quinta-feira, 7 de maio de 2015

Capítulo 34: Salto alto (PENÚLTIMO)


CENA 1: Escritório administrativo da Mais Saúde, Urca, RJ. MANHÃ.
(Continuação imediata do capítulo anterior)
Paula fica em estado de choque.
HUGO: Não é o que parece, Paula. Eu posso explicar.
PAULA: É o que então? Você estava checando as habilidades dessa vagabunda pra ela poder ser uma boa garçonete?
REJANE: Não fala assim de mim.
PAULA: Eu falo como eu quero. E quero que os dois saiam já da minha sala e da minha academia.
HUGO: Nossa academia!
PAULA: Nossa é o caramba. A academia é da minha família, sua parte é quase mínima.
HUGO: Mas ainda tenho uma parte.
PAULA: Depois resolvemos, mas você me traiu dentro do meu lugar de trabalho. Eu fui no hospital, descubro que tô grávida e ainda sou traída.
HUGO: Grávida?

CENA 2: Helicóptero de Cínthia sobrevoando pelo Rio de Janeiro. MANHÃ.
WESLEY: Responde logo, Cínthia.
CÍNTHIA: Eu não tenho nada pra falar.
WESLEY: Então, tá.
Wesley abre a porta do helicóptero.
WESLEY: Quer ir, Cínthia?
CÍNTHIA: Por favor, Wesley, não me joga.
WESLEY: Não tô querendo te jogar, só quero saber se você quer ir.
CÍNTHIA: Não.
Wesley fecha a porta.
WESLEY: Ficou com medo, Cínthia?
CÍNTHIA: Não. Prefiro ficar aqui mesmo, sou guerreira.
JOÃO: Poxa, Cínthia, você é realmente muito guerreira. Não sabia que tinha que ter garra pra ser filhinha de papai.
CÍNTHIA: Cala sua boca, João.
JOÃO: (FALANDO MAIS ALTO) Você tá querendo cair, né?
CÍNTHIA: Já disse que não.
JOÃO: Então para de palhaçada e sossega.
CÍNTHIA: Estou bem sossegada.
JOÃO: Tá.
O helicóptero continua sobrevoando a cidade.

CENA 3: Escritório administrativo da Mais Saúde, Urca, RJ. MANHÃ.
PAULA: Sim.
HUGO: Por que não me contou?
PAULA: Eu vim ansiosa pra te contar, mas me deparo com essa safadeza na minha academia.
HUGO: Eu posso explicar.
PAULA: Não quero explicação agora, Hugo. Caiam fora os dois!
HUGO: Por quê?
PAULA: Você me traiu e essa vagabunda aí não merece ficar aqui.
REJANE: Vagabunda é sua mãe.
PAULA: Não é não, é você mesma. Fora!
Paula pega as roupas de Hugo e Rejane, que estão em cima da mesa, e usa uma tesoura para cortá-la em pequenos pedaços.
HUGO: Você tá maluca, Paula? Para de cortar minhas roupas.
PAULA: Não tô nem aí.
Paula ignora Hugo e continua cortando as roupas de Hugo e de Rejane. Paula loja as roupas cortadas na lixeira.
PAULA: Agora saiam da minha sala!
REJANE: Mas estamos sem roupa.
PAULA: Vocês vão sair assim mesmo. Não me interessa.
HUGO: Paula, me dá uma chance.
REJANE: E eu, gostoso?
HUGO: Não piore as coisas, Rejane.
PAULA: Vocês tão surdos? Não ouviram que eu quero que saiam?!
HUGO: Paula, eu já disse que te amo. Isso foi um engano, você entendeu errado.
PAULA: (IRÔNICA) Claro, né? Vocês estavam simplesmente fazendo uma boa entrevista de emprego no sofá.
HUGO: Não é nada disso.
PAULA: Não me interessa. Eu vi vocês se pegando. Agora saiam logo.
Paula empurra Hugo e Rejane para fora de sua sala. Eles saem e Paula sai também.

