Narrado
por Fred]
“Nós podemos.
Se quisermos nós podemos conquistar o nosso destino. Inventar a nossa verdadeira
vida. Sim, nós podemos, pois a verdadeira grandeza consiste em sermos senhores
de nós mesmos.”
CENA 1
Rômulo estava envergonhado em ver os seus pais no colégio. Bernardo se
aproxima dele e coloca a mão em seu ombro. Rômulo o abraça e começa a chorar.
Teresa se aproxima e também o abraça.
Rômulo: Me desculpem, eu não queria. Juro que não fiz nada do que estão me acusando.
Eu não sei o que está acontecendo.
Teresa: Não se preocupe meu filho, seu pai e eu acreditamos em você.
Rômulo enxuga as lágrimas.
Bernardo: Não chore. Eu jamais te colocaria no comando desse colégio se não
soubesse do seu caráter. Você seria incapaz de cometer tal barbárie e não se
preocupe, pois vamos esclarecer tudo isso.
Teresa: Mas o que aconteceu meu filho?
Rômulo: Eu não sei. Essa mulher que está me acusando é uma louca. Ela entrou
na minha sala e começou a rasgar a roupa e a gritar. Eu tentei ajudar ela, mas
quando todos entraram na sala ela me acusou de ter tentado assediá-la.
Bernardo: Eu falarei com essa mulher. Preciso descobrir porque ela fez isso.
Rômulo: Infelizmente ela não está mais aqui. Ela pediu demissão.
Teresa: Menos mal.
Rômulo: Ela se negou a me denunciar, porém exigiu que em troca disso, eu fosse
afastado definitivamente do colégio.
Teresa: Mas isso é um absurdo. Claro que não vamos fazer isso. Não é mesmo
Bernardo?
Bernardo fica calado. Teresa fica sem entender a sua reação.
Teresa: Você está pensando em tirar o Rômulo do cargo de diretor?
Bernardo: Infelizmente eu não poderei tomar a frente disso. Com certeza o
conselho irá se reunir para averiguar essa situação. Dado os fatos e o
vazamento dessa história na mídia, com certeza o conselho irá pedir o
afastamento do Rômulo. Sinto muito filho.
Rômulo senta na cadeira, desolado.
Rômulo: Não se preocupe pai. Eu compreendo.
Teresa: Mas isso não pode acontecer. Não.
Rômulo: Tudo bem, mãe. Temos que pensar na imagem do colégio. Se eu continuar
será ruim para a reputação do colégio. Primeiro eu preciso esclarecer essa
história. Depois que limpar a minha imagem, daí eu poderei voltar às atividades
aqui no colégio.
Teresa: Meu filho! Vamos te ajudar. Descobriremos a verdade sobre essa calúnia
e essa mulher irá pagar muito caro por ter te difamado.
Teresa abraça Rômulo.
CENA 2
Na casa dos Villanes, Simone e Omar estavam na sala.
Omar: Eu tenho que admitir que esse plano foi formidável. Você é um gênio.
Simone: E você querendo pressa.
Omar: Reconheço que fui impaciente. Mas você ao menos poderia ter me dito
qual era seu plano.
Simone: Entenda meu amor que quanto menos soubesse melhor seria. Você só tinha
que acreditar em mim. Mas, pelo visto não confiava tanto assim.
Omar: Não! Claro que eu confio em você amorzinho. É que sou muito apressado
quando quero alguma coisa. Não é nada pessoal. Acredite.
Simone: Não sei. Mas posso pensar a respeito.
Omar: Prometo que nunca me esquecerei dessa prova de amor que você me deu. A
partir de hoje você será prioridade em tudo em relação a minha vida. Te amo.
Simone: Olha que eu posso cobrar.
Omar: Pode... Cobra mesmo. Meu docinho...
Omar beija Simone várias vezes e rolam sobre o sofá.
CENA 3
Noite. Depois de ter conversado com sua mãe, Fred estava caminhando pelo
calçadão de Copacabana. Ele estava refletindo. De repente Diego aparece.
