Capítulo 18: DANCIN DAYS

CENA 01. MANSÃO LINHARES. JARDIM. EXTERIOR. NOITE

CONTINUAÇÃO IMEDIATA DO CAPÍTULO ANTERIOR.

MÚSICA ROLANDO AO FUNDO. FRANKLIN SE APROXIMA DE CELINA.

FRANKLIN – Feliz Ano Novo, Celina.

CELINA SORRI AMARELO E ENCARA CADÚ.

CADÚ – Me leva pra perto das mesas. Quero cumprimentar alguns amigos, mostrar meu novo artigo de luxo, essa bela cadeira de rodas.

CLIMA PESADO. CADÚ SE ENTREOLHA COM BRUNO.

CADÚ – Mãe, por favor.

AMANDA SE APROXIMA.

AMANDA – Celina, de preto? Gente, não sabia que era velório.

CELINA – É sim, Amanda. Enterrei a minha vida nas colunas sociais.

BRUNO – Mãe, por favor, não exagere.

CELINA OLHA COM CARA DE POUCOS AMIGOS PARA O FILHO.

CADÚ – Eu vou levar a senhora.

ELA CONCORDA COM UM GESTO, ENQUANTO É LEVADA NA CADEIRA. FRANKLIN SE ENTREOLHA COM OS PRESENTES.

FRANKLIN – Me desculpem.

DANTE – Imagina, Frank. É tudo muito recente. Menos de uma semana, uma mulher que andava, fica entrevada em uma cadeira de rodas e tem que lidar com essa situação. Entendemos perfeitamente.

AMANDA – No lugar dela, eu nem sairia do quarto.

DANTE FUZILA AMANDA COM O OLHAR.

AMANDA – Não me olha como se eu fosse a vilã dessa novela.

BRUNO – Bem, eu vou circular por aí e sentir como vai ser esse primeiro contato da dona Celina com o resto do mundo.

MARIANA E BRUNO SAEM DALI. EM FRANKLIN PENSATIVO.

CORTA PARA:

CENA 02. APARTAMENTO DE ALBERICO. SALA DE REFEIÇÕES. INTERIOR. NOITE

SONOPLASTIA: “Powerful – Major Lazer ft. Ellie Goulding & Tarrus Riley”.

TODOS À MESA. ALBERICO NA PONTA, CARMINHA, JAMIL, FÁTIMA, VITÓRIA, ÁREA, EDGAR E INÊS. TODOS CEIAM EM CLIMA DE HARMONIA E ALEGRIA ENTRE OS PRESENTES.

CORTA PARA:

CENA 03. COPACABANA. PRAIA. EXTERIOR. NOITE

FOGOS ESPOCAM NO CÉU. MILHÕES DE PESSOAS ESPERANDO A VIRADA DO ANO. CORTA PARA JULIANA POR ALI, ELA PASSEIA ENQUANTO VÊ A MOVIMENTAÇÃO.

CORTA PARA UM CARRO NA AVENIDA, CHEGANDO ALI. CADÚ DESCE COM UM RAMO DE ROSAS BRANCAS. ELE SE ENCAMINHA ATÉ A PRAIA.

CORTES DESCONTÍNUOS DE JULIANA E CADÚ. PRÓXIMOS UM DO OUTRO. ELES CAMINHAM EM DIREÇÃO À BEIRA-MAR. CADÚ COM O BUQUÊ EM MÃOS. JULIANA SE VIRA. CADÚ QUASE AO MESMO TEMPO. ELE RECONHECE, SORRI INSTANTANEAMENTE. JULIANA ENGOLE SECO, NERVOSA. FOGOS EM SEGUNDO PLANO. ELE SE APROXIMA DELA E ELA O ENCARA.

CADÚ – Você aqui!

JULIANA ENCARANDO CADÚ.

CORTA PARA:

CENA 04. MANSÃO LINHARES. JARDIM. EXTERIOR. NOITE

ÁREA DA PISCINA. TODOS REUNIDOS PRA CONTAGEM DO ANO NOVO. CELINA SE APROXIMA DE FRANKLIN NA MESA.

FRANKLIN – Tá tudo bem com você?

CELINA – Não. Pra nenhum de nós dois na verdade.

FRANKLIN – Celina, aqui não é o momento pra esse tipo de conversa, mas eu gostaria de propor algo à você.

