Bruna
continua abraçada a Guilherme, pensativa. Observa Rosa contar os detalhes que
sabe, e em seguida, fita o rosto de Guilherme.
–
Guilherme... A Lana deixou alguma herança para o Arthur?
–
Sim, claro. Praticamente tudo o que ela tinha, deixou para o menino. Mas o que
isso tem a ver? – Pergunta, olhando para o delegado. Os dois estranham.
–
Tudo, meu amor! A pessoa que sequestrou o Arthur pode estar envolvida no
assassinato da Lana.
–
Mas teria que ser alguém da família para...
–
A única pessoa que era da família e estava na festa era a Maria Paula. –
Interrompera-o.
–
Eu acho que não. – O delegado levantou-se e encarou o casal. – Sim, precisaria
ser algum familiar para retirar dinheiro da conta. Mas os sequestradores também
podem exigir que você retire o dinheiro e deposite em uma conta secreta, o que
é o mais óbvio. – Dissera a Guilherme
***
DOIS DIAS DEPOIS
Arthur,
deitado, move sua perna algemada. Escora-se na parede e observa Douglas dormir.
Em baixo do colchão encontra um grampo de cabelo.
Silenciosamente,
ele abre o grampo e consegue se soltar da algema.
Arthur,
com as mãos e joelhos no chão, anda até porta e a abre. Ele sente medo e é
surpreendido por Douglas, ainda de capuz.
–
Então você tava querendo fugir? – Diz, arrastando a criança para uma cadeira.
–
ME TIRA DAQUI! – Grita.
–
Ninguém vai te escutar, menino. E outra... Só cumpro ordens. – Diz, amarrando firmes
as mãos de Arthur para trás com uma corda. – Quero ver você fugir agora!
***
Rafaela,
ainda com pijama, derrama leite quente sobre uma caneca e senta-se a mesa,
pensativa. Bruna, trajando uma calça jeans azul e uma blusa de renda de manga
longa branca senta-se a mesa e come uma maçã.
–
Bruna... – Deu uma pausa. – O que acontece se eu denunciar uma pessoa por
perseguição obsessiva?
–
Se for comprovado que ela está mesmo lhe perseguindo, a pessoa é presa e
julgada. O crime, no caso, tem uma pena consideravelmente boa... Mas por que a
pergunta?
–
Ah. Nada não. – Levanta-se e vai ao banheiro.
– Alguma coisa tá acontecendo e ela não quer me contar! – Diz
Bruna, pegando sua bolsa e saindo do apartamento.
***
Vivian
dirige em alta velocidade. Ela bebe a terceira garrafa de vodka e buzina
repetidas vezes, irritando todos ao redor.
Próximo
dali, uma criança de aproximadamente nove anos brinca de amarelinha em um
parque. Ela avista a mãe e corre até ela, sem olhar para os lados da rua.
Vivian,
muito bêbada continua a buzinar e assusta a criança, que fica parada no meio da
rua.
–
FILHO! – A mulher, do outro lado da rua grita. A criança é atingida e jogada
próxima a um poste. Ela observa o carro de Vivian se distanciar e anota a placa
do carro. – Desgraçada! – Aproximara-se do filho. – Alguém chama ambulância!
Meu filho tá morrendo!
***
Maria
Paula, sentada na cama, abre um caderno e lê tudo que escrevera quando era
casada. Lágrimas mancham as folhas e ela guarda o caderno em uma gaveta.
Pega
de baixo da cama duas malas, a abre e retira roupas do armário, colocando todas
dentro das malas.
Rachel
adentra no local, e cruza os braços, observando o nervosismo de Maria Paula.
–
Aonde você vai, Maria Paula? – Indaga, com um pequeno sorriso.
–
Viajar... Espairecer. – Disse, fechando as malas e pegando o caderno que lera
antes.
–
Acho ótimo! – Disse, seguindo a filha. Maria Paula parara logo abaixo do sótão.
