Teotihuacán, México, 2014
CENA
01/ TEOTIHUACÁN/ PIRÂMIDE DO SOL/ EXT./ DIA
O Sol
brilhava como nunca havia brilhado antes. No topo da Pirâmide do Sol, Aléxya
Scarion (20 anos) filha do multibilionário, Magnus Scarion e da socialite
Máxima Scarion, observa atentamente a perfeição e a energia que toma conta
daquele lugar. Eis que é surpreendida, por trás, pelo abraço apaixonado do
namorado, Arlan Berganttini.
ARLAN – Parabéns meu amor! Você entrou
para a faculdade de direito. Estou muito feliz por ter realizado seu sonho.
ALÉXYA – Eu quem o diga... Depois de anos
tentando, finalmente conseguir!
Os dois se
abraçam, logo em seguida, Arlan beija a moça delicadamente na boca. Em segundos,
o sorriso da filha de Magnus se desfaz. Arlan percebe.
ARLAN – Aconteceu alguma coisa meu anjo?
Não me parece nem um pouco empolgada com a viagem.
A moça
respira fundo e responde:
ALÉXYA – São meus pais, Arlan/
Arlan
interrompe Aléxya:
ARLAN – Aléxya, meu docinho, já
colocamos uma pedra sobre esse assunto. Não vamos mais falar sobre isso. Você
sabe perfeitamente que eles não puderam vim porque além de serem pessoas
ocupadas, eles tinham negócios a resolverem no Brasil.
ALÉXYA – Mas eu/
ARLAN – Eu sei que você queria dividir
esse momento ao lado deles. Eu também queria, mas as coisas nem sempre são como
queremos. Mas olha, não era essa a viagem dos seus sonhos? Então, aproveita
comigo! – mesmo que não seja meu tipo de
viagem – pensa Arlan.
Aléxya
volta a sorrir, e abraça o rapaz. A filha de Máxima e Magnus fica a observar o namorado
e chega a estuda-lo tirando então uma conclusão.
ALÉXYA – Arlan, você que não parece
entusiasmado.
O rapaz
tenta disfarça a sua má vontade de estar ali e diz:
ARLAN – Engano seu minha pétala de rosa.
Ah, antes que acabe me esquecendo, tenho uma surpresa pra você.
ALÉXYA – Surpresa?!
Arlan tira
do bolso uma caixinha vermelha. Ele a abre e dentro contém duas belíssimas
alianças de ouro. Ele ajoelha-se diante de Aléxya e faz um pedido inusitado.
ARLAN – Meu amor, casa comigo?
Surpresa, Aléxya
leva a mão até a boca, ficando então sem palavras.
SÃO PAULO – SP
CENA
02/ MANSÃO SCARION/ SALA/ INT./ DIA
Máxima e Magnus discutem relacionamento de
Aléxya com Arlan.
MÁXIMA – (exaltada) Só espero que essa
viagem faça bem para a Aléxya. Ultimamente ela tem sido tão rebelde comigo.
MAGNUS – Isso é apenas uma fase, Máxima.
Logo logo vai passar e você terá sua filha de volta.
MÁXIMA – (exaltada) Fase? Magnus, você
acha mesmo que é uma fase?
MAGNUS – Mas é claro, toda adolescente
passa por isso. Super normal.
MÁXIMA – (exaltada e irritada) Eu não
acredito que ouvi isso... Magnus, nossa filha já tem vinte anos. Ela continua
aquela mesma aborrecente irritante que vivia discutindo comigo quando tinha
dezessete.
MAGNUS – Máxima meu amor/
A socialite
interrompe o marido:
MÁXIMA – (exaltada) E tem mais. Depois
que ela começou a sair com esse rapaz, como é mesmo o nome dele? Arlan...
Depois que começou a sair com o Arlan ficou ainda mais rebelde. Escuta bem o
que vou te dizer: Esse rapaz não é pra nossa filha.
MAGNUS – Máxima... Máxima... Por favor.
MÁXIMA – A verdade dói, meu bem. Esse
Arlan não presta. Escuta o que estou te dizendo. Eu sempre estou com a razão. Magnus,
esse Arlan não presta.
MAGNUS – Engano seu Máxima. Esse Arlan/
O telefone
da mansão Scarion não para de tocar, e acaba atrapalhando a conversa entre o
casal:
MÁXIMA – (grita) Edith! Atende logo esse
telefone pelo amor de IXTHUS!