CELINA – Me propor algo? Que novidade é essa?

FRANKLIN – Eu quero realmente começar um ano novo. Sem levar os últimos acontecimentos para o próximo ano.

CELINA EXULTA. RI IRÔNICA.

CELINA – Difícil aceitar esse seu trato, em cima dessa cadeira de rodas, Franklin.

FRANKLIN – Eu já dei o primeiro passo pra mudar essa situação. Eu terminei o meu caso com a Fernanda.

CELINA INCOMODADA OLHA PARA OS LADOS.

CELINA – Isso é o mínimo.

FRANKLIN – Eu quero que nós dois mudemos. Os dois precisam disso.

CELINA – E quanto ao Otávio?

FRANKLIN INCOMODADO, A ENCARA.

FRANKLIN – O que tem ele? Eu soube que ele se suicidou. Não tem mais Otávio!

CELINA – Suicídio? Você acha mesmo que eu acredito nessa hipótese?

FRANKLIN – Não é uma hipótese, é um fato. O que foi noticiado, pelo menos.

CELINA ENCARA FRANKLIN COM UM SORRISO IRÔNICO.

CELINA – Você não tem nada a ver com a morte desse homem?

FRANKLIN – Celina, eu não seria capaz.

CELINA – (Ri) Seria sim, Franklin. Nós sabemos quem somos, e você sabe tanto quanto eu que seria capaz sim. Mas ok, eu vou acreditar por hora nesse suicídio do Otávio.

FRANKLIN – Celina, não torna a nossa situação e a nossa vida ainda mais complicada.

CELINA LEVANTA OS BRAÇOS.

CELINA – Bandeira branca, amor!

FRANKLIN CONCORDA. CELINA O ENCARANDO. CÂM DESVIA PARA MARIANA E BRUNO.

BRUNO – Eu to preocupado com os dois.

MARIANA OLHA EM DIREÇÃO À CELINA E FRANKLIN. DO PV: OS DOIS CONVERSAM, PRÓXIMOS.

MARIANA – Eles parecem estar se entendendo. Bruno, talvez tudo o que tenha acontecido, tenha servido de lição para que eles mudassem a relação entre os dois e até mesmo com a família num modo geral.

BRUNO – Você acredita mesmo nisso?

MARIANA BALANÇA A CABEÇA POSITIVAMENTE. BRUNO SORRI E PEGA EM SUA MÃO.

BRUNO – Obrigado por estar comigo nesse momento.

MARIANA – Não só nesse, Bruno. (Olha fundo nos olhos) Eu gosto de você.

BRUNO DEIXA-SE LEVAR PELO CLIMA E A PUXA PARA SI. OS DOIS SE BEIJAM.

CÂM DESVIA PARA AMANDA E DANTE.

DANTE – Feliz com esse namoro da Mariana com o Bruno?

AMANDA – (Sorri) Satisfeita, por enquanto.

DANTE – Você nunca se contenta, Amanda. É impressionante!

AMANDA – Não me contento com pouco, meu querido. Nunca me contentei com coisas pela metade.

OS DOIS SE ENCARAM. DANTE DESVIA O OLHAR. AMANDA OLHA PARA FRENTE E VÊ HENRIQUE DANÇANDO COM OUTRA MULHER.

AMANDA – Nunca!

FICAMOS NELA.

CORTA PARA:

CENA 05. COPACABANA. PRAIA. EXTERIOR. NOITE

Continuação cena 03.

JULIANA NERVOSA, SE VIRA PARA SAIR E CADÚ SE APRESSA E A SEGURA PELO BRAÇO.

CADÚ – Espera. Eu não esperei esse tempo todo pra simplesmente te perder de vista de novo.

JULIANA – Por favor, eu não quero nada com você.

CADÚ PUXA JULIANA PARA SI. OFEGANTES.

CADÚ – Não nega. (Ri) Eu estudei linguagem corporal.

JULIANA – Eu vou te bater.

CADÚ RI, OUSADO.

CADÚ – Então bate. Mas tem que ter um motivo pra isso e eu já vou te dar um.

