segunda-feira, 4 de abril de 2016

Capítulo 12: Em nome do filho

Cena 01. Cemitério Abandonado/ Int./ Noite.
Continuação imediata do capítulo anterior.
Eneida (sacando a arma) – Basta Vitória, basta.
Eneida aponta a arma para Vitória, porém, mantém suas mãos trêmulas.
Vitória (rindo) – Tá com parkson? Tão novinha e tão doente. (RUDE) – Agora larga essa arma, senão te capo também, aqui e agora, sem dó nem piedade.
Eneida destrava a arma, olha nervosa para Vitória.
Vitória (gritando) – Atira! Atira se você tem coragem de matar a sua irmã. Atira em quem te deu colo quando você tinha medo. Atira em quem tentou te tirar da vida de rameira. Vai sua ingrata, atira na minha cabeça. Se você não me matar, eu mato a sua amiga.
Nesse instante um dos homens passa por trás de Eneida, sem que ela ou Regininha percebam.
Eneida – Para com isso, você não vê que matar a Dama só piora a sua situação?
Vitória – E melhora quando? Quando eu a deixo me subornar? Melhora quando ela faz chantagem barata? Quando ela diz que vai me destruir?
Eneida – Assim, você se afasta das boas virtudes. Esse gesto de faz uma pessoa má. Algo que sei que não vem de você. Não vem dos princípios da nossa mãe. Você não pode ser má.
Vitória – Que princípios? Mandar as duas filhas pra um bordel é ter princípios? Não sabia dessa. E você para com essa ideia obsessiva de medir de que lado estou. Quando estamos nas últimas consequências, não existe bem ou mal, existe a sobrevivência. SO-BRE-VI-VÊN-CIA. No dia em que você passar por tudo que eu passei você vai me dar razão.
Eneida deixa cair uma lágrima e quando ameaça atirar, o homem que está atrás dela, em um gesto brusco a imobiliza, o que faz a arma cair no chão. Regininha corre para pegar, mas Antero corre e pisa em seu pé.
Dama (gritando em desespero) – Socorro! Me ajudem!
Vitória – Acabou pra você Joana D’Arc. Dizem que cada um tem a morte que cultivou a vida toda. Você sempre se achou acima do bem e do mal, como Jesus Cristo. E se achava a justiceira, como Joana D’Arc. E no fim, vai morrer em parte como os dois. Crucificada e queimada.
Vitória acende outro fósforo e joga no corpo de Dama.
O fogo começa a pegar e logo se alastra por todo o corpo de Dama, que começa a gritar desesperada...
Close em Regininha, chorando compulsivamente.
Corta para:
Cena 02. Casa de Fernanda/ Fachada/ Exterior/ Noite.
(Música “Relicário” – Nando Reis) Tomadas do bairro suburbano Elevado. CAM focaliza em uma casa amarela, único andar, com janelas de grade, uma mureta na frente e sem portão, COM VÁRIAS casas ao lado.
Corta para:
Cena 03. Casa de Fernanda/ Quarto de Fernanda/ Int. Noite.
Fernanda está deitada na cama, coberta, lendo um livro. Apenas o abajur do criado mudo é que ilumina o local. Malu entra no quarto sorrateiramente e triste.
Malu (tom baixo) – Mãe?
Fernanda para de ler.
Malu – Posso me deitar com você?
Fernanda (MEIGA) – Mas é claro que pode. Perdeu o sono como eu?
Malu (se deitando) – Nem consegui dormir, foi tudo tão avassalador. Não dá pra mim. Prometi a mim mesma que não vou sofrer por amor.
Malu recosta sua cabeça no colo de Fernanda.
Malu – Foi horrível ver o meu namorado beijando a Tamara. Só faltou a Julieta aplaudir, só faltou ela chamar o padre e casar os dois ali na minha frente.
Fernanda – Fique assim não minha filha. Não se rebaixe por ninguém. O Edu provou que não te merece.
Malu – Mas deixa isso pra lá, hoje quero dormir com você, posso?
