sábado, 13 de agosto de 2016

Capítlo 7: Um dia de cada vez

CENA 1. CLUBE. PISCINA. INTERIOR. DIA.
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA ULTIMA CENA DO CAPÍTULO ANTERIOR. RAÍSSA ESTÁ BOIANDO DE BRUÇOS NA PISCINA. DE REPENTE, BRUNO APARECE COM RENATA E PAULA E VÊ RAÍSSA SE AFOGANDO.

BRUNO — (SE DESESPERA) Meu Deus.

BRUNO TIRA A CAMISA E O SHORT, FICANDO APENAS DE SUNGA E MERGULHA NA PISCINA. ELE TIRA RAÍSSA DE DENTRO DA PISCINA SOB OS OLHARES DE RENATA E PAULA, QUE ESTÃO AFLITAS. ELA AINDA SE ENCONTRA DESACORDADA. BRUNO A COLOCA DEITADA NA BEIRA DA PISCINA COMEÇA A FAZER MASSAGEM CARDÍACA NELA E RESPIRAÇÃO BOCA A BOCA.

BRUNO — Reage Raíssa! Reage!

ELE CONTINUA A FAZER OS PROCEDIMENTOS, MAS RAÍSSA NÃO REAGE, ESTÁ DESACORDADA DEVIDO A SUBSTÂNCIA COLOCADA NO SUCO QUE TOMOU. BRUNO SE DESESPERA.

BRUNO — (DESESPERADO) Reage! (GRITA) Reage Raíssa!

CENA 2. CLUBE. BANHEIRO. INTERIOR. DIA.
RAFAELA, BEATRIZ E GÉSSICA NO BANHEIRO. RAFAELA OUVE A VOZ DE BRUNO.

RAFAELA — É a voz de Bruno! Tá acontecendo alguma coisa!

ELA SAI CORRENDO.

GÉSSICA — Meu Deus. Será que deu alguma coisa de errado?

BEATRIZ — O que você fez Géssica?

GÉSSICA — Droga! Deu alguma merda!

ELA SAI SEM RESPONDER BEATRIZ. BEATRIZ FICA AFLITA.

CENA 3. CLUBE. PISCINA. INTERIOR. DIA.
RAFAELA APARECE, SEGUIDA DE GÉSSICA E ENCONTRA RAÍSSA DESACORDADA, COM BRUNO TENTANDO REANIMÁ-LA.
RAFAELA — (AFLITA) O que aconteceu? (SE ABAIXA) O que houve com minha amiga?

BRUNO — (NERVOSO) Eu cheguei aqui e ela tava boiando na piscina.

RAFAELA — (AFLITA) Meu Deus, o que será que aconteceu?

BRUNO — (AFLITO) Eu não sei. Eu tentei reanima-la várias vezes, mas ela não reage!

RAFAELA — (DESESPERADA P/ RAÍSSA) Acorda amiga! Acorda! Fala comigo! (GRITA) Alguém chama uma ambulância, pelo amor de Deus! Alguém faz alguma coisa!

ELA CONTINUA AFLITA. TODOS NERVOSOS. CLOSE EM GÉSSICA QUE ESTÁ LEVEMENTE NERVOSA.

CENA 4. HOSPITAL. SALA DE ESPERA. INTERIOR. DIA.
TODOS NA SALA DE ESPERA, AGUARDANDO POR NOTÍCIAS. BRUNO ESTÁ JUNTO COM RAFAELA EM UM SOFÁ. RENATA E PAULA ESTÃO EM OUTRO SOFÁ. GÉSSICA E BEATRIZ NÃO ESTÃO PRESENTES NA CENA. DE REPENTE OTÁVIO CHEGA BASTANTE AFLITO.

OTÁVIO — (AFLITO) Minha filha, aonde ela tá?

RAFAELA — Tá lá dentro. Daqui a pouco o médico vem com notícias.

BRUNO — (SE LEVANTA) Senta tio! Vai ficar tudo bem!

OTÁVIO SE SENTA NO SOFÁ E TENTA RELAXAR, SENDO CONSOLADO POR RAFAELA E BRUNO. DE REPENTE O MÉDICO APARECE. TODOS SE LEVANTAM ANSIOSOS.

OTÁVIO — (ANSIOSO) E então, como está minha filha?

MÉDICO — Está tudo bem com Raíssa! Ela engoliu muita água enquanto estava inconsciente. Fizemos uma lavagem estomacal nela. Está tudo ok com ela, mas ela precisa ficar aqui esta noite em observação.

