Após
obrigar a filha a entrar no carro, Jorge amarra os braços e coloca uma fita na
boca dela. O ex-marido de Regina dirige em direção à vinícola Albuquerque, pois
lembra que Regina costuma dispensar os funcionários nessa data do ano. Logo que
chegam lá, Ângela é retirada à força do carro e Jorge a amarra numa árvore.
Para não ser flagrado pelo sistema de segurança, Jorge atira em todas as
câmeras que encontra pelo caminho.
***
Na
praça do chafariz em Pitenópolis, vários homens montam a estrutura de um palco
para o show de Réveillon de Pitenópolis. As pessoas que passam tentam adivinhar
quem fará o show na pequena cidade, porém logo a curiosidade é morta com um
cartaz que é fixado anunciando a apresentação da cantora e atriz Kika Postrad.
***
E
na pensão de Hanna Curie, Marcos continua preocupado com o irmão Fabrício. Com
o dia de folga dado por Rumina e Eufrásio, Marcos aproveita para ligar para
vários advogados atrás de alguém que possa ajudá-lo a tirar Fabrício da cadeia,
porém todos eles se dizem indisponíveis nesse período do ano, já que estão de
férias. Cansado de tantas ligações, Marcos então resolve esperar a decisão
judicial. Chegando após sua caminhada matinal junto com Tito, Josefina entra na
cozinha da pensão e conta para Hanna e Cléo sobre o show de Kika Postrad.
– Vocês
já sabem de quem vai ser o show hoje de noite lá na praça? – indaga Josefina.
– Não.
É de quem? – pergunta Hanna, curiosa.
Da Kika Postrad.
– Ah,
que maravilha. Adoro as músicas dela, porque são bem diferentes, aí agrada diferentes
faixas, né? – comenta Cléo.
– É
mesmo. Eu adoro aquele funk ‘‘e ela quica, quica, quica. Quica, quica, quica,
vai’’. – fala Hanna, cantando um pedaço da música, fazendo Cléo rir.
– Não
sabia que você curtia tanto funk, hein, Hanna. – brinca Cléo.
– Já
dancei tanto funk na minha vida.
– Imagino.
– responde Cléo, ainda rindo.
– Agora,
mudando de assunto absolutamente, vocês acham que o Augusto tem alguma chance
com a Ângela? – pergunta Josefina.
– Por
que está perguntando isso, Jose? – questiona Cléo.
– Sei
lá. Eu acho que eles são tão lindinhos juntos.
– Mas
eles estão juntos? – pergunta Hanna.
– Acho
que não. Esses jovens atualmente... – responde Josefina.
– Olha,
Jose, eu acho que eles ficam muito bonitos mesmo. A Ângela é uma fofa, mas
aquele pai problemático dela... – opina Cléo.
– Verdade,
Cléo. – concorda Hanna.
Hanna,
Cléo e Josefina continuam conversando na pensão.
***
Na
casa de Olga e Pietro, Regina procura, no quarto que divide com a filha, um
vestido azul para poder usar, mas não o encontra. Estranhando o sumiço do
vestido, Regina chama Olga, que está na sala. Ao chegar ao quarto, Olga é
perguntada por Regina:
– Olga,
você viu um vestido azul meu?
– Não
vi não, Regina.
– Poxa.
Eu jurava que ele estava aqui.
– Não
ficou lá na mansão não?!
– Acho
difícil porque a Ângela me disse que não tinha deixado nada lá.
– Quando
ela voltar, a gente vê com ela.
– É
mesmo, melhor. – responde Regina – Olga, depois eu queria que você me ajudasse
a escolher o apartamento que eu vou comprar para morar com a Ângela.
– Ajudo
sim, querida.
Olga
sai do quarto e Regina continua lá, procurando o vestido.
***
Andando
pelas ruas de Pitenópolis, Augusto vai à loja da Vinhos Albuquerque para
comprar um vinho para o Réveillon. Chegando lá, Leia o recebe:
– Bom
dia, Augusto.
– Oi
Leia. Tudo bem?
– Mais
ou menos.
– Por
quê?
