segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Capítulo 13: Magia Sensata

Após obrigar a filha a entrar no carro, Jorge amarra os braços e coloca uma fita na boca dela. O ex-marido de Regina dirige em direção à vinícola Albuquerque, pois lembra que Regina costuma dispensar os funcionários nessa data do ano. Logo que chegam lá, Ângela é retirada à força do carro e Jorge a amarra numa árvore. Para não ser flagrado pelo sistema de segurança, Jorge atira em todas as câmeras que encontra pelo caminho.

***
Na praça do chafariz em Pitenópolis, vários homens montam a estrutura de um palco para o show de Réveillon de Pitenópolis. As pessoas que passam tentam adivinhar quem fará o show na pequena cidade, porém logo a curiosidade é morta com um cartaz que é fixado anunciando a apresentação da cantora e atriz Kika Postrad.

***
E na pensão de Hanna Curie, Marcos continua preocupado com o irmão Fabrício. Com o dia de folga dado por Rumina e Eufrásio, Marcos aproveita para ligar para vários advogados atrás de alguém que possa ajudá-lo a tirar Fabrício da cadeia, porém todos eles se dizem indisponíveis nesse período do ano, já que estão de férias. Cansado de tantas ligações, Marcos então resolve esperar a decisão judicial. Chegando após sua caminhada matinal junto com Tito, Josefina entra na cozinha da pensão e conta para Hanna e Cléo sobre o show de Kika Postrad.
Vocês já sabem de quem vai ser o show hoje de noite lá na praça? – indaga Josefina.
Não. É de quem? – pergunta Hanna, curiosa.
 Da Kika Postrad.
Ah, que maravilha. Adoro as músicas dela, porque são bem diferentes, aí agrada diferentes faixas, né? – comenta Cléo.
É mesmo. Eu adoro aquele funk ‘‘e ela quica, quica, quica. Quica, quica, quica, vai’’. – fala Hanna, cantando um pedaço da música, fazendo Cléo rir.
Não sabia que você curtia tanto funk, hein, Hanna. – brinca Cléo.
Já dancei tanto funk na minha vida.
Imagino. – responde Cléo, ainda rindo.
Agora, mudando de assunto absolutamente, vocês acham que o Augusto tem alguma chance com a Ângela? – pergunta Josefina.
Por que está perguntando isso, Jose? – questiona Cléo.
Sei lá. Eu acho que eles são tão lindinhos juntos.
Mas eles estão juntos? – pergunta Hanna.
Acho que não. Esses jovens atualmente... – responde Josefina.
Olha, Jose, eu acho que eles ficam muito bonitos mesmo. A Ângela é uma fofa, mas aquele pai problemático dela... – opina Cléo.
Verdade, Cléo. – concorda Hanna.
Hanna, Cléo e Josefina continuam conversando na pensão.

***
Na casa de Olga e Pietro, Regina procura, no quarto que divide com a filha, um vestido azul para poder usar, mas não o encontra. Estranhando o sumiço do vestido, Regina chama Olga, que está na sala. Ao chegar ao quarto, Olga é perguntada por Regina:
Olga, você viu um vestido azul meu?
Não vi não, Regina.
Poxa. Eu jurava que ele estava aqui.
Não ficou lá na mansão não?!
Acho difícil porque a Ângela me disse que não tinha deixado nada lá.
Quando ela voltar, a gente vê com ela.
É mesmo, melhor. – responde Regina – Olga, depois eu queria que você me ajudasse a escolher o apartamento que eu vou comprar para morar com a Ângela.
Ajudo sim, querida.
Olga sai do quarto e Regina continua lá, procurando o vestido.

***
Andando pelas ruas de Pitenópolis, Augusto vai à loja da Vinhos Albuquerque para comprar um vinho para o Réveillon. Chegando lá, Leia o recebe:
Bom dia, Augusto.
Oi Leia. Tudo bem?
Mais ou menos.
Por quê?
Você anda tão afastado de mim.
Verdade. Não nos falamos desde o almoço do dia 25.
É, infelizmente. Eu não quero que a nossa amizade acabe, Augusto.
Nem eu, Leia. Nós nos conhecemos há tanto tempo.
Verdade. Mas você veio comprar algo de especial aqui?
Um vinho para a noite de hoje.
Algum em especial?
Tem alguma coisa nova aqui?
Nem tanto.
Eu vou querer um suave.
Que tal esse? – sugere Leia, com uma garrafa de vinho na mão.
Ótimo. Vou levar esse.
Augusto paga pelo vinho, dá um abraço em Leia e sai da loja.

***
Na fazenda Leite de Porca, Rumina pensa em Marcos e em como pegar de volta o dinheiro correspondente aos animais roubados por Mary e Jenny, que causaram um prejuízo à fazenda. Rumina comenta suas ideias com Eufrásio.
Eufrásio, temos que recuperar o dinheiro que perdemos com aquelas duas irmãs metidas a espertinhas.
Verdade, muié. Mas como vamos fazer para conseguir nosso dinheiro de vorta?
Sei lá. Aquelas duas já enfeitiçaram o Marcos.
Temos que pegar elas de surpresa.
Já sei!
Como, Rumina? – pergunta Eufrásio.
Hoje vai ter o show lá na praça e as duas devem estar por lá, então aparecemos e pegamos essas pestinhas de surpresa.
Ótima ideia.
Eu sei, Eufrásio. – responde Rumina rindo.