CADÚ BEIJA JULIANA CALOROSAMENTE. CÂM PEGA OS DOIS EM ÂNGULO ABERTO. A CONTAGEM REGRESSIVA PARA O ANO NOVO COMEÇA. TAKES DAS PESSOAS FAZENDO A CONTAGEM. JULIANA CEDE O BEIJO E OS DOIS FICAM ALI NO CARINHO. CONTAGEM TERMINA. FOGOS ESPOCAM NO CÉU ANUNCIANDO A CHEGADA DO NOVO ANO.

JULIANA SE AFASTA DE CADÚ, QUE SORRI.

CADÚ – Eu to apaixonado por você!

JULIANA ENCARA CADÚ. NOS DOIS.

CORTA PARA:

CENA 06. APARTAMENTO DE ALBERICO. SALA. INTERIOR. NOITE

TODOS REUNIDOS, DESEJANDO FELIZ ANO NOVO, SE ABRAÇANDO. MUITO CARINHO E MUITO ABRAÇO ENTRE ELES. CLIMA DE HARMONIA. FÁTIMA ABRAÇANDO A FAMÍLIA. EM SEGUNDO PLANO, CONRADO A OBSERVA. ELA SE VIRA E O VÊ. ELE FAZ SINAL, ELA DISCRETAMENTE OLHA PARA OS LADOS E O SEGUE. OS DOIS SAEM DO AMBIENTE.

CORTA PARA:

CENA 07. APARTAMENTO DE ALBERICO. COZINHA. INTERIOR. NOITE

COZINHA VAZIA ESTÁ BAGUNÇADA PELA FESTA. CONRADO ENTRA ALI. FÁTIMA SEGUINDO.

FÁTIMA – O que você quer, Conrado?

CONRADO – (Cínico) Desejar feliz ano novo, só isso.

FÁTIMA – Eu sei que não. Eu quero aproveitar esse ano que se inicia, pra terminarmos com isso. Eu não quero. Eu não posso mais seguir com isso e você sabe.

CONRADO SE APROXIMA, FÁTIMA NERVOSA, TENTA DAR UM PASSO PARA TRÁS, MAS ELE A SEGURA.

CONRADO – Você sabe muito bem que quer tanto quanto eu. Se entrega, Fátima.

FÁTIMA – Eu tenho idade pra ser sua mãe.

CONRADO RI E APROXIMA O ROSTO.

CONRADO – Não exagera. (Cheira seu pescoço) Você é uma mulher linda. Apaixonante, Fátima!

FÁTIMA NERVOSA. CONRADO SE APROXIMA E O BEIJO ACONTECE. OS DOIS TROCAM UM BEIJO QUENTE, INTENSO. ELA O AFASTA ABRUPTA.

FÁTIMA – Chega! Não quero mais!

GUIDA ENTRA NESSE MOMENTO NA COZINHA. OLHA OS DOIS, PRÓXIMOS.

GUIDA – (Desconfia) Tá acontecendo alguma coisa aqui, gente?

OS DOIS SE ENTREOLHAM. CLOSES ALTERNADOS.

CORTA PARA:

CENA 08. COPACABANA. PRAIA. EXTERIOR. NOITE

JULIANA E CADÚ SE ENCARANDO.

JULIANA – Você é louco, nós nem nos conhecemos!

CADÚ – Eu não te conheço! Você não deixa eu te conhecer! Eu me chamo Carlos Eduardo, mas me chamam de Cadú. Taí, pronto, me apresentei. Eu quero saber de você!

JULIANA SE VIRA E VAI SAINDO. CADÚ ATRÁS.

CADÚ – Por favor.

JULIANA – (Se vira) Você é louco, cara! Você não pode se apaixonar por uma mulher que nem sabe o nome!

CADÚ – Eu não escolhi isso! Aconteceu.

JULIANA E CADÚ SE APROXIMAM. ELE A BEIJA NOVAMENTE. OS DOIS EM CLIMA DE ROMANCE. ELA VAI SE AFASTANDO.

JULIANA – Por favor, me deixa ir.

CADÚ – Teu nome. Só isso.

JULIANA ENCARA CADÚ.

JULIANA – Juliana! Meu nome é Juliana.

CADÚ SORRI, ENCANTANDO. JULIANA SE AFASTA E SAI CORRENDO. CADÚ TENTA IR ATRÁS, MAS PERDE ELA DE VISTA EM MEIO À MULTIDAO NA PRAIA, COMEMORANDO. CADÚ FICA ALI.

CADÚ – Juliana!

NELE.