OTÁVIO — (ALIVIADO) Graças a Deus.

TODOS FICAM FELIZES, GRATOS.

CENA 5. MANSÃO LIDIANE. QUARTO BEATRIZ. INTERIOR. DIA.
BEATRIZ CONVERSA COM PAULA.

BEATRIZ — E então? Raíssa tá bem?

PAULA — Tá sim! Ela vai ficar em observação essa noite lá no hospital. Amanhã deve estar voltando pra casa.

BEATRIZ — (ALIVIADA) Que bom! Eu fiquei preocupada!

PAULA — (ESTRANHA) Você?!

BEATRIZ — Claro! Ela poderia ter morrido! Mas também não precisa falar assim né? Eu não sou esse bicho de sete cabeças que todos pensam que sou.

PAULA — Pra uma pessoa que se gaba por ser a filha da diretora, eu não esperava por menos.

BEATRIZ — (IRRITADA) Chega Paula! Vai ficar jogando na minha cara agora todos os meus erros?

PAULA — Não. Imagina só se eu tenho esse direito!

BEATRIZ FICA PENSATIVA.

PAULA — Tá pensativa assim por quê?

BEATRIZ — Tem uma coisa me encucando aqui que tá me deixando agoniada... (SE PREPARA PRA SAIR) Eu preciso fazer uma coisa e é agora, já!

PAULA — (CURIOSA) O quê mulher?

BEATRIZ — (COM PRESSA) Depois eu te conto! Você é de casa, quando sair fecha a porta!

BEATRIZ SAI, DEIXANDO PAULA ALI PLANTADA SEM ENTENDER NADA.

CENA 6. CASA GÉSSICA. SALA. INTERIOR. DIA.
GÉSSICA ESTÁ SENTADA NO SOFÁ MEXENDO NO CELULAR. A CAMPAINHA TOCA. ELA VAI ATENDER. É BEATRIZ.

GÉSSICA — (SURPRESA) Beatriz?

BEATRIZ — Demorei, mas finalmente achei sua casa nesse fim de mundo!

BEATRIZ ENTRA E SE SENTA NO SOFÁ. GÉSSICA FECHA A PORTA.

BEATRIZ — Precisamos ter uma conversa! Uma conversa séria! Seríssima!

ELAS SE ENCARAM. CLOSE.

1º INTERVALO COMERCIAL

CENA 7. CASA GÉSSICA. SALA. INTERIOR. DIA.
CONTINUAÇÃO DA CENA ANTERIOR. BEATRIZ E GÉSSICA. GÉSSICA ENCARA BEATRIZ.

GÉSSICA — O que te trouxe aqui?

BEATRIZ — (IRÔNICA) Senta!

GÉSSICA — Eu sou a dona da casa! Não era eu quem deveria estar falando isso?

BEATRIZ — Não interessa! Eu vim aqui foi pra conversarmos e não pra falar abobrinhas e aprender boas maneiras, até por que não estou nem um pouco interessada!

GÉSSICA — Você vem na minha casa sem avisar e ainda vem dando lição de moral? Quem é você na casa do babado?

BEATRIZ — Olha aqui Géssica, eu vou fingir ser uma pessoa civilizada! Se você não sentar esse seu rabo nesse sofá agora por bem, vai sentar por mal!

GÉSSICA — (DEBOCHA) Não me diga!

BEATRIZ — (TOM) Você duvida?

GÉSSICA A ENCARA SORRINDO CINICAMENTE E SE SENTA NO SOFÁ.

GÉSSICA — Bom! Eu já sentei! O que o projeto de madame deseja? Se quiser eu posso me vestir de empregada e servir uma água, um suco/

BEATRIZ — (CORTA) Eu vou enfiar a minha mão nessa sua cara se você não calar essa boca e me escutar! (T) Eu sei que você colocou alguma coisa naquele suco que Raíssa tomou e fez com que ela desmaiasse na piscina.

GÉSSICA — Era só isso que você tinha pra me dizer? Veio do centro da cidade só pra me falar isso?

BEATRIZ — Eu vim pra dizer que eu tenho nojo de você!

GÉSSICA — Não me diga?! Agora você tem nojo? Você se juntou a mim pra acabar com a mosca morta da Rafaela e agora mudou de personalidade de uma hora pra outra? Ah, conta outra Beatriz! Você tá parecendo crente que dá falso testemunho!

BEATRIZ — Só me responde uma coisa Géssica: O que você fez exatamente? Qual foi a sua armação Géssica?