CENA 4: Campo de futebol próximo à praia de Cabo Frio, RJ. MANHÃ.
O helicóptero pousa no campo de futebol, com pouca grama e traves de madeira. Wesley é o primeiro a sair do helicóptero.
WESLEY: Bora, João. Traz a Cínthia.
João sai do helicóptero, segurando Cínthia pelo braço. Alice sai em seguida.
CÍNTHIA: O que vamos fazer nesse fim de mundo?
WESLEY: Vamos fazer antes um passeio por aqui.
CÍNTHIA: Preciso de roupas novas.
WESLEY: Vamos resolver isso. Depois, iremos ao forte São Mateus.
CÍNTHIA: Que nojo! Esse forte tá todo ferrado, até ficam mijando lá.
WESLEY: Já foi lá, Cínthia?
CÍNTHIA: Já sim, mas não volto nem que a vaca tussa.
WESLEY: Que pena que você tá achando isso, porque iremos lá hoje sim.
CÍNTHIA: Aquele lugar é muito nojento. Além disso, aquela ponte ali é muito perigosa.
JOÃO: Cínthia, para de botar defeito nas coisas. Passei por lá várias vezes e nunca tive problemas.
ALICE: (TÍMIDA) Eu também.
CÍNTHIA: Com aquele salário que você recebia, tinha como você ir até pro Havaí, sua incompetente. Não sei o motivo da sua contratação.
ALICE: Você me contratou pra testar roupas que fizessem bem para as atividades.
CÍNTHIA: Ah sim, mas você não serve pra nada. Eu tinha que ter percebido isso antes. Fui tola.
ALICE: Tola fui eu, por ter trabalhado pra você durante esse tempo.
CÍNTHIA: Eu tinha que ter te demitido na primeira oportunidade, mas sua demissão foi ótima, em grande estilo.
ALICE: Não se esqueça do processo, Cínthia.
CÍNTHIA: Qual?
ALICE: Se esqueceu?! Eu vou ainda te processar.
CÍNTHIA: Você não tem um centavo pra comprar uma balinha sequer.
JOÃO: Vamos parar com discussão bobinha sobre passado. O importante é que agora vamos no centro comercial. Precisamos comer e comprar roupas novas também.
WESLEY: Isso mesmo. Estou morrendo de fome.
CÍNTHIA: Isso! Morre, seu canalha.
WESLEY: Cínthia, acho melhor você calar a sua boca.
CÍNTHIA: Tá.

CENA 5: Cozinha da casa de Roberto e Dayse, Urca, RJ. MANHÃ.
Elvira está na cozinha, preparando o almoço, porém resolve fazer uma ligação. Ela afasta-se do fogão, pega o celular no bolso e faz uma discagem.
ELVIRA: (POR TEL.) Clécio, deixa eu falar com a Rayane.
CLÉCIO: (POR TEL.) Primeiro de tudo: bom dia.
ELVIRA: (POR TEL.) Bom dia. Passa pra Rayane logo.
CLÉCIO: (POR TEL.) Vou passar.
RAYANE: (POR TEL.) Mãe?
ELVIRA: Oi, Rayane. Preciso me encontrar com você.
RAYANE: Por que, mãe?
ELVIRA: Tô meio sozinha aqui. Vem cá me visitar.
RAYANE: Eu também trabalho, mãe.
ELVIRA: O Clécio tá fazendo você trabalhar nesse bar cheio de cachaceiro?
RAYANE: Eu gosto, mãe.
ELVIRA: Claro que você gosta, né? Deve ficar bebendo toda hora.
RAYANE: Eu vou desligar então, mãe. Bom dia.
Rayane desliga o telefone.
ELVIRA: (PARA SI MESMA) Que abusada essa garota!
Elvira continua a preparar o almoço.

CENA 6: Recepção da Mais Saúde, Urca, RJ. MANHÃ.
Paula desce as escadas euforicamente, atrás de Rejane e Hugo, que estão somente com suas roupas íntimas.
PAULA: Saiam já.
HUGO: Só mais uma chance, Paula. Eu te imploro.
PAULA: Pode implorar se quiser, mas não voltarei atrás.
HUGO: Eu te amo, Paula. Não foi nada demais.
REJANE: Hugo, nosso caso sempre será mais intenso do que o seu com essa mulherzinha.
PAULA: Mulherzinha é a senhora sua mãe.
HUGO: Paula, você vai me perdoar?
PAULA: Não tem como eu perdoar essa traição tão séria.
HUGO: Mas já disse que foi só um momento de animação, nada mais que isso.
REJANE: Mentira! Foi momento de amor, prazer, envolvimento, romance,...
HUGO: Não ponha lenha na fogueira, Rejane.
PAULA: Não quero saber de mais nada. Só quero que vocês três saiam daqui.
INGRID: Até eu?
PAULA: Sim. Amiga de víbora, víbora é.
INGRID: Olha como fala comigo.
PAULA: A fala não se vê, mas eu tô percebendo sim, você que tá errada ao se sentir superior.
HUGO: Acho melhor nós irmos.
PAULA: Também acho.
Hugo, Ingrid e Rejane saem da academia após os berros e ordens de Paula.

