
reais?
Vitória – Dê-se por
satisfeita. É o dinheiro do táxi. E faça o favor de nunca mais voltar a por os
pés na minha casa. A relação que tínhamos no passado, ficou lá naquele bordel,
quando eu decidi sair daquela vida e me casar com o Ângelo.
Heloísa – Você é uma
peste Vitória.
Vitória – Saia daqui,
antes que eu também acabe com a sua raça, sua cachorra de beira de estrada.
Yvete e
Heloísa saem da casa. Vitória respira aliviada.
Eneida – Acho melhor
eu ir dormir. Boa noite!
Eneida sobe
as escadas. Miguel fica encarando Vitória.
Vitória – E você, vai
ficar aí, feito um dois de paus, parado me olhando?
Miguel – Eu tenho
repulsa de você, saber que minha mãe foi uma meretriz, uma rameira da pior
espécie.
Vitória – Não julgue
meus atos para conseguir dinheiro, o seu exemplo está aí, você enganou uma
moça, acha isso pouco?
Miguel
encara Vitória mais um pouco e sobe as escadas.
Corta para:
Cena 04. Apto/
Quarto/ Int./ Noite.
Fabrício
está deitado dormindo. Eva chega devagar, retira toda a sua roupa, ficando
apenas de calcinha e sutiã e se deita ao lado do marido.
Fabrício
(sonolento) – Pra quem não iria demorar, até que você gostou de
ficar na companhia do Clã Amadeu.
Eva – Que susto,
Fabrício. Achei que você estava dormindo. Eu demorei um pouco sim, mas tô aqui,
isso que importa.
Fabrício – Amanhã você
já pode tomar posse na livraria. Quer que eu vá com você?
Eva – Não
precisa, fique em casa e tente escrever mais um capítulo do seu livro. Eu vou
sozinha, porque tenho que acertar as contas com uma pessoa antes.
Fabrício – Tá bem, só
não arranje problemas.
Fabrício
abraça Eva e volta a dormir. Close no olhar vingativo de Eva.
Corta para:
Cena 05.
Cruzeiro Municipal/ Ext./ Noite-dia.
(Música
“Uma História de Amor” – Fanzine). Transposição da noite para o dia, com
imagens aéreas do cruzeiro da cidade.
Corta para:
Cena 06. Praça
Central/ Ext./ Dia.
(Fad out
trilha). A praça está com pouco movimento, apenas algumas pessoas passam pelo
local. Eva está impaciente sentada em um banco. Ela olha para o relógio
insistidas vezes, até que Heloísa aparece.
Heloísa – Desculpa a
demora, mas é que tô num casebre longe.
Eva – Tudo bem.
Você lembra-se do plano né?
Heloísa – É claro que
sim.
Eva retira
da bolsa um grande bolo de dólares e entrega a Heloísa, que rapidamente coloca
em sua bolsa.
Eva – Depois
disso, eu quero que você suma dessa cidade.
Heloísa – Eu trouxe
pouca roupa na minha bolsa, pra Yvete não desconfiar que daqui eu fugirei.
Eva – Já pensou
para qual país você vai?
Heloísa – Já, mas é
segredo. Só garanto que ninguém me verá mais.
Eva olha
para o relógio.
Eva – Então
vamos, a livraria já deve estar em funcionamento.
Corta para:
Cena 07.
Livraria Dom Casmurro/ Fachada/ Ext./ Dia.
Fluxo
natural de pessoas circulando pela calçada. Na livraria um mostruário em vidro
com diversos livros.
Corta para:
Cena 08. Livraria
Dom Casmurro/ Sala de Lucas/ Interior/ dia.
Lucas e
Tamara estão sentados à mesa conversando.
Lucas – Enfim
chegou o grande dia. Hoje saberemos quem é a nova dona da livraria.
Tamara – A
compradora é uma mulher?
Lucas – Sim, que
não quis se identificar. Mas ela garantiu que hoje estará presente aqui, para
ocupar o posto de nova dona da Dom Casmurro.