GÉSSICA — Então já que você quer tanto saber eu vou falar: Eu nunca gostei de você Beatriz!

BEATRIZ FICA SURPRESA.

GÉSSICA — Eu nunca fui sua amiga! Sempre te detestei! Eu sou apaixonada pelo Bruno! Sempre te usei!

BEATRIZ FICA PLERPEXA AO MESMO TEMPO EM QUE FICA COM RAIVA.
GÉSSICA — Eu usei você contra Rafaela! Sabia que você detestava ela e resolvi usar seu ódio contra ela! Quando ela se aproximou de Bruno eu sabia que ela ia acabar com todos os meus esquemas! Por isso resolvi dar um fim nela e usei você nessa parada! (T) Eu coloquei uma substância no suco de sua amiguinha Rafaela. Mas não sabia que aquela imbecil da Raíssa fosse tomar o copo dela! (T) Satisfeita? Deu merda no plano! Apenas isso! (T) Aliás, ela morreu?

BEATRIZ — (ABALADA COM O QUE ELA DISSE) Não!

GÉSSICA — (BAIXO) Que pena!

BEATRIZ OUVE O QUE GÉSSICA DISSE E FICA PLERPEXA. NESSE MOMENTO COMEÇA A CONFUSÃO. UM DIÁLOGO EM CIMA DO OUTRO, SEM PAUSAS.

BEATRIZ — (OUVIU) O quê você disse? É isso mesmo o que eu ouvi?

GÉSSICA — (IRRITADA) Quer fazer um favor? Sai da minha casa Beatriz! Eu já tou de saco cheio de você! Sai!

BEATRIZ — (EM CIMA) Não! Eu quero ouvir o que você falou! Por que só assim vou ter certeza da criatura vil que você é!

GÉSSICA — (IRRITADA) Sai da minha casa! Sai!

BEATRIZ — (EM CIMA) Eu ainda não ouvi Géssica!

GÉSSICA — (AUMENTA O TOM DE VOZ) Sai daqui!

BEATRIZ — (ROSNANDO) Eu quero ouvir você falar! Eu quero ouvir da sua boca o que você sussurrou ali! (GRITA) Fala!

GÉSSICA — (ENCARANDO) Você vai fazer o quê?

BEATRIZ — (ENCARANDO) Você não vai falar? Não vai? Toma!

BEATRIZ DÁ UM TAPA NA CARA DE GÉSSICA. ELA A PUXA PELOS CABELOS.

GÉSSICA — (GRITA) Me solta Beatriz!

BEATRIZ — (PUXANDO OS CABELOS DELA) Você vai ver só o que eu vou fazer com você sua falsa!

BEATRIZ A JOGA NO CHÃO.

BEATRIZ — (COM RAIVA) Eu te odeio!

BEATRIZ SENTA EM CIMA DE GÉSSICA, PUXA OS CABELOS DELA E A SESSÃO DE TAPAS SE INICIA.

BEATRIZ — (DANDO TAPAS) Sua falsa! Cachorra!

GÉSSICA — (GRITA) Socorro!

BEATRIZ — (DANDO TAPAS) Toma sua vaca!

GÉSSICA — (GRITA) Socorro! Alguém tira essa louca de cima de mim!

BEATRIZ — (COM RAIVA) A vontade que eu tenho é de te matar!

BEATRIZ COMEÇA A ESGANAR GÉSSICA.

BEATRIZ — (ESGANANDO) Eu te odeio Géssica. Eu te odeio, odeio, odeio! Eu quero que você morra!

GÉSSICA FICA COM FALTA DE AR. TENTA SE LIVRAR DE BEATRIZ, MAS NÃO TEM FORÇAS. TENSÃO. DE REPENTE, VAGNER ENTRA EM CASA, VÊ BEATRIZ ESGANANDO GÉSSICA E CORRE PRA TIRÁ-LA DE CIMA DELA. VAGNER TIRA BEATRIZ DE CIMA DE GÉSSICA.

VAGNER — O que tá acontecendo aqui?

BEATRIZ — Me solta! Eu tenho que terminar de acabar com essa vadia!

GÉSSICA SE LEVANTA COM DIFICULDADE, TOSSINDO, TENTANDO RECUPERAR O AR.

VAGNER — Que baixaria foi essa aqui? (PARA BEATRIZ) Por que você fez isso Beatriz?

BEATRIZ — Nada!

BEATRIZ VAI EMBORA. VAGNER FICA SEM ENTENDER NADA. GÉSSICA TENTA RESPIRAR.