–
Eu quero o meu pai! – Grita Arthur,
dentro do sótão.
–
Achei que tinha ouvido uma criança... Senti uma angústia de repente.
–
Impressão sua, filha. Vá viajar que ganha mais.
–
Tem certeza?
–
Absoluta. – Observara Maria Paula abrir a porta do apartamento e em seguida,
fechá-la. – Se ela descobrir que o Arthur está aqui... Estou lascada!
***
Conrado
e Natan estão sentados a uma mesa. Antônia senta-se ao lado de Conrado e os
três ficam a frente de inúmeros jornalistas e fotógrafos.
–
Vocês assumem a falência da empresa? O que farão? E a presidente da empresa,
Iolanda Cavalcanti? Continua presa? Como...
–
Uma pergunta de cada vez, por favor! – Natan interrompera. – Respondendo a
primeira pergunta. Sim. Nós assumimos.
–
Mas com isso, informamos que há um novo presidente.
–
Como?
–
A empresa foi construída em São Paulo e várias sedes criadas. Entre elas, a do
Rio de Janeiro, que acabou sendo, digamos assim, a oficial. E como foi herança
da senhora Beatriz Cavalcanti aos seus filhos, tornaria-me presidente caso a
empresa falisse. – Conrado respondeu.
–
Iolanda Cavalcanti continuará presa e teve o habeas corpus negado e aguardará o
julgamento presa.
–
Mais alguma revelação?
–
Sim. Antônia, antiga secretária de Iolanda, torna-se agora, uma das
empresárias.
***
Rafaela
abre a porta de um apartamento simples. Uma mulher, com nome de Dinorá, de
cinquenta e seis anos, que estava sentada de pernas cruzadas em um sofá, lendo
um livro a observa. Ela fecha o livro e retira seus óculos, colocando-os na
mesa de vidro que há no meio.
–
Filha? O que está fazendo aqui? – Diz, convidando-a para sentar ao seu lado.
–
O Fausto, mamãe... Ele ganhou condicional.
–
Mas ele não está lhe rondando, está?
–
Não. – Observa o alívio de Dinorá. – Ele quer ver a Giulia.
–
Como é? Você não pode...
–
Eu não posso, mas devo.
–
Deve nada. – Abraçara Rafaela. – Você e sua irmã não vieram mais aqui...
–
As coisas andaram meio conturbadas. Mas não vim para falar disso. Quero saber
se mexeu em alguma coisa do meu quarto.
–
Não... – Antes de terminar, Rafaela correra para o seu quarto.
No
quarto, ela abre o armário e retira da última prateleira uma caixa de papelão e
a abre. Estão repletas de fotos, cartas, presentes e objetos que simbolizam o
amor que sentira por Fausto.
Rafaela
retira do bolso um isqueiro. Ela o acende e joga na caixa, que aos poucos
começa a ser deteriorada pelo fogo.
–
Filha, tem uma coisa te incomodando. Eu sei que tem! – Dinorá adentra no
quarto. Rafaela a abraça e começa a chorar novamente. – Eu queria tirar esse
peso, essa dor, essa angústia de dentro de você, mas não consigo. Pode contar
comigo para tudo!
–
Mãe... Não conta nada disso para a Bruna. Isso é um problema somente meu. E eu
tenho medo da reação dela...
–
Eu entendo. Mas se a situação chegar ao limite, ela será avisada.
***
Iolanda
é levada para uma sala algemada. Veste o uniforme do presídio e senta-se em uma
cadeira, apoiando seus braços a uma mesa. Um homem não identificado chega por
trás e joga um jornal na mesa. Ela lê o enunciado, que fala sobre a falência e
nova gestão da Maxxes em silêncio e baixa a cabeça, esperando o homem
sentar-se.
–
Feliz? – Pergunta o homem.
–
O que você fez seu idiota? Quando eu sair daqui você se arrependerá...
–
Cala a boca, Iolanda. Não está me reconhecendo? Sou eu, seu papaizinho...