Tamara – Ainda bem
que meu emprego tá seguro por pelo menos mais um ano.
Lucas – Na hora de
vender eu pensei em tudo. Vocês não poderiam ficar desamparados.
Tamara – E você irá
pra onde?
Lucas – É SEGREDO.
Eu irei para o exterior, mas é segredo para qual país eu vou.
Tamara – Cheio de
mistérios hein doutor Lucas.
Lucas e
Tamara começam a rir.
Corta para:
Cena 09.
Mansão Trajano/ Piscina/ Ext./ Dia.
Uma enorme piscina com várias cadeiras e mesas em sua volta. Diálogo
da cena posterior.
Mafalda – A sua
licença termina hoje, já pensou no que vai fazer?
Meg – Mafalda, o que eu
fizer você me apoiará?
Mafalda – Ih, não tô
gostando nada desse papo. Qual foi Meg? O que você pretende fazer dessa vez?
Corta para:
Cena 10.
Mansão Trajano/ Sala de Jantar/ Int./ Dia.
Mafalda e
Meg estão sentadas a mesa, tomando café da manhã.
Meg – A primeira
coisa que eu vou fazer é deixar o cargo de prefeita. Aquilo não é pra mim,
nunca foi. Quero que essa cidade cresça que seja governada por alguém que saiba
administrar e que tenha o mínimo de sensibilidade com o povo carente.
Mafalda – Nisso eu
apoio veemente, mas quais outras medidas você tomará?
Meg – Ainda não
posso revelar. Um passo de cada vez. Hoje tem cessão na câmara dos vereadores,
você vai comigo, pra me dar apoio?
Mafalda – Mas é
lógico Meg. Você é minha irmã e, além do mais, tá fazendo a coisa certa. Eu te
apoio e apoio essa sua atitude, que é admirável.
Meg pega na
mão de Mafalda e acaricia.
Corta para:
Cena 11.
Livraria Dom Casmurro/ Rua/ Ext./ Dia.
Um táxi
para do lado oposto a livraria. Heloísa desce do carro e tira da bolsa um rádio
fone.
Heloísa
liga o rádio fone.
Heloísa
(rádio) – Acho que cheguei, posso entrar?
O áudio é
cortado. Heloísa desliga o rádio e coloca na bolsa. Ela coloca os óculos
escuros e respira fundo.
Corta para:
Cena 12.
Livraria Dom Casmurro/ Salão Principal/ Int./ Dia.
As
prateleiras foram arrastadas para as laterais, próximo as paredes. No centro do
salão, várias fileiras com cadeiras, onde a maioria dos funcionários da
livraria estão sentados. Lucas está de pé à frente, ao lado dele, Tamara, muito
impaciente.
Tamara (cochichando
com Lucas) – Essa madame acha que nós temos o dia todo?
Lucas (tom
baixo) – Calma Tamara, ela deve estar vindo aí.
Nesse
instante Heloísa adentra a livraria.
Heloísa (a
todos) – Bom dia desculpe-me o atraso, mas é que não conheço essa cidade
direito.
Heloísa
atravessa o salão e vai até Lucas, o cumprimenta com dois beijinhos.
Heloísa – Então essa
é a Livraria Dom Casmurro?
Lucas – Essa é a
sua livraria. Foi um prazer fazer negócio com a senhora e seus advogados.
Lucas
entrega o molho de chaves a Heloísa. Nesse instante, todos olham surpresos para
trás, principalmente Tamara, que olha com ar de reprovação. Close em um salto
vermelho que está parado na porta, em seguida caminha perante as cadeiras, até
chegar perto de Heloísa.
Revela-se
que é Eva, com um vestido vermelho e cabelos soltos.
Heloísa
entrega o molho de chaves na mão de Eva.
Eva
(irônica) – Foi um prazer fazer negócio com você também, Lucas.
Tamara – O que essa
drogada tá fazendo aqui?
Lucas – Mas a dona
da livraria é essa.../
Eva – Essa morta
de fome não tem dinheiro nem pra comprar um livro, quem dirá para comprar a
livraria. A nova dona desse lugar sou eu, Eva Magalhães.