CENA 8. CASA GÉSSICA. FRENTE. EXTERIOR. DIA.
GABRIEL ESPERA POR BEATRIZ. BEATRIZ VEM DE DENTRO DA CASA DE GÉSSICA.

GABRIEL — Você demorou! Aconteceu alguma coisa?

BEATRIZ — Desculpa a demora tio! Eu disse que seria rápida! Foi mal! Já resolvi tudo o que tinha pra resolver aqui! Vamos embora!

ELA ENTRA NO CARRO. GABRIEL FECHA A PORTA PRA ELA. ELE ENTRA NO CARRO E PARTE.

CENA 9. CASA NATÁLIA. SALA. INTERIOR. NOITE.
NATÁLIA CONVERSA COM RENATA. AMBAS ESTÃO SENTADAS NO SOFÁ.

NATÁLIA — E então, como foi no tal clube?

RENATA — Foi bem. Só aconteceu um desastre. Uma colega passou mal na piscina e acabou indo pro hospital, mas já está tudo bem.

NATÁLIA — Nossa que tenso.

NATÁLIA FICA MEIO CABISBAIXA. RENATA PERCEBE.

RENATA — O que foi amiga? Por que você tá assim? Pode falar pra mim! Desde a hora que eu cheguei que você tá com essa cara!

NATÁLIA — Aquele cara que eu falei pra você!

RENATA — Sim, o que tem ele?

NATÁLIA — Marcamos de almoçar num restaurante, só que a gente brigou. Ele disse que tava apaixonado por mim. O pior é que ele parecia ser sincero.

RENATA — E você deu o fora nele?

NATÁLIA — Eu não dei o fora nele, diretamente falando. Eu apenas disse que ele estava sendo rápido demais! O pior é que eu acho que estou sentindo a mesma coisa por ele! (SE LEVANTA) Eu sinto falta dele.

RENATA — Então por quê você não diz essas coisas todas a ele então?

NATÁLIA — É né? Eu acho que vou fazer isso mesmo!

CLOSE NELA.

CENA 10. CASA GÉSSICA. SALA. INTERIOR. NOITE.
VAGNER ABRE A PORTA.

VAGNER — (SURPRESO) Natália?

NATÁLIA — Vagner, a gente precisa conversar!

CLOSE NELES.

2º INTERVALO COMERCIAL

CENA 11. CASA GÉSSICA. SALA. INTERIOR. NOITE.
VAGNER E NATÁLIA SENTADOS NO SOFÁ CONVERSAM.

VAGNER — Você aceita alguma coisa?

NATÁLIA — Não, valeu!

VAGNER — Eu estranhei você aqui em casa. Disse que não queria nada comigo!

NATÁLIA — Eu não disse isso! Eu apenas falei que você tava indo rápido demais!

VAGNER — (RÍGIDO) Então dizer que estou apaixonado por você é ir rápido demais?

NATÁLIA — Vagner, eu não vim pra brigar com você!

VAGNER — Desculpa!

NATÁLIA — Eu vim aqui por que eu senti sua falta!

VAGNER — Sentiu?

NATÁLIA — Sim! Eu gosto de você! De verdade!

VAGNER — (SORRI) Eu também! (T) Desculpa aquele dia! Não queria deixar você plantada naquele restaurante!

NATÁLIA — Não precisa! Eu entendo você!

ELES SE LEVANTAM. VAGNER PEGA NA MÃO DE NATÁLIA, BEIJA E DEPOIS A PUXA, AGARRANDO-A. AMBOS SORRIEM E SE BEIJAM EM SEGUIDA.

CENA 12. AP LORENA. SALA. INTERIOR. NOITE.
PAULA ESTÁ ARRUMADA, PRONTA PRA SAIR. LORENA APARECE. PAULA ESTÁ DE COSTAS PRA ELA.

LORENA — Aonde você vai?

PAULA — Sair!

LORENA — Com a permissão de quem?

PAULA — (SE VIRA E SORRI) Com a minha permissão!

LORENA — Ah, já está assim é? Sabia que você é menor de idade querida?

PAULA — (CÍNICA) Sabia que eu não sou mais um bebê querida?

LORENA — Olhe menina, você não me tire do sério!

PAULA — Você estando normal já é fora do sério mãe! Eu não preciso te tirar do sério! (DOCE) Olha só, eu estou linda, maravilhosa, feliz! Hoje é sábado e eu só quero sair de casa pra jantar com um amigo, então, sem brigas hoje mãezinha! Por favor!

