Episódio 05
“POR UM TRIZ”
CENA 01.
RUA. DIA.
Continuação
imediata da cena anterior.
Gabriel caído no chão, consciente. Melissa desacordada no meio
da rua.
Gabriel - Melissa! Fala comigo, Melissa!
Pessoas formam um circulo em meio a Gabriel e Melissa.
Homem 1 - É melhor você se afastar. Pode
comprometer a saúde dela!
Ouve-se o som da sirene da ambulância.
Homem 2 - A ambulância já está vindo. Fique
calmo e confie em Deus!
Gabriel - Calem a boca! Se ela morrer não
serão vocês que irão sofrer!
A ambulância chega ao local do acidente. Melissa é colocada na
maca e Gabriel sobe no veículo.
CORTA PARA/
CENA 02.
APARTAMENTO DE INÊS. DIA. INT. SALA DE JANTAR.
Glauce e Inês almoçam. Glauce remexe a comida no prato triste.
Inês percebe.
Inês - O que foi agora? Não gostou da
comida?
Glauce - Não é isso. To um pouco enjoada,
sem fome. Deve ser por causa do mal-estar.
Inês - E o mal estar vem da onde...
Glauce - Já falei que estou doente! Tenho
uma maldita de uma doença destruindo o meu organismo! Você queria o que? Que eu
morresse sem sofrer? A vida é assim. A gente faz tudo certo e no fim/
Inês - (CORTA) Para de
encontrar alternativas para tudo! Você é jovem! Tem uma vida pela frente. Você
nem sequer refez os exames. Você sabe muito bem que em casos assim sempre é bom
ter uma segunda opinião! E se você não estiver com câncer? Vai se remoer aí por
algo inexistente?
Glauce - E por que o médico ia forjar um
exame médico?
Inês - Erros médicos, Glauce. Você
devia parar de se martirizar e procurar saber se você realmente está doente.
Inês sai.
Glauce - Será?
FOCA no rosto de Glauce preocupada.
CORTA PARA/
CENA 03.
MANSÃO DOS CASTELAMARY. DIA. INT. SALA DE ESTAR.
Alba entrando na mansão irritada.
Alba - Droga! A Melissa se atirou
no meio do carro! Eu não posso deixar que aqueles dois me denunciem. Seria uma
catástrofe. DROGA!
Alba atira uma taça de vidro contra uma parede.
CORTA PARA/
CENA 04.
HOSPITAL. DIA. INT. RECEPÇÃO.
Melissa desacordada na maca. Enfermeiros a levam para outra
sala. Gabriel tenta entrar.
Enfermeira - Perdão, mas você precisa esperar
aqui fora.
Gabriel - Eu preciso entrar! Eu preciso saber
como ela está!
Enfermeira - Em breve algum médico lhe dará uma
resposta. Agora por favor, espere na recepção.
Gabriel - Por favor, eu te peço! Me deixa entrar!
Enfermeira - (IRRITADA) Escuta aqui
garoto. Isso é um hospital público. Se eu deixar você entrar, meio mundo vai
querer também. A sua amiga, namorada, noiva, seja lá o que for está recebendo
atendimento. Se o caso dela for grave, você será avisado. Agora vá para a
recepção antes que eu chame a segurança! Vai!
A enfermeira fecha a porta.
CORTA PARA/
CENA 05. HOSPITAL.
DIA. INT. LANCHONETE.
Gabriel compra uma água. FLASHS da noite com Melissa. FLASHS dos
momentos com Melissa. FLASHS do beijo com Melissa.
Gabriel - (CHORANDO) Eu não
posso te perder. Você não pode me deixar...
CORTA PARA/
CENA 06. APARTAMENTO
DE INÊS. DIA. INT. SALA DE ESTAR.
Glauce sentada no sofá, lendo um livro. Ela levanta.
Glauce - Nossa... Fiquei tonta de repente.
(RESPIRA) Deve ser/
Glauce cai no chão desmaiada.
CORTA PARA/
CENA 07.
APARTAMENTO DE INÊS. DIA. INT. LAVANDERIA.
Inês colocando roupas na máquina. Escuta um barulho estranho.
Inês - (GRITANDO) Glauce?!
Você está bem?
Ela põe amaciante nas roupas.
Inês - Glauce?!
Inês sai da lavanderia.
CORTA PARA/
CENA 08.
APARTAMENTO DE INÊS. DIA. INT. SALA DE ESTAR.
Glauce desmaiada. Inês assustada.
Inês - (PREOCUPADA) Glauce?
FOCA no rosto assustado de Inês.
CORTA PARA/
CENA 09.
HOSPITAL. DIA. INT. SALA DE ESPERA.
Gabriel sentado em uma poltrona. O médico chega com uma
prancheta.
Médico - Gabriel?
Gabriel - Oi. Como a Melissa está?
Médico - Foi apenas um susto! Ralou parte do
braço e está com um ferimento pequeno na testa. Mas ela está bem.