Lucas fica
surpreso e Tamara fica muito assustada.
Eva (a
Heloísa) – Obrigada por tudo, agora pode ir. Boa Viagem!
Eva abraça
Heloísa, que sai em seguida.
Lucas – Fico feliz
que você tenha dado a volta por cima.
Eva – Engano seu,
eu não dei a volta por cima, foi você que deu a volta por baixo. Tá aí falido,
sem nenhum tostão no bolso. Sua sorte foi que eu queria essa livraria, senão,
nem dinheiro para a conta de luz daqui você teria. Agora faz um favor Lucas,
some daqui. Já me vendeu, não tem mais o que fazer aqui.
Lucas – Entendo.
Boa sorte!
Eva – Quem vai
precisar de sorte é você. Eu sou milionária. Já você... Pelo que sei, tá
afundado em dívidas.
Lucas sai
da livraria cabisbaixo.
Eva (a
todos) – Podem começar a arrumar esse local. A livraria volta a funcionar
hoje.
Todos se
levantam e começam a recolher as cadeiras e colocar as prateleiras no lugar.
Eva (a
Tamara) – Venha até a minha sala, precisamos conversar.
Eva sobe as
escadas. Téo se aproxima de Tamara.
Téo – O bicho
pegou agora.
Tamara – A Eva não
vai me destruir, tô te avisando, ela não vai me destruir.
Close em
Tamara, com olhar fixo no horizonte.
Corta para:
Cena 13.
Rodoviária/ Plataforma de desembarque/ Ext./ Dia.
Um ônibus
para na plataforma 12 e começa a descer passageiros, entre eles: Edu e Malu.
Que seguem de mãos dadas rodoviária a fora.
Corta para:
Cena 14.
Livraria Dom Casmurro/ Sala de Eva/ ext./ Dia.
Eva está
sentada em sua poltrona, com um embrulho azul em mãos. Pouco depois, Tamara
chega.
Eva – Entre
Tamara, precisamos conversar.
Tamara
entra e se senta de frente para Eva.
Tamara
(muito nervosa) – Eva eu queria te pedir... é... desculpas pelo que aconteceu.
Eva – Poupe suas
palavras amorzinho. Essa fase já está superada. Não tenho problema quanto a
cachorrada que você me fez. Acabou que eu paguei na mesma moeda, te dei uma
surra daquelas, lembra?
Tamara fica
cabisbaixa.
Eva – Claro que
lembra né. Imagina, deve ter ficado com aqueles hematomas umas duas semanas. A quilo roxo, inchado e muito, mas muito
dolorido. Tadinha. Na próxima vez eu facilito pra você e só te bato do pescoço
pra baixo.
Tamara
arregala os olhos e Eva começa a rir.
Eva – Calma, é brincadeirinha.
Olha só, pra mostrar que eu não guardo rancor ou mágoa da cafajestagem que você
me aprontou, eu trouxe até um presentinho pra você.
Tamara
(animada) – Presente? Pra mim?
Eva
(entregando) – Sim, toma.
Tamara pega
o embrulho, muito feliz e se levanta para abraçar Eva.
Eva – Sem
contatos físicos, por favor!
Tamara
volta a se sentar, sem graça.
Eva – Abra seu
presente!
Tamara
começa a abrir o embrulho, até que fica surpresa e em seguida, decepcionada.
Tamara – Tem certeza
que é pra mim?
Eva (rude)
– E
você esperava que fosse o que? Algum perfume caro? Isso é pra você se colocar
no seu devido lugar e perceber qual é o seu valor no mundo, é zero!
Tamara
retira do embrulho a roupa de faxineira.
Tamara – Mas eu sou
gerente dessa livraria.
Eva – Você era
gerente até ontem. A partir de agora, você vai ser faxineira. Vai limpar o chão
por onde eu passo. Vai ser mandada pelas vendedoras, pelos caixas, pela nova
gerente e principalmente por mim.