***
Em casa, Mary e Jenny conversam sobre o passado de Hanna:
Jenny, o que mais você conseguiu nessa última visita a Ravione?
Nada demais, porém estou com mais certeza que Gustavo pode ser filho de Hanna.
Você insiste mesmo com isso né?
Claro, Mary. Só não sei qual será a reação do Gustavo ao saber disso.
Ele pode ficar feliz ao saber da mãe verdadeira e se livrar daqueles pais interesseiros.
Mas ele também pode ficar revoltado pela mãe ter vendido ele.
Verdade. Preciso conviver um pouco mais com ele para saber isso.
Então não vamos jogar a verdade no ventilador agora?
Claro que não. Temos que esperar mais um pouco.
Tudo bem. Eu consegui o telefone de um bordel que, pelo que fiquei sabendo, Hanna já trabalhou.
Ótimo. Você vai lá?
Agora não. Primeiro vou ligar.
Jenny pega seu celular e liga para o número que está escrito numa folhinha que ela segura.
Gaiola das Panteras. Bom dia. – fala a recepcionista.
Oi. Eu gostaria de uma informação.
Qual? Quer saber o preço da noite?
Não, não. Eu queria saber sobre uma antiga garota que trabalhou aí.
Quem?
Aninha do Bordel.
Caramba, menina. Essa é das antigas. Aninha trabalhou aqui quando o nosso nome era Bordel Conga.
Ela trabalhou aí por quanto tempo?
Alguns anos, os melhores anos da nossa casa. Lucrávamos muito com ela.
Mas por que ela saiu?
Fiquei sabendo que ela engravidou de um cliente.
De um cliente?
Por que você quer saber tudo isso? – pergunta a mulher, desconfiada.
Nada demais. Curiosidade.
Olha, se quiser saber mais, aparece aqui que podemos negociar. – diz a recepcionista, desligando o telefone.
Ao desligar o telefone, Jenny logo comenta com Mary:
Mary, essa Hanna esconde mais segredos do que a gente imaginava.
Como assim?
O filho dela foi um cliente. Pode ter sido o Pietro.
Mas por que ela venderia o filho para o pai da criança?
Sei lá. Para ela não poder mais vê-lo. Essas prostitutas fazem tanta coisa por dinheiro, Mary.
O que você vai fazer?
Essa semana eu vou nesse antigo Bordel Conga, a atual Gaiola das Panteras.
Tenta arrancar o máximo de informação.
Claro. A Hanna foi fazer essa palhaçada de previsão, que por sinal é mais falsa que nota de três reais, roubando nossos clientes, agora vai ter que aguentar.
Verdade, irmã. Mas tadinho do Gustavo né?
Pois é. Sem querer ele acabou metido nessa história, por ser filho dessa infeliz.
Exatamente, mas temos que provar se ele é filho dela ou não.
Mas como? – pergunta Jenny.
Podemos recolher fios de cabelo do Gustavo, dos pais interesseiros dele e da falsiane da Hanna.
Maravilha, Mary. – aprova Jenny Franc.

