segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Capítulo 4: Jogo de sedução




Cena 01 – Casa de Lavínia/Escritório/Noite
Continuação imediata do capítulo anterior...
Lenara e Lavínia frente a frente.
Lavínia – Grávida? Você tem noção do que está me dizendo? Eu pago você e suas amigas para lhes dar uma vida de luxo.
Lenara – Paga com o dinheiro que ganhamos dos clientes...
Lavínia – E ainda é mal agradecida! Francamente. O que espera que eu faça por você? O que tinha em mente quando veio até aqui me falar dessa burrada, Lenara?
Lenara (apóia-se na mesa) – Um aborto.
Pausa. Troca de olhares tensa.
Lavínia – Você quer fazer um aborto? Ou melhor, você quer que eu pague um aborto? É isso?
Lenara – Sabe que é a única alternativa. Eu não quero perder a chance de continuar trabalhando com você. Você é a única com quem eu posso contar.
Lavínia – Você está louca. Eu não vou pagar nenhum aborto. Você se enfiou nessa confusão e vai sair sozinha. Sua burra! É isso que você é Lenara. Uma burra! (ignorando Lenara) Agora se manda daqui. Não quero que a minha família te veja aqui em casa.
Lenara – Se você não me ajudar eu vou agora mesmo na polícia e faço uma denúncia contra você.
Lavínia – Como é que é? Você está me ameaçando? É isso mesmo Lenara?
Lenara – Sua reputação e sua imagem de boa mulher vão parar na lama. Você tem muito mais a perder nessa história do que eu, Lavínia. Pense bem.
Lavínia – Mais é muita petulância sua.
Lavínia estuda Lenara por alguns segundos.
Lavínia – Mas você tem razão. Eu perderia muito, mesmo que isso não desse nada, eu não sairia sem arranhões dessa história toda. (pausa) Tudo bem Lenara. Você venceu. Eu vou te ajudar.
Corta para:

Cena 02 – Sorveteria/Ext./Noite
Roberto e Paula estão sentados em um banco que fica na frente de uma sorveteria.
Roberto – Eu sei que esse tipo de encontro não deve ser exatamente do tipo que você está acostumada, mas tive esperança de que o sorvete fosse de boa qualidade.
Paula (risos) – E é. O melhor que já experimentei.
Roberto – Que bom! Pelo menos isso.
Um breve silêncio entre eles, que provam o sorvete, enquanto trocam olhares tímidos e sorrisos bobos.
Roberto – Então, eu fico feliz que você tenha aceitado sair comigo e tal, mas eu não pude deixar de perceber uma certa euforia quando você aceitou o meu convite.
Paula (um pouco séria agora) – Pois é, você tem razão. Eu confesso que aceitei porque tinha a intenção de atingir uma pessoa.
Roberto – Aquele rapaz?
Paula – É complicado. Me desculpe estar sendo sincera dessa forma, mas também preciso te confessar que de forma alguma eu pretendo te usar para fazer ciúmes. No início foi, mas agora eu estou aqui porque eu quero.
Roberto – Não! Tudo bem. Eu não me importo com isso. Se estou te ajudando em algo já fico feliz.
Os dois riem.
Roberto – Ele é seu namorado?
Paula – Ex! Terminamos há alguns dias atrás. Descobri uma traição dele.
Roberto – Que chato isso.
Paula – Bom, mas vamos parar de falar de ex. Me conte sobre você.
Roberto (risos) – Sobre mim? E o que quer saber de um caipira como eu?
Paula – Tudo! Gosto de ouvir as pessoas.
Roberto (risos) – Bom. Eu sou uma pessoa muito humilde, que como todo brasileiro, tenho um sonho...
A CAM vai se distanciando dos dois, enquanto o áudio (Daughter - Youth) aumenta, e vemos, escondido dos dois, Diego (ex-namorado de Paula) observando a tudo de longe.
Música cessa aqui.
Corta para:

Cena 03 – Boate Seduction Night/Int./Noite
Música ambiente (eletrônica). Alguns homens, só de cueca, dançando em cima de um palco individual, que contava com uma barra de pole dance. Os palcos ficavam em lados opostos, ao lado do palco principal. Havia uma grande movimentação dentro da boate. Homens e mulheres. Nota-se a presença de Garotos de Programa, alguns encostados nas paredes e outros sentados no balcão. Estavam de camiseta regata apertando os músculos definidos. Depois da apresentação da boate, a CAM vai de encontro à Lavínia, que estava sentada em um camarote privado na parte superior. Estava com uma taça de champanhe, observando a movimentação em baixo. Mauro (seu braço direito) logo atrás dela.
Mauro – O que quer que eu faça com ela?
Lavínia – Suma! Eu não quero mais ter que olhar para a cara da Lenara.
Lavínia toma um gole de champanhe.
Lavínia – Fui clara?
Mauro – Sim!
Lavínia – Ótimo!
A CAM volta a focar no ambiente da boate.
Corta para:

