O Baile
Após quase duas horas de ensaio, fomos
dispensados para que fossemos para o refeitório, jantar, e depois irmos para os
nossos dormitórios. Agora era mais difícil ver vovó pelos corredores, ela
ficava mais na sala que era do mestre cuidando dos afazeres que um diretor
possuía.
O refeitório se encheu de alunos
famintos que passaram mais duas horas dançando e pisando no pé alheio. Na
verdade o ensaio tinha sido um pequeno caos.
- Você e Pedro foram os melhores! -
falou Amanda invejada para Leticia
- Pedro é muito bom dançando! - falou
ela com suspiros- Pena que adora pregar peças
- Mas o destaque mesmo será de Miguel e
Rafael! - falou Alana olhando para os dois que estavam a sóis na outra mesa,
conversando e rindo, como dois apaixonados.
- Uma graça! - falei olhando na
direção- Já o meu, o Romero, ele é lindo, porém, desastrado!
- Tinha que ter algo de errado! - falou
Amanda- O Juan graças a Dumber dança bem!
Iria começar a semana de provas no dia
seguinte e Amanda não largava seus livros didáticos. O refeitório infestou de
alunos que faziam colas em locais quase impossíveis para poder passar. Aquela
era as provas finais. Tinha cola até na unha de aluno.
- Esse povo, de vez estudar, ficam
colando! - Amanda falou aborrecida- Se de vez usarem o cérebro para acharem
lugares extremos para por a cola, estudassem, passariam de ano mole, mole!
- Você diz isso porque sabe tudo! -
falou Marcos enquanto anotava algumas informações em um pequeno papel- Estou
preparando a minha cola!
- Vou contar para o professor! - Amanda
adiantou-se fazendo menção se levantar
- Experimente contar e eu vou até a
biblioteca e digo que você contrabandeou livros nas férias! - neste momento não
aguentamos e caímos na gargalhada, só Amanda que fez uma careta e colocou os
olhos no livro com raiva.
A primeira prova foi de poções com a
professora Maria Batista. Na prova de Amanda estava escrito "menos
dois".
- Professora, por que a senhora colocou menos dois na
minha prova? - a menina estava intrigadíssima
- Andou faltando uma poção da
invisibilidade no me estoque e suponho que a senhorita saiba onde ela foi
parar, digo, o ministério das profecias achou um fio de cabelo seu no corredor
e ele estava com vestígios de poção da invisibilidade! - no final ela piscou
para Amanda
- M-mas... - Amanda não entendia-
P-professora!
- Faça a prova! Tenho certeza que dois
pontos a mais ou a menos não te farão repetir! - a professora sorriu- Só fiz
isso para que não se torne acontecer!
Amanda ficou falando desse "menos
dois" como se tivesse repetido de ano. Ela falou aquilo o dia inteiro,
lamentando-se do ocorrido.
No dia seguinte a escola toda acordou
no mesmo animo do dia anterior, prontos para mais colas no refeitório. Eu
acordei um pouco atrasada e estava correndo para o refeitório quando me deparei
com dois rapazes do grupo fogo, Eduardo e Oliver com a varinha apontada para
Miguel e Rafael, me escondi para saber o que estava acontecendo:
- Então quer dizer que os dois
continuam por ai como se fossem namorados?! - Eduardo ria
- Por que você está nos perseguindo? -
perguntou Miguel
- Vamos fazer o que não conseguimos
terminar! - falou Oliver com a varinha apontada- Vocês são uma aberração!
Merecem a morte! - ele ria
- Maxmai! - gritei na direção dos dois
insolentes. Eles ficaram parados, não conseguiam se mexer. Miguel e Rafael saiu
de onde estavam e foram até mim
- Obrigado, Lucia! –Rafael deu um beijo
em minha mão- Eles iriam nos matar!
- Pois não vão mais! Agora já sabemos
quem foi que os transformou em estatua! Vovó precisa saber disso! - falei
Helio, o fantasma que ajudava vovó com
as punições com alunos indesejáveis, estava passando. Pedimos para ele
chama-la. No mesmo minuto ele foi.
Vovó chegou e viu os dois parados. Ela
olhou para nós três e sorriu:
- Finalmente achamos os
preconceituosos! - falou ela- Separnas! - ela fez o contra feitiço e os dois
voltaram ao normal- Detenção para os dois! Quero os pais de vocês aqui amanhã
mesmo! Helio, envie um pombo correio convocando os pais desses insolentes! Acompanhem-me!
- falou ela para os dois alunos
Miguel, Rafael e eu fomos caminhando
para o refeitório que estava cheio de gente fazendo colas. Depois de fazer o
meu desjejum, fomos para a prova de sociedade alternativa. Foi uma das provas
mais difíceis que foi feita, a professora Rosa Maria descobriu um monte de cola
e tirou ponto de Marcos e mais outros quatro alunos.