***
Presa na vinícola, Ângela continua sendo ameaçada por Jorge.
Olha bem, garota, eu só te prendi aqui porque, por sorte minha, você tava na rua aquela hora. Meu alvo é e sempre será a sua mãe, aquela vaca velha, porque ela que tem uma boa parte da Vinhos Albuquerque. – ameaça Jorge, retirando a fita da boca de Ângela.
Me tira daqui, seu verme.
Não! Eu quero antes a parte da sua mãe da Vinhos Albuquerque, só isso.
Só? A parte dela não é pequena.
Não estou nem aí.
Ela nunca vai desistir da empresa.
Isso também não me interessa. Eu quero a empresa só pra mim.
E se a minha mãe não quiser te dar?
Aí terei que jogar mais sujo. Algumas cabeças vão rolar. Que tal começarmos pelo Augusto? Ou pelo Gustavo?
Não encosta em ninguém próximo de mim!
Encosto sim e faço até pior. Aquela namorada do advogado, acho que Sofia, é uma gatinha.
Você é mesmo um nojento.
Fica quieta! – grita Jorge.
O seu comparsa, Fabrício, já foi preso, daqui a pouco é a sua vez. Quem ri por último, ri melhor.
Já mandei calar a boca. – grita novamente Jorge, dando um tapa no rosto da filha.
Seu covarde!
Já disse que não me importo com o que você fala. Se eu quiser, te apago em dois segundos. – ameaça Jorge, apontando a arma para Ângela.
Então me mata se você tem coragem.
Coragem eu tenho, mas agora vamos fazer uma ligação para a mamãe Regina.
Jorge pega seu celular, no bolso, e liga para Regina.
Alô? Quem é? – pergunta Regina, pelo telefone.
Oi, Regininha. – fala Jorge.
Jorge? É você, seu canalha?
Eu mesmo, querida. E nem pense em ligar para aquela delegada.
O que você quer?
Quer ouvir a voz da nossa filhinha? – pergunta Jorge, colocando a ligação em modo viva voz.
Mãe, me ajuda! – implora Ângela.
Ângela, minha filha, fica calma. Eu vou te tirar daí. – fala Regina, chorando.
Então você vai pagar o que eu quero, né, Regina? – pergunta Jorge.
Quanto você quer? – questiona Regina.
Na verdade não é dinheiro vivo, mas sim a sua parte na empresa. Eu já estou aqui com o contrato, é só você assinar. – explica Jorge, que continua falando com Regina, porém retira a ligação do modo viva voz.
Ângela consegue se desamarrar, e dá um soco no rosto de Jorge, que arremessa o celular longe para Ângela não fazer contato com a mãe. A filha bate muito em seu pai e o amarra na árvore. Pensando que a filha está correndo perigo, Regina vai em direção à vinícola e, no caminho, liga para a delegada Sabrina e pede total silêncio na hora de invadir a vinícola. Desesperada, Ângela foge da vinícola. Em poucos minutos, a equipe da polícia e Regina encontram Ângela correndo pelas ruas.
Filha, o que houve? – pergunta Regina, preocupada, abraçando sua filha.
Entra no carro, Ângela. – ordena a delegada, que tem sua orientação cumprida por Ângela.
No carro da polícia em direção à vinícola, Ângela explica por que estava correndo e fala que amarrou Jorge na árvore. Chegando à vinícola, a delegada Sabrina sai do carro da polícia, algema Jorge, que continua amarrado na árvore e desmaiado, e o coloca no carro. Regina agradece à delegada Sabrina:
Obrigada delegada. Mais uma vez, a senhora nos salvando desse bandido.
Como eu sempre digo, é a minha tarefa, dona Regina. Eu que agradeço a ajuda e coragem de vocês.
Conte sempre conosco. – diz Ângela.
Pode deixar. Agora vão descansar. Um bom ano para todas nós. – deseja a delegada, saindo de carro.

***
O momento mais esperado do dia chega: a noite do show de Kika Postrad. Várias pessoas esperam, na praça de Pitenópolis, Kika entrar no simples palco montado para a atração. Logo que Kika chega ao palco com um vestido longo dourado e com vários diamantes, todos a aplaudem. A cantora interpreta vários sucessos como ‘‘Não quero dinheiro’’, de Tim Maia. Na praça, Augusto, que já está há algum tempo esperando pelos outros, encontra Regina e Ângela, que chegam usando roupas brancas, assim como a maioria do público do show.
Vocês estão muito bonitas. – elogia Augusto.
Você também está muito bem nessa roupa, Augusto. – comenta Ângela.
Eu vou comprar algo para eu beber. – fala Regina, para deixar Ângela e Augusto sozinhos.
Logo depois, Olga e Pietro chegam acompanhados de Gustavo e as irmãs Mary e Jenny, que vestem roupas ousadas e diferentes.
Que roupa é essa, Mary? Ano Novo é branco e você vem de roxo! Cruz credo. – comenta Olga, com desgosto.
No Réveillon, roxo significa que eu quero um ano de inspiração e uma boa autoestima. Acho que você precisava usar uma roupa roxa. – explica e alfineta Mary Leh.
E você, coisinha? Qual o significado dessa roupa verde? – questiona Regina, com olhar de estranheza.
Significa esperança.
Poxa, você precisa mesmo, para arrumar um homem que te aguente. – fala Olga, rindo.
Mãe, menos! – diz Gustavo.
Os moradores da pensão chegam juntos ao show de Réveillon. Álvaro, Sofia, Tito, Josefina, Cléo, Hanna, e, Marcos, mais afastado dos demais, logo chegam e se juntam aos outros presentes. Mary e Jenny passam ao lado de Hanna Curie, que está com uma blusa amarela, e a irmã mais velha, Mary, alfineta a ‘‘rival’’:
Tá precisando de dinheiro, Aninha do Bordel?
Não. Tá precisando de esperança para sair da lama, Jenny? – pergunta Hanna.
Claro que não. – responde Jenny, saindo de perto de Hanna, ao lado da irmã.
Vindo da casa de Aurora, ela, Guilherme, Pedro e Leia chegam à praça. Leia logo vai falar com Augusto, que está sozinho, no momento, mas quando se aproxima dele, Ângela volta, após comprar algo para beber. Desconfortável com a presença de Ângela, Leia dá uma volta e retorna para a companhia de Aurora. O clima na praça é de confraternização e alegria. Após cantar várias músicas, como ‘‘Amores Proibidos’’, de Tânia Mara, que causa emoção em Augusto e Ângela, Kika canta seu maior sucesso, ‘‘Kika quicando’’. Depois de todos dançarem muito com o hit, a cantora é avisada pela sua produção que já está na hora de fazer a contagem regressiva.
Vamos lá, galera! 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1! – conta Kika, pausadamente – Feliz 2016, Pitenópolis!  
Logo que Kika comemora a passagem de ano, vários fogos de artifício são disparados.






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