Fernanda (feliz) – Mas é claro. Isso me lembra quando você era pequena e amava se enfiar nas minhas cobertas. Ah que delícia! O tempo passa e a gente nem se dá conta.
Malu – Mas o que você estava lendo mãe?
Fernanda – Tribo do Amor. É um livro lindo e acho que combina perfeitamente com o seu momento. A autora é uma Valenciana maravilhosa, a Pit Larah. Fantástica! Sabe filha, existem pessoas carregando fardos gigantescos, escondendo dores enormes e mesmo assim, elas sabem espalhar o amor!
Malu (espantada) – Nossa mãe, que lindo!
Fernanda – É o fascículo do livro, mas garanto que você vai gostar. Tribo do Amor. Da Pit Larah.
Malu – Vou amanhã mesmo na Dom Casmurro comprar.
Fernanda abre o livro e começa a ler para Malu, com o áudio cortado.
Corta para:
Cena 04. Cemitério Abandonado/ Exterior/ Noite.
Antero está com a arma apontada para Regininha e Eneida. Vitória vem saindo de dentro do cemitério.
Antero – Pra onde vamos agora Vitória?
Vitória – Deixei seus capangas cuidando da limpeza lá dentro. Não quero nenhum vestígio aqui. Agora nós vamos para a casa da Regininha. Vamos leva-la em casa e procurar um documento que me pertence.
Regininha – Você não sabe onde eu moro. Não vou te mostrar.
Vitória chega perto dela e lhe dá um tapão no rosto, o que faz Regininha cair no chão.
Vitória (a Regininha) – Você vai sim. Sei que tem amor a sua vida. (a Antero) – Coloca a Regininha no carro, no banco traseiro e vai monitorando ela Antero.
Antero coloca r=Regininha dentro do carro e entra ao seu lado, e continua apontando a arma para a cabeça dela.
Eneida – E eu Vitória? Vou no banco da frente com você? Você me deixa em casa antes?
Vitória – Você vai até o ponto de ônibus esperar o primeiro que passar. Vai caminhando e refletindo em tudo que fez essa noite... Fez papel de louca? Fiquei com inveja e fiz papel de carrasca.
Vitória entra no carro, dá partida e sai acelerada. Eneida tenta correr atrás.
Eneida (gritando/ correndo) – Não me deixa aqui sua maldita! Volta, me busca.
Eneida para, ofegante.
Corta para:
Cena 05. Flores/ Pontos Turísticos/ Ext.
(Música “Uma história de Amor” – Fanzine.) Vista aérea, plano aberto. CAM aérea faz um clipe dos principais pontos turísticos da fictícia cidade de Flores. Clipe com suaves emendas das imagens, a fim de mostrar toda a beleza da cidade, na seguinte ordem: 1º: Pórtico de entrada da cidade, , com o letreiro “Bem vindo à Flores” . 2º: Praça Central, com um lindo chafariz no meio, e uma iluminação toda sincronizada e colorida. 3º: Cruzeiro Municipal, localizado no morro mais alto da cidade, com uma cruz imensa branca, feita em concreto e com iluminação interna, cercado por um grande gramado que é delimitado por canteiro de diversas flores campestres.
Corta para:
Cena 06. Casa da Regininha/ Fachada/ Exterior/ Noite.
O carro de Eneida para no local. Vitória sai, em seguida Antero empurra Regininha para fora do carro e continua lhe apontando a arma. Todos entram na casa.
Corta rápido para:
Cena 07. Casa da Regininha/ Sala. Int. Noite.
Vitória abre a porta com força e adentra o local. Em seguida Regininha e Antero também entram.
Vitória (com desdém) – Mas que toca você foi se enfiar. Um casebre cafona, sujo e caindo aos pedaços. Triste esse seu fim.
Regininha – Fim? Não creio que seja meu fim.
Vitória (a Antero) – Coloca essa garota naquela cadeira ali.
Antero senta Regininha na cadeira e aponta a arma para ela. Vitória sai da sala em direção a rua.
