segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Capítulo 6: Um dia de cada vez

CENA 1. MANSÃO LIDIANE. QUARTO LIDIANE. INTERIOR. NOITE.
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA ÚLTIMA CENA DO CAPÍTULO ANTERIOR. LIDIANE, BEATRIZ E JUCILENE.

BEATRIZ — Fala mãe. O que você falou com Jucilene que eu não posso saber?

LIDIANE — É que...

JUCILENE — É que sua mãe ela...

LIDIANE — Eu...

BEATRIZ — (IMPACIENTE) Fala gente! (T) O que vocês estão escondendo de mim?

JUCILENE — É que sua mãe está preparando uma festa surpresa pra você.

LIDIANE — (SEM ENTENDER) Festa surpresa?

JUCILENE — (GAGUEJA) Sim. Ela... Ela está combinando uma festa pra você comemorar com seus amigos.

LIDIANE — Eu???

BEATRIZ — Festa Surpresa? Comemorar? Comemorar o quê?? Nem é meu aniversário! E que diabos de festa é essa?

LIDIANE — Eu... Eu não sei nem o que dizer...

JUCILENE — Não está vendo Beatriz? Sua mãe está tão emocionada que nem tem palavras pra se expressar.

LIDIANE OLHA SÉRIO PRA JUCILENE QUE SORRI DESCARADAMENTE PRA ELA.

BEATRIZ — Eu ainda não estou entendendo nada gente!

JUCILENE — É que sua mãe/

LIDIANE — (GRITA) Chega Jucilene! Chega, chega, chega, chega! (T) Deixa que eu resolvo com minha filha às sós!

JUCILENE — (AMEDRONTADA) Tá bem!

JUCILENE SAI. LIDIANE FICA ÀS SÓS COM BEATRIZ.

BEATRIZ — (SE SENTA NA CAMA) Pronto! Agora será que você pode me explicar que pataquada é essa toda? 

LIDIANE LEVA UM TEMPO CALADA, ATÉ QUE FALA.

LIDIANE — Era o que Jucilene tinha dito minha filha! (PENSA, ATÉ QUE FALA) Eu estou preparando uma social pra você poder chamar seus amigos do colégio!

BEATRIZ — (SEM ENTENDER) Social? Aqui em casa? (T) Mas eu não estava de castigo?

LIDIANE — (IMPACIENTE) Ahhhh! Agora não está mais! (T) Pronto! (T) A festa é essa semana! Pode chamar quem você quiser! Até o papa se for possível!

LIDIANE ABRE O GUARDA ROUPA E TIRA DE DENTRO DE UMA GAVETA UM CELULAR.

LIDIANE — (ENTREGA) Toma! Seu celular!

BEATRIZ — (SEM ENTENDER) Valeu! (T) Tá tudo bem?

LIDIANE — Tudo ótimo minha filha! Tão maravilhoso, como nunca esteve!

BEATRIZ — Tá bem! Agora eu... (FAZ SINAL QUE VAI SAIR DO QUARTO).

BEATRIZ SAI DO QUARTO. LIDIANE FICA AFLITA.

LIDIANE — (AFLITA) Meu Deus... Essa foi por pouco!

CLOSE NELA.

CENA 2. AP OTÁVIO. SALA. INTERIOR. NOITE.
BRUNO E GUILHERME CONVERSAM.

BRUNO — Por quê você gravou aquele vídeo Guilherme?

GUILHERME — Sei lá...

BRUNO — Como assim sei lá?

GUILHERME — Sei lá. Não sei...

BRUNO — Ninguém faz uma coisa sem motivo!

GUILHERME — Eu tavaafim de gravar e pronto ué!

BRUNO — (REVOLTADO) Para de mentir! Seja homem e fala a verdade pelo menos uma vez na sua vida!

GUILHERME — (RENDIDO) Tá bom! Eu gravei aquele vídeo pra poder zoar com a cara da menina!

BRUNO — Eu percebi!... Agora eu quero saber por que você quis zoar com a cara de Rafaela!... Por um acaso ela te fez alguma coisa?

GUILHERME — (ACUADO) Não!

BRUNO — Ótimo, por que eu exijo que você apague esse vídeo o quanto antes!

GUILHERME — Mas...

BRUNO — Sem “mas” Guilherme! Eu estou revoltado! Se eu descobrir mais alguém ainda zoando Rafaela por causa desse maldito vídeo eu vou acabar com você!

BRUNO SAI DO APARTAMENTO. GUILHERME FICA AFLITO.

CENA 3. CASA GÉSSICA. SALA. INTERIOR. NOITE.
GÉSSICA E VAGNER CONVERSAM.

GÉSSICA — Quem era aquela negrinha Vagner?

VAGNER — Aquela mulher linda e muito gente boa era Natália.

GÉSSICA — Uma de suas namoradinhas?

VAGNER — Não! Eu não tenho namoradinhas! E eu conheci ela hoje! É uma mulher incrível, maravilhosa!

GÉSSICA — Você mal a conhece e já acha tudo isso dela?

VAGNER — (IRRITADO) Quer fazer um favorGéssica? Vai cuidar da sua vida!

GÉSSICA — Olha aqui! Eu não quero você se envolvendo com essa escrava! Por que se um dia você se casar com ela eu não quero ter um sobrinho negrinho que nem essa criatura!

VAGNER — (DEBOCHA) Era só o que me faltava! Além de ridícula você é racista também?

GÉSSICA — (IRONIZA) Não, imagina! Eu super aprovo seu futuro relacionamento com essa crioula!

VAGNER — Você me dá nojo!

GÉSSICA — (AFETADA) Você tem nojo de mim? Tem nojo da sua própria irmãzinha? Você deveria era ter nojo dessa preta!