Tamara – Isso é
humilhação demais.
Eva – Isso não é nem
a metade da humilhação que você me fez pagar, sua vaca. Agora chega de conversa
fiada e vá colocar seu uniforme, que já vou dizer onde eu quero que você limpe.
Tamara
começa a chorar.
Corta para:
Cena 15.
Mansão Amadeu/ Sala de Estar/ Int./ Dia.
Milena está
ninando Vitor, quando Miguel desce as escadas muito aflito.
Milena – Amor, que
gritaria era aquela ontem?
Miguel – Você não
sabe quem voltou.
Milena – Quem?
Miguel – A Eva. Ela
voltou decidida a pegar o Vitor e destruir com a gente.
Milena fica
assustada.
Milena – Jesus Maria
José, e agora?
Miguel – Eu não sei
tô acuado.
Milena – Precisamos
fugir.
Miguel – Mas amanhã
eu tenho que assinar a papelada e, assim, os 45 milhões de dólares entrarão na
minha conta.
Milena – E se ela
tentar algo hoje, se acionar a polícia?
Miguel – Eu vou
tentar conversar com ela hoje à noite, vamos ver no que vai dar. Agora vou a
rua tentar resolver umas coisas.
Miguel vai
saindo, quando Vitória desce as escadas apressadamente.
Vitória – Espera meu
filho, eu preciso falar com você.
Miguel
(rude) – Eu não tenho nada pra conversar com você, sua piranha. Esqueça
que sou seu filho.
Miguel sai
e Vitória fica parada, pensativa.
Milena – Gente, que
horror! O que deu nesse homem pra te tratar assim Vitória?
Vitória – Ele
descobriu que eu fui prostituta antes de casar com o pai dele.
Milena fica
surpresa.
Milena – Que babado
bafônico. Então a rainha das relações éticas e morais, na verdade era uma falsa
moralista? Como esse munda dá voltas hein.
Vitória – Não encha o
meu saco. Você viu a Pombinha por aí?
Milena – Não. Mas
procure!
Vitória
fica possessa e sobe as escadas.
Corta para:
Cena 16.
Flores/ Elevado/ Subúrbio/ Exterior/ Dia.
(Música
“Aceita, paixão” – Péricles) Tomadas do bairro suburbano Elevado. Ônibus
passando pelos pontos, camelôs ambulantes vendendo salgados e quinquilharias,
periguetes circulando pelas ruas, em meio a carros antigos e velhos e motoboys.
Close na fachada do Bar Chegaí, todo decorado em tijolinhos marrom, mesas e um
grupo de pagode na calçada. Takes de inúmeras casas do bairro, todas de classe
média baixa.
Corta para:
Cena 17.
Casa de Edu/ Sala/ Int./ Dia.
Lucído está
sentado no sofá, assistindo TV, quando a campainha toca. Ele se levanta e abre
a porta. Edu pula direto nos braços de Lucído, muito feliz.
Edu – Vô, meu
querido. Que saudades do senhor.
Lucído – Eu também
meu amor, tô com muitas saudades suas.
Edu e
Lucído entram, mas deixam a porta aberta.
Lucído – E como está
o César?
Edu – Melhor
impossível. Ele tá feliz, arrumou emprego, tá namorando uma gatona. Eu nunca vi
o papai tão feliz.
Lucído – Eu quero ir
um dia visita-lo.
Nesse
instante Julieta vem da cozinha com uma batata nas mãos.
Julieta – O senhor
quer batata frita ou.../
Julieta
interrompe a própria fala quando vê Edu.
Julieta – Meu filho,
nem acredito, você está aqui.
Edu olha
sério para Julieta.
Julieta – Você tá
cada dia mais lindo, vem cá dá um abraço na mãe, vem!
Julieta
tenta abraçar Edu, que se esquiva.
Julieta
(triste) – Que isso meu filho? Já sei, seu pai, aquele imbecil,
fez a sua cabeça, não foi?
Edu – Tira o meu
pai da jogada. A única manipuladora aqui é você.