CORTA PARA:

CENA 09. MANSÃO FAMÍLIA LINHARES. JARDIM. EXTERIOR. NOITE

AMANDA NA PARTE DA PISCINA. DANTE VEM EM SEGUNDO PLANO, A ABRAÇA POR TRÁS.

DANTE – Feliz Ano Novo, meu amor.

AMANDA SE VIRA E LHE DÁ UM SELINHO.

AMANDA – Feliz Ano Novo, Dante. “Meu amor” é forçar a barra.

DANTE PIGARREIRA.

DANTE – Você sabe que./

AMANDA – Aqui não é o momento e nem a hora, por favor.

DANTE CONCORDA.

DANTE – Eu vou falar com o Franklin.

AMANDA ASSENTE E DANTE SAI. ELA SE VIRA PARA A PISCINA. BIBI VEM VINDO EM SEGUNDO PLANO.

BIBI – Amiga.

AMANDA SE VIRA.

AMANDA – Fala, Bibi.

BIBI – Nem nos falamos direito hoje.

AMANDA – Você se afastou de mim ultimamente. Tem algum motivo?

BIBI – Na verdade tem.

AMANDA – Tem?

BIBI TITUBEIA E ENCARA AMANDA DE VEZ.

BIBI – Eu já sei sobre a sua irmã.

AMANDA LÍVIDA, ENCARANDO.

AMANDA – What?

BIBI – É, Amanda. Eu já sei sobre a Juliana, sobre o Jamil...

AMANDA PEGA BIBI PELO BRAÇO, DISCRETA.

AMANDA – Como você ficou sabendo?

BIBI OLHA PARA OS LADOS. AMANDA TAMBÉM E SOLTA O BRAÇO DA AMIGA.

AMANDA – Desculpa.

BIBI – O Henrique.

AMANDA – Desgraçado! E eu confiei naquele desgraçado!

BIBI – Calma. Eu que joguei um verde e ele caiu.

AMANDA – O que você ganha com isso, Bibi?

BIBI – Amanda, por favor, não me julga assim. Eu não quero nada com essa história. (Pausa) Nós somos amigas! Eu nunca contaria nada disso pra ninguém! Eu só não entendo o porquê você nunca ter me contado a verdade. Eu sempre fui uma pessoa de confiança!

AMANDA SEM SABER O QUE DIZER.

AMANDA – É a minha história, Bibi. É sobre a minha vida, a vida da Mariana. Eu não queria expor.

BIBI – Somos amigas, Amanda! Eu nunca te julgaria por isso.

AMANDA – Obrigada, Claudinha.

BIBI SEM ENTENDER.

AMANDA – Esquece. Mas você promete que nunca vai contar isso pra ninguém, Bibi?

BIBI OLHA INDIGNADA PARA AMANDA.

BIBI – Como se não me conhecesse! Eu sou leal!

AMANDA CONCORDA. BIBI A ABRAÇA.

BIBI – Pode contar comigo sempre.

AMANDA SORRI PARA BIBI. NAS DUAS, CÚMPLICES.

CORTA PARA:

CENA 10. APARTAMENTO DE ALBERICO. COZINHA. INTERIOR. NOITE

Continuação cena 07.

FÁTIMA SE APRESSA EM FALAR COM GUIDA.

FÁTIMA – Não. Não tá acontecendo nada!

GUIDA – O que a senhora não quer mais?

FÁTIMA E CONRADO SE ENTREOLHAM NERVOSOS.

CONRADO – Eu insisti com a dona Fátima pra ajudar a ver uns canos aqui no apartamento, mas ela disse que não quer mais a minha ajuda, porque vai chamar um encanador especializado. Eu acabei insistindo.

FÁTIMA – E eu fui super grosseira, peço desculpas, Conrado.

CONRADO – Imagina. Eu que peço desculpas... Dona Fátima.

OS DOIS SE OLHAM. GUIDA DESCONFIADA. CONRADO TOMA À FRENTE.

CONRADO – Guida, era com você mesmo que eu queria falar.

GUIDA – Comigo?

CONRADO – Aproveitar essa noite de Ano Novo e te convidar pra sair.

GUIDA ENCARA PERPLEXA.

GUIDA – Gente, o que é isso? Milagre de Réveillon?

CONRADO RI. FÁTIMA NERVOSA.