– Você
anda tão afastado de mim.
– Verdade.
Não nos falamos desde o almoço do dia 25.
– É,
infelizmente. Eu não quero que a nossa amizade acabe, Augusto.
– Nem
eu, Leia. Nós nos conhecemos há tanto tempo.
– Verdade.
Mas você veio comprar algo de especial aqui?
– Um
vinho para a noite de hoje.
– Algum
em especial?
– Tem
alguma coisa nova aqui?
– Nem
tanto.
– Eu
vou querer um suave.
– Que
tal esse? – sugere Leia, com uma garrafa de vinho na mão.
– Ótimo.
Vou levar esse.
Augusto
paga pelo vinho, dá um abraço em Leia e sai da loja.
***
Na
fazenda Leite de Porca, Rumina pensa em Marcos e em como pegar de volta o
dinheiro correspondente aos animais roubados por Mary e Jenny, que causaram um
prejuízo à fazenda. Rumina comenta suas ideias com Eufrásio.
– Eufrásio,
temos que recuperar o dinheiro que perdemos com aquelas duas irmãs metidas a
espertinhas.
– Verdade,
muié. Mas como vamos fazer para
conseguir nosso dinheiro de vorta?
– Sei
lá. Aquelas duas já enfeitiçaram o Marcos.
– Temos
que pegar elas de surpresa.
– Já
sei!
– Como,
Rumina? – pergunta Eufrásio.
– Hoje
vai ter o show lá na praça e as duas devem estar por lá, então aparecemos e
pegamos essas pestinhas de surpresa.
– Ótima
ideia.
– Eu
sei, Eufrásio. – responde Rumina rindo.
***
Em
casa, Mary e Jenny conversam sobre o passado de Hanna:
– Jenny,
o que mais você conseguiu nessa última visita a Ravione?
– Nada
demais, porém estou com mais certeza que Gustavo pode ser filho de Hanna.
– Você
insiste mesmo com isso né?
– Claro,
Mary. Só não sei qual será a reação do Gustavo ao saber disso.
– Ele
pode ficar feliz ao saber da mãe verdadeira e se livrar daqueles pais
interesseiros.
– Mas
ele também pode ficar revoltado pela mãe ter vendido ele.
– Verdade.
Preciso conviver um pouco mais com ele para saber isso.
– Então
não vamos jogar a verdade no ventilador agora?
– Claro
que não. Temos que esperar mais um pouco.
– Tudo
bem. Eu consegui o telefone de um bordel que, pelo que fiquei sabendo, Hanna já
trabalhou.
– Ótimo.
Você vai lá?
– Agora
não. Primeiro vou ligar.
Jenny
pega seu celular e liga para o número que está escrito numa folhinha que ela
segura.
– Gaiola
das Panteras. Bom dia. – fala a recepcionista.
– Oi.
Eu gostaria de uma informação.
– Qual?
Quer saber o preço da noite?
– Não,
não. Eu queria saber sobre uma antiga garota que trabalhou aí.
– Quem?
– Aninha
do Bordel.
– Caramba,
menina. Essa é das antigas. Aninha trabalhou aqui quando o nosso nome era
Bordel Conga.
– Ela
trabalhou aí por quanto tempo?
– Alguns
anos, os melhores anos da nossa casa. Lucrávamos muito com ela.
– Mas
por que ela saiu?
– Fiquei
sabendo que ela engravidou de um cliente.
– De
um cliente?
– Por
que você quer saber tudo isso? – pergunta a mulher, desconfiada.
– Nada
demais. Curiosidade.
– Olha,
se quiser saber mais, aparece aqui que podemos negociar. – diz a recepcionista,
desligando o telefone.
Ao
desligar o telefone, Jenny logo comenta com Mary:
– Mary,
essa Hanna esconde mais segredos do que a gente imaginava.
– Como
assim?
– O
filho dela foi um cliente. Pode ter sido o Pietro.
– Mas
por que ela venderia o filho para o pai da criança?
– Sei
lá. Para ela não poder mais vê-lo. Essas prostitutas fazem tanta coisa por
dinheiro, Mary.
