Ricardo fica de braço estendido para
Clarice e ela aperta. Ele então faz sinal para que ela se sente na cadeira.
Ricardo: Que bela encrenca a senhorita se meteu.
Clarice: EU não matei ninguém!
Ricardo: Não, tudo bem... Eu não quero dizer que
foi você. Apenas me refiro a sua situação.
Ricardo folheia uma pequena pasta que
contém as informações sobre o caso e os depoimentos de Clarice e alguns que
envolve a mesma.
Clarice: EU só quero sair daqui. Enquanto eles
perdem tempo me mantendo aqui trancada, o verdadeiro culpado está lá fora, em
algum lugar, pronto para fazer outra maldade.
Ricardo: Eu estou aqui para isso. Mas entenda
que sua situação é bem complicada. A vítima foi envenenada e encontraram uma
substância dentro de sua bolsa. Isso fortalece e muito a hipótese de que a
senhorita poderia ter sim envenenado a vítima, visto que em um dos depoimentos
está descrito que vocês duas tinham uma rixa pessoal.
Clarice: Olha, eu já sei de toda essa história.
Eu só quero saber se há alguma possibilidade de u sair daqui.
Ricardo fecha a pasta e olha para Clarice
colocando suas mãos sobre a mesa e entrelaçando os dedos.
Ricardo: Sair daqui é mais fácil do que te
livrar desta acusação.
Clarice: O que?
Ricardo: Você não tem nenhum antecedente, é réu
primário. Há uma acusação, porém nada ainda de fato comprovado. Sua prisão é
apenas uma precaução para caso de fuga ou coisa do tipo. Posso tentar um Hábeas Corpus e tenho quase certeza de
que consigo te tirar daqui hoje mesmo.
Clarice se anima.
Clarice: Sério? Nossa, muito obrigada doutor...
Ricardo: Por favor, sem essa de doutor. Me chame
apenas de Ricardo. Teremos uma relação bem prolongada nos próximos dias. Mas
quero adverti-la de que mesmo que eu a tire desta prisão, isso não significa
que está livre da acusação.
Clarice: Tudo bem, não importa. Eu saindo daqui
tenho chances de descobrir o verdadeiro assassino. Ajudaria muito.
Ricardo: Muito bem, então comporte-se, não
apronte nada aqui dentro. Vou agora mesmo entrar com um pedido de Hábeas Corpus. O mais tardar até a noite
eu te tiro daqui de detro.
Ricardo se levanta e Clarice também.
Ricardo:
Até breve.
Ele vai embora.
.......
Laura e Fernando estavam almoçando juntos.
Laura: E você tinha mesmo razão. Essa
miserável matou mesmo a minha filha.
Fernando: Nunca tive dúvidas disso. Ai Deus, se
eu soubesse teria mandado os seguranças a expulsarem de lá quando tive a
chance.
Laura: Não se torture, filho. Você não teve
culpa. Pode ter certeza de que essa mulherzinha vai ter o que ela merece. Ela
que se prepare, porque ela vai pagar muito caro pelo que ela fez.
.......
Leonel estava na sala embaralhando suas
cartas. Roberto aparece.
Leonel: Está indo aonde? Espero que procurar um
emprego.
Roberto: Desde quando se preocupa comigo?
Leonel: Não me venha com suas ironias de novo
Roberto.
Roberto: Ironias? Sabe, eu acho que eu nunca
falei uma verdade tão clara como essa. O único irônico aqui é você papai.
Leonel se levanta colocando as cartas
sobre a mesinha da sala.
Leonel: O que foi? Vai querer me afrontar agora?
Não esqueça que eu sou o seu pai...
Roberto: Claro! Agora eu sou o seu filho. Sabe,
pensei que o senhor tinha apenas um filho, o Fernando.
Leonel: Não coloque o seu irmão na nossa
conversa, ele não tem nada haver com sua falta de compromisso com a vida.
Roberto: Engano seu papai. O Fernando tem tudo
haver com essa história. Você nunca me olhou como um filho. Sempre com as suas
apostas, sempre preferindo o Fernando só porque ele teve a capacidade de
namorar a filha de um poderoso e influente ex-político. Mas tudo bem, talvez
você tenha razão. Talvez eu não tenha mesmo nenhum compromisso com a vida. Mas
querendo ou não, eu herdei isso de você.
Roberto sai e Leonel se senta no sofá
suspirando de raiva.
.......
Clarice é avisada de que tem alguém
querendo vê-la. Quando ela chega na sala de visita, ela se surpreende com
Linda.
Linda: Oi Clarice! Sei que está surpresa em me
ver, mas não se preocupe. Vim apenas conversar.
Clarice se senta frente a frente com
Linda.
Clarice: Nem sei o que te dizer. Apenas...
Linda: Não precisa falar nada. Não precisa se
defender. Eu não acredito que você tenha feito nada com minha irmã. Sei do
embate entre vocês duas, mas acredito que você jamais faria algo assim com ela.
Clarice começa a chorar e Linda abraça
ela.
Clarice: Obrigado! Você não sabe o quanto é bom
ouvir isso. Eu não agüento mais.
Linda: Tudo bem. Só vim aqui para te dizer que
pode contar comigo. Vou te ajudar no que for preciso.
Clarice olha nos olhos de Linda.
Clarice: Obrigada!
.......
Roberto faz uma visita a Raul e sua
empresa.
Raul: Que surpresa em vê-lo!
Roberto:Estava por perto e resolvi fazer uma
visita. Espero não estar atrapalhando.
Raul: Não, de forma alguma.
Roberto: E como a Laura e a Linda estão?
Raul: Arrasadas. Mas superando.