EDITH – Claro, dona Máxima.
Edith, é a
empregada. Trabalha há anos na mansão Scarion.
EDITH – Alô?...
Magnus
continua a discursão:
MAGNUS – O Arlan é um ótimo rapaz. E tem
mais... Estou pensando seriamente em coloca-lo na frente da presidência da
empresa.
Máxima se
altera ainda mais:
MÁXIMA – Ficou maluco?!
MAGNUS – Não vejo motivos de negar a
presidência a ele. O Arlan é um bom rapaz. Tem experiências dentro da empresa.
É formando em administração numa das maiores e melhores universidades de Nova
York, sempre me ajudou com os relatórios da empresa e além do mais ele é o
nosso genro, nada mais justo.
MÁXIMA – (grita) Justo? Magnus, eu não
aceito isso. É inadmissível essa sua ideia maluca de colocar aquele pentelho no
comando da Scarion Mil.
Magnus
interrompe a mulher:
MAGNUS – (exaltado) Eu não estou pedindo
sua opinião, Máxima/
Edith interrompe
a discursão do casal:
EDITH – Com licença. Dr. Magnus, a Aléxya está no telefone...
O empresário
preocupado pergunta:
MAGNUS – A Aléxya? Mas o que será que
aconteceu?
O
empresário toma o telefone das mãos de Edith e leva até o ouvido:
MAGNUS – Alô, filha? ... Oi minha filha,
aconteceu alguma coisa? ... Aham... Sei... Sério?! ... Isso é ótimo Aléxya ...
Parabéns meu anjo... Certo, certo... Tudo bem, pode deixar que darei sim.
Também te amo, meu doce!... Manda um abraço pro Arlan... Beijo... Tchau.
Curiosa:
MÁXIMA – Então? Aconteceu alguma coisa
com a nossa filha?
MAGNUS – (eufórico) A Aléxya ligou para
contar as boas novas!
MÁXIMA – (de mau humor) Boas novas?!
MAGNUS – Sim. Eu não entendi muito bem,
mas parece que o Arlan pediu a mão da nossa filha em casamento.
A novidade
deixou Magnus feliz da vida, porém não agradou nem um pouco a socialite.
MÁXIMA – (grita) Não acredito! E ainda
por cima você fica feliz com essa barbaridade, Magnus?
MAGNUS – Por que não ficaria?! É uma
ótima notícia. Bom, foi o que achei.
Irritada,
Máxima sai, deixando o marido no vácuo. Magnus aparenta está pensativo e
arremata:
MAGNUS – É... Arlan está um passo a
frente de se tornar o novo presidente da empresa.
CENA 03/
MANSÃO KUHN/ PISCINA/ EXT./ DIA
Apenas de sunga (preta), e de corpo atlético. Ônix
conversa freneticamente pelo telefone celular com Arlan.
ÔNIX – (surpreso) Pera ae... Pera ae...
Pera ae... Eu não ouvi bem... Você noivou com a Aléxya, é isso?
ARLAN – Isso mesmo! Acabei de pedir a
mão da trouxa em casamento. E como já era de se esperar, ela aceitou o pedido
do “amorzinho” dela aqui. Não resistiu, sabe como é que é, né?
Sendo
irônico:
ÔNIX – Arlan, Alan, Arlan... Você não
vale nada. Você não prestar, Arlan. Está aprendendo muito bem comigo. Afinal de
contas, pior do que você, só EU! Ônix Kuhn. O filho do maior e mais renomado
empresário do país e do mundo: Orlando Kuhn.
Ônix solta
uma gargalhada sarcástica, e continua:
ÔNIX – Então? Quando você e sua “amada-adorada-idolatrada-noiva”
voltarão ao Brasil?
Arlan
responde de imediato:
ARLAN – Próxima semana.
Surpreso:
ÔNIX – Mas já?! Não deu nem tempo pra
você tirar uma casquinha da filha do “todo-poderoso” (Magnus). Não vai me
dizer, que você não sente atração por aquela gostosa/
Arlan
interrompe Ônix:
ARLAN – Está me estranhando, Ônix?! Não
é isso! O fato é que a Aléxya é uma garota muito insuportável, cara. Amorzinho
pra cá, amorzinho pra lá... Você sabe muito bem que não sou o tipo do cara que
curte romantismo.