VAGNER DÁ UM TAPA NA CARA DE GÉSSICA. GÉSSICA PÕE A MÃO NO ROSTO, SURPRESA.

VAGNER — Cale essa boca imunda! Sua merdinha de cachorro!

VAGNER SOBE. CLOSE EM GÉSSICA COM RAIVA.

CENA 4. SALVADOR. PLANOS GERAIS. EXTERIOR. DIA.
PLANOS GERAIS DA CIDADE AO AMANHECER.

CENA 5. COLÉGIO RIO BRANCO. SALA DE AULA. INTERIOR. DIA.
MUITOS ALUNOS CONVERSAM NA SALA DE AULA. BEATRIZ E PAULA ENTRAM, CONVERSANDO.

BEATRIZ — Mainha está muito estranha comigo! Ontem ela estava conversando com Jucilene sobre alguma coisa envolvendo meu nome. Quando eu entrei no quarto, as duas começaram a gaguejar e demoraram um século para me explicar sobre o que estavam conversando. Logo depois minha mãe veio com uma história de que estava preparando uma festa surpresa pra mim, sendo que nem meu aniversário é.

PAULA — Que coisa mais esquisita! Eu hein!

AS DUAS SE SENTAM NAS CARTEIRAS.

BEATRIZ — Mainha não me engana com essa história de festa! Eu sei que ela inventou tudo isso pra poder ocultar alguma coisa. É algo me envolvendo e eu preciso descobrir o que é.

NESSE MOMENTO, A PROFESSORA ENTRA NA SALA, ACOMPANHADA POR UM RAPAZ.

PROFESSORA — Bom dia gente!

TODOS FICAM EM ORDEM.

PROFESSORA — Esse aqui é André, o novo colega de vocês! (PARA ANDRÉ) Seja bem vindo querido!

ANDRÉ — (SORRI) Obrigado!

ANDRÉ VAI SE SENTAR. RENATA OBSERVA-O. A PROFESSORA INICIA A AULA.

PROFESSORA — Eu tenho uma atividade bem legal pra vocês fazerem. Façam dupla! Lembrando que não pode ser “dupla de quatro” nem de três. Eu quero dupla mesmo!

TODOS COMEÇAM A FAZER SUAS RESPECTIVAS DUPLAS. ANDRÉ FICA DESLOCADO E A PROFESSORA PERCEBE.

PROFESSORA — André pode fazer dupla com Renata que também está sozinha.

ELE FAZ QUE SIM COM A CABEÇA E SE JUNTA COM RENATA.
CENA 6. CASA RENATA. SALA. INTERIOR. DIA.
JULIANA CONVERSA COM UMA AMIGA ENQUANTO TOMAM CAFÉ NUMA XÍCARA.

JULIANA — Minha filha Renata é o maior orgulho da minha vida! Trabalha, estuda! Muito esforçada!

AMIGA — Realmente, é uma menina de ouro! E o colégio, vai bem?

JULIANA — Vai sim! Aliás, eu fiquei de ir lá pra poder conversar com a diretora. Mas sempre que eu quero ir me dá um desânimo, por quê é tão longe!

AMIGA — Não seja por isso meu bem! Eu te levo lá!

JULIANA — Mas e as tarefas de casa?

AMIGA — Eu posso fazer quando voltar! Daqui pra Vitória de carro é um pulo!

JULIANA — Muito obrigado minha amiga! Eu vou pegar minha bolsa!

JULIANA LEVA SUA CADEIRA DE RODAS ATÉ O QUARTO. A AMIGA TOMA MAIS UM GOLE DE CAFÉ.

CENA 7. COLÉGIO RIO BRANCO. SALA DE AULA. INTERIOR. DIA.
O SINAL TOCA. A PROFESSORA APANHA SUAS COISAS.

PROFESSORA — Na próxima aula a gente termina a atividade! Beijo!

ELA SAI DA SALA. TODOS TRATAM DE SAIR TAMBÉM. RAFAELA QUE ESTÁ COM BRUNO E RAÍSSA SE LEVANTA DA CADEIRA.

RAFAELA — Eu vou ao banheiro!

RAÍSSA — Peraí amiga! Eu também vou!

RAFAELA — Você vem com a gente Bruno?

BRUNO — Vou sim! Esqueci minha garrafa de água em casa! Tou morrendo de sede! Vambora!

OS TRÊS SAEM DA SALA.

CENA 8. COLÉGIO RIO BRANCO. BEBEDOURO. INTERIOR. DIA.
RAFAELA, RAÍSSA E BRUNO CAMINHAM EM DIREÇÃO AO BANHEIRO QUANDO UM GRUPO DE MENINOS COMEÇAM A CAÇOAR DELES.

GAROTO 1 — Olha lá! O bonitão e a feiosa!

TODOS COMEÇAM A RIR.

GAROTO 2 — (PARA BRUNO) Vem cá, tu só pegou ela por pena né?

ELES RIEM MAIS AINDA. BRUNO SE REVOLTAE PEGA OS DOIS GAROTOS PELA GOLA DA CAMISA E PÕE CONTRA A PAREDE.

BRUNO — Escuta aqui: Se vocês falarem mais alguma coisa ou rirem da cara dela, eu juro que coloco os dois naquela lata de lixo!

CLOSE NELES. TENSÃO.

CENA 9. COLÉGIO RIO BRANCO. DIRETORIA. INTERIOR. DIA.
LIDIANE CONVERSA COM LIA ENQUANTO TRABALHA NO COMPUTADOR.