–
Não... Não... NÃO PODE SER!
–
Claro que pode. Você é burra, hein. Podia passar facilmente a perna em você que
não ligaria uma coisa à outra.
–
A empresa é minha...
–
Sua o caramba. Ela é do seu irmão por direito. O testamento foi falsificado e
você mesma foi vítima disso.
–
Como assim? Quando eu voltar, vou transformar...
–
É aí que você se engana! – Interrompera Iolanda, que revirara os olhos. – Você
não vai voltar. E se voltar, será como faxineira. O Conrado tomou o seu
lugar... Se é que você podia ter um lugar.
Iolanda
bate na mesa, com as mãos apoiadas sobre ela. Natan ri e Iolanda começa a
esganá-lo, com dificuldade por causa das algemas.
–
Socorro! Tirem... – Diz, com pouca força. – Ela daqui! Socorro!
O
carcereiro abre a porta e retira Iolanda do local.
–
Você passou dos limites! – Diz a colocando na solitária. – Passar bem.
–
Seus imundos! Me tirem daqui!
***
Arthur,
amarrado na cadeira, balança a cabeça de um lado para o outro três vezes. Ele
repete o nome da mãe.
–
Esse menino endoidou de vez, só pode... – Douglas fita o rosto do menino.
No sonho, Arthur se vê
livre, em um local desconhecido. Sua mãe, trajando roupas leves brancas se
ajoelha e o beija na testa.
– Tudo ficará bem, meu
filho... O papai vai te salvar!
***
UMA SEMANA DEPOIS
Bruna
fita o painel. Ela retira a foto de Carlos Henrique e arruma as outras imagens.
–
Agora restam Iolanda, Maria Paula e Vivian...
–
Descobriu alguma coisa? – O investigador adentra na sala lhe trazendo café.
–
Nada. – Ingere um gole da bebida e faz careta. – O que você colocou aqui?
–
O de sempre. Como você gosta!
–
Não... Tá estragado.
–
Desculpa Bruna. Não é de hoje que você está assim. Só pode ser uma coisa...
Você está grávida!
–
Grávida, eu? Não. Eu me cuido. – Afirma Bruna, retornando ao trabalho.
***
Fausto
e Dora, sentados á mesa, conversam. O homem corta um pão, enquanto a mulher
ingere goles de suco.
–
É hoje, mãe. A Rafaela vai se arrepender de ter se metido em meu caminho!
–
Foi você que se meteu no dela, não confunda as coisas!
–
Tanto faz.
–
E como pretende fazer essa proeza, hein Fausto?
–
Na hora da saída. Só me apresentar como amigo da Rafaela e pronto. Depois... A
gente vê no que dá!
Fausto
come o pão, pensativo.
***
Um
homem observa Bruna sair do carro. Ele segura um objeto cortante. Assim que
Bruna adentra na delegacia, o homem aproxima-se do carro da delegada e
abaixa-se e sabota o veículo.
–
Dessa vez ela não escapa... Morre na hora!
***
Vivian
está deitada no sofá, com um pote de pipoca no colo. Ela altera os canais da
televisão, e ao ver uma foto sua, para e aumenta o volume.
–
A polícia procura pela mulher que atropelou e deixou em estado grave um menino
de nove anos, no centro do Rio de Janeiro. – Ela ouve e coloca o pote sobre a
mesa de vidro.
Vivian
corre para o quarto, pega uma mala e coloca algumas roupas e calçados dentro
dela. Remexe várias gavetas até encontrar documentos com o nome de Fernanda.
–
Sabia que seria útil algum dia! – Diz, pondo uma peruca loira e óculos.
Ela
tranca o apartamento e se retira as pressas.
***
Fausto
ouve o sinal tocar. Ele observa as crianças saírem do colégio e avista Giulia,
no portão. O homem sai do carro, aproxima-se de Giulia e a pega na mão,
levando-a para o carro.
–
Ei, quem é você? Minha mãe vai vir me buscar!