Cena 04 – Externa/São Paulo/Noite
Música: Massive Attack - Teardrop
Imagem aérea dos prédios. Várias imagens de pontos diferentes da capital. Fecha a cena com a fachada de uma casa simples, em uma comunidade qualquer da cidade.
Música cessa aqui
    Corta Para:

Cena 05 – Casa de Romana/Int./Quarto-Filipe/Noite
Em um quarto típico de adolescente, um pouco desorganizado, vemos dois garotos sentados sobre a cama. Um deles é Filipe, de uns 16 anos. O outro é chamado apenas de Dudu, que tem 17 anos. Diálogo inicia assim que abre a cena.
Filipe – Eu estava pensando em uma maneira de levantar uma boa grana para comprar meu Xbox.
Dudu – Sério? E o que pretende fazer? Assaltar um banco?
Filipe atira um travesseiro em Dudu.
Filipe (rindo) – Para de palhaçada. Eu estou falando sério. (pausa) Conheci um amigo que falou que ele ganha uma grana fazendo programa.
Dudu (sério) – Como é? Você ficou maluco? Está pensando em se prostituir para comprar um aparelho de jogo? Ficou louco?
Filipe – O que tem demais nisso? Muita gente faz. E você sabe que não seria muito sacrifício para mim.
Dudu – Sua mãe aceitar sua sexualidade é uma coisa, agora você querer virar um garoto de programa é um pouco demais pra ela.
Filipe – Ficou maluco? É óbvio que ela não vai saber de nada. E você tem que me prometer que não conta nada.
Dudu – Tudo bem! Você é que sabe. Só não diz que eu não te avisei, quando tiver que transar com um velho gordo e fedorento.
Dudu começa a rir e Filipe atira outro travesseiro nele.
Filipe – Idiota! Cala a boca.
Corta para:

Cena 06 – Casa de Romana/Int./Cozinha/Noite
Sequência imediata após a cena anterior. Vemos uma senhora mexendo em algumas panelas sobre o fogão. Aparenta seus 50 anos de idade. Roupa simples, típica de uma dona de casa humilde. Seu nome é Romana. Esta é mãe de Filipe, garoto da cena anterior, e de Diego (ex-namorado de Paula). Após alguns segundos de cena, entra Diego.
Romana – Filho! Já chegou do jogo meu amor?
Diego serve um copo de água.
Diego – Já mãe! Estou exausto. Vou tomar um banho.
Romana – Isso! Aproveita e chama seu irmão no quarto. Eu já vou servir a janta.
Diego coloca o copo sobre a pia.
Diego (já saindo) – Pode deixar.
Corta para:

Cena 07 – Motel/Int./Suíte/Noite
Música: Maxim feat.Skin - Carmen Queasy
Abre a cena com Kelly completamente nua. Seios a mostra. Logo vemos Lucas se aproximando dela. Ainda com suas roupas. Ele beija o pescoço dela, enquanto vai passando as mãos pelo seu corpo.
Close, alternado, nos olhos de ambos. Após, Lucas joga Kelly sobre a cama e arranca a camisa, caindo sobre ela. Um beijo intenso entre os dois.
Corte de cena... Kelly de joelhos sobre a cama, com o corpo curvado, apoiada sobre os cotovelos, enquanto Lucas deita por trás dela. Beijando suas costas até chegar ao pescoço.
CAM flagra uma expressão de prazer no rosto de Kelly. Sequência finaliza com um beijo entre ambos.

Música cessa aqui.

Corte de Cena... Kelly estava pegando suas roupas.
Lucas – Eu tenho uma coisinha para você.
Kelly (feliz) – Pra mim? Oba! O que é?
Lucas – Vem aqui.
Lucas leva Kelly até a frente de um espelho.
Lucas – Fecha os olhos e levanta o seu cabelo.
Curiosa, Kelly segura o cabelo pra cima e fecha os olhos. Sorriso em seu rosto. Lucas coloca um colar no pescoço dela. Uma corrente fina e prateada, com uma pedra branca e detalhes em brilhante, como se fossem diamantes.
Kelly (sem abrir os olhos) – Não acredito!
Lucas – Pode abrir agora.
Kelly abre os olhos e se encanta com o colar. Ela passa a mão direita sobre o colar e olha para Lucas.
Kelly – Lucas!? É lindo!
Lucas – Assim como você.
Kelly fica de frente para Lucas e os dois se beijam. Ela se joga sobre ele, cruzando as pernas ao redor de seu corpo. Vemos os dois em câmera aberta, onde os vemos de lado, totalmente nus, sem revelar as partes íntimas.
Corta para:

Cena 08 – Externa/São Paulo/Noite
Música: Mikky Ekko - Smile
Vemos imagens aéreas da cidade de São Paulo. Prédios iluminados. O grande movimento da Avenida Paulista. Cena finaliza com a fachada da casa de Olívia.
Música cessa aqui.
    Corta para:

Cena 09 – Casa de Olívia/Int./Quarto-Olívia/Noite
A cena inicia com Leandro sentado na cama, retirando os sapatos. Olívia em pé olhando através da janela.
Leandro – Você acredita que o Anselmo teve a cara de pau de ir até o meu escritório me pedir apoio político? É muita petulância. (pausa) Mesmo depois de eu ter dito com todas as letras que eu não me envolvo em política.
Leandro percebe que Olívia está distante.
Leandro – Olívia? Está me ouvindo?
Olívia (susto) – Ãh? Desculpe eu estava um pouco longe.
Leandro – Estou vendo. Estou aqui há um tempo falando sobre o meu dia e você não diz nada.
Olívia – Sinto muito. Mas existem coisas mais importantes a ser conversado do que os seus problemas pessoais com o seu irmão.
Leandro – Do que você está falando?
Olívia – De nós! Do nosso casamento. Da nossa vida. Leandro eu sinto falta de como éramos.
Leandro – Que papo é esse agora, Olívia? O que está acontecendo?
Olívia – É exatamente isso que eu gostaria de saber? Eu não sei o que está acontecendo. Eu não quero te cobrar nada, mas eu necessito um pouco mais de atenção. Necessito de um momento só nosso.
Leandro – Mas você sabe que as coisas não estão boas ultimamente. Ando cheio de coisas a fazer no trabalho...
Olívia – O trabalho! Sempre o trabalho. É exatamente disso que eu estou cansada Leandro. Você se casou com seu trabalho e esqueceu que tinha uma família.
Leandro – Espera um pouco. O que está acontecendo? Você nunca reclamou do meu trabalho. Nunca foi de me cobrar atenção. Porque isso agora?
Olívia – Nada! Esquece. Eu estou cansada só isso. Vamos dormir.
Leandro – Agora que você começou eu exijo uma explicação.
Olívia – Esquece isso Leandro. Eu quero dormir. Boa noite.
Olívia deita na cama e se cobre, desligando o abajur ao lado de sua cabeceira. A CAM fecha em Leandro que a observa.
Corta para:   

Cena 10 – Apartamento de Lenara/Int./Sala/Noite
Lenara e Viviane estão sentadas no sofá. Diálogo imediato.
Viviane – Você chantageou a Lavínia?
Lenara – Eu não tive escolha. Ela queria me deixar a Bangu. Confesso que me equivoquei, mas ao menos deu certo. Ela vai me ajudar.
Viviane – Eu não sei se podemos confiar na Lavínia. Ela é uma mulher perigosa.
Lenara – Ela não pode fazer nada contra mim. Eu sei de coisas que acabariam com a reputação dela em questão de minutos.
Viviane – Mais um motivo para se preocupar. É preciso ter cuidado com esse tipo de gente.
Nesse instante Kelly entra no apartamento. Toda sorridente.
Kelly – Oi, meninas! Tenho uma coisa para mostrar a vocês.
Kelly mostra o colar para Lenara e Viviane.
Viviane – Nossa! Que lindo! Comprou onde?
Kelly – Eu ganhei. O Lucas me deu.
Lenara – Não vai me dizer que este foi o pagamento do programa.
Kelly – Na verdade isso foi um presente. Pessoal. Ele gosta mesmo de mim. Acho que talvez a nossa relação possa evoluir.
Viviane – Ai Kelly. Lá vem você com esse papo de romantismo. Não somos a Julia Roberts, de Uma Linda Mulher, em que surge um Richard Gere, e nos leva ao mais alto escalão da sociedade.
Lenara – A Vivi tem razão. A regra número um de toda profissional do sexo é nunca colocar sentimento na cama.
Kelly – Eu sei de tudo isso, mas e sim comigo for diferente. Pode acontecer? Não pode?
Viviane – Bom, poder até pode, mas você tem que ser mais realista. É preciso por os pés no chão em relação a isso. É só um conselho.
Kelly – Não é lindo!
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Cena 11 – Externa/São Paulo/Noite
Música: MAG - Garoto de Programa
Vemos imagens aéreas da cidade de São Paulo. Prédios iluminados. O grande movimento da Avenida Paulista.
    Corta para:

Cena 12 – Apartamento Qualquer/Int./Corredor/Noite
Vemos Hugo saindo de um elevador e caminhando por um longo corredor até chegar à porta de um apartamento, número 545. Imediatamente ele aperta a campainha. Aguarda.
Alguns segundo depois a porta se abre e vemos um homem, maduro, de uns 48 anos de idade, vestido com roupa social.
Homem – Você deve ser o “Romeu”.
Hugo – Sim! Sou eu.
Homem – Entre.
O homem dá passagem para Hugo, que entra no apartamento.
    Corta para:

Cena 13 – Apartamento Qualquer/Int./Quarto/Noite
Sequência imediata à cena anterior...
Vemos Hugo, o homem da cena anterior e uma mulher, loira, de uns 35 anos.
Todos nus sobre a cama. Hugo de joelhos beijando a mulher à sua frente. O homem atrás dele passando as mãos sobre os seus ombros. Hugo beija o homem também.
Corte de Cena... Hugo deitado sobre a mulher. Movimento de penetração, enquanto o homem os observa ao lado.
A CAM vai saindo do foco dos três até alcançar a janela, cujas cortinas balançam com o vento. A CAM segue até sair através da janela.
    Corta para:

Cena 14 – Externa/Bauru/Noite
Imagens aéreas da cidade. Pontos iluminados. Algumas praças e o centro da cidade. Fecha a cena com uma imagem de uma casa simples.
Música cessa aqui.
    Corta para:

Cena 15 – Casa de Gracinha/Int./Noite
Cena começa com Gisele entrando pela sala. Ambiente calmo.
Gisele – Dona Gracinha? A senhora está em casa? A porta estava aberta e eu entrei.
Cena segue para a cozinha.
Gisele entra na cozinha e logo se depara com Gracinha caída no chão. Leva as mãos ao rosto. Expressão de pavor. Imediatamente ela corre em socorro de Gracinha.
Gisele (desespero) – Dona Gracinha? Meu Deus! O que aconteceu. Fala comigo.
    Corta para:

Cena 16 – Hospital/Int./Sala do Médico/Noite
Sequência imediata após cena anterior...
Um médico examina alguns papéis, enquanto Gracinha, já reanimada, o observa. Gisele está ao seu lado.
Médico – Fizemos algumas coletas e acabamos vendo no histórico que a senhora já apresentou alguns sintomas anteriores.
Gisele – Como assim? Quer dizer que ela está doente? O que ela tem?
Gisele – Acalme-se Gisele. Deixe o médico falar. Prossiga doutor.
Médico – Com base no histórico e nos resultados obtidos, temos como definir um diagnóstico. A senhora está com Diabetes. Precisa começar o tratamento o quanto antes.
Close no rosto de Gracinha.
    Corta para:

Cena 17 – Externa/São Paulo/Dia
Música: 3LAU feat. Bright Lights – How You Love Me
Imagem aérea da cidade. Comunidades de bairros populares da cidade, fechando com a imagem das pessoas caminhando pelas ruas da cidade.
Música cessa aqui
    Corta Para:

Cena 18 – Colégio Charles Darwin/Biblioteca/ Dia
Roberto sentado atrás do balcão. Diego caminha até ele. Os dois se encaram.
Diego (esnobe) – Acha mesmo que a Paula é para você? Um zero a esquerda, morto de fome e que não tem nem para se sustentar.
Roberto – Você não me conhece. Não tem o direito de me ofender no meu trabalho.
Diego – Eu estudo aqui. É com o pagamento da minha mensalidade que você recebe. Se coloca no seu lugar. Ou melhor, volta para sua cidade ridícula no interior... Volta para a maloca que deve ser a sua casa.
Roberto (impaciente) – Por favor, me respeite.
Diego – Eu não respeito pessoas como você. Deve ser um lixo, você e sua família.
Roberto se levanta da cadeira e agarra Diego pela gola da camisa e em seguida lhe dá um soco. Diego cai no chão. Vemos Paula observando nesse exato momento.
Roberto (bravo) – Cala essa boca! Não fala da minha família. Você me entendeu?
Paula (chocada) – Não entra no jogo dele Roberto. (a Diego) Diego vai embora.
Diego – Vocês viram. Ele me agrediu. Isso não vai ficar assim.
A supervisora da Biblioteca entra.
Supervisora – O que está acontecendo aqui?
Olhares tensos.
    Corta para:

Cena 19 – Colégio Charles Darwin/Pátio/Dia
Movimentação de alunos. Roberto caminha entre eles com um ar de desapontado. Paula logo atrás.
Paula – Roberto me espera. Preciso falar com você.
Roberto – Me desculpa. Eu não sei o que deu em mim. (pausa) Também não importa mais.
Paula – Não! Eu vou te ajudar. Vou falar com a Diretora e resolver a situação.
Roberto – Não, Paula. Não cabe a você se meter nos meus problemas. Eu errei em aceitar a provocação daquele mauricinho.
Paula – Mas isso é injusto. A culpa não é só sua.
Roberto – Eu sei que você só quer me ajudar. Mas está tudo bem. Eu vou ficar bem. Obrigado! De coração.
Roberto vai embora. Close final no olhar triste de Paula vendo ele ir.
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Cena 20 – Clube Qualquer/Piscina/Dia
Imagem de uma piscina grande. Algumas pessoas por ali. Garçons servindo alguns clientes. CAM acha Lucas caminhando.
Em seguida vemos uma mulher, jovem, de uns 25 anos e cabelos ruivos. Estava deitada em uma espreguiçadeira, de biquíni e com um óculos de sol.
Lucas se aproxima dela, sentando em uma cadeira ao lado.
Lucas – Eu não sabia que a sereia já estava de novo neste solo brasileiro.
Rebeca (sem olhar) – Nem vem com esse papo furado, Lucas. (retira o óculos) Qual é? Já desistiu das prostitutas da Golden Girls?
Lucas – Para! Você sabe que você é única.
Rebeca (coloca o óculos) – E também não sou trouxa. Já te falei a minha condição. Só te dou uma chance quando você tomar jeito.
Lucas – Mas eu sei que você gosta de mim. No fundo, no fundo, eu tenho certeza de que você me ama.
Rebeca (risos) – Eu mereço. Vai dar um mergulho e me erra garoto.
Lucas abre um sorriso e levanta, caminhando em direção a piscina. Ele olha para ela.
Lucas – Eu ainda te pego sereia!
Lucas mergulha na piscina. Close final em Rebeca, observando ele.
    Corta para:

Cena 21 – Apartamento de Hugo/Int./Sala/Dia
Roberto e Hugo sentados no sofá. Diálogo já em andamento.
Hugo – Que chato isso! Mas esse babaca tem que aprender uma lição.
Roberto – Esquece. Não vale apena ficar pensando no passado. Eu posso conseguir outra coisa.
Hugo – Disso eu não tenho dúvidas.
Telefone toca.
Hugo – Alô!
Traz até Roberto.
Hugo – É pra você. Sua namorada.
Roberto – Gisele? Mas o que ela quer?
Roberto atende o telefone.
Roberto – Gisele? (pausa) Aconteceu alguma coisa?
Vemos Roberto sair caminhando com o telefone ao ouvido. Hugo senta e começa a olhar uma revista. Alguns segundos depois Roberto retorna. Telefone nas mãos. Ligação encerrada. Roberto senta no sofá. Estava sério.
Hugo – O que aconteceu? Algum problema?
Roberto – Uma desgraça. O que eu não imaginava que pudesse acontecer. Não agora.
Hugo – Algo com sua mãe? O que aconteceu?
Roberto – Minha mãe está com Diabetes. Precisa começar um tratamento o quanto antes. Precisa da minha ajuda.
Hugo – Eu sinto muito. Mas estou aqui para o que der e vier. Você sabe que pode contar comigo.
Roberto – E agora Hugo? O que eu faço? Sem dinheiro. Desempregado. Esse tratamento deve ser muito caro em um hospital particular. Se for esperar pelo público é capaz dela piorar.
Hugo – Eu te entendo. Não é fácil.
Roberto – Eu preciso achar uma saída rápido. Preciso de um emprego em que eu ganhe muito bem. Agora mais do que nunca eu vou precisar.
Hugo – A não ser... Não! Acho que não toparia.
Roberto – No que está pensando?
Hugo – Eu já te contei sobre o meu trabalho. Sabe que faturo muito. Às vezes tiro até trinta mil por mês.
Roberto – Eu sei. Acho que não estou em condições de rejeitar nada. Eu topo ser Garoto de Programa.
Hugo – Então eu vou te ajudar. Vou te apresentar a uma pessoa. Você vai ganhar muito dinheiro. Isso não será mais um problema. Acredite em mim.
Roberto fica olhando para o nada, enquanto Hugo o olha com um sorriso no rosto.

A CAM mostra os dois em cena aberta e tudo fica em preto e branco para o fim do capítulo.

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