LORENA — (SORRI) Há tempos que você não me chama assim! Vai! Vai mesmo! Aliás, eu também vou sair!
PAULA — Ótimo! Não vai se arrepender! Beijo!

PAULA SOLTA BEIJINHO DE LONGE PRA ELA E SAI. TEMPO. A CAMPAINHA TOCA NOVAMENTE. LORENA VAI ATENDER.

LORENA — (PRA SI) Deve ter esquecido de alguma coisa!

ELA ABRE. É VITOR.

LORENA — (SURPRESA) O que você tá fazendo aqui? Quem te contou onde eu moro?

VITOR — Eu te segui aquele dia!

LORENA — Mentira! Mentira!

VITOR — Verdade!

LORENA — Você é um cara de pau! Meu Deus! Seu idiota!

ELE ENTRA.

LORENA — Eu posso saber que diabos está fazendo aqui em casa?

VITOR — Estava passando e deu vontade de te fazer uma visitinha! Tá sozinha? O maridão tá aqui?

LORENA — Eu não tenho marido! Nunca tive! Você foi o único homem que eu tive na vida!

VITOR — Esses anos todos você esteve sozinha? Como é que cê aguentou ficar na seca?

VITOR VAI ANDANDO PELO APÊ, OLHANDO AS COISAS.

LORENA — Olha, fala logo o que você quer e vá embora!

VITOR — Eu não vou embora tão cedo, sabe por quê?

LORENA — (ENCARA ELE) Por quê?

VITOR AGARRA LORENA.

VITOR — (OLHA NOS OLHOS DELA) Por que eu sei que você nunca me esqueceu! Eu sei disso! Por isso você ficou sem macho esses anos todos! Você nunca esqueceu de mim Lorena!

VITOR BEIJA LORENA, QUE CORRESPONDE. ELA SE ENTREGA. ELA PARA DE BEIJAR ELE E CONSEGUE SE SOLTAR. LORENA DÁ UM TAPA NA CARA DE VITOR QUE SORRI DESCARADAMENTE.

LORENA — Nunca mais faça isso!

LORENA VAI ATÉ A PORTA E ABRE.

LORENA — Sai daqui! Sai!

VITOR CAMINHA ATÉ A PORTA. ELE PARA EM FRENTE A LORENA. ELES SE OLHAM E DESSA VEZ É ELA QUE BEIJA ELE. LORENA PARA DE BEIJAR ELE. VITOR VAI EMBORA E LORENA FECHA A PORTA. ELA SE ENCOSTA E PÕE A MÃO NA TESTA, SEM ACREDITAR NO QUE ACABOU DE ACONTECER ALI.

CENA 13. AP BRUNO. SALA. INTERIOR. NOITE.
BRUNO ASSISTE TV. DE REPENTE VITOR CHEGA EM CASA.

VITOR — Boa noite filho!

BRUNO — Boa pai!

VITOR — Sua mãe, aonde tá?

BRUNO — Lá em cima!

VITOR — E aí, como foi no clube?

BRUNO — Mais ou menos! Nem deu pra aproveitar direito! Uma amiga se afogou e acabou no hospital!

VITOR — E ela tá bem?

BRUNO — Tá sim!

VITOR — Eu vou lá pra cima ver sua mãe!

BRUNO — Tá!

VITOR SOBE. BRUNO CONTINUA ASSISTINDO A TV.

CENA 14. AP BRUNO. QUARTO CASAL. INTERIOR. NOITE.
NILZA ARRUMA A CAMA. VANESSA ESTÁ NA PORTA OBSERVANDO. DE REPENTE ELA SE VOLTA PRA NILZA.

VANESSA — (SUSSURRA) Rápido urubu sem asa! Ele tá vindo! Coloca a porcaria do bombom aí em cima! Rápido!

ELA CORRE PRA DEITAR NA CAMA. NILZA COLOCA O BOMBOM NO CRIADO MUDO E SAI, FINGE QUE ESTÁ FAZENDO ALGUMA COISA. VITOR CHEGA NO QUARTO. VANESSA FALA COM ELE SEMPRE FAZENDO VOZ SENSUAL.

VANESSA — Chegou amorzinho?

VITOR — Claro! Estou aqui, não estou?

VANESSA FAZ SINAL PRA NILZA SAIR. NILZA SAI DO QUARTO, FECHANDO A PORTA. VANESSA VAI ATÉ VITOR E O BEIJA.

VANESSA — Aposto que você teve um dia cansativo!

VITOR — E eu tive mesmo! Estou derrubado!