Depois de mais três dias de provas,
estavam todos apreensivos para os resultados finais. Após o fim de semana veio os resultados.
Quase todo o colégio passou de ano, um ou outro, infelizmente reprovou.
Eu estava pronta para as ferias de
verão e depois, para voltar as aulas do segundo ano.
A única coisa que nos prendiam no
castelo de Magiscovs era o baile que seria no dia seguinte.
Era cinco da tarde do dia seguinte. A
escola toda estava se arrumando para um dos dias mais esperados do ano, o
baile:
- Como estou? - perguntou Alana com um
vestido azul celeste e uma tiara
- Está linda! - falou Leticia pegando a
maquiagem que fez o maior sucesso na festa da Tia Julia.
Eu escolhi um vestido verde- esmeralda,
para combinar com os olhos de Romero, Leticia me maquiou e após terminarmos de
nos arrumar, rumamos ao salão triunfal. Quando estava descendo as escadas, ouvi
a voz de Romero me chamar, o esperei e fomos juntos ao salão.
As portas do enorme salão abriu-se e o
vimos tão lindo, tão decorado. Os professores e minha avó estavam nos
esperando:
- Bem vindos, meus queridos, ao
primeiro baile de fim de ano! - falou minha avó com os braços abertos.
A musica do baile estava tocando,
fazendo um convite para que os pares começassem a dançar. Como foi dito,
primeiro foi os professores e depois, fomos nós. Romero parecia ter treinado
bastante, pois dançava mil vezes melhor que da ultima vez que ensaiamos:
- O que houve, Romero? - perguntei
baixinho em seu ouvido- Treinou antes?
- Não! Meu pai me enviou sapatos
dançarinos! - ele olhou para os sapatos e deu um leve sorriso
- Esperto! - falei
Dançamos mais duas músicas após a
primeira, depois fomos comer alguns aperitivos que tinha.
Algo em uma das enormes janelas do
salão me chamou atenção. Olhei e vi Hades me olhando. Assim que ele percebeu
que eu tinha visto, fez sinal para que fosse até ele.
Sai pelas enormes portas do salão e fui
até o jardim do castelo, Hades estava lá, parado perto da estatua de Dumber.
Estava com a sua roupa vermelha e preta, seus olhos negros encontraram com os
meus:
- Hades! - falei, assim que cheguei
perto- Por que não entrou?
- A republica da magia não me aceitou como
um alternativo e me expulsou, sua avó interferiu, mas nada que ela fizesse
mudaria os governantes de ideia. - ele olhava no fundo dos meus olhos, parecia
que estava vendo minha alma- Eles queriam a minha condenação, dona Sonia que
interviu e eles aceitaram que eu voltasse para o lado esquerdo da floresta
negra!
- Então... - eu não tinha nem palavras
para dizer
- Então voltarei para o castelo de meu
pai e enfrentar a realidade, não sei se ficarei vivo, mas espero que me
aceitem! - ele falava, percebia que hora ou outra a sua voz embargava, mas ele
segurava suas lagrimas firme e forte.
- Hades! - eu estava disposta a tudo
por ele- Eu quero ir com você!
- Não, Lucia! Aqui você está segura da
verdadeira ameaça! - ele respirou fundo- O seu pai!
- Mas e você? - eu estava segurando o
choro
- Eu, me viro! Eu sou um vampiro,
conheço todas as artes das trevas, sou filho de Lucifer, sei me virar!
Eu o abracei, ele recolheu-me em sua
capa como se fosse me proteger de todo mal. Olhamos um para o outro e nos
beijamos. Aquele beijo foi quente, minha boca quase pegou fogo, o corpo dele
era gelado, mas seu beijo parecia pimenta. Aquela sensação era a melhor que eu
já havia sentido. Não queria nunca mais parar de sentir.
Instantes depois, que parecia uma
eternidade, o beijo foi sessado pela voz de Amanda me chamando. Ele parou de me
beijar e disse-me:
- Até um dia, quem sabe...
- Hades! Não vai! - apelei para o choro
- Preciso! - ele se enrolou na capa,
virou um morcego e voou pela floresta afora.
Meu olhar se perdeu na imensidão escura
do céu. Logo Amanda apareceu e disse:
- O que está fazendo aqui fora? O
Romero está te procurando!
- O Hades veio aqui! - falei sem nem
pensar
- E como foi? - perguntou ela muito
interessada
- A Republica da Magia o expulsou,
disse que ele não era um alternativo! - expliquei tudo a ela.
- O destino muitas vezes é tão cruel!
Mas não fique assim, minha amiga, eu sei que é difícil, mas essa história ainda
não ficará assim, tenho certeza! O destino prega peças, mas no fim Dumber toma
o controle da situação e nos dá a verdadeira alegria! Sei que ele será
reconhecido por tudo que fez! - ela passou o braço no meu ombro e fomos andando
para dentro do castelo.
- Você tem razão, minha amiga! - falei
ainda cabisbaixa...
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