LIDIANE — Ontem quase que Beatriz ouve minha conversa com Jucilene. Ainda bem que ela só ouviu o final da conversa. Eu claro, tive que inventar uma desculpa pra ela não saber da verdade.

LIA — E o que você disse a ela?

LIDIANE — Inventei que estava preparando uma festa surpresa pra ela comemorar com os amigos!

LIA — E é aniversário dela?

LIDIANE — Claro que não anta! Não ouviu que eu disse que tive que inventar isso?

LIA — Que coisa mais cafona Lidiane! Se Bia quisesse uma social com os amigos ela mesma fazia!

LIDIANE — E você queria que eu fizesse o quê? Essa história da festa foi a primeira coisa que veio na mente! Pelo menos ela acreditou!

LIA — Mas fica esperta e de olhos bem abertos hein?! Por que você deu o primeiro deslize. No segundo deslize, Beatriz descobre tudo, toda a verdade!

LIDIANE — Ela nunca vai descobrir! Passou esses anos todos sem saber de nada. Não é agora que vai saber! Ela sabe que eu sou a mãe dela, que a criei com amor e carinho! Não precisa saber da existência outra que nem quis saber dela! (PENSATIVA) As vezes eu fico pensando é na minha outra filha. Fico tentando imaginar como ela é, como ela está, se está bem... (SE LEVANTA) Isso me deixa agoniada! Eu só queria que minha filha se materializasse bem aqui, na minha frente!

DE REPENTE RAFAELA ENTRA ARFANTE.

RAFAELA — (ARFANDO) Dona Lidiane!

LIDIANE — Rafaela?

RAFAELA — Desculpa entrar assim, sem bater! É que é urgente!

LIDIANE — O que aconteceu?

RAFAELA — Você precisa me ajudar!

CORTA RAPIDAMENTE PARA: RAÍSSA, BRUNO E OS DOIS GAROTOS QUE JÁ ESTÃO NA SALA. RAÍSSA SE ENCONTRA AO LADO DE RAFAELA. BRUNO E OS DOIS GAROTOS SENTADOS EM FRENTE A LIDIANE.

LIDIANE — Eu posso saber que diabos estava acontecendo?

BRUNO — Esses dois filhos da mãe aqui!

GAROTO 1 — Não tenho culpa se o seu vídeo com o patinho feio foi parar no grupo do colégio!

LIDIANE — Que vídeo?

BRUNO — Nenhum! Esquece!
RAFAELA — Esquece nada! Eu estou cansada desse inferno!

LIA — Do que vocês estão falando?

LIDIANE — Não era eu quem deveria estar fazendo essa pergunta?

LIA — É mesmo! Desculpa!

LIDIANE — Do que vocês estão falando?

GAROTO 2 — Gravaram um vídeo do bonitão aí beijando o patinho feio ali e postaram no grupo do colégio!

RAÍSSA — E daí eles se acharam no direito de ficar fazendo piadinha dos dois!

LIDIANE — Isto está certo? Não! Está errado! Erradíssimo!

LIA — Erradíssimo mesmo! Deixa eles se amarem em paz poxa! (COMEÇA A CHORAR) Eu só queria um amor agora!

TODOS COMEÇAM A OLHAR PRA ELA. RAÍSSA FALA NO SEU OUVIDO.

RAÍSSA — (SUSSURRA) Amiga, para que tá feio! Ninguém precisa saber que você está encalhada!

LIA — (SUSSURRA) É mesmo né?

LIDIANE — Então vocês peçam desculpas agora pra eles!

GAROTO 1 — Desculpa!

GAROTO 2 — Desculpa!

RAFAELA — (INDIGNADA) Só isso? A senhora acha que uma simples desculpa resolve?Eles merecem é um mês de suspensão e lavar todos os banheiros como castigo!

LIA — Já virei fã dessa menina!

RAÍSSA — Rafaela! Shhh!

RAFAELA — Tudo bem! Estão desculpados!

LIDIANE — Agora que tá tudo bem, podem sair da minha sala que estou bem louca hoje!

TODOS COMEÇAM A SAIR. SÓ FICA RAFAELA, LIA E LIDIANE.

RAFAELA — Mais uma vez, obrigada Lidiane!

LIDIANE — (PEGA NAS MÃOS DELA) Você sabe que pode contar comigo pro que desejar!

RAFAELA — Obrigada!

ELAS SORRIEM E RAFAELA SAI.

LIA — Sabe que eu reparei numa coisa?

LIDIANE — No quê?

LIA — Essa menina, Rafaela... Ela é igualzinha a você! O mesmo gênio!

LIDIANE — Você acha?

LIA — Acho não! Eu tenho certeza!

LIDIANE FICA PENSATIVA.

CENA 10. COLÉGIO RIO BRANCO. INTERIOR. DIA.
CAM FOCA NO SINAL QUE DE REPENTE COMEÇA A TOCAR.

CENA 11. COLÉGIO RIO BRANCO. SAÍDA. INTERIOR. DIA.
RENATA VEM CONVERSANDO COM ANDRÉ.

ANDRÉ — Então quer dizer que você mora na Graça?! Sabe que eu conheço tudo por lá?!

RENATA — Sério? Eu moro na Graça!... No edifício Torres da Graça!

ANDRÉ — Torres da Graça?! Eu nunca ouvi falar desse prédio!

RENATA — Nunca? Você não deve conhecer todos então!
ANDRÉ —Não, eu conheço sim! Minha tia morava lá e eu costumava sair pra caminhar! Conheço todos os edifícios! Você tem certeza que/

RENATA — (CORTA) Eu tou morrendo de fome!

ANDRÉ — A gente pode ir na lanchonete! Eu conheço uma massa! Depois eu te deixo em casa!