VITOR SENTA NA CAMA E TIRA OS SAPATOS. ELE DEITA NA CAMA. VANESSA SENTA NOS SEUS PÉS E COMEÇA A FAZER MASSAGEM.

VANESSA — Então relaxa que eu vou pedir pro urubu sem asa da Nilza fazer um escalda pés pra você!

VITOR — (RELAXANDO) E um banho de leite com mel na banheira!

VANESSA — (COMPLETA COM VOZ SENSUAL) Com bastante morango!

VANESSA BEIJA VITOR QUE CORRESPONDE. ELA PARA DE BEIJÁ-LO.

VANESSA — (SE LEVANTA) Eu vou lá embaixo falar com Nilza! Já volto!

ELA SAI, FECHANDO A PORTA. VITOR SE AJEITA NA CAMA E DE REPENTE VÊ O BOMBOM NO CRIADO MUDO. ELE PEGA O BOMBOM. ELE SE LEMBRA DO SEU BEIJO COM LORENA.

VITOR — (SE LEMBRANDO) Hoje vou abrir uma exceção! Hoje mereço uma comemoração!

ELE ABRE A EMBALAGEM DO BOMBOM E COME.

3º INTERVALO COMERCIAL

CENA 15. CASA ANDRÉ. SALA. INTERIOR. NOITE.
CASA LUXUOSA, COM DOIS ANDARES. LEONTINA ESTÁ NO SOFÁ. ELA TOCA UM SINO PEQUENO O TEMPO INTEIRO. LOURDES APARECE NA SALA.

LOURDES — (IRRITADA) Chega mãe!

LEONTINA — Aonde tá essa bendita empregada minha filha? Eu quero o meu gim!

LOURDES — A senhora tem que tomar os seus remédios, isso sim!

LEONTINA — Eu já tomei o da pressão!

LOURDES — Tem que tomar o outro!

LEONTINA — E qual seria?

LOURDES — O da loucura!

DE REPENTE, ANDRÉ DESCE, CHEGANDO À SALA.

LOURDES — Vai sair filho?

ANDRÉ — Vou sim! Marquei com uma gata!

LEONTINA — Vê se usa camisinha meu neto!

LOURDES — Mãe!

LEONTINA — Eu estou velha, mas não estou idiota meu bem!

ANDRÉ — Eu já vou! Não quero deixar ela esperando!

ELE VAI SAINDO. DÁ BEIJINHO NA MÃE E AVÓ.

LOURDES — E toma cuidado hein?! Não quero criar neto, filho seu com uma suburbana qualquer!

ANDRÉ SAI SEM DAR OUVIDOS A LOURDES. LEONTINA FICA IMPACIENTE.

LEONTINA — Cadê essa criatura com o meu gim?

ELA TOCA NOVAMENTE O SINO. LOURDES PÕE A MÃO NA CABEÇA, NERVOSA COM O BARULHO.

LOURDES — Acho que é eu que vou precisar tomar remédio! Estou ficando maluca com esse barulho infernal!

ELA SOBE. LEONTINA CONTINUA TOCANDO O SINO SEM PARAR. CLOSE NELA.

CENA 16. RESTAURANTE. INTERIOR. NOITE.
PAULA CHEGA AO RESTAURANTE COM MARCELO. ELES SE SE SENTAM À MESA.

PAULA — Foi difícil sair de casa hoje! Tive que enrolar minha mãe da melhor forma possível! Eu praticamente virei atriz e fiz a linha filhinha doce.

MARCELO RI.

MARCELO — Você é demais!

PAULA — Eu sei disso! Eu chamei uma amiga pra vir jantar com a gente!

MARCELO — Ela não vai chegar?

PAULA — Claro, daqui a pouco ela chega!
DE REPENTE, RENATA CHEGA COM ANDRÉ.

PAULA — Falando nela, olha ela aí!

PAULA SE LEVANTA, CUMPRIMENTA RENATA. MARCELO SE LEVANTA, CUMPRIMENTA RENATA E VAI CUMPRIMENTAR ANDRÉ.

MARCELO — (PARA ANDRÉ) Meu amigo!

ANDRÉ — (PARA MARCELO) Meu grande amigo Marcelo!

PAULA — (SEM ENTENDER) Vocês se conhecem?

MARCELO — Claro!

ANDRÉ — Somos melhores amigos! De infância!

RENATA — Não diga!

ANDRÉ — (FAZ VOZ DE DEBOCHE) Pois digo!

ELES RIEM.

MARCELO — E então? A gente pede o quê?

ELES CONTINUAM A CONVERSAR EM OFF.