ÔNIX – Mas não é isso que você passa
pra ela. Aléxya acha que você é o cara mais romântico da face da terra.
Arlan toma
a palavra:
ARLAN – Vou te falar uma coisa, Ônix:
Homens como eu e você, se apaixonam por beleza, já as mulheres como, por
exemplo, a trouxa da Aléxya por romantismo.
Irônico,
Ônix complemente:
ÔNIX – Por isso que as mulheres sempre
usam maquiagens e os homens mentem.
E logo vem
acompanhado por uma risada sarcástica.
ARLAN – Exatamente! Mas mudando
completamente o rumo da conversa. Que horas são? Você não deveria estar na
empresa de seu pai?
ÔNIX – Esqueci de te dizer. O Dr.
Orlando (é assim que Ônix chama o pai) viajou à negócios, faz cerca de uma
semana. E só volta sabe lá Zeus quando.
ARLAN – Entendo. Então, você não vai
trabalhar hoje, é isso?
ÔNIX – Não exatamente! Preciso ir até a
empresa resolver negócios relacionados à compra de uma ilha nas Bahamas.
ARLAN – (interessado) Uma ilha é?
ÔNIX – Elementar, meu caro! Seu nome é
Sandy Cay. Ela é cercada por águas cristalinas azul turquesa. Belíssima a ilha.
Logo mais te envio algumas fotos pelo e-mail.
ARLAN – Ok. Mas, me diz: Quanto custa
essa ilha? Como é mesmo o nome dela?
ÔNIX – Sandy Cay. Custa exatamente US$
18 milhões.
Arlan fica
boquiaberto.
ARLAN – CA-RAM-BA! Cara, onde você vai
tirar toda essa grana?
ÔNIX – Ué! Não é obvio? Dos
investimentos da empresa do meu velho.
ARLAN – Como você vai fazer isso?
Eis que o
filho de Orlando responde:
ÔNIX – É simples. Superfaturando os
contratos multimilionários com os fornecedores da empresa. Coisa simples.
ARLAN – Está certo, mas quanto ao risco
de alguém acabar descobrindo?
ÔNIX – Não há possibilidade de alguém
descobrir. Como já disse antes, o papai está viajando. E só volta sabe lá Zeus
quando.
ARLAN – Não estou me referindo ao seu
pai.
ÔNIX – Então a quem?
ARLAN – Me refiro ao responsável pela
contabilidade da empresa. O Dr. Egídio.
O Dr.
Egídio, a quem Arlan se refere, é o responsável pela contabilidade da empresa.
Grande amigo de Orlando. É um homem sério e honesto. Trabalha na empresa há
anos.
ÔNIX – Arlan, Arlan, é impressionante
como você está sempre errado. Até quando você quer acertar você erra. Animal,
esqueceu que eu também sou responsável pela contabilidade da empresa? Eu posso muito bem, alterar os valores dos papeis
que chegam nas mãos do Egídio. E assim ele nunca ficará sabendo os valores
reais do capital da empresa etc. etc. etc.
ARLAN – Está certo viu. Te desejo toda
sorte do mundo.
ÔNIX – Sorte?! Eu não preciso de sorte,
Arlan. Eu tenho o universo ao meu favor. Não tem como esse plano dar errado.
Além do mais, eu sou o mestre por aqui. Não preciso de sorte. Diferentemente de
você, que é o aprendiz. E corre o risco de ser pego com a mão na massa, digo,
na grana.
Enquanto
Arlan conversa pelo celular, Aléxya aproxima-se do noivo.
ALÉXYA – Amor... Amor, você não vai
acreditar o que acabei de encontrar perdido próximo da pirâmide do/
Arlan
sussurra:
ARLAN – Inferno! Ônix vou ter que
desligar. A abominável da Aléxya está se aproximando.
ÔNIX – Vai lá cara. Mas antes, me
escuta. Continua com o plano. E não ouse me decepcionar. Afinal de contas, eu
sou seu mestre. Eu te ensinei tudo. Fui eu que te dei a ideia de como roubar a
empresa do pai da tua noiva.
E ele
arremata:
ÔNIX – E quando tiver com toda grana da
empresa do Magnus na sua conta no exterior, não se esqueça de mim. Cobrarei
pelas aulas.
Ele solta
uma risadinha sarcástica e desliga o celular.