CONRADO – Sempre foi tão atenciosa comigo e eu sempre me esquivando, agora acho que tenho que valorizar quem me dá valor.

CONRADO OLHA FÁTIMA DE CANTO, QUE ENTENDE O RECADO.

GUIDA – (Sorridente) Claro que aceito. Nossa!

CONRADO – Amanhã. Amanhã vamos sair e comemorar o nosso primeiro dia do ano, juntos.

GUIDA SE ABRAÇA A CONRADO. ELE OLHANDO FÁTIMA, PROVOCA, SORRINDO. ELA SAI DA COZINHA. GUIDA SE DESFAZ DO ABRAÇO E O ENCARA, SORRINDO.

GUIDA – Você é perfeito.

CONRADO A OLHANDO COM UM SORRISO SEM GRAÇA.

CORTA PARA:

CENA 11. APARTAMENTO DE ALBERICO. SALA. INTERIOR. NOITE

OS MESMOS DA SEQUÊNCIA ANTERIOR DA FESTA ALI. FÁTIMA VEM DA COZINHA, NERVOSA. ALBERICO INTERCEPTA.

ALBERICO – Meu amor, você tava onde?

FÁTIMA – Fui ver algumas coisas na cozinha. Tá tudo bem por aqui?

ALBERICO – Por aqui sim... E com você, tá tudo bem? Parece nervosa.

FÁTIMA – (Impaciente) Não é nada. Que insistência!

FÁTIMA SAI. ALBERICO FICA SEM ENTENDER.

CÂM DESVIA PARA JAMIL E CARMINHA, SENTADOS NO SOFÁ E ABRAÇADOS.

JAMIL – Meu amor, eu quero muito te contar uma coisa.

CARMINHA – Como assim?

JAMIL – Eu consegui aquele emprego na Baronesa á umas semanas atrás, lembra?

CARMINHA O ENCARA.

CARMINHA – Sim. Um ótimo emprego de Relações Públicas. Apesar de a Amanda ser irmã da Juliana, é um bom trabalho. Paga bem... O que tem isso?

JAMIL PIGARREIRA, NERVOSO.

CARMINHA – Jamil? O que você tá me escondendo?

JAMIL – Carminha, eu nunca te contei como eu consegui aquele emprego e eu peço que, por favor, me entenda.

CARMINHA – Você tá me deixando nervosa.

JAMIL – Eu... (Toma coragem) Eu chantageei a Amanda.

CARMINHA FICA BOQUIABERTA. JAMIL ENCARANDO.

CARMINHA – Como assim, chantageou?

JAMIL – Eu precisava dar uma guinada na minha vida. Me perdoa, meu amor. Eu acabei procurando a Amanda e falando sobre a Juliana. Ela se negou a me ajudar a dar um emprego, a conseguir algo pra mim... E enfim, eu acabei chantageando a Amanda.

CARMINHA SE AFASTA DE JAMIL, DECEPCIONADA.

CARMINHA – Eu nunca pensei que você desceria tão baixo, Jamil.

JAMIL – Carminha me perdoa. Foi por nós dois! Foi pelo nosso futuro!

CARMINHA – Eu nunca mandei você chantagear ninguém por dinheiro. E não use o nosso relacionamento pra justificar isso o que você fez. É nojento, Jamil.

JAMIL BAIXA OS OLHOS, CARMINHA LEVANTA. ELE SEGUE.

JAMIL – Aonde você vai?

CARMINHA – Eu preciso digerir isso que você me disse.

JAMIL – Carminha... Meu amor, me perdoa.

CARMINHA SE AFASTA.

CARMINHA – Por favor. Um tempo.

JAMIL CONCORDA. CARMINHA SAI DALI, DECEPCIONADA. EM JAMIL, ENTRISTECIDO. EDGAR SE APROXIMA.

EDGAR – Problemas, Jamil?

JAMIL – A Carminha se chateou por algo que eu fiz.

EDGAR – Sei... Algo grave? Traição?

JAMIL ENCARA EDGAR.

JAMIL – Eu não sou você. Nunca me compare a algo que você faz!

JAMIL SAI, IRRITADO. EM EDGAR RINDO, CÍNICO.

CÂM DESVIA PARA ALBERICO E ÁUREA.

ÁUREA – Pai, isso é loucura! Você vai quebrar a cara outra vez! Será que não aprende?