CENA 17. AP ANDRESSA. SALA. INTERIOR. NOITE.
MÁRCIO E ANDRESSA CONVERSAM. ELA ESTÁ COM O CELULAR NA MÃO, VENDO A FOTO DE CAIO.

ANDRESSA — É maravilhoso!

MÁRCIO — Eu sei disso!

ANDRESSA — É lindo!

MÁRCIO — Até demais!

ANDRESSA — É gostoso!

MÁRCIO — Aí amiga, é verdade!

ANDRESSA — Delícia!

MÁRCIO — Aí meu Deus!

ANDRESA PARA DE OLHAR O CELULAR E OLHA PRA MÁRCIO.

ANDRESSA — Vê se toca sua cacatua histérica! Não estou falando de você!

MÁRCIO — Eu sei disso! Eu sei que você está falando dele! Eu também acho que ele é tudo isso e muito mais! (PENSATIVO) Aliás, menina, aquele dia que ele tirou a camisa no jogo de futebol lá no colégio... (SE INTERROMPE) Se você não der o bote logo, eu dou!

ANDRESSA — Você nem pense em fazer isso sua víbora! (T) Ai bicha! Eu não paro de pensar nele! Caio sempre foi meu crush!

MÁRCIO — Você é uma cara de pau! Diz que gosta do cara e faz questão de mostrar esses seus melões pra todo mundo no colégio! Por isso que ele não liga pra você!

ANDRESSA — Sério que ele não liga?

MÁRCIO — Só você que não percebe!

ANDRESSA — (DESESPERADA) Aí meu Deus! Eu tenho que mudar então! Tenho que mudar essas roupas, essas coisas de mona... Me ajuda bicha!

MÁRCIO — Não vai adiantar! Você vai acabar virando a noviça rebelde desse jeito! Não adianta querida, você não vai conseguir deixar de ser quem você é! Nunca!

ANDRESSA — Você consegue deixar de ser quem é na frente do seu pai!

MÁRCIO — (CABISBAIXO) Não me lembra disso! É horrível a sensação de você se sentir preso! Aliás, você ainda vai me ajudar naquele plano né?

ANDRESSA — (PRA CIMA) Claro bicha! A gente é parceira ou não é?

MÁRCIO — (CABISBAIXO) É!

ANDRESSA — Para com isso! Levanta esse astral! Quem é a mais lacradora? Você! (T) Nosso plano vai dar certo! Relaxa!

MÁRCIO — (SOBE O ASTRAL) Então tá bom! Amanhã Raíssa vai voltar pra casa! Aí eu te levo lá em casa, almoçamos e tá tudo ok!

ANDRESSA — Ótimo! Mas você não tá se esquecendo de nada não?

MÁRCIO — E em troca, eu sirvo de cupido pra você e aquele boy magia. Já vou até providenciar a flecha!

ELES RIEM.

CENA 18. AP GILBERTO. SALA. INTERIOR. NOITE.
GILBERTO SE PREPARA PRA SAIR. ARTHUR APARECE.

ARTHUR — Vai sair com ela?

GILBERTO — Vou! E nem adianta vir com seus conselhos que eu não estou com a menor vontade de ouvir!

ARTHUR — Calma patrão! Nem disse nada!

GILBERTO — Mas pensou! Sempre que eu falo em Lidiane você vem me dando sermão como se eu fosse uma criança de cinco anos.

ARTHUR — Mas é preciso! Pro senhor ficar atento! O senhor fica se entregando aos desejos de reviver o passado e fica deixando pistas ao léu. Outro dia mesmo eu peguei sua filha mexendo em suas coisas, quase que ela descobre tudo!

GILBERTO — Eu peguei ela mexendo nas minhas identidades. Ficou me questionando sobre elas e eu tive que inventar uma desculpa.

ARTHUR — Tá vendo aí? Eu falo, mas o senhor não me escuta!
GILBERTO — Falando nisso, eu quero que me faça um favor! Eu quero que você pegue todas as coisas que se referem ao meu passado, incluindo o diário, a caixa com fotos, notícias em jornal, identidades falsas, e tranque tudo de uma vez naquele maldito cofre!

ARTHUR — E isso vai adiantar em alguma coisa? Eu sempre faço isso, mas o senhor insiste em abrir pra ficar relembrando a sua vida de perdido de anos atrás.

GILBERTO TERMINA DE SE ARRUMAR.

GILBERTO — Bom, eu já vou! Serve o jantar pra Rafaela! Qualquer coisa me ligue! Mas só faça isso se for importante, senão eu te mato! Tchau!