Lucído – Para com
isso Edu, pega leve com a sua mãe.
Julieta – Eu não
estou entendendo aonde você quer chegar e mesmo assim não estou gostando nada.
Edu (sério)
– Que
história é essa de ter trocado o bebê da Fernanda na maternidade?
Julieta
fica visivelmente incomodada e Lucído surpreso.
Lucído – Eu ouvi
bem?
Edu – Ouviu. A
minha mãe exigiu que a Fernanda se separasse do meu pai, e para isso ela usou
uma tal troca de bebês que ela fez no passado, indicando que a Malu não é filha
legítima da Fernanda.
Lucído
(bravo) – Você teve o despudor de fazer isso?
Julieta – Quem te
contou isso, Carlos Eduardo?
Nesse
instante Malu adentra a sala.
Malu
(convicta) – Fui eu!
Julieta
(raiva) – Mas eu sabia que tinha dedo dessa diaba. Então foi ela que fez a
sua cabeça, Edu?
Edu – Agora não
adianta saber quem foi e quem não foi. O que eu vim resolver é essa história da
troca de bebês. Fala de uma vez, onde está a filha legítima da Fernanda, ou
eu.../
Julieta
(corta) – Ou você o que?
Edu
(triste) – Ou eu terei que chegar as últimas consequências e te
entregar para a polícia. Diz aí, o que você escolhe?
Edu olha
com raiva para Julieta.
Corta para:
Cena 18.
Casa desconhecida/ Sala/ Int./ Dia.
Yvete está
se levantando do sofá, meio sonolenta, quando encontra um bilhete em cima de
uma mesa toda empoeirada.
Yvete pega
o bilhete.
Yvete
(lendo) – “Desculpa, mas eu não vou ficar e afundar com você. Ganhei uma
grana preta e estou indo embora do Brasil. Quero esquecer que esse país existe,
e principalmente, as pessoas que conheci nele. Até nunca mais. Um beijo,
Heloísa Ambrósio!”.
Yvete tem
um acesso de fúria e começa a rasgar o bilhete.
Yvete (com
ódio) – Como eu fui idiota de acreditar naquela garota mimada. Nunca
mais tira alguém do sufoco em Volta Redonda. Que ódio!
Yvete vira
a mesa empoeirada pelo chão afora.
Yvete – Mas isso
não vai ficar assim. Agora vou dar minha cartada final. Xeque-mate!
Yvete pega
o celular e começa a discar.
Yvete (ao
cel.) – Alô... Sou eu! Agora precisamos agilizar a parte final do plano,
pode ser? Amanhã, meio dia!
Yvete
desliga o celular, com semblante de mais satisfeita.
Corta para:
Cena 19.
Casa de Edu/ Sala/ Int./ Dia.
Continuação
da cena 17.
Edu – E aí mãe, prefere
falar aqui, ou na delegacia?
Julieta – Você não
teria coragem de denunciar a sua própria mãe.
Edu – Eu não
teria coragem de fazer uma cafajestagem dessas com uma pessoa. Você modificou o
curso da vida de pelo menos quatro pessoas.
Julieta
começa a rir.
Malu
(horrorizada) – Essa mulher é um monstro, meu Deus.
Lucído – Como você
pode ser tão fria?
Julieta – A Fernanda,
essa sem sal da Malu e você Edu, são um bando de idiotas. Acreditam piamente em
tudo que falam. Essa história da troca de bebês é mentira, foi à única forma
que eu encontrei para separar a Fernanda e o César.
Edu
(chocado) – Então quer dizer que você brincou com a vida das
duas?
Julieta – Brinquei
porque elas se deixaram ser brincadas. Bastava fazer um exame de DNA que tudo
se resolveria. Hello gente, estamos em pleno século 21.
Lucído – Eu não
estou acreditando no que acabei de ouvir. Como assim, você inventa uma mentira
num grau desses para tentar segurar o seu falido casamento?
Malu – A Julieta
não tem coração. Faz gato e sapato das pessoas. Só pensa no próprio umbigo.