– O
que você vai fazer?
– Essa
semana eu vou nesse antigo Bordel Conga, a atual Gaiola das Panteras.
– Tenta
arrancar o máximo de informação.
– Claro.
A Hanna foi fazer essa palhaçada de previsão, que por sinal é mais falsa que
nota de três reais, roubando nossos clientes, agora vai ter que aguentar.
– Verdade,
irmã. Mas tadinho do Gustavo né?
– Pois
é. Sem querer ele acabou metido nessa história, por ser filho dessa infeliz.
– Exatamente,
mas temos que provar se ele é filho dela ou não.
– Mas
como? – pergunta Jenny.
– Podemos
recolher fios de cabelo do Gustavo, dos pais interesseiros dele e da falsiane
da Hanna.
– Maravilha,
Mary. – aprova Jenny Franc.
***
Presa
na vinícola, Ângela continua sendo ameaçada por Jorge.
– Olha
bem, garota, eu só te prendi aqui porque, por sorte minha, você tava na rua
aquela hora. Meu alvo é e sempre será a sua mãe, aquela vaca velha, porque ela
que tem uma boa parte da Vinhos Albuquerque. – ameaça Jorge, retirando a fita
da boca de Ângela.
– Me
tira daqui, seu verme.
– Não!
Eu quero antes a parte da sua mãe da Vinhos Albuquerque, só isso.
– Só?
A parte dela não é pequena.
– Não
estou nem aí.
– Ela
nunca vai desistir da empresa.
– Isso
também não me interessa. Eu quero a empresa só pra mim.
– E
se a minha mãe não quiser te dar?
– Aí
terei que jogar mais sujo. Algumas cabeças vão rolar. Que tal começarmos pelo
Augusto? Ou pelo Gustavo?
– Não
encosta em ninguém próximo de mim!
– Encosto
sim e faço até pior. Aquela namorada do advogado, acho que Sofia, é uma
gatinha.
– Você
é mesmo um nojento.
– Fica
quieta! – grita Jorge.
– O
seu comparsa, Fabrício, já foi preso, daqui a pouco é a sua vez. Quem ri por
último, ri melhor.
– Já
mandei calar a boca. – grita novamente Jorge, dando um tapa no rosto da filha.
– Seu
covarde!
– Já
disse que não me importo com o que você fala. Se eu quiser, te apago em dois
segundos. – ameaça Jorge, apontando a arma para Ângela.
– Então
me mata se você tem coragem.
– Coragem
eu tenho, mas agora vamos fazer uma ligação para a mamãe Regina.
Jorge
pega seu celular, no bolso, e liga para Regina.
– Alô?
Quem é? – pergunta Regina, pelo telefone.
– Oi,
Regininha. – fala Jorge.
– Jorge?
É você, seu canalha?
– Eu
mesmo, querida. E nem pense em ligar para aquela delegada.
– O
que você quer?
– Quer
ouvir a voz da nossa filhinha? – pergunta Jorge, colocando a ligação em modo
viva voz.
– Mãe,
me ajuda! – implora Ângela.
– Ângela,
minha filha, fica calma. Eu vou te tirar daí. – fala
Regina, chorando.
– Então
você vai pagar o que eu quero, né, Regina? – pergunta Jorge.
–
Quanto você quer? – questiona Regina.
– Na
verdade não é dinheiro vivo, mas sim a sua parte na empresa. Eu já estou aqui
com o contrato, é só você assinar. – explica Jorge, que continua falando com
Regina, porém retira a ligação do modo viva voz.
Ângela
consegue se desamarrar, e dá um soco no rosto de Jorge, que arremessa o celular
longe para Ângela não fazer contato com a mãe. A filha bate muito em seu pai e
o amarra na árvore. Pensando que a filha está correndo perigo, Regina vai em
direção à vinícola e, no caminho, liga para a delegada Sabrina e pede total
silêncio na hora de invadir a vinícola. Desesperada, Ângela foge da vinícola.
Em poucos minutos, a equipe da polícia e Regina encontram Ângela correndo pelas
ruas.
