domingo, 31 de maio de 2015

Episódio 19: Lúcia (ÚLTIMO)

O Baile


         Após quase duas horas de ensaio, fomos dispensados para que fossemos para o refeitório, jantar, e depois irmos para os nossos dormitórios. Agora era mais difícil ver vovó pelos corredores, ela ficava mais na sala que era do mestre cuidando dos afazeres que um diretor possuía.
         O refeitório se encheu de alunos famintos que passaram mais duas horas dançando e pisando no pé alheio. Na verdade o ensaio tinha sido um pequeno caos.
         - Você e Pedro foram os melhores! - falou Amanda invejada para Leticia
         - Pedro é muito bom dançando! - falou ela com suspiros- Pena que adora pregar peças
         - Mas o destaque mesmo será de Miguel e Rafael! - falou Alana olhando para os dois que estavam a sóis na outra mesa, conversando e rindo, como dois apaixonados.
         - Uma graça! - falei olhando na direção- Já o meu, o Romero, ele é lindo, porém, desastrado!
         - Tinha que ter algo de errado! - falou Amanda- O Juan graças a Dumber dança bem!
         Iria começar a semana de provas no dia seguinte e Amanda não largava seus livros didáticos. O refeitório infestou de alunos que faziam colas em locais quase impossíveis para poder passar. Aquela era as provas finais. Tinha cola até na unha de aluno.
         - Esse povo, de vez estudar, ficam colando! - Amanda falou aborrecida- Se de vez usarem o cérebro para acharem lugares extremos para por a cola, estudassem, passariam de ano mole, mole!
         - Você diz isso porque sabe tudo! - falou Marcos enquanto anotava algumas informações em um pequeno papel- Estou preparando a minha cola!
         - Vou contar para o professor! - Amanda adiantou-se fazendo menção se levantar
         - Experimente contar e eu vou até a biblioteca e digo que você contrabandeou livros nas férias! - neste momento não aguentamos e caímos na gargalhada, só Amanda que fez uma careta e colocou os olhos no livro com raiva.
        
         A primeira prova foi de poções com a professora Maria Batista. Na prova de Amanda estava escrito "menos dois".
         - Professora, por que a senhora colocou menos dois na minha prova? - a menina estava intrigadíssima
         - Andou faltando uma poção da invisibilidade no me estoque e suponho que a senhorita saiba onde ela foi parar, digo, o ministério das profecias achou um fio de cabelo seu no corredor e ele estava com vestígios de poção da invisibilidade! - no final ela piscou para Amanda
         - M-mas... - Amanda não entendia- P-professora!
         - Faça a prova! Tenho certeza que dois pontos a mais ou a menos não te farão repetir! - a professora sorriu- Só fiz isso para que não se torne acontecer!
         Amanda ficou falando desse "menos dois" como se tivesse repetido de ano. Ela falou aquilo o dia inteiro, lamentando-se do ocorrido.
         No dia seguinte a escola toda acordou no mesmo animo do dia anterior, prontos para mais colas no refeitório. Eu acordei um pouco atrasada e estava correndo para o refeitório quando me deparei com dois rapazes do grupo fogo, Eduardo e Oliver com a varinha apontada para Miguel e Rafael, me escondi para saber o que estava acontecendo:
         - Então quer dizer que os dois continuam por ai como se fossem namorados?! - Eduardo ria
         - Por que você está nos perseguindo? - perguntou Miguel
         - Vamos fazer o que não conseguimos terminar! - falou Oliver com a varinha apontada- Vocês são uma aberração! Merecem a morte! - ele ria
         - Maxmai! - gritei na direção dos dois insolentes. Eles ficaram parados, não conseguiam se mexer. Miguel e Rafael saiu de onde estavam e foram até mim
         - Obrigado, Lucia! –Rafael deu um beijo em minha mão- Eles iriam nos matar!
         - Pois não vão mais! Agora já sabemos quem foi que os transformou em estatua! Vovó precisa saber disso! - falei
         Helio, o fantasma que ajudava vovó com as punições com alunos indesejáveis, estava passando. Pedimos para ele chama-la. No mesmo minuto ele foi.
         Vovó chegou e viu os dois parados. Ela olhou para nós três e sorriu:
         - Finalmente achamos os preconceituosos! - falou ela- Separnas! - ela fez o contra feitiço e os dois voltaram ao normal- Detenção para os dois! Quero os pais de vocês aqui amanhã mesmo! Helio, envie um pombo correio convocando os pais desses insolentes! Acompanhem-me! - falou ela para os dois alunos
         Miguel, Rafael e eu fomos caminhando para o refeitório que estava cheio de gente fazendo colas. Depois de fazer o meu desjejum, fomos para a prova de sociedade alternativa. Foi uma das provas mais difíceis que foi feita, a professora Rosa Maria descobriu um monte de cola e tirou ponto de Marcos e mais outros quatro alunos.
         Depois de mais três dias de provas, estavam todos apreensivos para os resultados finais.  Após o fim de semana veio os resultados. Quase todo o colégio passou de ano, um ou outro, infelizmente reprovou.
         Eu estava pronta para as ferias de verão e depois, para voltar as aulas do segundo ano.
         A única coisa que nos prendiam no castelo de Magiscovs era o baile que seria no dia seguinte.
        
