CENA 1/ HOSPITAL/ NOITE/ INT./
QUARTO.
Continuação
imediata da última cena do capítulo anterior;
A enfermeira entra no local. Maria Tereza se assusta. A enfermeira olha
desconfiada para ela.
ENFERMEIRA
– O que está fazendo aqui? O horário de visitas já
terminou!
M. TEREZA –
Perdoe-me! Vim dar uma força para minha amiga...
Estava muito preocupada, mas isso não vai mais se repetir. Eu prometo!
ENFERMEIRA
– Está bem!
M. TEREZA –
Acho melhor eu me retirar. Com licença!
Maria Tereza sai do local. A enfermeira fica sem entender. Helena
amedrontada. CORTA PARA/
CENA 2/ MANSÃO DE AFONSO/ NOITE/
INT./ SALA DE ESTAR.
Maria
Tereza entra. Afonso sentado em sua poltrona em silêncio.
AFONSO – Demorou!
M. TEREZA – Que susto! Não sabia que
você estava aí!
AFONSO – Preciso conversar com você!
M. TEREZA – Amanhã conversamos... Estou
exausta/
AFONSO – (corta/ GRITA) AGORA!
M. TEREZA – Está bem! Pois então me diga
o que quer!
Afonso se
levanta e fica a frente de Maria Tereza. Ele dá um tapa em sua face.
AFONSO – Burra! Idiota!
M. TEREZA – (com a mão no rosto) O que
eu fiz?
AFONSO – Está colocando tudo a
perder... Perdeu o controle, o limite de sanidade! Tentou matar Helena... Justo
Helena, Maria Tereza.
M. TEREZA – Justo Helena?! Afonso... Só
você não consegue enxergar. Essa mulher pode colocar tudo a perder. Essa
vontade de revolução que ela tem vai nos deixar no fundo do poço!
AFONSO – Quem não consegue enxergar
aqui é você! Precisamos de Helena do nosso lado, e você é tão burra que não vê!
M. TEREZA – Enquanto essa mulher estiver
viva... Teremos uma pedra em nosso caminho! Ela precisa morrer...
Afonso pega
Maria Tereza pelo braço, possesso de raiva.
AFONSO – Escuta aqui! Se você fizer
mais alguma coisa contra Helena ou contra qualquer que seja, quem vai morrer
aqui é você!
Afonso a
solta. Ela o encara e sobe as escadas. CORTA
PARA/
CENA 3/ MANSÃO DE AFONSO/ NOITE/
EXT./ FACHADA.
Tudo
escuro. Domingos aparece. CAM gira em 360 graus em volta dele.
DOMINGOS – Afonso Leroy... Afonso
Leroy!
FOCA em
Domingos. CORTA PARA/
CENA 4/ SENZALA/ NOITE/ INT./ SALA.
Vicente
come uma banana sentado no sofá, aflito. Chiara ao seu lado.
VICENTE – As minhas coisas já estão
prontas! Partirei amanhã!
CHIARA – Tem certeza que é isso mesmo
que você quer, meu filho?
VICENTE – É o que mais quero, mãe. Meu
pai... Matteo Fragnani, me ensinou há alguns anos atrás que eu nunca deveria
abaixar a minha cabeça para outro homem... Seja ele quem quer que seja. Eu não
vou abaixar a cabeça para esse Barão! Não vou!
CHIARA – Se é essa a sua escolha...
Eu apoio e irei com você!
VICENTE – Obrigado, mãe. Obrigado pelo
apoio!
Os dois se
abraçam. CORTA PARA/
CENA 5/ STOCK SHOTS/ EXT.
TAKES DO
AMANHECER EM MONTE VELHO. PESSOAS ABRINDO SUAS LOJAS. TAKE FINAL NA
FACHADA DO HOSPITAL. CORTA PARA/
CENA 6/ HOSPITAL/ DIA/ INT./
QUARTO.
Vicente
bate na porta do local, que já está aberta, entra e fica ao lado de Helena.