ALBERICO – Não é loucura, minha filha. É abrir uma empresa de capacitação de mordomos.

ÁUREA – Que ideia idiota.

ALBERICO FICA TRISTE. ÁUREA ABRAÇA O PAI.

ÁUREA – Me desculpa, papai, mas essa ideia é ridícula. Abrir uma escola para formar e capacitar mordomos? Onde o senhor viu isso? Em novela?

ALBERICO IMPACIENTE.

ALBERICO – Pois saiba que é uma ideia muito boa e já estou atrás de patrocinadores. Essa escola de capacitação será um sucesso!

ÁUREA – Boa sorte!

NELA DESACREDITADA. FADE-OUT.

CORTA PARA:

CENA 12. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. DIA

FADE-IN.

SONOPLASTIA: “Metralhadora” – Vingadora.

O RIO AMANHECE RESPLANDECENTE. NO PRIMEIRO DIA DO ANO, VÁRIOS SURFISTAS PEGANDO ONDA, PRAIA JÁ LOTANDO, CALÇADÃO ANIMADO, CARROS DE SOM CIRCULANDO PELA CIDADE. GENTE JOVEM NAS RUAS AGITANDO.

CORTA PARA:

CENA 13. MANSÃO LINHARES. SALA DE REFEIÇÕES. INTERIOR. DIA

SONOPLASTIA OFF. CELINA À MESA TOMA CAFÉ SOZINHA. AMANDA VEM ENTRANDO NO AMBIENTE.

AMANDA – Bom dia. (Esfrega os olhos) Nossa, acordar no primeiro dia do ano, na mansão Linhares não estavam nos meus planos.

CELINA – Aproveite. (Sorri cínica) Mas a sua também é linda.

AMANDA SORRI AMARELO E SENTA-SE.

CELINA – Dante bebeu demais e não daria para vocês irem de qualquer forma para casa.

AMANDA – É bom ás vezes, acordar em uma cama diferente... Com o mesmo marido, claro. Assim como o marido tem que acordar com a mesma mulher... (Olha Celina) Desculpe querida.

CELINA INCOMODADA. AMANDA PEGA O MAMÃO E COMEÇA A COMER.

CELINA – Dante não deveria beber tanto.

AMANDA – Ainda bem que o vício do Dante é só mesmo a bebida.

CELINA – O que você quer insinuar com isso, Amanda?

AMANDA ENCARA CELINA. VAI FALAR, MAS A EMPREGADA CHEGOU ANTES.

EMPREGADA – Dona Celina.

CELINA – O que é estrupício?

EMPREGADA – Anunciaram da portaria um moço querendo falar com a senhora.

AMANDA ATENTA. CELINA ENCARANDO.

CELINA – Qual o nome?

EMPREGADA – Ariel Martelli.

CELINA INCOMODADA, RÁPIDA, VIRA A CADEIRA.

CELINA – Manda dispensar. Diz que eu não estou em casa. Depois eu retorno pra ele.

AMANDA – (Não entendendo) Mas Ariel não é o nome do seu médico, Celina? Pode ser algo importante.

CELINA – É, mas eu retorno depois. Tô com uma enxaqueca terrível agora. Até ia voltar para a suíte depois do café.

AMANDA ESTRANHA A REAÇÃO DE CELINA, QUE DEIXA O GUARDANAPO SOBRE A MESA.

CELINA – (À empregada) Vá logo, sua lerda! Tá surda também? Vai de uma vez!

EMPREGADA – Sim senhora.

A EMPREGADA SAI. CELINA SE RETIRA COM A CADEIRA. AMANDA MUITO DESCONFIADA TAMBÉM SE LEVANTA.

AMANDA – Tá acontecendo alguma coisa nessa história. Eu vou descobrir isso agora!

AMANDA SAI DALI RAPIDAMENTE.

CORTA PARA:

CENA 14. MANSÃO LINHARES. SALA. INTERIOR. DIA

AMANDA VEM RÁPIDA DA SALA DE REFEIÇÕES. A EMPREGADA AO TELEFONE.

AMANDA – Espera! Espera, não dispensa o rapaz!

A EMPREGADA TAMPA O BOCAL DO TELEFONE.

EMPREGADA – A dona Celina vai receber o médico?

AMANDA – A Celina não. Mas eu quero falar com ele.