         Era cinco da tarde do dia seguinte. A escola toda estava se arrumando para um dos dias mais esperados do ano, o baile:
         - Como estou? - perguntou Alana com um vestido azul celeste e uma tiara
         - Está linda! - falou Leticia pegando a maquiagem que fez o maior sucesso na festa da Tia Julia.
         Eu escolhi um vestido verde- esmeralda, para combinar com os olhos de Romero, Leticia me maquiou e após terminarmos de nos arrumar, rumamos ao salão triunfal. Quando estava descendo as escadas, ouvi a voz de Romero me chamar, o esperei e fomos juntos ao salão.
         As portas do enorme salão abriu-se e o vimos tão lindo, tão decorado. Os professores e minha avó estavam nos esperando:
         - Bem vindos, meus queridos, ao primeiro baile de fim de ano! - falou minha avó com os braços abertos.
         A musica do baile estava tocando, fazendo um convite para que os pares começassem a dançar. Como foi dito, primeiro foi os professores e depois, fomos nós. Romero parecia ter treinado bastante, pois dançava mil vezes melhor que da ultima vez que ensaiamos:
         - O que houve, Romero? - perguntei baixinho em seu ouvido- Treinou antes?
         - Não! Meu pai me enviou sapatos dançarinos! - ele olhou para os sapatos e deu um leve sorriso
         - Esperto! - falei
         Dançamos mais duas músicas após a primeira, depois fomos comer alguns aperitivos que tinha.
         Algo em uma das enormes janelas do salão me chamou atenção. Olhei e vi Hades me olhando. Assim que ele percebeu que eu tinha visto, fez sinal para que fosse até ele.
         Sai pelas enormes portas do salão e fui até o jardim do castelo, Hades estava lá, parado perto da estatua de Dumber. Estava com a sua roupa vermelha e preta, seus olhos negros encontraram com os meus:
         - Hades! - falei, assim que cheguei perto- Por que não entrou?
         - A republica da magia não me aceitou como um alternativo e me expulsou, sua avó interferiu, mas nada que ela fizesse mudaria os governantes de ideia. - ele olhava no fundo dos meus olhos, parecia que estava vendo minha alma- Eles queriam a minha condenação, dona Sonia que interviu e eles aceitaram que eu voltasse para o lado esquerdo da floresta negra!
         - Então... - eu não tinha nem palavras para dizer
         - Então voltarei para o castelo de meu pai e enfrentar a realidade, não sei se ficarei vivo, mas espero que me aceitem! - ele falava, percebia que hora ou outra a sua voz embargava, mas ele segurava suas lagrimas firme e forte.
         - Hades! - eu estava disposta a tudo por ele- Eu quero ir com você!
         - Não, Lucia! Aqui você está segura da verdadeira ameaça! - ele respirou fundo- O seu pai!
         - Mas e você? - eu estava segurando o choro
         - Eu, me viro! Eu sou um vampiro, conheço todas as artes das trevas, sou filho de Lucifer, sei me virar!
         Eu o abracei, ele recolheu-me em sua capa como se fosse me proteger de todo mal. Olhamos um para o outro e nos beijamos. Aquele beijo foi quente, minha boca quase pegou fogo, o corpo dele era gelado, mas seu beijo parecia pimenta. Aquela sensação era a melhor que eu já havia sentido. Não queria nunca mais parar de sentir.
         Instantes depois, que parecia uma eternidade, o beijo foi sessado pela voz de Amanda me chamando. Ele parou de me beijar e disse-me:
         - Até um dia, quem sabe...
         - Hades! Não vai! - apelei para o choro
         - Preciso! - ele se enrolou na capa, virou um morcego e voou pela floresta afora.
         Meu olhar se perdeu na imensidão escura do céu. Logo Amanda apareceu e disse:
         - O que está fazendo aqui fora? O Romero está te procurando!
         - O Hades veio aqui! - falei sem nem pensar
         - E como foi? - perguntou ela muito interessada
         - A Republica da Magia o expulsou, disse que ele não era um alternativo! - expliquei tudo a ela.
         - O destino muitas vezes é tão cruel! Mas não fique assim, minha amiga, eu sei que é difícil, mas essa história ainda não ficará assim, tenho certeza! O destino prega peças, mas no fim Dumber toma o controle da situação e nos dá a verdadeira alegria! Sei que ele será reconhecido por tudo que fez! - ela passou o braço no meu ombro e fomos andando para dentro do castelo.
         - Você tem razão, minha amiga! - falei ainda cabisbaixa...


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