Algumas
horas depois...
CENA
04/ GRUPO KUHN / RECEPÇÃO/ INT./ DIA
Ônix
trabalha no Grupo Kuhn, responsável pela contabilidade da empresa do pai
(Orlando Kuhn). Semana passada a Verônica, sua antiga secretária pediu
demissão, por não aguentar mais sofrer na mão da corja do Ônix. Monique Braz é
então, a nova secretária do filho de Orlando.
Ônix chega
à empresa e é recebido por Monique:
MONIQUE – Bom dia Dr. Ônix.
ÔNIX – E você quem é?
MONIQUE – Prazer. Eu sou sua nova
secretária. Monique Braz. Hoje é o meu primeiro dia de trabalho aqui na empresa
e/
ÔNIX – Sim, claro.
Irônico:
ÔNIX – Olha minha querida nada pessoal,
mas essa sua maquiagem está o cúmulo do ridículo. Você deveria se maquiar no
padrão da empresa, ao invés de tentar roubar o emprego de Patati e Patata.
Trate já de passar no toilet e tirar
esse reboco da cara. Logo em seguida leve todos os relatórios na minha sala.
Com urgência!
A
secretária, pasma, fica paradona, estudando a situação.
ÔNIX – (grita) Anda criatura, o que
está esperando?
Ela sai a
toda.
Ônix segue
o corredor que leva até sua sala.
CENA 05/ GRUPO KUHNS / SALA ÔNIX/
INT./ DIA
Ônix entra
em sua sala. Joga sua pasta em algum lugar. Senta-se à mesa. Procura algo no
computador. Dar dois cliques, abre uma página na internet. Encontra uma ilha a
venda. E a admira.
ÔNIX – Bela ilha. E ela será toda
minha. Eu só preciso colocar meu plano em ação.
Monique
entra na sala, sem antes ser anunciada.
ÔNIX – (grita) Mas o que falta de
educação é essa agora? Entra na minha sala sem antes ser anunciada.
Monique
tenta se desculpar:
MONIQUE – Desculpa Dr. Ônix, mas foi o
senhor mesmo que me pediu pra trazer os relatórios depois que eu/
Ônix
interrompe a nova secretária:
ÔNIX – (grita) Sem desculpas. E da
próxima vez que isso venha a acontecer, estará no olho da rua! Estamos
entendidos?
De cabeça
baixa, Monique responde com a voz tremula:
MONIQUE – Sim. Claro Dr. Ônix. Desculpe-me.
Zulmira
entra em cena.
ZULMIRA – Ameaçando sua nova secretária,
Ônix?
Ela se
dirige à Monique e conclui:
ZULMIRA – Cuidado em, esse daí late e
morde!
ÔNIX – (irônico) Vejam só quem veio me
visitar. Minha ex my love, Zulmira
Alcântara.
Sofisticada
e elegante, Zulmira é ex-mulher de Ônix. Durante o relacionamento (que durou
pouco mais de um ano), o casal teve um filho chamado: Bryan, de cinco anos.
Ônix é
irônico:
ÔNIX – O que devo a honra de sua
ilustre visita em minha humilde sala presidencial? Sentiu minha falta, Zulmira?
ZULMIRA – Sem piadas, Ônix!
ÔNIX – Sorry baby, se as minhas piadas não te fazem rir o problema é todo
seu. Agora me diz, o que veio fazer aqui? Não está vendo? Estou ocupadíssimo.
Não tenho tempo pra discursão, ainda mais por cima com minha ex-mulher.
ZULMIRA – (irônica) Eu vim lembrar você da
pensão do Bryan, Ônix.
ÔNIX – (irônico) Bryan, Bryan... Quem é
Bryan?!
Zulmira
respira fundo e responde:
ZULMIRA – Nosso filho, Ônix. Eu sei que, você
não gosta de ser lembrado que é pai. Mas você não pode fugir de suas
responsabilidades paternas que estão acorrentadas a você.
Ônix
interrompe.
ÔNIX – Infelizmente. Olha Zulmira,
confesso que não vejo a hora desse moleque completar os 18 anos e não depender
mais de mim e do meu soado dinheiro.
ZULMIRA – (grita) Não seja cruel com seu próprio
filho, Ônix. Ele é sangue do seu sangue.
A imagem congela em Ônix.
FIM
DO CAPÍTULO
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