quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Capítulo 19: Magia Sensata (PENÚLTIMO)


Os carros da polícia continuam perseguindo Carmen. A amante de Max dirige em altíssima velocidade, fazendo também cortes bruscos e arriscados. Ao ser abandonado por Carmen, no bar, Max é preso por policiais, que comunicam:
– O senhor está preso por sequestro e formação de quadrilha. – avisam os policiais, algemando Max.
– Mas eu não fiz nada disso.
– Isso você vai explicar pro juiz.
– Cadê meu carro?
– Você quer dizer: cadê minha amante e minha ex-namorada?
– Não, o meu carro.
– Ah, ele ganhou vida própria e tá fugindo dos nossos carros, o que só vai dificultar.
– Tá, tá. – fala Max, sendo colocado no carro da polícia.
Max é levado para a delegacia de Pitenópolis.

***
Em Ravione, Cacau Rala Peito e Jenny continuam conversando.
– Fala, Cacau. Quem é o pai dele? – pergunta Jenny.
– Eu não lembro o nome dele. Ele era rico já, e estava iniciando um negócio novo.
– Que negócio?
– Uma empresa de vinhos artesanais.
– Calma. A Vinícola Albuquerque?
– Isso mesmo. Você conhece o pai do filho da Ana?
– Sim. A Vinícola Albuquerque é muito conhecida, mas ele tá preso.
– Por quê?
– Ele sequestrou a ex-mulher e a filha, e quando todos moravam juntos, ele agredia as duas sempre.
– Ah, qual o nome dele mesmo?
– Jorge, Jorge Albuquerque.
– Lembrei! Mas ele está preso há muito tempo?
– Não tem nem uma semana direito que ele tá preso.
– Entendi. Agora eu tenho que trabalhar, Jenny.
– Ok. Obrigada pela ajuda, Cacau. – fala Jenny, saindo da rua da Gaiola das Panteras.
Cacau Rala Peito continua em frente à boate e liga para Hanna, porém ela não atende
– Ah, Ana Paula. Toma cuidado com essa garota, amiga! Toma cuidado! – fala Cacau, para si mesma.

***
Depois de um dia cansativo de trabalho na vinícola Albuquerque, Pedro vai à casa de Aurora. Ele toca a campainha, e ao ser atendido por Aurora, entra na casa. Guilherme está sentado no chão da sala de estar, pintando alguns desenhos.
– Oi, Guilherme. Tudo bem? – conversa Pedro.
– Tudo. – responde Guilherme, cabisbaixo.
– Aconteceu alguma coisa com ele, Aurora? – pergunta Pedro a Aurora.
– Ele agora só fica com essa cara. Tá difícil, Pedro.
– É ainda por causa do Jonas?
– É, o Gui ainda sente muita falta do pai. Já falei várias vezes com ele sobre isso, mas ele não entende.
– Deve estar sendo bem difícil pra ele.
– É. O que veio fazer aqui? Tava cheio de coisa pra fazer lá na vinícola.
– Vim fazer um pedido.
– Qual?
– Gui, eu gostaria de te pedir uma coisa. – fala Pedro a Guilherme.
– O que?
– Eu posso me casar com a sua mãe? – pergunta Pedro, deixando Guilherme triste e Aurora feliz e surpresa.
– Não esperava, Pedro!
– E aí, Guilherme?
– Ela que escolhe. – fala Guilherme, saindo da sala.
– Ah, por que você não me avisou isso antes, Pedro? Ele ficou chateado.
– Aurora, foi uma surpresa. E se você quiser se casar comigo, teremos várias surpresinhas juntos.
– Mas e o meu filho?
– Ele vai se adaptar.
– Não sei não, Pedro. Ele tá resistindo muito.
– Eu não sei o porquê. Eu sei tratei ele muito bem, como um filho que ainda não tive.
– Eu sei, mas ele ainda não esqueceu do pai e parece que será difícil.
– Não quero que ele esqueça o Jonas, mas ele não pode fazer assim comigo.
– Ele acha que você quer substituir o Jonas e ele ainda tem a esperança de que o pai vai voltar.
– Entendo, Aurora, mas não vai ser por isso que irei desistir de me casar com você.
– Claro.
– Mas você ainda não me respondeu. Vamos nos casar?
– Deixa eu pensar melhor.
– Tá, tá. – responde Pedro, surpreendo ainda mais Aurora, com um beijo.