Regininha – Então você vai me fuzilar aqui? Dois tiros na cabeça?
Antero – Tá dando uma de durona, mas no fundo é uma borra-botas. Tá com medinho de ser morta.
Vitória volta a sala com uma corda e um vidro de pimenta nas mãos.
Vitória entrega a corda a Antero.
Vitória – Amarra essa garota aí.
Antero começa a amarrar Regininha.
Vitória – Onde está o dossiê? Eu quero o original. Onde está?
Regininha – Não vou falar.
Vitória – Se não falar, eu queimo essa casa com você junto. E aí? Vai dizer ou prefere ter o mesmo fim que a sua tia?
Antero termina de amarrar Regininha.
Regininha – Tá ali, em baixo do sofá.
Antero levanta o sofá e pega o tal dossiê. Vitória, em um gesto brusco, retira das mãos dele e enfia em sua bolsa.
Antero – Pra que essa pimenta?
Vitória (a Regininha) – Você e sua tia falaram demais. Mas agora não tem como comprovar nada.
Vitória abre o vidro de pimenta, enche a mão e passa na boca de Regininha.
Regininha (em desespero) – Para sua louca! Me tira daqui, socorro! Tá ardendo minha boca.
Vitória enche a mão de pimenta novamente e passa nos olhos de Regininha.
Vitória – O que os olhos nãos veem a boca não fala.
Regininha (gritando) – Socorro! Eu não tô enxergando nada.
Vitória (a Antero) – Pode desamarrar essa infeliz.
Vitória sai da casa e Antero começa a desamarrar Regininha.
Corta para:
Cena 08. Mansão Trajano/ Jardim Frontal/ Ext./ Noite-Dia.
(Música “Combustível” – Ana Carolina) O Jardim todo iluminado vai dando lugar ao clarão do sol com a transposição da noite para o dia.
Corta para:
Cena 09. Mansão Trajano/ Sala de Jantar/ Int./ Dia.
Meg e Mafalda estão sentadas a mesa, tomando café da manhã. Marinês as serve.
Meg – De pé tão cedo?
Mafalda – Tô sentada!
Meg (séria) – Você entendeu o que eu quis dizer.
Mafalda – Vou organizar mais um evento. Fui convidada.
Meg – Não acredito que aquele bar ordinário tem cacife pra bancar mais um show de pagode ou algo do tipo.
Mafalda – E se tiver? É da sua conta? Mas não é lá não. É na livraria. Vai ter um novo evento chamado “Momento Leitura”.
Meg – Até que enfim, algo vai prestar nessa cidade.
Mafalda – O que não presta, não é a origem humilde das pessoas, ou o gosto pelo pagode. O que não presta, são representantes políticos corruptos que só pensam em si. O que não presta, é em pleno século XXI, existir preconceito, xenofobia ou auto ego.
Meg faz cara feia e continua tomando seu café, em silêncio.
Marinês – Dona Mafalda, a senhora quer ovos mexidos?
Mafalda – Não meu bem, obrigada. Só quero que você se mexa e abra a garagem pra mim, vou sair agora.
Marinês – Sim senhora.
Marinês sai em direção à cozinha.
Meg – Já que está indo para a livraria, por que não dá carona a seu marido?
Mafalda – Ele acordou agora e demora eternidades no banheiro. Eu vou indo mais cedo pra falar com o Lucas e com a gerente da livraria.
Meg – Ah tá bem!
Mafalda se levanta e vai saindo.
Meg (pensativa) – Tomando banho?
Meg se levanta apressadamente e sai.
Corta para:
Cena 10. Mansão Trajano/ Quarto de Mafalda/ Banheiro/ Int./ dia.
Téo está tomando banho de chuveiro, se ensaboando.
Corta para o QUARTO.
Meg para na porta, olha para os dois lados e em seguida entra bem sorrateiramente, fecha a porta e caminha em direção ao banheiro. Ela chega até a porta e fica escondida, admirando Téo tomar banho, fazendo gestos de abano.