Edu – Você é um
ser humano vil e abjeto. Eu tenho horror a você.
Julieta
(triste) – Não faça isso comigo, filho.
Edu – Desculpa
vô, mas nessa casa eu não piso mais.
Edu dá um
abraço em Lucído e sai com Malu. Julieta se ajoelha no chão e começa a chorar.
Lucído – Tá vendo no
que aconteceu com você? E foi pouco, muito pouco. Você merecia era estar presa.
Enjaulada e longe do convívio com a sociedade.
Lucído sai
da sala e Julieta fica ajoelhada, chorando e rezando.
Corta para:
Cena 20.
Livraria Dom Casmurro/ Hall da Presidência/ Int./ Dia.
Tamara está
ajoelhada terminando de lustrar o chão, quando Eva sai de sua sala, com um copo
de suco de uvas na mão.
Eva – Esse chão
tá sujíssimo, pode limpar mais!
Tamara – Acabei de
lustras, pode olhar. Dá até pra almoçar nesse chão. Passei álcool, desinfetante
e cera. Tá limpo e cheiroso.
Eva deixa o
copo cair no chão, derramando o suco e caindo cacos de vidro por todo lado.
Eva – Agora ele
está sujo. Trate de limpar muito bem isso daqui. Vou dar uma saidinha, mas
volto já!
Eva sai e
Tamara começa a limpar o chão, com muita raiva.
Corta para:
Cena 21.
Mansão Trajano/ Quarto de Meg/ Int./ Dia.
Meg está
penteando o cabelo e se olhando no espelho, pensativa.
***Insert
do Flashback da cena 02. Do capítulo 25***
Mansão
Trajano/ Quarto de Álvaro e Meg/ Int./ Dia.
Meg e
Álvaro estão conversando, uma semi discussão.
Álvaro – Aí eu já
sei, você foi para a vida fácil. Foi ganhar dinheiro debaixo dos machos, não é?
Meg – Fui, fui
mesmo e não me arrependo. O dinheiro foi importante pra eu ser a Meg Trajano de
hoje.
Álvaro – Que Meg?
Hein, que Meg? A Meg que rouba e destrói a cidade? A Meg fútil, que passou
todos esses anos mais interessada no preço do delineador do que com a renda
bruta que girava em torno do município? Você tornou-se um nada, um ser
dispensável.
***Fim
do Insert do Flashback***
Meg começa
a chorar, alguém bate a porta. Meg seca as lágrimas.
Meg – Pode
entrar.
Mafalda
entra.
Mafalda – Tá pronta?
Tá quase na hora.
Meg
(triste) – Pronta eu nunca vou estar, mas acho que é um mal
necessário.
Mafalda – Então
vamos.
Mafalda e
Meg saem do quarto.
Corta para:
Cena 22.
Delegacia/ Gabinete da delegada/ Int./ Dia.
Uma mulher
morena está sentada atrás da única mesa da sala. Pouco depois, um policial
entra.
Policial – Dona
delegada tem uma moça querendo falar com a senhora.
Delegada – Manda
entrar.
Segundos
depois, Eva adentra a sala.
Eva – Boa tarde.
Delegada – Sente-se.
Eva se
senta.
Eva – Eu sou Eva
Magalhães.
Delegada – Prazer Eva,
eu sou Isa Nota, a nova delegada dessa cidade. Mas o que te traz aqui?
Eva – Eu não
posso explicar muito, ainda. Mas eu queria que vocês me acompanhassem hoje num
caso.
Isa – Como assim?
Eva – Tem uma
família dessa cidade que cometeu um delito gravíssimo e eu não tenho como
provar, mas se vocês vierem hoje até o local e colocarem uma escuta em mim,
enquanto eu tento tirar a confissão deles, garanto que será mais fácil.
Isa – Eu não
costumo fazer esse tipo de trabalho, mas hoje vou abrir uma exceção, mesmo
achando que eles não vão confessar nada.
Eva – a história
é a seguinte.../
O áudio é
cortado, mas Eva continua conversando com a delegada Isa.