***
Após várias gravações do filme sobre a vida de Kika Postrad, Olga e Pietro estão sentados em cadeiras da cozinha de casa. Gustavo entra na cozinha.
– Boa noite, mãe. Boa noite, pai. Como foram as gravações?
– Oi, meu filho. Foram ótimas. E seu dia de trabalho? – fala Olga, entusiasmada.
– Foi bom. Amanhã o Augusto começa lá.
– Quem é esse? É aquele que tá andando com a Ângela Albuquerque por aí? – pergunta Pietro, confuso.
– Ele mesmo, pai. Ele é um cara maneiro.
– Maneiro?! Ele era seu concorrente, meu filho, e você perdeu a Ângela pra ele. – revolta-se Olga.
– Mãe, eu vou ser bem sincero com vocês: eu nunca fui apaixonado pela Ângela, então não fazia sentido eu me casar com ela ou fingir algo que nem existia.
– Claro que fazia sentido. Ela é podre de rica. Se você já tivesse casado com ela, estaríamos ricos a essa hora, viajando por aí. – diz Pietro.
– Vocês são muito egoístas! E a minha felicidade? Dinheiro não é a melhor coisa desse mundo não.
– Aff, esse pensamento de comunista. Cruzes! Dinheiro é a melhor coisa sim, meu filho. Caia na real. – comenta Olga, estressando-se.
– Olha, mãe, não vou nem discutir.
– Quem que fez isso com você, meu filho? Já sei: aquela bruxinha! – palpita Pietro.
– Não, não tem a nada a ver com a Mary. E ela não é bruxa. Quantas vezes eu precisarei dizer isso? A gente vai namorar.
– Gustavo, se você for mesmo ficar sério com essa representante do diabo na Terra, você não vai mais morar aqui. – decreta Olga.
– Por que isso agora, mãe?
– Eu que dito as ordens aqui nessa casa, então não quero você morando aqui enquanto tiver de casinho com essa satânica.
– Ah, vocês são muito preconceituosos. Eu vou arrumar um lugar pra morar. Fiquem tranquilos. – fala Gustavo, saindo da cozinha e indo ao seu quarto.
Sozinhos na cozinha, Olga e Pietro continuam conversando.
– Você não acha que pegou pesado não, Olga?! – pergunta Pietro.
– Claro que não, Pietro. Tô de saco cheio do Gustavo com essas baboseiras.
– Ah, Olga, por favor, se controle. – fala Pietro, saindo da cozinha.
– Oh, Pietro, volta aqui, seu moleque! – grita Olga, estressada ao ser ignorada.

***
Na delegacia de Pitenópolis, Álvaro e Hanna continuam aguardando informações da polícia. Eles estão sentados em cadeiras na sala da delegada Sabrina, que está fazendo pesquisas em seu computador. Um policial entra na sala.
– Licença. Delegada Sabrina, o Max Mattos foi preso. Ele está vindo pra cá.
– Pra cá? – pergunta a delegada.
– Sim. Ele foi preso ainda em Pitenópolis então mandaram ele pra cá.
– E a Sofia? – pergunta Álvaro, preocupado.
– Bem, o carro preto fugiu da polícia, mas ainda não sei se conseguiram pegar quem estava lá.
– Obrigada. Pode sair. Qualquer coisa venha nos avisar. – fala Sabrina ao policial, que sai da sala.
– A gente vai ficar aqui, delegada. Algum problema? – fala Hanna.
– Bem, eu acho melhor vocês voltarem pra pensão e aguardarem novas informações. Ficar aqui não vai resolver muito. O que vai acontecer é que vocês vão ficar com ainda mais raiva do Max quando ele entrar aqui. – aconselha Sabrina.
– Então a senhora pode nos avisar das notícias? – pergunta Álvaro.
– Claro. Já tenho o número de vocês, então qualquer coisa eu ligo.
– Obrigado, delegada. Vamos colocar juntos esses dois bandidos na cadeia. Agora só falta a Carmen. – diz o advogado.
– Sim. Até mais. – fala a delegada, abrindo a porta para Hanna e Álvaro, que saem.