CENA 7: Quarto de Álvaro e Viviane na casa dele, Lapa, RJ. MANHÃ.
O casal está se arrumando para o almoço, no Centro de Tradições Nordestinas.
ÁLVARO: Tá pronta, Vivi?
VIVIANE: Ainda não.
ÁLVARO: Só não demore muito. Também quero passar rápido em frente ao bar do Clécio, não quero ver a minha filha lá.
VIVIANE: Ela não vai voltar não, meu amor?
ÁLVARO: Não sei, Vivi. A Rayane tem uma personalidade muito forte. Do que eu conheço minha filha, ela vai ficar lá por um bom tempo. A Rayane sempre fui muito teimosa.
VIVIANE: Igual a você, né, amor?
ÁLVARO: Sim, mas essa teimosia dela não vai dar nada certo. O Clécio era até meu amigo, mas agora eu nem sei mais do que ele é capaz.
VIVIANE: Ele tá muito diferente. Parece que tem alguém dando as ordens e ele só seguindo.
ÁLVARO: Você quer dizer que ele tá servindo tipo de marionete?
VIVIANE: Eu acho que é isso.
ÁLVARO: Faz todo o sentido. Vou pensar, mas melhor irmos já.
Viviane continua se arrumando.

CENA 8: Recepção da Mais Saúde, Urca, RJ. MANHÃ.
Paula tranca a porta da academia.
PAULA: Julia e Susana, não precisam voltar depois do almoço. Não tenho condições de seguir aqui hoje.
VERÔNICA: E eu, Paula?
PAULA: Eu queria falar com você lá em cima.
VERÔNICA: Ok.
Verônica e Paula sobem as escadas.

CENA 9: Escritório administrativo da Mais Saúde, Urca, RJ. MANHÃ.
Verônica e Paula entram na sala.
PAULA: Verônica, eu quero como você conseguiu sair da prisão. Quero que seja sincera e verdadeira.
VERÔNICA: Serei. Eu consegui sair da cadeia.
PAULA: Você pagou?
VERÔNICA: Na verdade não. Lá dentro, conheci uma presa que me fez uma proposta. Ela me tirava de lá e aqui fora eu ajudaria no tráfico de drogas e animais.
PAULA: Então isso significa que você é traficante?
VERÔNICA: Na verdade também não. Eu fiz minha primeira venda hoje de manhã, porém o lugar onde o grupo ficava junto com as mercadorias, pegou fogo e eu tô também com uma dívida de um cara, que me pagou antecipado por drogas, mas eu não tenho.
PAULA: Você se meteu num problema enorme.
VERÔNICA: Eu sei, mas foi o jeito que consegui de sair daquele inferno da prisão. Agora eu preciso de dinheiro pra pagar a dívida.
PAULA: Mas por que você não foge?
VERÔNICA: Eu sei que tô arriscando em ser presa ao ficar aqui, mas aqui pelo menos tenho minha família. Não me sentiria segura em outro lugar do mundo sem alguém que eu conheça por perto.
PAULA: Mas eu achava que o Roberto tava irritado com você.
VERÔNICA: É verdade. Ele nem me viu direito na prisão. Acho que ele não conseguiu o dinheiro pra me tirar de lá, e deve ter desistido. Ele não ligava pra mim.
PAULA: Isso não é verdade.
VERÔNICA: Eu sempre achei que é. Mas voltando ao assunto inicial: eu preciso da sua ajuda pra me livrar dessa dívida e da polícia também. Então, Paula, você vai me ajudar?

CENA 10: Bar de Clécio, Lapa, RJ. MANHÃ.
Álvaro e Viviane entram no bar. Rayane está no balcão.
ÁLVARO: Rayane, vamos!
RAYANE: Pa... Álvaro, não vou com você. O meu pai é o Clécio.
ÁLVARO: Você não tem provas disso, minha filha.
RAYANE: Foi o que a minha mãe disse.
ÁLVARO: Mentira! A Elvira disse que não tinha certeza. Aquela lá ficava com a cidade inteira antes de eu conhecer ela direito, depois ela deu uma ‘‘melhorada’’.
Clécio chega ao bar.
CLÉCIO: Então podemos fazer um teste de DNA. Eu tenho um amigo que trabalha nesse ramo, ele pode adiantar esse processo.
ÁLVARO: Tá, mas faço questão de acompanhar tudo pra ver se você não está manipulando nada nem esse seu amigo.
CLÉCIO: Tá desconfiando de mim, Álvaro?
ÁLVARO: Sim. Sempre confiei em você e acabei me ferrando. Não quero cometer o mesmo erro.
CLÉCIO: Então vamos amanhã!
ÁLVARO: Ótimo.
RAYANE: Ok.
ÁLVARO: Aí vamos ver quem é o seu verdadeiro pai, Ray.
RAYANE: Sim.
CLÉCIO: Vai comprar alguma coisa, Álvaro? Eu cobro quando a pessoa fica só olhando.
ÁLVARO: Não vou não, e já estamos de saída.
Álvaro e Viviane saem do bar.