Meg (cochichando pra si) – Ai que delícia. Que ébano. Deus seja mais que louvado, seja exaltado.
Em seguida Meg sai sorrateiramente do quarto.
Corta para:
Cena 11. Casa de Edu/ Cozinha/ Int./ Dia.
Lucído, Julieta e César estão tomando café.
Lucído – Tudo que eu quero é que a manhã passe rápido.
César – Por que papai?
Lucído – Eu vou me encontrar com a Eneida e finalmente saber por onde anda a minha Helena.
Julieta – Quem é Eneida? Já sei, mais uma pra sua coleção de “Mulheres desconhecidas”.
Lucído – Na hora certa vocês saberão.
Julieta – Será que saberemos mesmo Seu Lucído? Isso não é nenhuma fantasia da sua fértil imaginação não?
César (repreendendo) – Para com isso Juju.
Julieta – Eu só estou perguntando o que você morre de vontade de saber.
Lucído – Vá perguntar pra suas cartas. Vá fazer suas bruxarias e descobrir. Você não se diz ser a melhor cartomante daqui? Então vá!
Julieta se levanta e sai nervosa.
César – Meça suas palavras com a Juju. Ela fica ofendida a toa.
Lucído – Eu tô dentro da minha casa. Ela se quiser, fique a vontade para sair. Vou continuar falando ao meu modo. Já passou do tempo, a Julieta vive falando asneiras por aí com quem bem entende e você passa a mão na cabeça dela. É sua esposa, mas comigo não tira farinha.
César – Você quem sabe papai.
Lucído – A propósito, eu vi seus olhares para cima da Fernanda. Eu senti o clima.
César tenta disfarçar.
César – Eu sou casado pai.
Lucído – Mal casado você quis dizer. César saia desse casamento enquanto é tempo. A Julieta é uma louca desaforada. Vocês não se ama a muito tempo. E não digo só amor na parte sentimental não. Digo amor de pele, coisa carnal. Sexo mesmo. Há quanto tempo vocês não transam?
César – Pai, por favor, modere as palavras. A Julieta tá em casa.
Lucído – Bom que ela escuta e fica a par de tudo nessa casa. Ou você tenta resgatar seu casamento, ou você afunda esse navio de vez e parte na próxima expedição.
César (pensativo) – Não sei pai, mas tem algo na Fernanda que me chama a atenção. Algo que eu nunca senti pela Juju.
Lucído – Não seria a hora de procura-la e tentar algo?
César – É isso que eu vou fazer, eu vou na casa dela agora.
César se levanta e sai confiante.
Lucído (pra si) – Esse é meu garoto.
Close em Julieta, ouvindo tudo do outro lado da parede.
Corta para:
Cena 12. Mansão Amadeu/ Sala de Estar/ Int./ Dia.
Eneida está sentada no sofá em estado de choque. Pouco tempo depois Ana Rosa, Fabrício, Vitória, Milena e Miguel chegam ao local, vindos da sala de jantar.
Miguel – Ué tia, achei que estivesse dormindo. Nem foi tomar café com a gente.
Eneida encara Vitória.
Eneida – Tava sem fome. Estômago embrulhado.
Vitória – Pode ser gravidez.
Eneida – Só se for do Divino Espírito Santo.
Ana Rosa – Eu queria todos aqui mesmo. Fabrício e eu temos um comunicado importante a ser feito.
Todos ficam calados.
Fabrício – Após o falecimento e a leitura do testamento de meu pai, eu resolvi voltar para o Rio de Janeiro com a Ana Rosa.
Milena (feliz) – Deus seja louvado.
Fabrício – Quero me dedicar ao meu novo livro e voltar a ser voluntário nas ONGS. E a minha casa é no Rio. Não quero mais ficar nessa cidade, que me lembra muito o papai.
Miguel – Essa é a sua última decisão meu irmão?
Fabrício – É sim.
Miguel – Então quero lhe dizer que as portas da minha casa vão estar sempre abertas e quero que volte para nos visitar mais vezes.