VICENTE – E aí? Como foi sua noite?
HELENA – Mais ou menos.
VICENTE – Por quê? Aconteceu alguma
coisa?
HELENA – Maria Tereza!
VICENTE – O que tem ela?
HELENA – A desgraçada invadiu meu
quarto ontem... Veio terminar o serviço!
VICENTE – (indignado) Nós vamos
precisar tomar muito cuidado, Helena. Muito cuidado! Sairei hoje da fazenda.
Minha mãe irá junto!
HELENA – Pode contar comigo... Irei
junto! Não quero ficar mais um segundo sequer naquela fazenda.
Vicente
beija a testa de Helena, preocupado. CORTA
PARA/
CENA 7/ MONTE PRAZER/ DIA/ INT./
ESCRITÓRIO.
Luzia
fazendo contas. Maria Tereza entra, calma.
LUZIA – O que você está fazendo aqui?
Pensei que já tínhamos conversado tudo o que tínhamos pra conversar há alguns
meses atrás!
M. TEREZA – Conversar sim, mas não
entramos em um acordo, irmãzinha querida.
LUZIA – Não terá acordo nenhum, Maria
Tereza. Será que você não consegue enxergar isso?! Você não criou Raquel... Eu
não vou contar nada pra ela!
M. TEREZA – Eu não criei Raquel porque
você nunca me deixou assumir o meu papel de mãe. Imagina o que Raquel não vai
pensar de você se souber que você não deixou ela conhecer a verdadeira mãe e
ainda obrigou ela a fazer trabalho sexual. Parece que não sou eu o monstro
dessa história toda.
Luzia dá um
tapa na cara de Maria Tereza, que retribui com outro.
LUZIA – Eu tenho nojo de você! Nojo!
M. TEREZA – Eu te darei um mês para contar
sua versão da história e dizer que sou mãe de Raquel... Senão eu contarei a
minha versão e aí você nunca mais vai vê-la! Passar bem!
Maria
Tereza se retira. Luzia fica preocupada.
LUZIA – Raquel precisa sair da cidade...
Urgentemente!
FOCA em
Luzia pensando. CORTA PARA/
CENA 8/ HOSPITAL/ DIA/ INT./
QUARTO.
Helena
deitada na cama. Vicente ao lado. O médico entra no local.
MÉDICO – Trago boas notícias!
HELENA – É o que mais estou
precisando!
MÉDICO – A senhorita estará de alta
ainda hoje!
HELENA – Graças a Deus... Já não
agüentava mais. Obrigada, doutor!
VICENTE – Viu, Helena. As coisas estão
começando a dar certo para nós!
Os dois se
encaram. CORTA PARA/
CENA 9/ CAFEZAL/ DIA/ EXT.
Germana
colhendo café e colocando em uma cesta. Afonso aparece silenciosamente e
observa. Ela percebe sua presença.
AFONSO – Vejo que está bem empenhada,
dona Germana. É assim que gosto de vê meus empregados!
GERMANA – Sim, Barão. Faço da melhor
forma possível.
AFONSO – Fico feliz! Mas enfim... Vim
até aqui com outro propósito! Preciso conversar com a senhora.
GERMANA – Nossa, e a que lhe devo a
honra?!
AFONSO – É a respeito de sua filha...
Helena! Quero me casar com ela!
Germana
fica espantada. Afonso com um leve sorriso cínico no rosto.
GERMANA – Nunca poderia imaginar que o
senhor iria querer se casar com minha filha.
AFONSO – Mas não quero isso a troco
de nada... Darei a senhora e ao seu marido uma casa mobiliada na cidade, além
de um dinheiro como dote. A senhora aceita?!
Germana
estende as mãos. Afonso também, e os dois apertam um a mão do outro.
GERMANA – Claro! Claro que eu aceito!
AFONSO – Pois então fechado...
Assinaremos um acordo e logo marcarei a data de nosso casamento!