Diego: Fred? Está tudo bem? Achei sua voz diferente no telefone.
Fred: Não! Eu não sei se estou bem.
Fred começa a chorar. Diego o abraça.
Diego: Calma, Fred. O que aconteceu? É algo com a sua mãe? Ela piorou?
Fred: Eu queria sumir de vez.
Diego: O quê? Não diz isso.
Fred chora por alguns minutos, sendo consolado por Diego. Depois, eles
estavam sentado em um banco. Fred estava mais calmo.
Diego: E então? Você pode me contar o que está acontecendo com você?
Fred fica em silêncio. Diego percebe que ele não quer contar.
Diego: Você sabe que pode confiar em mim. Eu sou seu amigo. Seja o que for eu
prometo que ficarei do seu lado. Sempre.
Fred: Você já sentiu alguma vez que sua vida era diferente de tudo? Que você
não era aquilo que aparentava? Um estranho até para você mesmo.
Diego: Do que você está falando?
Fred coloca as mãos no rosto e abaixa a cabeça.
Fred: Eu não sou exatamente o que você pensa que eu sou.
Diego: E como você sabe o que eu penso sobre você?
Fred: Como todos os outros. Eu escondo de muita gente que não tenho os mesmo
sentimentos, pensamentos e até mesmo a forma de agir.
Diego encara Fred por alguns segundos.
Diego: Pode ser mais claro?
Fred respira fundo.
Fred: Eu sou gay!
Diego abre um sorriso silencioso e balança a cabeça em sinal negativo.
Ele olha para Fred, que fica envergonhado.
Diego: Em primeiro lugar isso não te torna diferente. Em segundo lugar, eu
não penso que nem os outros.
Fred: Então você não me acha esquisito? Não vai levantar e sair correndo
para bem longe de mim?
Diego: E porque eu faria isso? Fred, a sua condição sexual não me interessa.
O que importa nas pessoas que eu gosto é o caráter. Você é uma pessoa boa, tem
um coração de ouro. Isso é muito mais do que uma questão de sexualidade. Eu não
sou preconceituoso.
Fred: Realmente estou me sentindo um idiota.
Diego: Não! É normal você pensar coisas assim. O preconceito é algo presente
na sociedade e não se sabe se um dia irá acabar. Mas assim como existe o
preconceito, existe a aceitação, o amor.
Fred: Você tem razão. Eu estava aflito. Minha mãe já descobriu. Ela leu o
meu diário.
Diego: Diário? Você tem um diário? Eu não acredito.
Fred e Diego continuam a conversa. Fred se sentia melhor agora.
CENA 4
Na casa dos Villanes, Rômulo chega acompanhado de Bernardo e Teresa.
Bernardo sobe para o quarto. Rômulo senta no sofá. Omar e Simone aparecem.
Omar: Vejam só. A vergonha da família Villane.
Rômulo se enfurece ao ver o sorriso de Omar e parte para cima dele lhe
dando um soco no rosto.
Teresa: Parem!
Teresa entra no meio dos dois.
Teresa: Eu não quero agressões dentro da minha casa. Os dois já são bem
grandinhos para esse tipo de coisa. Respeitem o pai de vocês que está lá em
cima, cansado.
Omar: Mas eu...
Teresa: Já chega Omar. Eu fui bem clara. Agora cada um para o seu canto.
Agora.
Simone e Omar se retiram da sala. Rômulo vai para o seu quarto e Teresa
senta no sofá, pensativa.
CENA 5
Paula estava deitada em sua cama. Seu celular estava tocando. Ela olha e
vê que é Vanessa. Paula ignora a ligação e é surpreendida por sua mãe, Marta.
Marta: O que houve filha? Chegou e se trancou aqui.
Paula: Me abraça mãe.
Paula abraça Marta e começa a chorar.
Marta: Meu anjo, o que houve?