Corta para:
Cena 23. Mansão
Amadeu/ Escritório/ Int./ dia.
Miguel e
Edi estão sentados conversando.
Miguel – Quem é o
senhor?
Edi – Sou Ediseu
Santos, o advogado que você contratou.
Miguel – Mas eu
esperava o senhor amanhã, junto com toda a equipe do meu pai.
Edi – Eu trago notícias
boas.
Miguel – E quais
são?
Edi – Eu consegui
fazer uma manobra jurídica e o juiz me concedeu uma documentação, na qual eu já
passei todo o dinheiro da herança do seu pai para a sua conta na Suíça.
Miguel
sorri.
Miguel – Então quer
dizer que eu já posso gastar meu dinheiro?
Edi – Claro que
pode. Só que está num paraíso fiscal né.
Miguel – Então eu
vou arrumar minhas malas e partir desse país.
Edi – Mas e a
empresa?
Miguel – Dane-se a
empresa. Com 45 milhões de dólares, eu quero é curtir a minha vida.
Edi – E vai
sozinho?
Miguel – E você tem
alguma dúvida? Eu usei a Eva, a Ana Rosa, a Milena e a minha mãe. Agora, no bom
e velho português, quero que todas elas se fodam de verde e amarelo. Que moram
miseráveis nesse país tupiniquim.
Edi – Nossa
quanta revolta!
Miguel – O mundo é
dos espertos. Mas eu não serei covarde de fugir. Hoje mesmo eu avisarei a essas
quatro idiotas que elas se deram mal ao confiar em mim.
Miguel
começa a rir.
Corta para:
Cena 24.
Câmara dos Vereadores/ Sala de Cessão/ Int./ Dia.
Todos os
vereadores estão sentados a uma enorme mesa, atrás deles estão vários moradores
da cidade, sentados em bancos.
Presidente
da Câmara – Hoje recebemos a visita da prefeita Meg Trajano, que
pediu cinco minutos do nosso tempo para falar com nós vereadores e com a
população.
Meg se
levanta e vai até o centro, onde pega o microfone.
Meg – Boa noite
vereadores, Boa noite caros habitantes de Flores. Bom, não foi fácil estar aqui
hoje. Eu estive em uma licença médica, com uma quase depressão, mas quero avisar-lhes
de que o meu objetivo de estar aqui hoje era maior do que tudo.
Meg para e
respira fundo.
Meg – A boa da
verdade é que eu estou desistindo do cargo de prefeita.
Todos ficam
surpresos e começa um tititi.
Meg – Eu não
tenho condições física, espiritual e administrativa para ficar a frente de um
cargo de extrema importância. Não posso brincar mais de conduzir a cidade, como
quem conduz um jogo de tabuleiro. Espero que vocês aceitem bem a minha decisão
e desejo um ótimo futuro a cidade.
Todos se
levantam e aplaudem Meg, que sai chorosa e abraça Mafalda.
Corta para:
Cena 25.
Cruzeiro Municipal/ Ext./ Dia-noite.
Transposição
do dia para a noite.
Corta para:
Cena 26.
Mansão Amadeu/ Jardim/ Ext./ Noite.
Eva e Isa
estão dentro de um carro.
Isa – Eu vou
ficar aqui. Os policiais já cercaram a mansão. Agora só resta você tentar tirar
essa confissão. Já estou na cola dessa família a um bom tempo.
Eva – Tudo vai
dar certo, aguarde!
Eva sai do
carro e se encaminha até a entrada.
Corta para:
Cena 27.
Mansão Amadeu/ Sala de Estar/ Int./ Noite.
Ana Rosa,
Milena, Tia Pombinha, Vitória e Eneida estão na sala, conversando.
Ana Rosa – O que serás
que o Miguel quer tanto conversar com a gente?
Milena – Não vejo
motivos para você participar dessa reunião. Nem nada da família você é.
Nesse
instante Eva entra.
Vitória – Não sabe
usar a campainha não?