RENATA — Pode ser! Vamos!

ELES SAEM DO COLÉGIO. 

CENA 12. COLÉGIO RIO BRANCO. FRENTE. EXTERIOR. DIA.
UM CARRO PARA EM FRENTE AO COLÉGIO, DO OUTRO LADO DA RUA. A AMIGA DE JULIANA DESCE DO CARRO E TIRA A CADEIRA DE RODAS DE DENTRO DELE. LOGO DEPOIS AJUDA JULIANA A SE SENTAR NELA E FECHA A PORTA DO CARRO. A AMIGA CAMINHA EM DIREÇÃO AO COLÉGIO, EMPURRANDO A CADEIRA DE JULIANA. DO PV DE JULIANA ELA VÊ RENATA COM ANDRÉ ANDANDO ATÉ O CARRO DELE.

JULIANA — (PARA A AMIGA) Olha lá! Aquela não é minha filha Renata?

AMIGA — Vendo assim... Eu acho que sim! Parece muito com ela!

JULIANA — (CHAMA) Renata! Renata!

CORTA PARA RENATA QUE OUVE A MÃE CHAMÁ-LA. ELA FICA TENSA. ANDRÉ TAMBÉM OUVE E PERCEBE.

ANDRÉ — Parece que aquela mulher está chamando você!

RENATA FICA CALADA, TENSA. CLOSE NELA.

1º INTERVALO COMERCIAL

CENA 13. COLÉGIO RIO BRANCO. FRENTE. EXTERIOR. DIA.
CONTINUAÇÃO DA CENA ANTERIOR. RENATA OUVE JULIANA CHAMÁ-LA. ANDRÉ PERCEBE.

ANDRÉ — Você não vai responder?

RENATA — (OLHA PRA ELE E SORRI) Deve ser outra menina que também se chama Renata! Eu não conheço aquela mulher! Vamos! Eu tou morrendo de fome!

ELA ENTRA NO CARRO. ELE ENTRA TAMBÉM E PARTE COM O CARRO. CORTA NOVAMENTE PARA JULIANA QUE FICA DESAPONTADA.

JULIANA — (TRISTE) Ela nem olhou pra mim!

AMIGA — Ela não deve ter te ouvido amiga! Estava muito longe!

JULIANA — Será mesmo?

AMIGA — Renata te ama! Ela não fingiria não ter te visto! Nunca seria capaz de fazer uma coisa ! Vamos! Vamos falar com a diretora!

ELA SEGUE COM JULIANA. ATRAVESSAM A RUA E ENTRAM NO COLÉGIO.

CENA 14. AP GILBERTO. QUARTO RAFAELA. INTERIOR. DIA.
RAFAELA E RAÍSSA CONVERSAM.

RAFAELA — Eu não aguento mais esse inferno que é minha vida naquele colégio.

RAÍSSA — A questão é que você não se abre com a diretor amiga!

RAFAELA — Quem disse que eu não me abro com ela? Eu e Lidiane somos unha e cutícula agora! Ela é quem não toma nenhuma atitude! Aqueles meninos deveriam era ficar um mês de suspensão!

RAÍSSA — Aí que horror! Também não é pra tanto!

RAFAELA — Você fala isso por que não passa pelo que eu passo! Todo mundo me despreza. Ao contrário de você que todo mundo te ama.

RAÍSSA — Amor falso, isso sim! Mas você sabe muito bem por que todo mundo te despreza né?

RAFAELA — Eu sei sim! Mas não quero falar sobre isso!

RAÍSSA — Amiga, você tem que se cuidar!
RAFAELA — Se as pessoas quiserem gostar de mim, vai ter que gostar do jeito que eu sou!

RAÍSSA — (TOM) Não Rafaela! As pessoas nunca vão gostar de você do jeito que você é não! Você precisa mudar esse visual, dar um trato nesse cabelo! Você sabe que pode contar comigo amiga! Deixa eu te ajudar!

RAFAELA — Não! Me deixa assim desse jeito!

RAÍSSA — Então tá! Depois não reclama hein?!

CLOSE EM RAFAELA.

CENA 15. LANCHONETE. INTERIOR. DIA.
RENATA E ANDRÉ LANCHAM ENQUANTO CONVERSAM.

ANDRÉ — Então você passa as férias na sua fazenda?

RENATA — É. A fazenda do meu avô! Ele me adora! Ama quando eu vou lá passar uns dias com ele! Ele é dono de várias cabeças de gado, um homem muito rico!

ANDRÉ — Legal!

RENATA — E você? Mora sozinho?

ANDRÉ — Não! Eu moro com minha mãe e minha avó! Minha mãe adora controlar minha vida. Ela gosta que eu faça as coisas sempre do jeito dela! Por isso não vejo a hora de sair daquela casa!

RENATA — Você tem uma relação tão difícil assim com sua mãe?

ANDRÉ — Nem tanto! No fundo temos uma relação de cumplicidade, mas nem tudo são rosas lá em casa!

RENATA — E sua avó?

ANDRÉ — Minha vó é maluca! Doida de pedra! A única que traz alegria lá pra casa. Enfim.

RENATA — (OLHA NO RELÓGIO) Bom, eu preciso ir!
ANDRÉ — Eu te levo em casa!

RENATA — (NERVOSA) Não, não precisa!

ANDRÉ — Eu faço questão! Vamos!

RENATA NERVOSA, SAI COM ANDRÉ DA LANCHONETE.

CENA 16. CARRO ANDRÉ. INTERIOR. DIA.
ANDRÉ PARA O CARRO EM FRENTE A UM PRÉDIO.

ANDRÉ — Cadê seu prédio?

RENATA —(NERVOSA) Meu prédio?