EMPREGADA – Dona Celina vai ficar brava, dona Amanda.

AMANDA – Dona Celina não precisa saber. Pega esse telefone e diz que já vão receber esse rapaz.

A EMPREGADA FICA RETICENTE. AMANDA SE ENCAMINHANDO PARA A PORTA.

CORTA PARA:

CENA 15. COPACABANA. RUA QUALQUER. EXTERIOR. DIA

ALBERICO E CARMINHA, COM ROUPAS LEVES E ÓCULOS ESCUROS, CAMINHAM POR UMA RUA DO BAIRRO, CONVERSAM DESCONTRAÍDOS. DO OUTRO LADO, ESTACIONA UM CARRO, PRÓXIMO À PRAIA. DESCE FRANKLIN, TAMBÉM COM ROUPAS DE VERÃO E ÓCULOS ESCUROS. ELE VEM CAMINHANDO EM DIREÇÃO A ELES.

ALBERICO – (Avista) Franklin?!

CARMINHA – Quem, papai?

FRANKLIN OS VÊ. ENCAMINHA-SE.

FRANKLIN – Alberico!

ALBERICO E FRANKLIN SE ABRAÇAM COMO VELHOS AMIGOS.

FRANKLIN – Quanto tempo, rapaz! Pensei até que tivesse...

ALBERICO – Vira essa boca pra lá!

OS DOIS RIEM.

ALBERICO – Carminha, esse é um velho amigo meu. Franklin Linhares, advogado conceituado, famoso.

FRANKLIN – Não exagere, Alberico. E essa, sua neta?

CARMINHA – (Filha) Não tão jovem assim. Sou filha. (Estende a mão) Carmem Lúcia, mas pode me chamar de Carminha. É como todos me chamam mesmo.

FRANKLIN – (Cumprimenta) Me desculpe. Carminha...

SONOPLASTIA: “Still Loving You – Scorpions”.

OS DOIS SE OLHAM COM INTENSIDADE. FRANKLIN SORRI.

ALBERICO – Vamos tomar um café, relembrar os velhos tempos de Copa?

FRANKLIN ASSENTE, MAS TROCANDO OLHARES COM CARMINHA, QUE FICA TÍMIDA.

CORTA PARA:

CENA 16. COPACABANA. PRAIA. EXTERIOR. DIA

UM GRUPO DE JOVENS NO QUIOSQUE DO BANDEIRA, É FOCADO. ENTRE ELES, ESTÃO LÉO E LEILA QUE NAMORAM E BRUNO E MARIANA. ALI PRÓXIMO, VEM CHEGANDO VITÓRIA, SEM SER PERCEBIDA. ELA SENTA-SE PRÓXIMA AO GRUPO. SONOPLASTIA OFF.

LEILA – Mas o que temos de bom para a primeira noite de 2016?

BRUNO – O de sempre? Baronesa?

LÉO – Ah, não, cara. Bora fazer algo diferente hoje. Hoje eu to no estilo metralhadora: Tra, tra, tra!

TODOS RIEM. LEILA FAZ CARA FEIA E BATE NELE. LÉO RI.

MARIANA – Tem um barzinho na Lapa que inaugurou semana passada. Ouvi dizer que servem até um temaki bafão.

OS JOVENS CONCORDAM.

LEILA – É, uma boa.

VITÓRIA ESCUTANDO TUDO, ATENTA. ELA LEVANTA E PEGA O CELULAR.

CORTA PARA:

CENA 17. APARTAMENTO DE ALBERICO. QUARTO DE JULIANA. INTERIOR. DIA

JULIANA ARRUMANDO O QUARTO. O CELULAR TOCA. ELA ATENDE.

JULIANA – (Tel.) Alô?... Oi Vitória. (Pausa) Sei. Tá. Obrigada. Só consegue o endereço desse bar pra mim, por favor. (Sorri) Obrigada.

ELA DESLIGA. SORRI, COM O CELULAR PRÓXIMO AO PEITO.

JULIANA – É hoje. É hoje que eu vou conhecer a minha filha!

NELA.

CORTA PARA:

CENA 18. CONDOMÍNIO HABITACIONAL. PORTARIA. EXTERIOR. DIA

AMANDA VEM CAMINHANDO POR ENTRE A PORTARIA DO CONDOMÍNIO, SAINDO DA ÁREA COMUM E INDO EM DIREÇÃO AO PORTEIRO.

