Capítulo 14: Apenas Desejo

Leonel é atingido pelo carro e cai no chão. Uma multidão se aglomera. Ele está vivo, apenas com alguns arranhões. Mesmo sofrendo o impacto, ele acabou se desvencilhando um pouco, o que não permitiu uma colisão em cheio.

Mulher: Liguem para a emergência.

Leonel: Só tem gente cega dirigindo.

Depois de alguns minutos, Leonel estava sendo atendido por alguns paramédicos e em seguida foi encaminhado para um hospital.

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O celular de Fernando toca. Ele atende.

Enfermeira: Por gentileza, é o senhor Fernando?

Fernando: Sim, sou eu mesmo.

A enfermeira explica o que aconteceu.

Fernando: Tudo bem, estou indo imediatamente.

Fernando desliga e chama por Roberto, que logo aparece.

Roberto: O que aconteceu?

Fernando: Nosso pai sofreu um acidente. Foi atropelado. Segundo a enfermeira ele está no Pronto Socorro. Temos que ir lá.

Roberto: Claro, vamos lá.

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Norma chega em sua casa e pega as correspondências. Uma delas está endereçada para Clarice. Não tem remetente. Norma fica desconfiada. Ela entra no apartamento e encontra Clarice sentada no sofá, pensativa.

Norma: Oi filha!

Clarice: Oi mãe. Achei que fosse voltar mais tarde.

Norma: Acabei cedo.

Norma coloca sua bolsa sobre o sofá e entrega o envelope para Clarice.

Clarice: O que é isso?

Norma: Não sei. Está endereçada para você, apesar de não ter nenhum remetente.

Clarice: Estranho.

Norma: Abre logo, assim saberemos o que é.

Clarice abre o envelope. Era uma carta escrita em forma de palavras recortadas e coladas.

“Não pense que acabou. Se você não tivesse fuçado demais nada disso estaria acontecendo. Você escolheu colocar a vida de sua família em risco. Tenha muito cuidado. Em breve saberá do que estou falando”.

Clarice fica pálida ao terminar de ler a carta.

Norma: E então? O que é?

Clarice: Um bilhete. Alguém ameaçando a minha família, ameaçando a todos nós.

Norma: O que? Deixa eu ver isso.

Norma pega a carta e lê.

Clarice: Deve ser do assassino da Raquel. Ele quer me aterrorizar. Ele quer me intimidar.

Norma: Meu Deus, filha. O que vamos fazer?

Clarice: Entregar este bilhete para a delegada. E se esse assassino acha que me amedronta fazendo ameaças, ele está muito enganado. Antes eu tinha a intenção de limpar minha imagem, mas agora, quero vingar a morte da minha irmã.

Norma: Filha, este é um jogo muito perigoso. Você está vendo que esse psicopata está ameaçando a gente. Toma cuidado Clarice.

Clarice: Não se preocupe mãe. Tenho certeza de que mais cedo ou mais tarde ele  vai vacilar. E quando isso acontecer, estarei pronta para ver ele ser desmascarado.

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No hospital, Fernando e Roberto conversam com o médico que atendeu Leonel.

Fernando: E então doutor, como ele está?

Médico: Felizmente não aconteceu nada de muito grave. Ele está bem, irá para casa hoje mesmo. Com o impacto ele fraturou apenas o braço esquerdo, nada que preocupe. Logo estará novinho em folha.

Roberto: Menos mal.

Fernando: Podemos vê-lo.

Médico: Claro! Por aqui.

O médico leva Fernando e Roberto até Leonel.

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Clarice chega na delegacia e pede para falar com Renata. Renata pede que deixem ela entrar.

Renata: Clarice, aconteceu alguma coisa?

Clarice: Sim, doutora. Isto.

Clarice entrega a carta para Renata. Ela abre e lê.

Renata: Uau! E pelo que estou vendo você não ficou nenhum pouco assustada.

Clarice: Não mesmo. Vai ser preciso bem mais que uma simples carta para me amedrontar. Se ele acha que vai me meter medo de novo está muito enganado.

Renato: Certo, de qualquer forma, irei pedir vigias para ficarem de plantão na frente da sua casa. É melhor se precaver.

Clarice: Acha mesmo que ele seria capaz de ir na minha casa?

Renata: Você não viu o que aconteceu com a Suzana? Não podemos dar a oportunidade desse desgraçado fazer mais nenhuma vítima.

Renata pede a Abreu que compareça em sua sala.

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Fernando, Roberto e Leonel chegam em casa. Leonel estava com uma tipoia no braço esquerdo.

Roberto: Teve muita sorte dessa vez. Vê se não abusa dela.

Leonel: Não pedi seus conselhos.

Roberto: Só estou dizendo que devia ser mais atencioso. Se continuar assim logo terá que ir para um asilo.

Leonel: Era tudo o que você queria não é?

Fernando: Vamos parando com isso, os dois. E você pai, tem que descansar.

Leonel: Que descansar que nada. Eu quero minha bebida.

Roberto: Não tem mesmo jeito.