CENA 11: Escritório administrativo da Mais Saúde, Urca, RJ. MANHÃ.
VERÔNICA: Então, vai me ajudar ou não?
PAULA: Sim, estou disposta a te ajudar.
VERÔNICA: Mas antes disso, eu preciso de um lugar pra morar.
PAULA: Veja com a Susana e a Julia, a outra companheira delas de apart tá sumida, e acho que tem lugar sobrando.
VERÔNICA: Ah, vou ver sim com elas. Muito obrigada, Paula.
PAULA: Agora eu gostaria de ficar sozinha. As notícias de hoje foram bem fortes pra mim.
VERÔNICA: Ok. Beijos.
Verônica deixa a sala. Paula fica sozinha, deita-se no sofá e chora.
PAULA: (PARA SI MESMA) Como eu fui tão tola? Ele deve ter me traído várias outras vezes. Sou mesmo uma burra. Ele é um canalha, todo homem é igual. Achava que ele era diferente, mas é igual aos outros.

CENA 12: Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, São Cristóvão, RJ. COMEÇO DE TARDE.
Viviane e Álvaro entram na feira, após serem revistados rapidamente pelos seguranças, que fazem esse procedimento padrão em todas as pessoas.
VIVIANE: Vamos almoçar aonde, amor?
ÁLVARO: Tem tanto restaurante bom aqui que é difícil escolher um.
VIVIANE: Exatamente. Vamos dançar antes?
ÁLVARO: Acho melhor, depois a gente come então.
Viviane e Álvaro passeiam pela feira, até chegarem a um dos palcos. Quem canta é a Banda Calypso. Viviane e Álvaro dançam bastante, assim como as outras pessoas presentes no local.

CENA 13: Praia de Cabo Frio. TARDE.
A câmera passa pela praia, de visão aérea, mostrando as pessoas entrando no mar, enquanto a tarde vai passando rapidamente.

CENA 14: Bar perto do Forte de São Mateus em Cabo Frio. FIM DE TARDE.
Cínthia, João, Alice e Wesley estão juntos na mesma mesa.
WESLEY: Vamos subir logo antes que chova.
CÍNTHIA: Eu não tô querendo subir não.
WESLEY: Não perguntei nada.
CÍNTHIA: Não tô muito bem.
WESLEY: Então eu fico com você. João vai com Alice.
ALICE: Ok.
JOÃO: Está bem.
João e Alice saem do bar.

CENA 15: Forte de São Mateus, cidade de Cabo Frio. FIM DE TARDE.
Alice e João percorrem o trajeto até o Forte, passando pela ponte, subindo pela pedra, que estava escorregadia. O tempo começa a fechar e por isso, há somente pouquíssimas pessoas.
Alice e João ficam de mãos dadas.
JOÃO: Já falei que você tá linda hoje, Alice?
ALICE: Para de cantada barata, João.
JOÃO: Mas eu gosto de você. Eu queria que tivesse alguma coisa entre nós.
ALICE: Ah, eu também.
JOÃO: Sério? Tipo o que?
ALICE: Uma muralha tipo a da China, um rio com milhares de jacarés e dezenas de soldados.
JOÃO: Alice, agora vamos ser sinceros: por que você não volta pro Rio? Você só vai atrapalhar se continuar aqui.
ALICE: O Wesley não acha isso, nem eu.
JOÃO: Mas eu e Cínthia achamos.
João empurra Alice em direção ao mar, porém ela consegue se segurar num cacto e os espinhos cravam em sua mão, porém João acha que ela realmente caiu no mar e se distrai, então ela pega uma pedra do chão e joga com força no tendão dele. João dá um grito, desequilibra-se, Alice puxa ele pela perna e ele acaba rolando montanha a baixo, batendo com a cabeça em rochas e finalmente caindo no mar.


CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO...

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