quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Capítulo 02: Apenas Desejo


Clarice havia saído antes da confusão e portanto não sabia do que havia acontecido. Mas as notícias chegaram à mídia e Norma acabou vendo. Depois de assistir a notícia, Norma vai até o quarto de Clarice e acorda ela.



Norma: Filha!

Clarice desperta aos poucos.

Norma: Filha, acorda. Tenho uma notícia não muito boa para te falar.

Clarice: O que houve mãe?

Norma: É com a Raquel. Acabei de ver na televisão que ela morreu.

Clarice salta da cama.

Clarice: O que? Mas o que a senhora está dizendo mãe? Como assim?

Norma: Eu não sei, o noticiário não deu muitos detalhes. Só disseram que encontraram ela morta dentro da banheira. Não chegou nem a ter cerimônia.

Clarice: Meu Deus! Como isso foi acontecer.

.........



Depois de recolhido o corpo de Raquel, ela foi levada para o IML. Fizeram os devidos procedimentos para descobrir a causa da morte. Cada item foi recolhido para ser analisado. Horas mais tarde, o corpo de Raquel já estava sendo velado no Cemitério Jardim da Saudade. Laura e Linda estavam desoladas. Raul permanecia forte. Ele nunca foi de demonstrar o seu lado emocional.



Laura: Eu não posso acreditar. Minha menininha se foi.

Linda: Vai ficar tudo bem mãe.



Minutos depois o corpo de Raquel estava sendo encaminhado para o local onde seria enterrado. Enquanto o corpo de Raquel estava sendo preparado para ser enterrado, Roberto observava de longe a presença de Suzana, um amiga de Raquel que tiveram uma séria briga no qual as duas acabaram terminando a amizade. Roberto ficou intrigado.

Clarice aparece de surpresa no enterro, mas fica escondida de todos. Ela observa de longe o sofrimento de Laura e Linda.



Clarice: Meu Deus, como isso foi acontecer.

Fernando percebe a presença de Clarice e discretamente vai ao encontro dela sem que ela perceba.

Fernando: O que você está fazendo aqui?

Clarice fica gelada ao ser flagrada.

Clarice: Fernando? Desculpa, eu... sinto muito pelo que aconteceu... eu...

Fernando: Você não sente nada. Para de fingir que se importa com a morte da Raquel. Vocês nunca se deram bem. Faz um favor e some daqui.

Clarice: Não, eu jamais ficaria feliz com isso...

Fernando: Chega de bancar a boazinha. Eu não acredito em nada que vem de você. Em outras circunstância eu até pensaria que você tivesse provocado tudo isso.

Clarice: Escuta aqui, eu vou respeitar esse momento porque sei que você deve está muito abalado com tudo isso, mas eu não vou admitir que você fale desse jeito comigo. Quer saber, foi um erro eu ter vindo. Adeus, Fernando.

Clarice vai embora e Fernando volta para acompanhar o enterro.

O enterro prosseguiu sem nenhum contratempo. Depois das despedidas todos foram embora.

.........



Clarice chega na casa de sua mãe e a encontra sentada na sala.

Norma: Filha? E então, como é que foi?

Clarice: Como não poderia deixar de ser, fui apedrejada pelo Fernando.

Clarice se senta ao lado dela.

Norma: Como assim? O que ele fez?

Clarice: Bom, ele veio falar comigo, mandou eu ir embora e até insinuou que eu estava feliz com a morte da Raquel. Um absurdo, mas relevei.

Norma: Que desgraçado.

Clarice: Tudo bem, ele está abalado e nem sabia o que estava dizendo.

Norma: Mesmo assim. Ele não tem o direito de falar essas coisas de você.

.........



Alguns dias depois...



Era noite. Raul atende o telefone, enquanto Laura e Linda estão na sala assistindo à novela. Depois de conversar alguns minutos ele vai até a sala.



Laura: Quem era no telefone?

Raul: A delegada que está cuidando do caso da morte da nossa filha.

Laura fica curiosa.

Laura: O que ela queria a essa hora.

Raul: Saiu o laudo da perícia.

Linda: Ela morreu afogada, não foi?

Raul: Os exames apontaram uma substância tóxica na bebida que Raquel estava tomando.

Laura: Substância?

Raul: Veneno. Nossa filha foi envenenada. Alguém colocou veneno na taça que Raquel estava bebendo. Ela foi assassinada.

Laura: O que?

Linda: Meu Deus!

.........



O telefone da casa de Norma toca e Clarice é quem atende. Depois de conversar ela desliga.

Norma: Quem era filha?

Clarice: Era da polícia. Estão me chamando para prestar depoimento sobre o dia da morte da Raquel.

Norma: Depoimento? Bom, deve ser procedimento padrão.

Clarice: Claro. Eu não tenho muita coisa a dizer, afinal nem se quer cheguei a vê-la. Vou tomar um banho e me arrumar.

.........



Na delegacia, a delegada Renata tinha dado início aos depoimentos. Os primeiros a depor foram, Roberto, Laura, Linda, Raul e Fernando.

Renata: O senhor chegou a ver a noiva antes do assassinato naquele dia?