Leonel: Como me arrependo de não ter te dado uma boa surra quando tive a chance.

Roberto: Só em mim?

Leonel: O que quer dizer com isso seu abusado?

Roberto: Nada. Nem vou perder mais meu tempo contigo. Tenho pessoas interessantes que valem mais o meu tempo. Fui, a Linda está me esperando.

Leonel: Vai, fura olho. Tomara que ela perceba o traste que você é antes de cometer a burrada de um dia se casar contigo.

Roberto sai. Fernando vai para o quarto. Leonel senta no sofá tomando uma dose de conhaque.

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Raul se aproxima de Laura, que estava sentada no sofá folheando uma revista.

Raul: Laura, precisamos conversar.

Laura: O que foi dessa vez?

Raul: A linda já sabe da Clarice.

Laura: E daí? Isso era inevitável. Se até você já quer trazer aquela bastarda aqui para dentro.

Raul: Não fale assim dela. Não vou permitir.

Laura: Ora, vejam só. Como mudou o doutor Raul Albuquerque. Há anos atrás não queria nem ouvir falar que tinha uma filha com a empregada, e hoje já a defende como se fosse uma de nossas filhas. No caso, só a linda. Que por falar nisso, ao invés de estar preocupado com o fato dela saber que é meia-irmã da Clarice, deveria proibir a aproximação dela desse rapaz, o Roberto. Sabe muito bem como terminou o envolvimento de nossa filha com o irmão dele. Não suportaria perder outra filha.

Raul: A Linda e o Roberto estão juntos?

Laura: Estão de namorico. Mas se depender de mim, não irá durar por muito tempo.

Raul: Mas o Roberto é um excelente rapaz. Nos deu todo apoio quando nossa filha morreu. Sempre esteve ao nosso lado.

Laura: Mas não quero ele com nossa filha. O Fernando era diferente, estudado. O Roberto nunca se interessou por nada, e ao meu ver sempre invejou o Fernando.

Raul: Mas se a Linda o quer, não podemos fazer nada.

Laura: Isso é o que você diz. Eu não vou permitir e ponto final.

Laura se levanta e sobe para o seu quarto.

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Linda está saindo da faculdade com suas amigas. Ela vê Roberto esperando por ela e se despede das amigas. Ela vai ao seu encontro e lhe dá um beijo.

Roberto: Estava com saudades de você.

Linda: Eu também.

Roberto: Mas agora quero aproveitar nosso momento. Quer dar uma volta?

Linda: Quero.

Linda entra no carro de Roberto. Ele dirige a vai até o alto de um lugar onde dá para ter uma bela vista do Rio de Janeiro.

Linda: Nossa, é incrível.

Roberto: Gostou?

Linda: Amei.

Roberto: Quero que lembre deste momento para sempre.

Eles se beijam.

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Íris sai com suas colegas do colégio. Elas ficam conversando em frente à escola e depois ela se despede das amigas e começa a caminhar em direção à parada de ônibus. De repente um carro preto, com vidros escuros para ao lado dela. Um homem usando um capuz preto agarra ela tampando sua boca e a coloca dentro do carro.

Íris: Socorro! Alguém me ajuda.

O homem aponta um punhal para ela, deixando-a apavorada.

Sequestrador: Fica bem quietinha, ou corto sua língua. Entendeu?

Íris faz sinal que sim.

Sequestrador: Ótimo!

O sequestrador coloca uma fita na boca de Íris para que ela não peça ajuda. E segue levando Íris.

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Ricardo está conversando com Clarice em sua casa.

Ricardo: Eu te disse, Clarice. Não podemos brincar com esse psicopata. Esse bilhete é a prova de que ele está disposto a tudo para não ser descoberto.

Clarice: Mas eu não tenho medo.

Ricardo: Você pode até não ter. Mas já pensou na sua mãe, na sua irmã? Eles são o alvo também. Se ele quiser te atingir, certamente será em uma delas. Ele quer te silenciar e não te matar.

Clarice fica pensativa.

Clarice: É verdade. Eu não tinha pensado por esse lado.

Ricardo: É por isso que quero te propor algo.

Clarice: O que?

Ricardo: Uma viagem!

Clarice: Viajar? Logo agora?

Ricardo: Claro! Quanto mais longe você ficar melhor será.

Clarice: Eu não sei.

Ricardo: Pelo menos pensa na minha proposta.

Clarice: Tudo bem, irei pensar.

Ricardo sorri e dá um beijo em Clarice.

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Fernando Estava em seu quarto pensando em Clarice, nos seus momentos juntos. No fundo ele ainda a amava. Escolheu se casar com Raquel por influência de seu pai e em nome de sua ambição. Mas ele estava arrependido e daria qualquer coisa para ter ela de volta.

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O telefone da casa de Norma toca e ela atende.

Norma: Alô!

Sequestrador: Escuta muito bem. Estou com sua filha, a Íris. Se não fizer o que te disser ela morre entendeu.

Norma: O que?

Os gritos de Íris deixam Norma aflita.