Roberto: Deve ser bem difícil para a Linda. A
única irmã dela, partir assim de repente.
Raul: Mas ela é forte. Vai superar.
Roberto: Claro! Eu tenho um carinho especial por
ela, com todo respeito é claro. Admiro a força que ela tem.
Raul fica desconfiado com a conversa de
Roberto.
Raul: Puxou ao pai. Roberto, se me dá licença
eu tenho uma reunião importante agora.
Roberto: Claro! Eu vou indo. Diga para a dona
Laura e a Linda que eu mandei lembranças.
Raul: Direi sim.
Roberto sai da sala e Raul fica
pensativo.
.......
Clarice está deitada em sua cama e uma
carcereira avisa que tem um homem querendo falar com ela. Ela vai até a sala e
fica surpresa ao ver Fernando.
Clarice: Fernando?
Fernando: Então foi mesmo você não é sua
assassina?
Clarice: O que veio fazer aqui?
Fernando: Ver com os meus próprios olhos a
assassina da minha esposa.
Clarice: Sabe muito bem que eu não matei a
Raquel.
Fernando: Não venha com essa de inocente que
comigo não cola. Você não convence ninguém Clarice. Até a polícia já te prendeu
como suspeita direta do crime. Como você pode ir tão baixo. Tirar a vida de uma
pessoa que tinha tudo para ser feliz.
Clarice dá um tapa na cara de Fernando.
Clarice: Vai embora daqui. Eu nunca mais quero
te ver na minha vida. Eu jamais faria isso com ninguém. Deus sabe que eu sou
inocente e eu vou provar a todo mundo o quanto estão enganados. Você me dá
nojo.
Fernando passa a mão sobre o seu rosto
que arde com o tapa que recebeu.
Fernando: Você está perdida. Nunca sairá daqui.
Não se preocupe que nunca mais irá me ver novamente. Passará o resto da sua
vida miserável nesta prisão imunda. Espero que tenha o mesmo destino da Raquel.
Fernando vai embora e Clarice começa a
chorar.
.......
A delegada Renata não está tão convencida
da culpa de Clarice.
Renata: Sabe, Abreu, eu não consigo acreditar
que essa Clarice tenha mesmo matado a Raquel. É muito estranho uma denúncia
anônima como essa. Sei lá! Como é que de repente alguém liga e avisa que o
veneno que matou a Raquel está dentro da bolsa dessa Clarice.
Abreu: A senhora suspeita de alguém
específico?
Renata: Não! Por enquanto não tenho ninguém em
mente. Mas estou achando que alguém está usando a Clarice como bode expiatório.
Mas seja quem for eu vou descobrir.
.......
Linda chega em casa e encontra Laura
sentada no sofá.
Laura: Filha! Onde estava?
Linda: Fui visitar a Clarice na prisão.
Laura: Você o que? Ficou maluca? Viu o que ela
fez com a sua irmã, essa mulher é perigosa.
Linda: Sério? Eu não acho. Aliás, eu não acho
que ela seja assassina.
Laura: Definitivamente você perdeu a sanidade.
Linda: OU talvez eu não seja tão cega assim.
Mãe, eu vi verdade nos olhos da Clarice. Acredito que outra pessoa tenha matado
a Raquel e colocado a culpa nela.
Laura: Você é muito ingênua minha filha. Sua
irmã era mil vezes mais esperta que você...
Linda: E acabou envenenada. Sinto muito se não
sou como a Raquel. Com licença.
Linda vai para o quarto e Laura fica
resmungando na sala.
.......
Ricardo vai até a cela de Clarice. Ela
corre até a grade. A carcereira abre a cela.
Ricardo: Você está livre para ir para casa. O
juiz aceitou o meu pedido de Hábeas
Corpus.
Clarice chora emocionada e abraça
Ricardo.
Clarice: Obrigada!
Ricardo: Fico feliz de estar ajudando, porém
preciso ressaltar que o fato de estar livre não signifique que esteja isenta da
culpa do assassinato. Responderá o processo em liberdade. Dependendo do
julgamento, se for condenada terá que cumprir a pena em regime fechado.
Clarice: Sei disso.
Ricardo: Também precisa saber que não poderá se
ausentar do País. Em caso de mudança de endereço, deverá comunicar
imediatamente para mim.
Clarice: Não se preocupe. Não vou a lugar
nenhum. O verdadeiro assassino da Raquel está aqui, e eu vou encontrá-lo. Custe
o que custar.
.......
Já
em casa, Norma e Íris ficam felizes em ver Clarice livre da prisão.
Norma: Graças a Deus, filha. Eu sabia que o
doutor Ricardo ia conseguir te tirar de lá.
Íris: Que bom que você está de volta mana.
Clarice: Tive tanto medo. Porém agora só quero
descansar e pensar em como farei para encontrar o verdadeiro culpado e entregá-lo
a polícia.
.......
Laura chega no presídio e é informada de
Clarice vai responder o processo em liberdade. Ela fica revoltada e quando sai
liga para Fernando.
Laura: Alô, Fernando!
Fernando: Sim... Oi Laura! Aconteceu alguma
coisa?
Laura: Sim! Aconteceu uma desgraça. A Clarice,
aquela assassina, foi solta. Soltaram ela.
Fernando: O que? Não pode ser.
.......
Clarice tinha tomado banho e estava
deitada no sofá da sala. Norma traz um pedaço de bolo com suco e coloca sobre a
mesinha ao lado dela.
Norma: Como um pouco, filha. Sei que a comida
do presídio é horrível.
Clarice: Obrigada, mãe.
A campainha toca. Norma abre e Fernando
entra sem que Norma permita.
Clarice: Fernando? O que você quer aqui?

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