Roberto: Não! No dia do casamento eu nem ao menos estive dentro da casa, a não ser depois do ocorrido, como é do conhecimento de todos vocês.

Renata: A senhora não tinha notado nada de estranho naquele dia, algum comportamento suspeito da vítima ou coisa parecida?

Laura: Nada. Minha filha estava muito feliz. Ela havia esperado aquele diz com muita ansiedade. Ainda não consigo acreditar que ela se foi. (Laura enxuga as lágrimas com um lenço)

Renata: Como irmã da vítima, ela não chegou a te contar nada sobre algum ex-namorado ciumento, ou alguma rivalidade?

Linda: Minha irmã me contava tudo e eu posso garantir que nada disso estava perturbando ela. Casar com o Fernando era tudo o que ela queria. A única pessoa que ela tinha como rival era a ex-namorada do Fernando, a Clarice.

Renata: O senhor não tem nenhum inimigo que posso ter tido a infeliz ideia de descontar na sua filha alguma frustração?

Raul: Ninguém. Sou um homem cercado de amigos. Nunca permiti que pessoas que eu não confiasse tivesse contato com a minha família.

Renata: Vocês tiveram alguma discussão que talvez tivesse levado a vítima a cometer suicídio?

Fernando: O que? Acha mesmo que ela se matou? Não, isso é impossível. Nos amávamos e ainda a amo muito. Não acredito que ela faria isso.

Renata: Me desculpe, mas é só uma das teorias possíveis afinal, foi envenenamento.



Clarice chega na delegacia e encontra Fernando que estava saindo da sala da delegada.

Fernando: Tenho quase certeza de que foi você.

Clarice: Do que você está falando?

Abreu, ajudante da delegada chama Clarice para depor.

Abreu: Por aqui senhorita.

Clarice entra na sala de Renata e se senta de frente para ela.

Renata: Então dona Clarice Vieira.  23 anos de idade, solteira, nascida e com residência fixa no estado do Rio de Janeiro, correto?

Clarice: Sim!

Renata: Pois bem. A senhorita conhecia a vítima Raquel Albuquerque?

Clarice: Sim.

Renata: Que tipo de relação vocês duas tinham?

Clarice: Não era das melhores, infelizmente. Ela tinha um ódio de mim que eu nunca consegui entender. Mas eu nunca desejei nada como isto para ela.

Renata: Entendo. Mas me fale sobre esse atrito entre vocês duas. Qual o motivo?

Clarice: Bom, a Raquel me odiava porque tinha medo de que o Fernando, noivo dela, voltasse comigo. A gente foi namorado antes deles ficarem juntos.

Renata: Então quer dizer que você não tinha nenhum ressentimento com a vítima?

Clarice: Não.

Renata: Bom, mas pelo que me foi apontado nos depoimentos anteriores, parece que vocês duas tiveram uma pequena discussão dias antes do casamento, é verdade?

Clarice: Sim, é verdade. Ela me procurou no meu trabalho e me falou coisas horríveis, porém relevei. Nunca dei corda para as paranoias dela. Nesse mesmo dia ela riscou a palavra vadia na lateral do meu carro e ainda deixou o convite do casamento sobre o teto.

Renata: Vadia?

Renata retira uma fotografia de dentro de uma pasta e mostra para Clarice. É a foto do espelho do banheiro de Raquel onde estava escrito com batom a palavra “vadia”.

Clarice: O que é isso?

Renata: Essa foto é da cena do crime.

Clarice fica pálida.

Clarice: Crime? Como assim crime? Ela não morreu afogada?

Renata: Não, ela foi envenenada. E essa foto é do espelho do banheiro. Quem matou a Raquel escreveu isso. Coincidência não.

Clarice percebe que a delegada está tentando jogar contra o psicológico dela.

Clarice: Olha doutora, eu sei muito bem o que a senhora está pensando, mas não fui eu quem envenenou a Raquel.

Renata: Mas ninguém aqui está dizendo isso. Só estou colhendo o seu depoimento não te acusando. Mas tudo bem, não tenho mais perguntas. Pode se retirar. Se precisar eu te chamo de novo.

Clarice: Tudo bem.

Clarice vai embora. Renata olha para Abreu.

Renata: Essa é a única que a gente pode dizer que tinha motivos. Mas temos que averiguar melhor.

.........



Fernando estava levando Laura para sua casa. Laura questiona ele sobre Clarice.

Laura: Quem era aquela mulher com quem você estava conversando lá na delegacia quando saiu da sala da delegada?

Fernando: Talvez com a possível assassina da Raquel.

Laura: O que? Do que você está falando?

Fernando: O nome dela é Clarice. Foi minha namorada ante de eu conhecer a Raquel. Elas não se bicavam.

Laura: Então você acha que ela pode ser a assassina da minha filha?

Fernando: Sim. Ela estava lá no dia do casamento.

Laura fica perplexa.

.........



A secretaria de Raul anuncia que tem uma mulher querendo falar com ele.

Raul: Não quero ver ninguém, já estou até indo embora, passei somente para pegar uma pasta e...

Norma entra na sala de surpresa.

Norma: Mas eu vou entrar mesmo assim!

Raul: Você!

Raul fica pálido.






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