ANDRÉ — Sim! Você não disse que morava aqui?

RENATA — Ah! É aquele ali (APONTA)

ANDRÉ — Ah sim! (OLHA) Mas aquele não se chama “torres da graça”! Não era esse o nome do seu prédio?

RENATA — (MENTE) Ah sim, eu devo ter me confundido então. Eu acabei de me mudar e ainda não me acostumei. Bom, eu tenho que ir! Minha mãe está me esperando!

RENATA VAI SAINDO, MAS ANDRÉ SEGURA SEU BRAÇO, FAZENDO-A VOLTAR.

ANDRÉ— Até amanhã!

ELE A BEIJA NO ROSTO.

RENATA — (SORRI) Até!

ELA SAI DO CARRO. ANDRÉ FINALMENTE DA À PARTIDA E VAI EMBORA. RENATA FICA SOZINHA NA RUA DESERTA.

RENATA — Meu Deus, aonde eu vim parar?

CLOSE NELA.

CENA 17. GRAÇA. PONTO DE ÔNIBUS. EXTERIOR. DIA.
RENATA CHEGA NO PONTO DE ÔNIBUS.

RENATA — Finalmente. Achei que nunca iria conseguir achar a saída daquela rua.

O ÔNIBUS CHEGA. ELA PÕE A MÃO E ELE PARA. ELA ENTRA NO ÔNIBUS E VAI EMBORA.

CENA 18. CASA RENATA. SALA. INTERIOR. DIA.
RENATA ENTRA EM CASA E ENCONTRA A MÃE ASSISTINDO TEVÊ.

JULIANA — Já chegou filhinha?

RENATA — Já sim! E muito cansada! Ainda bem que hoje estou de folga lá no salão. Vou poder dormir de tarde.

JULIANA — Como foi seu dia?

RENATA — Foi ótimo mãe. E o seu?

JULIANA — Foi maravilhoso! Eu resolvi sair um pouco de casa. Advinha aonde eu fui?

RENATA — (FINGE QUE NÃO SABE) Não faço ideia!

JULIANA— Fui na sua escola!

RENATA FICA “BRANCA”.

RENATA — (NERVOSA) Na minha escola?

JULIANA — Fui conversar com a diretora. Eu fiquei feliz em saber que suas notas são altas. Mas o que me deixou mais surpresa foi ver você entrando no carro de um rapaz. Quem era ele filha? Quem era aquele rapaz que estava com você?

RENATA FICA TENSA. CLOSE NELA.

2º INTERVALO COMERCIAL


CENA 19. CASA RENATA. SALA. INTERIOR. DIA.
CONTINUAÇÃO DA CENA ANTERIOR. RENATA E JULIANA.

JULIANA — Fala filha! Que carro era aquele? Quem era aquele rapaz?

RENATA FICA NERVOSA, MAS TRATA DE RESPONDER.

RENATA — Aquele rapaz é um amigo. Ele ofereceu uma carona até o ponto de ônibus e eu aceitei. Foi isso.

JULIANA — Ah sim! Agora está explicado! Mas eu também lhe chamei! Por que você não respondeu?

RENATA — (SE FAZ DE DESENTENDIDA) A senhora me chamou? Desculpa mãezinha! Eu não tinha lhe escutado. Desculpa mesmo.

JULIANA — Não, tudo bem! (SORRI) Eu estou muito orgulhosa de você minha filha! Tirou boas notas no colégio! Você é o meu maior orgulho.

ELA DÁ UM BEIJO NA BOCHECHA DE RENATA QUE FICA SEM JEITO.

CENA 20. AP OTAVIO. QUARTO GUILHERME. INT. DIA.
GUILHERME E CAIO CONVERSAM.

GUILHERME — E ele veio aqui ontem! Exigiu que eu apagasse o vídeo!

CAIO — Eu nem teria postado aquilo se fosse você! Já apagou?

GUILHERME — Já!

CAIO — Fez bem!

GUILHERME— Parece que Bruno está mesmo afim daquele bagaço de cana.

CAIO — Eu hein. Vai entender!

GUILHERME — Pois é. (SORRI) Mais tarde eu vou lá na casa da minha morena!

CAIO — Vocês voltaram?

GUILHERME — A gente tá voltando a se entender!

ELE SORRI E SE JOGA NA CAMA.

GUILHERME — De todas as garotas que eu já fiquei na vida, Amanda é a única que me deixou maluco.

CAIO — Mas tu tá apaixonado mesmo hein?

GUILHERME — Eu tou! Muito apaixonado!

CAIO — Mas toma cuidado! Aqueles pais dela, sei não hein.

GUILHERME — É eu sei! Mas eu sou louco por essa garota! E eu vou enfrentar quem quer que seja pra ter ela comigo! Até aqueles pais linha dura dela.

CAIO RI. GUILHERME FICA PENSATIVO.

CENA 21. RESTAURANTE. INTERIOR. DIA.
VAGNER ENTRA NO RESTAURANTE. ELE CAMINHA ATÉ UMA MESA ONDE ESTÁ NATÁLIA, QUE JÁ ESPERAVA POR ELE.

VAGNER — Demorei?

NATÁLIA — Não demorou nada! Não quer fazer o pedido?

VAGNER — Claro! (CHAMA O GARÇOM)

O GARÇOM APARECE.

VAGNER — Por favor, eu quero um “pf”.

NATÁLIA — Eu também! E um refri guaraná de um litro!

O GARÇOM ANOTA O PEDIDO E SAI.

VAGNER — Eu estava louco pra te encontrar Natália.

NATÁLIA — Eu também! Que bom que aceitou meu convite.

VAGNER — Mas também, não tive como recusar!