***
O carro preto dirigido por Carmen nas estradas de Pitenópolis continua correndo em altíssima velocidade. Os carros da polícia já não perseguem mais a cúmplice de Max. Ela estaciona em uma pousada bem antiga e pequena próxima à entrada de Bulires. Carmen sai do carro, porém deixa Sofia dopada, vendada, amordaçada e algemada no banco traseiro. Carmen entra na pousada, chamada ‘‘Aconchego de Pitelires’’, já que está próxima a Pitenópolis e Bulires, na divisa das cidades. O ambiente interno é pequeno. A recepção tem uma pequena mesa que serve de balcão, dois sofás e três poltronas. Carmen dirige-se à recepcionista e diz:
– Oi. Eu quero um quarto com duas camas de solteiro.
– Ok. Esse quarto sai por cem reais por dia. A entrada é meio dia e a saída é meio dia também.
– Tá. Então eu acerto na saída?
– Serão quantos dias?
– Amanhã já sairemos.
– Então é cem reais mesmo. Você precisa pagar sessenta agora e depois quarenta.
– Toma! – fala Carmen, dando uma nota de cinquenta e uma de dez reais para a recepcionista.
– Tudo certo. O café da manhã é das sete até as dez. Aqui está a chave. O apartamento é o vinte e um. – diz a recepcionista, entregando uma chave para Carmen.
– Obrigada. – responde Carmen, voltando ao carro.
De volta ao carro, a bandida tira Sofia do banco traseiro. Ela tira as vendas e o pano que está na boca da namorada de Álvaro, porém ainda deixa as algemas. Para não causar desconfiança, Carmen coloca uma manta sobre Sofia, escondendo as algemas. Carregando Sofia, Carmen entra novamente na pousada, porém é parada pela recepcionista.
– Oi. Ela está doente? – pergunta a mulher.
– Só um pouco. Ela bebeu além da conta e está de ressaca.
– Ah sim. Se precisar de algo, só chamar.
– Obrigada. ­– responde Carmen, que continua a andar com Sofia.
As duas chegam ao quarto. Ele é pequeno, com duas camas de solteiro simples, uma pequena cômoda, uma mesa e um espelho, além do banheiro. Sofia é amordaçada novamente, por Carmen. Ao acordar, Sofia fica assustada, transtornada e tenta tirar a mordaça e as algemas.
– Olha aqui: acho melhor, Sofia, você ficar pianinho comigo, porque eu sou pior do que o Max. Eu te apago agora mesmo, mas antes te faço sofrer muito, sua cadela.
Sofia chuta a canela de Carmen, que cai no chão, mas logo se levanta, antes de Sofia pegar as chaves do quarto que estão numa mesa no quarto.
– Você é mesmo uma cadelinha, né? Fica na tua! – reclama Carmen, dando um tapa na cara de Sofia.
Sofia tenta bater em Carmen, mas a cúmplice de Max revida com bastante força na moradora da pensão de Hanna Curie. Carmen dá vários tapas e socos em Sofia, além de chutá-la, já caída no chão. Após tantas agressões, Carmen pega uma tesoura e corta os negros e longos fios do cabelo de Sofia. Ela fica com um cabelo bem curto, na altura do ombro e cheio de falhas. A namorada de Álvaro chora muito, enquanto Carmen ri.

***
A delegacia de Pitenópolis está bem vazia, porém sua entrada está repleta de policiais armados, que aguardam a chegada de Max Mattos. Um carro da polícia aproxima-se da delegacia, com escolta de outros dois carros. Max é levado até sua cela por um policial. Chegando lá, ele é colocado na mesma cela de Jorge Albuquerque e Jonas. Max encara Jonas e se lembra que foi ele que atirou no ex-namorado de Sofia.
– Foi você que atirou em mim, né? – pergunta Max para Jonas.
– O que você tá fazendo aqui? – pergunta Jonas.
– Sequestrei minha ex-namorada.
– Eu tô aqui até agora por sua culpa, sua safado. Meu filho tá sofrendo longe de mim.
– Eu não ia deixar uma pessoa que quis me matar impune.
– Mas não foi minha intenção. Eu confundi você com outra pessoa.
– Ah, sei muito bem. Não se finja, por favor.
– Olha, se você não quiser acreditar, não tô nem aí.
– Vamos parar de discussão de mulherzinha, por favor. – interfere Jorge.
– Você é... – diz Max.
– Jorge, Jorge Albuquerque.
– Ah, você é um dos donos daquela vinícola?
– Sim, eu mesmo.
– Por que você tá aqui?
– Sequestro também, mas sequestrei minha filha e a minha esposa, além dessa nova palhaçada chamada Lei Maria da Penha.
– Ah, isso é uma palhaçada. – comenta Max.
– Enfim, a gente tem um plano pra fugir daqui. – diz Jorge, em tom baixo.
– Me explica. Quero sair daqui logo pra encontrar a Carmen. – fala Max.
– Então, eu tenho uns caras que irão nos ajudar. Eles colocarão fogo aqui na delegacia, e um deles irá invadir as celas de todos os presos pra soltar a gente, menos aqueles que não tiverem do meu lado. Depois, a gente vai pra Ravione. Eu tenho uma amiga, a Leia, que está esperando a gente lá. – narra Jorge.
– Ótimo plano, mas e se alguém ficar esquecido aqui?
– Ninguém vai ficar. Tenho certeza absoluta disso.
– Ok. E depois o que faremos?
– Então, de Ravione cada um seguirá seu rumo. Quem quiser continuar a fugir comigo, só acompanhar.
– Entendi. Tô dentro. ­ – fala Max, apertando a mão de Jorge.