– Filha,
o que houve? – pergunta Regina, preocupada, abraçando sua filha.
– Entra
no carro, Ângela. – ordena a delegada, que tem sua orientação cumprida por
Ângela.
No
carro da polícia em direção à vinícola, Ângela explica por que estava correndo
e fala que amarrou Jorge na árvore. Chegando à vinícola, a delegada Sabrina sai
do carro da polícia, algema Jorge, que continua amarrado na árvore e desmaiado,
e o coloca no carro. Regina agradece à delegada Sabrina:
– Obrigada
delegada. Mais uma vez, a senhora nos salvando desse bandido.
– Como
eu sempre digo, é a minha tarefa, dona Regina. Eu que agradeço a ajuda e
coragem de vocês.
– Conte
sempre conosco. – diz Ângela.
– Pode
deixar. Agora vão descansar. Um bom ano para todas nós. – deseja a delegada,
saindo de carro.
***
O
momento mais esperado do dia chega: a noite do show de Kika Postrad. Várias
pessoas esperam, na praça de Pitenópolis, Kika entrar no simples palco montado
para a atração. Logo que Kika chega ao palco com um vestido longo dourado e com
vários diamantes, todos a aplaudem. A cantora interpreta vários sucessos como
‘‘Não quero dinheiro’’, de Tim Maia. Na praça, Augusto, que já está há algum
tempo esperando pelos outros, encontra Regina e Ângela, que chegam usando
roupas brancas, assim como a maioria do público do show.
– Vocês
estão muito bonitas. – elogia Augusto.
– Você
também está muito bem nessa roupa, Augusto. – comenta Ângela.
– Eu
vou comprar algo para eu beber. – fala Regina, para deixar Ângela e Augusto
sozinhos.
Logo
depois, Olga e Pietro chegam acompanhados de Gustavo e as irmãs Mary e Jenny,
que vestem roupas ousadas e diferentes.
– Que
roupa é essa, Mary? Ano Novo é branco e você vem de roxo! Cruz credo. – comenta
Olga, com desgosto.
– No
Réveillon, roxo significa que eu quero um ano de inspiração e uma boa autoestima.
Acho que você precisava usar uma roupa roxa. – explica e alfineta Mary Leh.
– E
você, coisinha? Qual o significado dessa roupa verde? – questiona Regina, com
olhar de estranheza.
– Significa
esperança.
– Poxa,
você precisa mesmo, para arrumar um homem que te aguente. – fala Olga, rindo.
– Mãe,
menos! – diz Gustavo.
Os
moradores da pensão chegam juntos ao show de Réveillon. Álvaro, Sofia, Tito,
Josefina, Cléo, Hanna, e, Marcos, mais afastado dos demais, logo chegam e se
juntam aos outros presentes. Mary e Jenny passam ao lado de Hanna Curie, que
está com uma blusa amarela, e a irmã mais velha, Mary, alfineta a ‘‘rival’’:
– Tá
precisando de dinheiro, Aninha do Bordel?
– Não.
Tá precisando de esperança para sair da lama, Jenny? – pergunta Hanna.
– Claro
que não. – responde Jenny, saindo de perto de Hanna, ao lado da irmã.
Vindo
da casa de Aurora, ela, Guilherme, Pedro e Leia chegam à praça. Leia logo vai
falar com Augusto, que está sozinho, no momento, mas quando se aproxima dele,
Ângela volta, após comprar algo para beber. Desconfortável com a presença de
Ângela, Leia dá uma volta e retorna para a companhia de Aurora. O clima na
praça é de confraternização e alegria. Após cantar várias músicas, como
‘‘Amores Proibidos’’, de Tânia Mara, que causa emoção em Augusto e Ângela, Kika
canta seu maior sucesso, ‘‘Kika quicando’’. Depois de todos dançarem muito com
o hit, a cantora é avisada pela sua produção que já está na hora de fazer a
contagem regressiva.
– Vamos
lá, galera! 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1! – conta Kika, pausadamente – Feliz
2016, Pitenópolis!
Logo
que Kika comemora a passagem de ano, vários fogos de artifício são disparados.
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