Fabrício – Mas é claro que volto. Férias, festas de fim de ano.
Milena – Mas vocês vão embora quando?
Ana Rosa – Pra sua felicidade Milena, hoje mesmo a tarde.
Milena – Esperei ansiosamente por este dia, nada com você Fabrício, mas por questão de segurança, para que nenhuma falsa viesse a tentar seduzir meu marido novamente.
Ana Rosa – Sua indireta foi recebida com sucesso, pena que estou a um patamar bem mais alto e não quero discutir com quem não merece.
Milena olha Ana Rosa com ódio.
Eneida – E essa casa vai ficar vazia mais uma vez.
Vitória – Mas tem você, tem eu, o Miguel e essa esposa dele.
Eneida – Eu vou me mudar pra um apartamento. Quero ter minha liberdade, quero ser sozinha. Como diz o ditado: Antes só do que mal acompanhada.
Vitória – Você quem sabe. Eu não vou crucificar ou queimar ninguém.
Eneida olha espantada. Miguel, Fabrício e Ana Rosa caem na gargalhada.
Miguel – E quem seria a louca de crucificar e queimar alguém?
Eneida (séria) – Um psicopata. Um psicopata é capaz de fazer isso e agir naturalmente em questão de minutos após o ato. A cada cem pessoas, uma é psicopata. Sabia que pode ter um psicopata aqui no meio de nós?
Vitória se sente desconfortável.
Fabrício – Eu vou arrumar minhas malas. Vamos Ana Rosa.
Ana Rosa – Só se for agora.
Fabrício e Ana Rosa sobem as escadas. Vitória e Eneida se olham sérias.
Corta para:
Cena 13. Livraria Dom Casmurro/ Salão Principal/ Int. Dia.
Fluxo pequeno de clientes. Tamara e Téo estão conversando próximos ao caixa. Conversa já em andamento.
Tamara – E esse é meu plano pra destruir aquela idiotinha.
Téo (cabreiro) – Você não acha muito arriscado? E se descobrirem que foi você? Sabia que pode ser presa?
Tamara – Fica tranquilo, vou fazer meu dever de casa direitinho. Nada vai sair errado.
Téo – Eu tenho minhas dúvidas.
Tamara – Cola em mim que é sucesso. Me ajude nesse plano, que te ajudarei mais tarde.
Téo fica ressabiado.
Close em Tamara, confiante e altiva.
Corta para:
Cena 14. Livraria Dom Casmurro/ Sala de Reuniões/ Int./Dia.
Lucas e Mafalda estão na sala conversando. Áudio cortado. Logo depois, Eva entra na sala junto com Regininha, que está com os olhos bastante vermelhos e lacrimejantes.
Lucas – Bom dia Eva, essa daqui é a produtora de eventos Mafalda Trajano.
Eva (sorridente) – Prazer em conhecê-la dona Mafalda.
Mafalda – O prazer é todo meu. Sente-se conosco e compartilhe das ideias que quer para o evento.
Eva e Regininha se sentam.
Mafalda (a Regininha) – Mas minha filha, o que houve com seus olhos?
Regininha – É uma alergia brava que tenho. Vira e mexe tô com olhos assim.
Eva – Tem que ver isso.
Regininha – É, já marquei uma consulta para ver. Só sei que meus olhos queimam como pimenta.
Lucas – Mas então Eva, no que você estava pensando?
Eva – Pensei em um coquetel simples e chique, o que acham?
Mafalda – Acho ótimo, afinal, o verdadeiro requinte está na simplicidade inteligente.
Eva – Eu quero que o conteúdo seja mais visado, mais notado que a embalagem propriamente dita, sabe? Quero um coquetel para poucas pessoas, mas com uma boa comida, e uma boa apresentação literária. Com exposição de livros, lançamentos e tarde de autógrafos.
Mafalda – Tô gostando muito da ideia.
Eva – Quero que os convidados se sintam em uma praça. Mas não qualquer praça. A praça literária me entende?