ELE SAI. CLOSE EM ARTHUR.

CENA 19. MANSÃO LIDIANE. SALA. INTERIOR. NOITE.
JUCILENE ESTÁ NA SALA COM BEATRIZ QUE ESTÁ NO SOFÁ SENTADA. LIDIANE DESCE DE REPENTE, TODA ARRUMADA PRA SAIR.

BEATRIZ — Vai sair mãe?

JUCILENE — Toda chique!

LIDIANE — Eu vou jantar com Gilberto! Como estou?

JUCILENE — Eu já falei que está toda chique!

LIDIANE — Mas isso eu já sou! Quero saber como eu estou agora!

JUCILENE — Toda chique ué!

LIDIANE — Jucilene, pelo amor de Deus!

BEATRIZ — Ela não entendeu a pergunta! Você tá diva! Nem parece você! Vai lá e arrasa!

LIDIANE — (SAINDO) Não tenho hora pra voltar! Beijo!

ELA SAI. BEATRIZ VAI SAINDO.

JUCILENE — Aonde você vai menina? Não vai jantar?

BEATRIZ — Não! Tô sem fome!

BEATRIZ SOBE.

JUCILENE — Eu hein. Só tem gente estranha nessa casa!

ELA VAI PRA COZINHA.

CENA 20. MANSÃO LIDIANE. QUARTO BEATRIZ. INTERIOR. NOITE.
BEATRIZ CONVERSA COM AMANDA.

AMANDA — Nossa, que barra hein.

BEATRIZ — Pelo menos já tá tudo bem!

AMANDA — Então quer dizer que Géssica foi à culpada de tudo isso?!

BEATRIZ — É. Mas não conta pra ninguém! Pelo amor de Deus! Eu que não quero mais amizade com aquela maluca! Louca, psicopata! Hoje mesmo eu fui lá e sentei a mão na cara daquela vaca. Se não fosse o irmão dela pra intervir, essa hora eu já estaria presa por ter matado ela.

AMANDA — Credo!

BEATRIZ — Eu acho que fui longe demais nessa coisa de aprontar com Rafaela, sei lá. (T) Dá um certo arrependimento sabe?

AMANDA — Sei como é!

BEATRIZ SE LEVANTA.

BEATRIZ — Eu vou sair! Preciso fazer uma coisa! Vem comigo! Não quero ir sozinha! Levanta! Se arruma!

RITMO.


CENA 21. TÁXI. INTERIOR. NOITE.
BEATRIZ SAI DO TÁXI E FECHA A PORTA. AMANDA CONTINUA NO TÁXI.

AMANDA — Tem certeza de que quer mesmo fazer isso?

BEATRIZ — Algo me diz que eu tenho que fazer isso! (T) Bom, me espera ai que eu já volto!

BEATRIZ SAI. AMANDA FICA PENSATIVA.

CENA 22. AP BRUNO. SALA. INTERIOR. NOITE.
BRUNO VEM DA COZINHA BEBENDO ÁGUA. A CAMPAINHA TOCA DE REPENTE. ELE DEIXA O COPO EM CIMA DE UMA BANCADA ALI PERTO E VAI ATENDER A PORTA. AO ABRIR ELE DÁ DE CARA COM BEATRIZ.

BRUNO — (SURPRESO) Beatriz?

BEATRIZ — Eu vim conversar com você. Posso entrar?

BRUNO — Claro!

BEATRIZ ENTRA. BRUNO FECHA A PORTA.

BRUNO — Senta!

BEATRIZ — Não precisa! Eu vou ser rápida! Eu vim te contar uma coisa Bruno!

BRUNO — E o que é?

BEATRIZ — Aquilo tudo hoje lá no clube. Tudo o que aconteceu, em relação à Raíssa...

BRUNO — O que é que tem isso?

BEATRIZ — Tudo aquilo foi armação!

BRUNO — Como é que é?

BEATRIZ — Isso mesmo! Não era pra Raíssa ter caído naquela piscina e se afogado! Era pra Rafaela ter caído na piscina! Géssicacolocou alguma coisa no suco de Rafaela que Raíssa acabou tomando. Géssica fez tudo isso pra atingir Rafaela! Ela quis matar Rafaela pra poder ficar com você! Géssica é apaixonada por você Bruno!

BRUNO — (SEM ACREDITAR) O quê?

BRUNO FICA SURPRESO COM A REVELAÇÃO FEITA POR BEATRIZ. TENSÃO. CLOSE NELE.

FIM







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