ELE PEGA NA MÃO DELA.

VAGNER — Natália... Eu estou apaixonado por você!

NATÁLIA — Mas a gente se conheceu ontem.

VAGNER — Mas eu esperei por você durante minha vida inteira! Eu estou louco por você! Completamente apaixonado!

NATÁLIA — (SE AFASTA) Calma Vagner! Eu acho que você está indo rápido demais!

VAGNER — Eu estou sendo um idiota né?

NATÁLIA — Não. Quê isso?!

VAGNER — Não. Eu estou sim! Eu acho que não deveria estar falando essas coisas. Eu acho que não deveria nem ter vindo!

NATÁLIA — Não é isso Vagner!

VAGNER SE LEVANTA E VAI EMBORA.

NATÁLIA — (CHAMA) Vagner! Vagner, peraí!

ELA VAI ATRÁS DELE, MAS ELE JÁ SE FOI. NATÁLIA VOLTA E SE SENTA NA MESA. FICA SENTIDA.

CENA 22. MANSÃO LIDIANE. QUARTO AMANDA. INTERIOR. DIA.
AMANDA ESTÁ DEITADA NA CAMA. ELA OUVE BATIDAS NA JANELA. ELA ABRE. GUILHEME ENTRA. ELES SE BEIJAM.

AMANDA — (BEIJANDO-O) Você veio!

GUILHERME — Eu estava morrendo de saudades minha morena!

ELES CONTINUAM SE BEIJANDO. AMANDA TRANCA A PORTA E ELES CAEM NA CAMA, AOS BEIJOS.

CENA 23. AP GILBERTO. QUARTO RAFAELA. INTERIOR. DIA.
RAFAELA ESTÁ FAZENDO TRABALHO. ELA PEGA A COLA, APERTA, MAS NÃO SAI NADA.

RAFAELA — Xi acabou! (T) Será que painho tem cola?

ELA SE LEVANTA E SAI DO QUARTO.

CENA 24. QUARTO GILBERTO. INTERIOR. DIA.
RAFAELA ENTRA NO QUARTO E ABRE O CLOSET. ELA PROCURA PELA COLA. ELA ENCONTRA UMA CAIXA. RAFAELA FECHA O CLOSET E SE SENTA NA CAMA. NESSE MOMENTO, GILBERTO ENTRA NO QUARTO. RAFAELA ABRE A CAIXA E VÊ VÁRIAS IDENTIDADES FALSAS.

GILBERTO — Filha? O que você tá fazendo aqui?

ELE A VÊ COM A CAIXA E FICA NERVOSO.

RAFAELA — O que é isso painho? São identidades falsas? Por que o senhor tem isso?

GILBERTO FICA SEM REAÇÃO. CLOSE NELE.

3° INTERVALO COMERCIAL

CENA 25. QUARTO GILBERTO. INTERIOR. DIA.
CONTINUAÇÃO DA CENA ANTERIOR. GILBERTO FICA SEM REAÇÃO DIANTE DE RAFAELA.

RAFAELA — Por que o senhor tem identidades falsas?

GILBERTO — (TOMA A CAIXA DA MÃO DELA) Ah, isso é uma brincadeira da minha juventude.

RAFAELA — Brincadeira?Mas isso não é crime?

GILBERTO — É... Mas na época eu usava isso pra poder frequentar as boates para maiores de 18 anos. E eu guardo por que são lembranças muito boas...

RAFAELA — Ah tá! Vem cá! O senhor não tem cola aí?

GILBERTO — Eu tenho sim!

GILBERTO ABRE A GAVETA DO CRIADO MUDO, TIRA A COLA DE LÁ E DÁ PRA RAFAELA.

GILBERTO — Toma!

RAFAELA — Valeu!

ELA SAI DO QUARTO. GILBERTO SE SENTA NA CAMA, ARFANDO.

GILBERTO — Meu Deus. Essa foi por pouco.

CLOSE NELE.

CENA 26. MANSÃO LIDIANE. QUARTO BEATRIZ. INTERIOR. DIA.
BEATRIZ FALA AO CELULAR COM RAFAELA.

BEATRIZ — (CEL) Rafaela amiga?! E então, você vai mesmo pro clube sábado? (T) Ah que maravilha! Ótimo! (T) A gente se vê lá sábado então! Beijo linda!

ELA DESLIGA.

BEATRIZ — (FELIZ) Maravilha! Géssica precisa ficar sabendo dessa novidade!

ELA DISCA SEU CELULAR.

CENA 27. CASA GÉSSICA. QUARTO GÉSSICA. INTERIOR. DIA.
GÉSSICA AO CELULAR FALA COM BEATRIZ.

GÉSSICA — (CEL) Então ela confirmou mesmo? Ótimo! Tá certo! Tchau!

ELA DESLIGA.

GÉSSICA — (COMEMORA) Yes! Finalmente eu vou acabar com aquela songamonga de uma vez por todas!

CLOSE NELA.

CENA 28. SALVADOR. PLANOS GERAIS. EXTERIOR. DIA/NOITE.
PLANOS GERAIS DA CIDADE. HÁ UMA PASSAGEM DE TEMPO.
LETREIRO: DIAS DEPOIS.

CENA 29. MANSÃO LIDIANE. SALA. INTERIOR. DIA.
BEATRIZ TERMINA DE ARRUMAR SUA BOLSA. ELA PEGA SEU CELULAR E LIGA PRA GÉSSICA.

BEATRIZ — (CEL) Alô Géssica? Tudo certo então né? (T) Eu já estou indo pra lá! (T) Tá certo! A gente se encontra lá!

ELA DESLIGA. GABRIEL APARECE.