Gabriel - (ALIVIADO) Que ótimo!
O senhor não sabe como fico feliz com essa notícia! Então quer dizer que ela já
pode ir pra casa?
Médico - Ela ainda está sob efeitos de
remédios. Melhor passar a noite aqui e amanhã de manhã já pode ir pra casa. E
evitar fazer esforço físico pelos próximos dias.
Gabriel - Claro! (PAUSA) Eu posso vê-la?
Médico - Sim, mas tente não acordá-la. Com licença.
CORTA PARA/
CENA 10.
APARTAMENTO DE INÊS. DIA. INT. SALA DE ESTAR.
Inês dando leves tapas no rosto de Glauce. Ela acorda.
Glauce - O que aconteceu?
Inês - Você desmaiou! Vem. Nós vamos para
o posto agora mesmo!
Glauce - Posto? Você
está exagerando! É só um mal-estar!
Inês - Sim. Vai ser um mal-estar até quando?
E se amanhã eu te encontrar morta? Eu preciso saber o que você tem! E se não
vai por boa vontade, vai contra mesmo.
Inês puxa Glauce e as duas saem do apartamento.
CORTA PARA/
CENA 11.
POSTO DE SAÚDE. DIA. INT. RECEPÇÃO.
Pessoas sendo atendidas no chão. Caos. Inês e Glauce entram no
local.
Inês - Boa tarde... Eu preciso de uma
ficha.
Recepcionista – Não
temos como atender mais ninguém! Vocês vão precisar ir para o hospital da
cidade.
Inês - Mas vocês não podem negar
atendimento! Eu exijo que a minha amiga seja atendida!
Recepcionista - Você olhou o tanto de gente que
está aqui? E pelo que eu vejo, não é nenhum sintoma de risco! Façam o favor de
se retirar/
Inês - (CORTA/NERVOSA) Eu não saio
daqui antes de uma boa explicação! Como vocês deixam chegar a esse ponto?
Depois ainda reclamam da lotação e expulsam as pessoas que precisam de
atendimento!
As pessoas observam Inês.
Glauce - Vamos para a cidade, Inês.
Todos estão olhando!
Recepcionista
– Não
estou negando atendimento, senhora. Isso aqui está um caos há mais de uma
semana. Se você preza tanto pela saúde da sua amiga, devia ir para um hospital
da cidade, seja lá qual for o sintoma dela.
Inês observa o local.
Inês - Com licença.
Inês e Glauce saem.
CORTA PARA/
CENA 12.
HOSPITAL. DIA. INT. QUARTO.
Gabriel velando o sono de Melissa. Acariciando seu cabelo.
Gabriel - Quem teria coragem de fazer isso
com você? Qual motivo? Se bem que... Podia ser pra mim! Mas quem?!
FLASHBACK
Cena 04,
episódio 03.
Alba - (T) A menina foi estuprada, e por você,
seu nojento. O combinado era você vender a garota, e não resolver ter uma
noitizinha de amor com a piranhazinha. Mais uma vez eu vou ter que dar um jeito
de fazer ela ficar, mas já te garanto. Isso vai lhe custar muito caro!
FIM DO
FLASHBACK.
Gabriel - Mas é claro! Como não pensei nisso
antes?! Só pode ter sido a minha mãe! (PAUSA/OLHANDO PRA MELISSA) Mas ela vai
se arrepender!
Gabriel se retira do quarto.
CORTA PARA/
CENA 13.
STOCK-SHOTS. DIA/NOITE.
O anoitecer no Rio de Janeiro. Pessoas fecham comércios,
crianças retornam para suas casas, outros comércios abrem.
CORTA PARA/
CENA 14.
MANSÃO DOS CASTELLAMARY. NOITE. INT. SALA DE ESTAR.
Alba desce as escadas trajando uma camisola. A campainha toca
repetidamente.
Alba - Cadê os empregados?
Alba abre a porta. Ela leva um tapa na cara. FOCA no rosto
enfurecido de Gabriel.
CORTA PARA/
CENA 15.
HOSPITAL. NOITE. INT. RECEPÇÃO.
Glauce e Inês chegam ao hospital (o mesmo da cena 04, episódio
5). Inês conversa com uma das recepcionistas.
Glauce - Inês, eu preciso ir no banheiro. Já
volto.
Glauce passa pelos corredores e observa os pacientes nos
quartos. Ela vê Melissa em um dos quartos e se aproxima da janela.
Glauce - Melissa?!
Um médico passa por Glauce.
Glauce - Oi, com licença. O que aconteceu
com a menina? Ela está bem?
Médico - Quem é você?
Glauce - Tia da menina.
Médico - Ah sim. Foi um atropelamento. Mas
ela já está bem. Amanhã ganha alta. Se quiser, pode entrar.
O médico se retira. Glauce entra no quarto.
Glauce - Melissa, meu amor... Estou sentindo
falta de você. Mas eu não quero que você sofra com mais uma perda. Eu te amo!