***
A noite é calma nas ruas de Pitenópolis. Poucas pessoas circulam, porém algumas conversam na praça. A noite logo passa e a manhã chega rapidamente. Na pensão de Hanna Curie, Tito está andando pelos corredores, até que escuta o celular de Josefina tocando. O aposentado vai até o celular e o atende.
– Alô? Bom dia. – fala Tito.
– Bom dia. Dona Josefina Silva?
– Eu sou o marido dela. Quem é?
– É da clínica ‘‘Corpos’’. O exame dela já está pronto.
– Qual exame?
– A mamografia, que ela fez recentemente.
– Ah, sim, a mamografia. Vou então falar para ela passar aí, certo?
– Perfeito. Obrigada. Tenha um bom dia.
– Você também. – fala Tito, desligando o telefone.
Josefina observa Tito colocando o telefone dela de volta onde estava e questiona:
– Estava mexendo no meu celular, amor?
– Jose, que mamografia é essa que você não me contou? – pergunta Tito, deixando Josefina paralisada.
– Ah, Tito, eu não queria te preocupar.
– Deixa disso, Josefina. A gente se conhece há anos. Você não pode esconder a sua saúde de mim.
– Desculpa. – fala Josefina, chorando um pouco.
– Você está com alguma doença?
– Não, fiz esse exame porque estava sentindo dores nos seios.
– Nós vamos pegar juntos esse exame. – diz Tito, segurando a mão de Josefina.
– Isso! Juntos. – confirma Josefina, beijando seu amado.

***
Ainda é cedo, porém Hanna Curie e sua prima Cléo já estão na praça de Pitenópolis. As duas estão sentadas em uma das mesas da praça e seguram cartas de tarô e uma falsa bola de cristal. As primas anunciam suas previsões, porém não atraem ninguém, até que as irmãs Keyla e Neyla, do filme sobre Kika Postrad, chegam. As atrizes falam com Hanna e Cléo:
– Bom dia. Vocês são videntes? – pergunta Neyla.
– Sim. Nós fazemos previsões, trazemos a pessoa amada, várias coisas,... – responde Hanna.
– Eu quero saber sobre meu futuro nas cartas. – fala Neyla.
– Que bobeira isso, Neyla. Você acredita nessas macumbas? – comenta Keyla, com olhar arrogante.
– Ah, Keyla, não enche meu saco.
Hanna finge estar analisando as cartas com seriedade e logo acaba.
– Já acabou? – pergunta Keyla.
– Sim. As cartas disseram que seu futuro é promissor, Neyla, mas que você tem pedras no seu caminho que é melhor você tirar dele antes que seja tarde.
– Que pedras? – pergunta Neyla.
– Pessoas que te incomodam e deixam você no retrocesso. Se liga nessa dica!
– Ah, acho que entendi. Obrigada, Hanna. Aqui está. – fala Neyla, entregando o dinheiro a Cléo.
Neyla e Keyla se afastam das primas, que começam a receber novos clientes.