GABRIEL — Quer que eu te leve até o clube Beatriz?

BEATRIZ — Quero sim tio. Obrigada!

ELES SAEM.

CENA 30. AP GILBERTO. SALA. INTERIOR. DIA.
A CAMPAINHA TOCA. ARTHUR VAI ATENDER. É RAISSA.

ARTHUR — Entra Raissa!

RAÍSSA — (ENTRA) Rafaela tá aí?

ARTHUR — Tá sim! Quer que eu chame?

RAÍSSA — pode ser!

ARTHUR — (GRITA) Rafaela, Raíssa está aqui!

RAÍSSA PÕE A MÃO NO OUVIDO.

ARTHUR — Ela já vai descer! Quer um suco, água, alguma coisa?

RAÍSSA — Não, valeu!

ARTHUR SAI. RAFAELA DESCE. RAÍSSA ESTÁ DE COSTAS PRA ELA.

RAFAELA — Oi amiga!

RAÍSSA — Eu vim te pegar por que tou de táxi e... (SE VIRA)

RAÍSSA PARA DE FALAR QUANDO VÊ O VISUAL DE RAFAELA: UM VESTIDO FLORIDO COM MANGA, UM CHAPÉU GRANDE, OS HABITUAIS ÓCULOS FUNDO DE GARRAFA, SANDÁLIA E TRANÇA NO CABELO.

RAFAELA — E aí, gostou?

RAISSA — eu estou sem palavras!

RAFAELA — Você achou feia minha roupa?

RAÍSSA — (PARA SI) Ai meu Deus. O que eu digo? (MENTE) Claro que não amiga! Você tá linda de morrer! Vamos! O táxi tá esperando!

RAFAELA — Obrigada Raíssa! Melhor amiga que nem você não há!

ELAS SAEM.

CENA 31. AP LORENA. SALA. INTERIOR. DIA.
PAULA MANDA UM ÁUDIO PARA RENATA NO CELULAR. ELA TENTA CONVENCÊ-LA A IR AO CLUBE. 

PAULA — Vamos Renata! Vai ser massa!

RENATA MANDA UM ÁUDIO DE VOLTA.

RENATA — (VOZ) tá bom! Eu vou! Vou arrumar as coisas e a gente se encontra lá!

PAULA — (MANDA OUTRO ÁUDIO) Fechado!

PAULA SORRI SATISFEITA. ELA SE LEVANTA DO SOFÁ E PEGA SUA BOLSA.

PAULA — Mãe, eu já tou indo!

ELA VAI EMBORA.

CENA 32. TÁXI. INTERIOR. DIA.
RAFAELA E RAÍSSA ESTÃO NO TÁXI. O CELULAR DE RAFAELA TOCA DE REPENTE. ELA ATENDE. É BRUNO. EDIÇÃO: ALTERNAR CENA ENTRE ELES.

RAFAELA — (CEL) Oi Bruno!

BRUNO — (CEL) E aí, posso passar aí na sua casa?

RAFAELA — (CEL) Rapaz, eu tinha me esquecido! Foi mal! Foi mal mesmo! Eu...

BRUNO — (CEL) Não precisa se explicar!

RAFAELA — (CEL) Raíssa está comigo! A gente pode se encontrar lá no clube!

BRUNO — (CEL) Combinado!

RAFAELA — (CEL) Tá bem! Beijo!

ELA DESLIGA.

CENA 33. CLUBE. FRENTE. EXTERIOR. DIA.
UM CARRO PARA EM FRENTE AO CLUBE. BEATRIZ DESCE DO CARRO E FALA COM GABRIEL.

BEATRIZ — Na volta eu ligo pra você vir me buscar!

GABRIEL — Ok! Divirta-se!

BEATRIZ — Valeu!

ELE VAI EMBORA. DE REPENTE UM TÁXI APARECE. RAFAELA E RAÍSSA DESCEM. O TAXI VAI EMBORA. 

BEATRIZ — (PARA RAFAELA) Amiga, você veio mesmo!

RAFAELA — Pois é né! Não poderia recusar um convite seu.

BEATRIZ — Tenho certeza de que vamos nos divertir muito!

LOGO DEPOIS, GÉSSICA VEM ANDANDO E PARA QUANDO VÊ AS MENINAS.

GÉSSICA — Então vocês vieram mesmo! Que maravilha! Vamos entrar?

CENA 34. CLUBE. PISCINA. INTERIOR. DIA.
BEATRIZ, GÉSSICA E RAÍSSA TOMAM SOL. RAFAELA DEITADA NA CADEIRA DE SOL DA MESMA FORMA QUE CHEGOU.  DE REPENTE RAÍSSA LEVANTA.

RAÍSSA — Que calor. Acho que vou pegar um suco pra mim.

RAFAELA — Eu também quero amiga! Pega pra mim também?

RAÍSSA — Claro! Peraí!

RAÍSSA SAI.

BEATRIZ — (FALSA) Que bom que você veio Rafaela. Estou muito feliz por ter aceitado meu convite. Muito feliz mesmo!

RAFAELA — (FALA COM TOM DE IRONIA) Apesar de eu não confiar muito em você, decidi aceitar seu convite querida!

BEATRIZ SENTE O PESO NAS PALAVRAS DE RAFAELA.

GÉSSICA — Eu não queria interromper a conversa de vocês, mas eu preciso dar uma palavrinha com Beatriz um minutinho.

ELA E BEATRIZ LEVANTAM E VÃO PRA UM CANTO DISTANTE.

GÉSSICA — Quando a outra vier com o suco, você trata de distrair Rafaela.

BEATRIZ — O que você vai fazer Géssica?

GÉSSICA — Nada. Fica na sua e faz o que eu mando.