Germana com
os olhos brilhando. Afonso cínico. Closes alternados. CORTA PARA/
CENA 10/ FAZENDA DE CRISTINA/ DIA/
INT./ SALA DE ESTAR.
Cristina
lendo um livro sentada no sofá. BATIDAS NA PORTA. Ela vai atender. É Gabriel.
CRISTINA – (espantada) Gabriel?!
GABRIEL – Posso entrar?
CRISTINA – É claro!
Gabriel
entra. Os dois ficam de frente um para o outro no meio da sala.
GABRIEL – Vim te pedir desculpas.
CRISTINA – Desculpas?! Pelo que?!
GABRIEL – Pelo beijo que te dei! Sei
que foi errado!
CRISTINA – (ri) Não tem motivo para
pedir desculpas. Eu nunca pensei que diria isso, mas... Mas eu estou
completamente apaixonada por você, Gabriel.
Gabriel se
assusta, mas pega na mão de Cristina e olha dentro de seus olhos.
GABRIEL – Eu também estou louco de
amor por você, Cristina... É em você que eu penso todos os dias.
Eles se
aproximam e se beijam apaixonadamente. BATIDAS NA PORTA. Eles se afastam.
CRISTINA – Quem será?!
Cristina
abre a porta. É Vicente, desesperado.
CRISTINA – Olá!
VICENTE – Bom dia, dona Cristina. Eu
sou da fazenda do Barão Afonso. Me chamo Vicente, mas passei por alguns
problemas graves por lá e queria saber se a senhora aceitaria a mim e mais duas
mulheres aqui!
CRISTINA – Mas é claro! Aqui todos são
sempre bem vindos! Entre!
Vicente
entra. Cumprimenta Gabriel. Todos se sentam no sofá.
GABRIEL – Seja bem-vindo, rapaz.
VICENTE – Obrigado!
GABRIEL – Mas o que aconteceu pra você
largar a fazenda do Barão?
VICENTE – Humilhação, preconceito e
muitas outras coisas.
CRISTINA – Isso já era de se esperar!
GABRIEL – Afonso já colocou fogo no
meu cafezal. Tive que me juntar a Cristina para voltarmos a crescer. E
insatisfeito ele tentou colocar fogo na fazenda de Cristina!
VICENTE – (indignado) MONSTRO! Ele é
um monstro! Eu não posso deixar minha mulher mais um segundo naquela fazenda...
Me perdoem, mas vou buscá-la!
Vicente sai
correndo, assustado. Cristina e Gabriel se encaram preocupados. CORTA PARA/
CENA 11/ SENZALA/ DIA/ EXT./
VARANDA.
Valter fuma
no portão. Germana chega animada e fica ao seu lado.
VALTER – Posso saber que cara é essa
de felicidade?!
GERMANA – É claro, marido. Consegui
fazer o que sempre quis.
VALTER – E o que é que você sempre
quis?!
GERMANA – O Barão me fez uma
proposta... Ele quer se casar com Helena. E eu permiti e aceitei.
VALTER – (nervoso) E você vendeu sua
própria filha, Germana? Você está louca! Louca!
Valter
entra para a senzala. Chiara assustada atrás da porta. CORTA PARA/
CENA 12/ STOCK SHOTS/ DIA.
TAKES DE
FLORIANÓPOLIS. TAKE FINAL NA FACHADA DE UM HOSPITAL. CORTA PARA/
CENA 13/ HOSPITAL DE FLORIANÓPOLIS/
DIA/ INT./ CONSULTÓRIO.
A empregada
em frente ao médico que analisa alguns exames. Ambos preocupados.
EMPREGADA – E aí, doutor? O que os
exames dizem?
MÉDICO – O senhor Rubens não tem
muito tempo de vida. Precisa ver o filho... Ele está esperando isso para
partir.
EMPREGADA – (chorando) Como eu vou
conseguir trazer o filho dele aqui?! Eles são inimigos, doutor. Afonso detesta
o pai.