***
Também na praça, as gravações do filme sobre Kika Postrad continuam. Clóvis, o diretor, reúne sua equipe, com a ajuda de Kika, e dá um aviso:
– Pessoal, não podemos demorar mais tempo nas gravações. Se demorarmos, esse filme não vai sair nunca!
– Isso mesmo, Clóvis. Vocês estão recebendo pra isso, então, galera, por favor, vamos lá! – fala Kika, estimulando a equipe, que aplaude.
Clóvis e os responsáveis por filmar se posicionam numa rua ao lado da praça, e Olga e Pietro chegam.
– Vocês estão atrasados! Bora! – grita Clóvis.
Olga e Pietro começam a gravar a cena deles, após o grito ‘‘Ação’’ de Clóvis.
– Ah, Israel, cadê a Kika? – interpreta Olga.
– Corta! – grita Clóvis, interferindo – É Iraque, Olga. Tá confundindo nome também?!
– Aff. Por que colocam o nome da pessoa de Iraque? – pergunta Olga, indignada.
– O nome do meu pai era Iraque, Olga. Faz direito. – fala Kika, que observa de longe.
– Ah, Iraque, cadê a Kika? – pergunta Olga, atuando.
– Não sei, querida. Essa menina é da pá lixada. – fala Pietro, também atuando.
– Corta! Meu Deus! É pá virada. O que é uma pá lixada? – pergunta Clóvis, muito irritado.
– Sei lá. – responde Pietro.
– Olga e Pietro, nos poupem dessa porcaria. Vão ensaiar isso direito. – ordena Kika, fazendo que Olga e Pietro saiam da área da cena.
– Mary, vem gravar a sua! – chama Clóvis.
– Já tô aqui, Clóvis! – responde Mary.
– Vamos começar, Mary. Não se esqueça que você precisa ser séria. Sua personagem é uma beata, que vai à igreja sempre. – fala Kika.
– Ação! – grita Clóvis.
– Ah, senhor, meu bom Deus, o que será que aconteceu com a Kika? Ela foi mais que uma aluna, foi uma segunda filha. Aquela menina era tão boa, meu louvado. Espero que ela esteja bem, santíssimo. E que nada ruim ocorra com essa menina, meu senhor. ­– interpreta Mary.
– Corta! Para de exagerar, Mary.
– Ficou horrível! Todos terão dez minutos pra ensaiar. Tá tudo muito ruim. – fala Kika, insatisfeita.

***
No apartamento em que vive com Regina e agora com Augusto, Ângela anda de um lado para o outro, falando para si mesma, em tom baixo de voz:
– Ah, será que eu devo fazer? – pergunta Ângela, olhando para um exame de farmácia de gravidez. – Ah, vou fazer!
Ângela vai até o banheiro. Regina e Augusto ainda estão dormindo. Minutos depois, ela retorna à sala. O exame dá positivo e ela fica muito feliz.
– Ah, que bom! Um filho! Uma vida dentro de mim! – comemora Ângela, emocionada.
Augusto e Regina acordam e vão até a sala de estar, e veem Ângela comemorando.
– Está comemorando por que, Ângela? – pergunta Augusto.
– Estou grávida!
– Que bom, minha filha! Vou ser vovó! Que felicidade. – também comemora Regina.
– Um filho nosso era meu maior sonho, Ângela. Que bom que vamos realizar. – emociona-se Augusto, dando um beijo em Ângela.
– Temos que comemorar! Vou fazer panquecas então! – conta Regina, feliz.
– Uhul! Panquecas! – festeja Ângela.
Os três comemoram a notícia e comem as panquecas de Regina.

***
Na cela da delegacia de Pitenópolis, Max e Jorge conversam, já que Jonas dorme.
– Você disse que tem uma pessoa que vai nos ajudar, né? – pergunta Max.
– Sim. A Leia. – responde Jorge.
– Eu tenho uma pessoa que pode nos ajudar.
– Quem?
– A Carmen. Eu vim parar aqui porque eu e ela sequestramos minha ex-namorada, mas eu fui pego pela polícia e ela continua fugida com a Sofia.
– Ótimo. Você sabe onde elas podem estar?
– Ela não iria pra tão longe sem ter comandos meus. Deve estar em Bulires, no máximo.
– Perfeito. Ligue pra ela e peça pra ela encontrar com Leia Peixoto, lá em Ravione.
– Tá, mas onde que elas podem se encontrar?
– Fala pra ela o endereço: é a rua Mia Couto, número 301, no centro de Ravione. Vai! Liga pra ela! – fala Jorge, entregando seu celular discretamente para Max.
– Tá.
Max disca discretamente o número de Carmen. Ela atende.
– Alô? – pergunta Carmen.
– Oi Carmen. É Max. Tenho que ser direto: você vai se encontrar com uma cúmplice do pessoal aqui da cadeia. A gente vai fugir ainda hoje, por isso vá lá pra Ravione. A Leia está na rua Mia Couto, casa 301, no centro.
– Tá, Max. E a Sofia?
– Leva junto. Vocês tão onde?
– Na divisa entre Pitenópolis e Bulires, numa pousada.
– Perfeito. Até mais. Te amo. – fala Max, desligando o telefone.

***
Após saírem da pensão, Tito e Josefina chegam à clínica onde Josefina faz a mamografia. Eles vão até a recepcionista, que os encaminha a uma sala. Lá, eles entram e o médico já está sentado, aguardando-os.
– Oi, dona Josefina. O senhor é... – diz o médico.
– Tito, marido dela. – apresenta-se Tito.
– Então, doutor, qual é o resultado do exame?

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