BEATRIZ — (TOM) Olha aqui: eu não sou o seu capacho não viu! E se você fizer alguma merda você vai se ver comigo!

GÉSSICA — (IRONICA) O que é isso? Tá fazendo a linha heroína da novela por que agora? Eu não vou fazer nada demais criatura! Faz o que eu tou te mandando e pronto! Deixa comigo!

BEATRIZ ENCARA ELA E VOLTA PARA A CADEIRA DE SOL. RAÍSSA APARECE COM DOIS COPOS DE SUCO.

RAÍSSA — Aqui estão!

BEATRIZ — (POR CIMA) Rafaela querida, você não tá sentindo calor debaixo dessa roupa toda?

RAFAELA — Não! Eu tô ótima!

BEATRIZ — Eu sugiro você tirar tudo isso e ficar de biquíni. É muito melhor. Se eu que estou de biquíni tou sentindo um calor infernal, imagine você que tá debaixo desse monte de pano. Vamo lá no banheiro!

RAFAELA — Eu não trouxe biquíni!

BEATRIZ — Eu trouxe um boba! Vamos! Vamos trocar isso!

RAFAELA LEVANTA. ELA E BEATRIZ VÃO AO BANHEIRO. RAÍSSA PÕE OS COPOS COM SUCO EM CIMA DA MESA. GÉSSICA OBSERVA.

CENA 35. CLUBE. BANHEIRO. INTERIOR. DIA.
RAFAELA E BEATRIZ NO BANHEIRO. RAFAELA TERMINOU DE COLOCAR O BIQUINI. BEATRIZ APENAS AJUDA A AMARRAR O NEGOCIO LÁ.

BEATRIZ — Esse biquíni eu comprei já tem um mês. Nunca usei. Trouxe em caso de emergência. (TERMINA DE AMARRAR) Você tá maravilhosa! Sambou Juliana!

RAFAELA SE OLHA NO ESPELHO.

CENA 36. CLUBE. PISCINA. INTERIOR. DIA.
RAÍSSA ESPERA POR RAFAELA. GÉSSICA ESTÁ IMPACIENTE.

GÉSSICA — Não vai tomar o suco Raíssa?

RAÍSSA — Estou esperando Rafaela!

GÉSSICA — Esperando alguém pra tomar um copo de suco?

RAÍSSA — Por quê? Algum problema nisso?

GÉSSICA — Não! Nenhum! Mas como elas estão demorando, eu sugeriria que você fosse atrás delas.

NESSE MOMENTO, UM GARÇOM SURGE SERVINDO SUCO PARA GÉSSICA QUE PEGA UM COPO.

GÉSSICA — Obrigada!

RAÍSSA — Quer saber? Eu vou fazer isso mesmo!

RAÍSSA VAI PASSAR POR GÉSSICA QUE APROVEITA E JOGA O SUCO NELA, PROPOSITALMENTE.

RAÍSSA — olha só o que você fez!

GÉSSICA — Foi mal! Você pode tomar banho no chuveiro ali!

RAÍSSA VAI ATE O CHUVEIRO QUE NÃO FICA MUITO LONGE. GÉSSICA APROVEITA E PEGA SUA BOLSA EM CIMA DA CADEIRA DE SOL E TIRA UM FRASCO COM UMA SUBSTANCIA LÍQUIDA DENTRO. ELA ABRE O FRASCO E DESPEJA EM UM DOS COPOS QUE RAÍSSA TROUXE. CAM DETALHA O COPO. ELA GUARDA RAPIDAMENTE O FRASCO NA BOLSA E PÕE DE VOLTA NA CADEIRA DE SOL. RAÍSSA VOLTA.

RAÍSSA — Ainda bem que saiu esse suco!

GÉSSICA — (DISFARÇA) Elas estão demorando demais! Eu vou lá no banheiro ver se aconteceu alguma coisa!

ELA SAI. RAÍSSA OLHA PROS COPOS.

RAÍSSA — Nossa que calor! Eu não vou mais aguentar esperar! Vou tomar isso antes que fique quente!

ELA VAI PEGAR UM DOS COPOS E APANHA O COPO QUE GÉSSICA PÔS A SUBSTÂNCIA. RAÍSSA BEBE O SUCO.

CENA 37. CLUBE. FRENTE. EXTERIOR. DIA.
UM TAXI PARA EM FRENTE AO CLUBE E BRUNO DESCE. RENATA E PAULA LOGO APARECEM.

BRUNO — Vocês também vieram?

PAULA — É. Beatriz combinou comigo e eu chamei Renata!

ELES SE ENTREOLHAM.

CENA 38. CLUBE. PISCINA. INTERIOR. DIA.
RAÍSSA ESTÁ SENTADA NA CADEIRA DE SOL, LENDO UMA REVISTA. SUAS VISTAS COMEÇAM A FICAR EMBAÇADAS.

RAÍSSA — Que sensação estranha. Uma tontura!

RAÍSSA COMEÇA A FICAR TONTA.

RAÍSSA — Será que foi alguma coisa naquele suco?

ELA SE LEVANTA, APOIANDO NO BRAÇO DA CADEIRA E NA MESA. SUAS VISTAS FICAM MAIS EMBAÇADAS. ELA CAMBALEIA.

RAÍSSA — Meu Deus! Socorro! Socorro!

RAÍSSA VAI ADORMECENDO. ELA VAI PRA PARAR NA BEIRA DA PISCINA. SUAS VISTAS APAGAM DE VEZ E ELA DESMAIA, CAINDO NA PISCINA, DESACORDADA. RAÍSSA AFUNDA NA PISCINA. CLOSE.

FIM


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