AMANDA – Onde está o médico da Celina?

O PORTEIRO OLHA AMANDA E DESVIA O OLHAR. ELA ACOMPANHA E DÁ DE CARA COM ARIEL. ELA SE APROXIMA.

AMANDA – (Sorridente) Bom dia, é você o médico da Celina?

ARIEL FICA RETICENTE, OLHANDO AMANDA.

ARIEL – Sim, e você?

AMANDA – Grande amiga da Celina. (Cumprimenta) Amanda Pratini.

ARIEL – Acho que nos vimos no hospital. Você é esposa de um empresário, não é?

AMANDA – É essa a minha característica principal agora? (Ri) A Celina não vai poder te receber nesse momento. Sabe... Se recuperando. Bem, o senhor sabe melhor que ninguém isso.

ARIEL INCOMODADO.

ARIEL – Então, eu volto outra hora. Obrigado pela recepção.

AMANDA – (Se apressa) Não. Espera! Vamos tomar um café, conversarmos.

ARIEL – Dona Amanda... (Leve) Conversar sobre o que? O estado da Celina?

AMANDA – (Direta) O motivo que fez o senhor vir na manhã do primeiro dia do ano, bater na casa da sua paciente. É no mínimo curioso.

ARIEL NERVOSO. AMANDA PERCEBE.

ARIEL – Minha visita nada mais é do que uma visita de médico, literalmente. Gostaria de saber como a Celina está.

AMANDA ANALISA. SORRI. PEGA A CARTEIRA E TIRA UMAS NOTAS DE DINHEIRO.

AMANDA – Eu posso te ajudar a me explicar melhor o real motivo da sua visita.

ARIEL ENCARA AMANDA E O DINHEIRO. DESVIA O OLHAR.

ARIEL – Eu vou embora.

AMANDA O SEGURA, INTERCEPTANDO.

AMANDA – Nós podemos ter uma conversa adulta, só nós dois (Olha o dinheiro) Nós três.

ARIEL – Eu não tenho o que conversar com a senhora.

AMANDA – A Celina não precisa saber desse nosso cafezinho, do nosso encontro de amigos. De novos amigos...

ARIEL RETICENTE.

ARIEL – Eu tenho um acordo com a dona Celina. Nós não podemos conversar.

ARIEL OLHA EM VOLTA.

ARIEL – Não aqui.

AMANDA – Eu acho que nós podemos ter uma conversa a sós em outro lugar. Vem comigo.

AMANDA PÕE OS ÓCULOS ESCUROS E ARIEL A SEGUE. NO PORTEIRO, OLHANDO A CENA, INTRIGADO.

CORTA PARA:

CENA 19. CAFÉ QUALQUER. INTERIOR. DIA

ABRE NO INTERIOR DE UMA CAFETERIA. MESAS DISPOSTAS ALI, POUCO MOVIMENTO. EM UMA DAS MESAS, AMANDA E ARIEL.

AMANDA – Podemos ir direto ao ponto, doutor Ariel?

ARIEL – Dona Amanda, a senhora está fazendo um julgamento errado de mim. Eu sou médico da Celina e./.

AMANDA – (Corta) Agora vamos parar com esse teatrinho? Eu andei investigando e sei que o senhor não é médico da Celina, nem da família Linhares. Também sei que o senhor não reside á muito tempo naquele hospital. E principalmente, eu sei que o senhor pode abrir o bico em troca de dinheiro.

AMANDA PEGA UM TALÃO DE CHEQUES E COMEÇA A ASSINAR.

AMANDA – De um bom dinheiro.

ARIEL NERVOSO OLHA PARA OS LADOS. ELA ENTREGUE A FOLHA DE CHEQUE.

AMANDA – Tá bom pra você?

ARIEL ENCARA AMANDA E ENCARA O CHEQUE.

AMANDA – O que tem por trás da sua relação com a Celina? Esse cheque na sua mão é precioso e ele é seu.

AMANDA PEGA O CHEQUE.

AMANDA – Com uma condição: A verdade!

ARIEL ENCARA AMANDA, ENGOLE SECO. NELA, ESPERANDO POR RESPOSTAS.

CORTA PARA:

EFEITO FINAL: A TELA CONGELA EM EFEITO VITRAL.

FIM DO CAPÍTULO 18.