Mafalda – Perfeitamente.
Eva – Agora é agilizar as questões burocráticas. Já enviei convites para as editoras e os representantes literários. Só estou esperando a confirmação até amanhã. Mas não passam de cinquenta pessoas.
Mafalda – Vai ser aberto ao público?
Eva – No primeiro momento não. Quero apresentar a ideia a quem vai nos patrocinar e se for aprovado, aí sim vou abrir para a comunidade Florense.
Mafalda – Você tem um talento indiscutível, parabéns! Já vi que vamos nos dar super bem.
Eva sorri.
Corta para:
Cena 15. Praça Central/ Ext./ dia.
Malu está passeando pela praça, cabisbaixa, quando de repente, uma mão a segura no ombro. É Edu.
Edu – Podemos conversar?
Malu (séria) – Não há nada o que conversar. Tudo já foi disto e sentido ontem.
Edu – Eu sei que fui errado, mas é que...
Malu (corta) – Eu não estou afim de ouvir suas desculpas. Ontem estava aos beijos com a descarada da Tamara e hoje tá aqui querendo me explicar tudo. Eu não sou cega, eu vi tudo.
Edu – Foi impulso de momento. Eu não queria fazer aquilo. Tanto, que disse a Tamara que foi um erro.
Malu – Não queria, mas fez. E a vida é igual ao jogo Super Mário, quando erra, já era. Game Over!
Edu – Não faz isso comigo. Eu te amo.
Malu – Vai pro inferno. Corre pra barra da saia da mamãe. Não é lá que o homenzinho frouxo se esconde?
Edu – Você está sendo egoísta. Não está me dando o direito de resposta.
Malu – Egoísta não. Eu tô tendo é amor próprio. Chega de querer bancar a idiota e tentar arrumar motivos pra te perdoar. Dessa vez acabou pra valer.
Malu continua sua caminhada. Edu fica parado, triste.
(Música “Relicário” – Nando Reis).
Corta para:
Takes da cidade.
Corta para:
Cena 16. Bairro Elevado/ Subúrbio/ Ext./ Dia.
(Música “Aceita, paixão” – Péricles) Tomadas do bairro suburbano Elevado. Ônibus passando pelos pontos, camelôs ambulantes vendendo salgados e quinquilharias, periguetes circulando pelas ruas, em meio a carros antigos e velhos e motoboys. Close na fachada do Bar Chegaí, todo decorado em tijolinhos marrom, mesas e um grupo de pagode na calçada. Takes de inúmeras casas do bairro, todas de classe média baixa. CAM focaliza em uma casa amarela, único andar, com janelas de grade, uma mureta na frente e sem portão, COM VÁRIAS casas ao lado. É a casa de Fernanda. (Fad out “Aceita, paixão” – Péricles).
Corta para:
Cena 17. Casa da Fernanda/ Sala/ Int./ Dia.
A sala está vazia e de repente a campainha toca. Fernanda vem da cozinha com uma panela na mão.
Fernanda – Aposto que é a Maria de Lourdes. Sempre esquece a chave em casa.
Fernanda abre a porta e fica surpresa. Ela dá alguns passos para trás, César entra, deixa a porta aberta e dá um grande beijo em Fernanda, que deixa a Panela cair no chão.
(Música “Dona” – Roupa Nova).
Corta para:
Cena 18. Livraria Dom Casmurro/ Sala da Gerência/ Int./ Dia.
Eva está sozinha em sua sala analisando alguns documentos, quando alguém bate a porta.
Eva – Pode entrar!
A porta se abre e Milena entra, em seguida fecha a porta com força.
Eva (rude) – O que você quer aqui?
Milena – Sabe quem sou eu? Milena.
Eva – Você é a ...
Milena – Eu mesma. E vim aqui pra certar as contas com você. Chega de fugir!
Milena e Eva se olham sérias. Clima tenso no ar.
Corta para:
FIM


Nenhum comentário:

Postar um comentário