Eva – Eu quero
falar com o Miguel, cadê aquele salafrário?
Tia
Pombinha – Vai ter que entrar na fila. Tem muita gente pra
conversar com ele.
Eva – Quer dizer
que agora tem senha pra falar com o bandido?
Nesse
instante Miguel desce as escadas.
Miguel fica
surpreso ao ver Eva.
Miguel (a
Eva) – Que bom que está aqui, quero falar com você.
Milena – E a gente,
Miguel? Estamos aqui a um tempão querendo saber que história é essa.
Miguel – Quero que
Milena, Ana Rosa, minha mãe e Eva, me acompanhem até o escritório.
Miguel,
Milena, Ana Rosa e Eva vão se encaminhando para o escritório.
Vitória – Tô sentindo
cheiro de cilada.
Tia
Pombinha – Por falar em cilada, Gaivota acabou de pousar na
cidade.
Vitória – Amanhã sem
falta quero essa mulherzinha aqui, ok?
Tia
Pombinha – Ok!
Vitória vai
em direção ao escritório.
Corta para:
Cena 28.
Mansão Amadeu/ Escritório/ Int./ Dia.
Miguel, Ana
Rosa, Eva, Milena e Vitória estão de pé se olhando. Clima tenso. Todas as
mulheres estão de bolsa a tira colo.
Miguel – Eu queria
reunir todas as mulheres que me amaram.
Milena – Que amaram,
não. Que amam. Ao menos eu te amo.
Miguel – Eu queria
olha na cara de cada uma de vocês e poder debochar e dizer o quanto vocês foram
idiotas, presunçosas e incompetentes.
Todas ficam
surpresas.
Miguel (a
Ana Rosa) – Você provou que não é nada confiável. Traiu a sua
melhor amiga por causa de sexo. Mostrou que é uma piranha, que eu pegava fácil
a hora que queria. Eu tenho nojo de você Ana Rosa.
Ana Rosa – Seu
ordinário, você me paga.
Miguel (a
Milena) – Quantos chifres, patadas e mentiras eu passei pra você. Olha, se
existe alguma pessoa mais tola que você, eu não conheci. É chata, pegajosa e
sozinha na vida. Aceitou o casamento todo, as migalhas que eu te dei. Você não
tem amor próprio, não tem senso do ridículo. Vai morrer sozinha, sem ninguém.
Eu tô pulando fora do barco.
Milena
começa a chorar.
Miguel (a
Vitória) – E você? Sua falsa manca, falsa moralista, falsa mãe.
Uma puta de cabaré. Merece a solidão também. Eu tenho nojo, uma enorme repulsa
dessa sua cara de bacon estragado. Quero que você fique pobre, que vire mendiga
e que coma o pão que o diabo amassou.
Vitória
engole a seco.
Miguel (a
Eva) – E sobrou você. Imbecil, tosca e sem vida. Cada momento ao seu
lado era um tormento. Você é repugnante e ingênua demais. Se entregou a
qualquer homem, e sabe o nome disso? Carência. É uma puta como qualquer outra
aqui. Tá sem filho, sem o amor da sua vida e tentando tramar uma vingança tosca
e incoerente.
Eva dá um
tapa na cara de Miguel.
Miguel – Eu trouxe
vocês aqui, pra dizer tudo que eu sinto de vocês e dizer também que vocês não
passam de um monte de estrume com roupa de grife. É uma etiqueta cara numa peça
vagabunda. O dinheiro da minha herança já está comigo e eu estou partindo dessa
cidade pra nunca mais voltar. Obrigado por me ajudarem, suas idiotas.
Miguel vira
de costas para sair do escritório.
Corta
rápido para a sala.
Eneida está
sentada no sofá lixando as unhas, quando ouve barulho de um tiro, vindo do
escritório. Ela corre até lá e abre a porta.
Corta para:
Escritório.
Eneida abre
a porta e fica em estado de choque.
Eneida
(gritando/ chocada) – Morreu.
Ouve-se
mais um barulho de tiro.
Corta para:
FIM
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