MÉDICO – Infelizmente não sei. Mas
nós estamos alertando... Senhor Rubens não viverá mais que 1 mês.
FOCA na
empregada preocupada. CORTA PARA/
CENA 14/ SENZALA/ DIA/ INT./
COZINHA.
Chiara
limpando louça. Vicente entra e pega água no filtro.
VICENTE – Está preocupada com alguma
coisa, mãe? O que houve?
CHIARA – Escutei uma coisa que me
deixou indignada, meu filho.
VICENTE – E que coisa é essa?
CHIARA – Germana vendeu Helena para o
Barão... Eles terão que se casar!
Vicente
fica assustado. CAM FOCA em seu rosto, com sua respiração alterada.
VICENTE – Helena não pode voltar a
morar aqui, mãe. Eu não posso deixar!
FOCA em
Vicente, decidido. CORTA PARA/
CENA 15/ HOSPITAL/ DIA/ INT./
QUARTO.
Vicente entra
no local. Helena já sentada na cama.
HELENA – Já recebi alta, Vicente. O
médico já fez os últimos exames e estou ótima.
VICENTE – Que bom!
HELENA – Está ofegante, suando. O que
aconteceu?
VICENTE – Sua mãe, Helena. Sua mãe a
vendeu para o Barão... Você terá que se casar com ele. Nós precisamos fugir.
Helena fica
apavorada, levanta-se da cama e vai em direção a porta.
HELENA – (nervosa) Ela não pode ter
feito isso comigo... Minha própria mãe me traiu!
VICENTE – Nós vamos ter que ir embora
daqui, Helena. Vamos fugir agora... Eu já trouxe o cavalo. Nós vamos ir e
depois eu pedirei ajuda a dona Cristina.
HELENA – Então vamos logo!
Helena e
Vicente saem do local rapidamente. CORTA
PARA/
CENA 16/ HOSPITAL/ DIA/ EXT.
Vicente e
Helena saem do local. Helena debilitada. Um cavalo a frente. Vicente a coloca
sentada no cavalo e os dois seguem. CORTA
PARA/
CENA 17/ BARRACO/ DIA/ INT.
Vicente e
Helena entram juntos. O local é simples. Uma cama de casal no centro, e uma
entrada para o banheiro.
VICENTE – Nós vamos ter que ficar
aqui... Pelo menos até tudo se acertar. A dona Cristina vai nos ajudar, eu
tenho certeza.
HELENA – Dona Cristina é aquela da
fazenda ao lado?
VICENTE – Sim... Ela está disposta a
nos aceitar lá.
HELENA – Graças a Deus.
VICENTE – O que não podemos é deixar
que sua mãe assina um acordo com o Barão, senão estamos perdidos! Eu vou voltar
até a cidade pra vê se resolvo alguma coisa e já volto. Fica quietinha aí!
Vicente dá
um beijo em Helena e sai em seguida. CORTA
PARA/
CENA 18/ FAZENDA DE CRISTINA/ DIA/
INT./ SALA DE ESTAR.
Vicente
entra no local, nervoso. Cristina e Gabriel sentados no sofá.
CRISTINA – Você está tão nervoso. Deu
alguma coisa errado?
VICENTE – Sim, dona Cristina. A mãe de
Helena a vendeu para o Barão... Ele quer se casar com ela a qualquer custo e eu
já não sei mais o que fazer.
GABRIEL – Calma... Existe uma solução.
VICENTE – Que solução?!
GABRIEL – Encontrar Domingos, irmão de
Afonso. Desde que eu era pequeno já sabia da briga entre os dois. Somente
Domingos seria capaz de colocar Afonso na cadeia, e assim você conseguiria se
livrar dele.
VICENTE – Pois então eu vou encontrar
esse Domingos... Nem que para isso eu precise ir até o inferno!
EFEITO FINAL: VICENTE
DECIDIDO
Nenhum comentário:
Postar um comentário