Glauce ouve a porta ser fechada. Ela beija a mão de Melissa e
deixa lágrimas caírem sobre ela.
Inês - Glauce? O que você está fazendo
aqui? Daqui a pouco vão te chamar!
Glauce - Eu sei. Mas eu passei, vi a M elissa e não aguentei!
Inês - Tudo bem. Mas como ela foi parar
aqui? É muita coincidência!
Glauce - O médico disse que ela foi
atropelada, mas que está tudo bem.
Glauce observa Melissa.
Inês - Vamos Glauce. Antes que a Melissa
acorde ou alguém venha visitá-la! Vamos!
As duas se retiram do quarto.
CENA 16.
MANSÃO DOS CASTELLAMARY. NOITE. INT. SALA DE ESTAR.
Gabriel enfurecido. Alba sem entender.
Alba - Mas o que é isso? Você sai de casa
e depois volta e ainda por cima me bate? Você é um/
Gabriel –
(GRITANDO) Cala a boca! Só eu vou falar senão meto a mão na sua
cara mais uma vez, velha nojenta!
Alba se assusta.
Gabriel - Você usou a Melissa! Abusou dela!
Que tipo de mulher é você? Ah já sei! Uma ordinária, cachorra, filha da/
Alba dá um tapa em Gabriel.
Alba - Você me respeita! Eu sou sua mãe!
Gabriel - Ah... Agora você é minha mãe? Esses
anos todos a senhora me tratou feito lixo. Colocou a culpa da morte do meu
irmão nas minhas costas! Você não me chama de filho! Porque mãe...
Alba o encara.
Gabriel - Mãe compreende. Mãe ama. Mãe,
apesar de tudo, apoia o filho! E você? Não me entende. Só me odeia e me
critica!
Alba - Não se faça de coitado. Você
tem culpa. Mas se a conversa for pra esse lado é melhor você ir embora.
Gabriel - Eu já estava indo mesmo. Mas vou
te dar um aviso. A próxima vez que ousar mexer com a Melissa você vai se
arrepender de ter nascido. Me ouviu?
Alba - (RINDO) Eu faço o
que bem entender! A sua namoradinha, se é que posso chamá-la assim, aceitou fazer
qualquer trabalho. Que culpa tenho se ela escolheu a prostituição? A putinha
não tá preparada pra vida. Não aguentou um abuso, o que dirá/
Gabriel - (CORTA) Abuso esse
que certamente foi planejado por você. Eu não sou burro, Alba. E se depender de
mim você vai ficar o resto da sua vida mofando em uma cela imunda! Não duvide
da minha capacidade. Tá avisada.
Alba - Eu não tenho medo de você.
Tenho inúmeros contatos. Se bobear, amanhã a putinha vai te ver morto.
Gabriel - (SEGURANDO O BRAÇO DE ALBA) Não quero
que seus capangas façam isso. Se quiser me matar, que seja por suas mãos! Você
me deu luz sozinha, não foi? Nem conseguiu chegar a um hospital. Por que a
minha morte precisa ser planejada por você e executada por terceiros? Quero ver
se tem coragem. Matar o seu filho, como já fez outra vez. Só que você vai ficar
sozinha. Por mais que eu te odeie, te deseje todo o mal e que você apodreça na
cadeia jamais desejaria a sua morte.
Gabriel solta o braço de Alba, que derrama lágrimas.
Gabriel - Já deu a minha hora. Boa noite.
Gabriel sai da mansão. FOCA em Alba chorando. Ela pega um
retrato de duas crianças pequenas. FOCO nas mãos de Alba passando a mão no
retrato.
Alba - (CHORANDO/SOLUÇANDO) Talvez o
Gabriel esteja certo. Como você faz falta meu filho... Se eu pudesse voltar no
tempo. Tudo seria diferente. TUDO.
CORTA PARA/
CENA 17.
HOSPITAL. NOITE. INT.SALA DE EXAMES.
Glauce faz alguns exames. Na feição preocupada de Glauce.
CORTA PARA/
CENA 18.
HOSPITAL. NOITE. INT. CONSULTÓRIO MÉDICO.
Inês e Glauce sentadas em frente ao médico, que analisa os
exames. Inês e Glauce cochicham. O médico analisa outro exame de Glauce.
Médico - Bom dona Glauce. Já tenho o
resultado dos exames e uma ótima notícia.
Glauce - (SURPRESA) Boa
notícia? Você vai me desculpar, mas eu sou paciente terminal. O outro médico
inclusive me disse que não tenho um mês de vida! Não tem como ter boa notícia
com esses exames.
Médico - (ENTREGANDO UM EXAME) Você já deu
uma olhada nesse exame? É um ultrassom de cerca de vinte semanas.
Glauce se emociona.
MÉDICO - Provavelmente os exames
foram trocados. Não tem nenhum
câncer destruindo seu organismo. Você está grávida!
FOCA na feição emocionada de Glauce.
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