–
Quero te mostrar uma coisa, fica aí. – Diz, fechando a porta do carro e saindo
em alta velocidade.
–
Eu não sei quem é você...
–
Nem queira saber, garota!
***
Fausto
ouve o sinal tocar. Ele observa as crianças saírem do colégio e avista Giulia,
no portão. O homem sai do carro, aproxima-se de Giulia e a pega na mão,
levando-a para o carro.
–
Ei, quem é você? Minha mãe vai vir me buscar!
–
Quero te mostrar uma coisa, fica aí. – Diz, fechando a porta do carro e saindo
em alta velocidade.
–
Eu não sei quem é você...
–
Nem queira saber, garota!
***
Rafaela
desce de um ônibus, em frente ao colégio de Giulia. Ela adentra no recinto e
procura pela menina, mas não a encontra.
–
Ari... – Chamou o zelador. – Você sabe onde está a Giulia?
–
Ih, Rafaela. Já levaram a menina, não sabia?
Rafaela
se distancia do portão e escora-se em um poste. Ela procura nos contatos o
número da irmã e telefona para ela.
–
Bruna? Por que não me avisou que pegaria a Giulia no colégio? – Indaga nervosa.
–
Eu passei o dia todo na delegacia, Rafaela. – Diz, na outra linha. – Tem
certeza que ela não está aí?
–
Ah... – Ficara nervosa. – Está sim. – Mentiu. – Até mais. – Desligara e colocara
o celular na bolsa, aproximando-se do zelador. – Você pode me dizer quem levou
a Giulia?
–
Um homem alto, moreno, com barba cavanhaque... Vestia roupas simples. Nunca o
vi aqui.
–
Pelo amor de Deus... Como você deixa levarem a minha filha? Você sabe que só eu
e a Bruna temos permissão de levá-la.
–
Acalma-se dona. Eu não sabia...
–
Agora é fácil de dizer. Você é um irresponsável mesmo! – Discute com o homem.
As crianças e pais observam assustados.
–
Posso saber o que está acontecendo aqui? – Indaga a diretora do colégio, uma
mulher de estatura alta, de cabelos lisos loiros, trajando um macacão florido.
Utilizava um salto alto fechado preto.
–
Esse senhor aqui deixou que um tarado levasse a minha filha!
–
E como sabe que foi um tarado?
–
Eu o conheço. Ele vai matar a minha filha!
***
Fausto
está parado no trânsito. Ao seu lado, Giulia completamente apavorada. O homem a
olha diferente.
-
Socorro! – Grita Giulia, debatendo-se na janela.
–
Fica quieta, garota. – Pressiona o braço da menina.
–
Eu não sei quem é você. Por favor, me solta! – Grita, com medo. O homem se
aproxima do corpo da menina e toca em seus seios. – Socorro! – Diz
constrangida.
Um
homem, de outro veículo, observa a cena. Ele sai e aproxima-se do carro onde
Giulia se encontra, abrindo a porta.
–
O que significa isso? – Giulia sai do carro e abraça fortemente a cintura do
homem que encara Fausto.
***
Bruna
liga o carro, põe o cinto e o dirige em velocidade média. Outro carro, preto e
de vidros escuros, a segue. Os dois param no sinal vermelho. Dentro do carro,
passa mal, sentindo-se tonta.
O
sinal abre e Bruna continua parada. Os motoristas buzinam e a xingam.
–
Eu não tenho o dia todo, moça! – Diz um motorista esticando sua cabeça para
fora do vidro.
Ainda
tonta, acelera o veículo e dirige em velocidade alta, com a visão embaçada.
O
celular vibra e ela visualiza a mensagem e a responde, sem perceber que
invadira a pista contrária.
Um
som de buzina lhe chama a atenção. Bruna grita, perde o controle da direção do
veículo, invade um canteiro de obras e bate em um poste. Dentro do carro, o
sangue escorre pela cabeça de Bruna, que está desacordada.
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