Paula: É o Renato. Eu descobri que ele gosta da minha amiga. Eu não sei o que
fazer.
Marta: Meu amor, como assim? Você não pode ficar assim por causa disso. Isso
acontece.
Paula: Mas por quê? Eu gosto dele? Será que sou tão feia assim? Está certa
que sou um pouco gordinha e...
Marta: Xiii... para! Você é perfeita. Não há nada de errado com você.
Acontece que a gente não manda no coração. Ele gosta da sua amiga, mas isso não
é culpa sua e nem dela. Aliás, de ninguém. Você ainda é jovem e com certeza
ainda vai conhecer muitos garotos. O mundo não acaba onde você pensa. Agora
lava esse rostinho e joga esse baixo astral para bem longe. Tudo bem?
Paula: Obrigada, mãe. Eu não sei o que seria de mim sem você.
Marta abraça Paula.
CENA 6
A campainha da casa de Sérgio toca. Ele atende. Era Alfredo.
Sérgio: Alfredo?
Alfredo: Sérgio? Mas o que aconteceu?
Alfredo entra no apartamento e se apavora com o ambiente desorganizado e
escuro. Sérgio estava com a barba mal feita.
Alfredo: Meu Deus, o que aconteceu aqui? Olha pra você. Por que você não foi
mais no colégio?
Sérgio: Muitas perguntas e nenhuma vontade de responder elas.
Sérgio deita no sofá e bebe um gole de cerveja.
Alfredo: Por favor, me diz o que aconteceu.
Sérgio: Quer saber? A Ana Paula foi embora. Foi isso que aconteceu. Ela se
mandou com a minha filha e a única coisa que me deixou foi um bilhete. Pronto,
falei. Satisfeito.
Alfredo: Sinto muito meu amigo.
CENA 7
Rômulo liga para Roberta. Ela atende.
Roberta: O que você quer Rômulo?
Rômulo: Preciso conversar com você.
Roberta: Não precisa. Eu não quero mais nenhum contato com você.
Rômulo: Não, por favor. Qualquer um pode me julgar, menos você. Você precisa
acreditar...
Roberta: Eu não quero. Eu não gosto mais de você. Pra dizer a verdade, eu já
não estava mais tão empolgada com nosso casamento. É melhor cada um para o seu
canto.
Rômulo: Roberta? Não fala assim. Pensa melhor...
Roberta: Adeus Rômulo.
Roberta desliga. Leonor aparece.
Leonor: Definitivamente você enlouqueceu.
Roberta: Nem vem com sermão, mamãe. Eu sei o que estou fazendo. Eu não quero
nenhum vínculo com o Rômulo depois de tudo isso. E a minha dignidade?
Leonor: Vai passar fome junto com você. É triste saber que botei uma filha tão
burra assim no mundo. Tão diferente de mim.
Roberta: Chega, mamãe. Eu vou para o meu quarto.
Leonor: Vai, pode ir. Quando tiver na miséria vai lembrar bem desse momento.
Sua anta.
CENA 8
Brandão e Adonys estavam conversando em um bar.
Brandão: Tendo um romance com o porteiro do colégio. Você acredita nisso?
Adonys: Sério? Não acredito.
Brandão: Pois acredite. A Marta pirou de vez. Mas se ela pensa que eu vou
deixar ela brincar de casinha está muito enganada. Ainda sou o marido dela e
não vou deixar nenhum marmanjo se aproveitar da minha família.
Adonys: E o que está pensando em fazer?
Brandão: Mostrar a esse porteiro aonde ele deve ficar.
Adonys: Só toma cuidado. Não vai fazer nada que possa te comprometer.
Brandão: Não esquenta. Eu apenas vou ter uma conversinha com ele. Só isso é o
suficiente para deixar ele com o rabinho entre as pernas.
Brandão e Adonys caem na gargalhada. Em outra parte do mesmo bar,
Sabrina estava sentada. Simone se aproxima e senta junto com ela.
Sabrina: Está atrasada; Achei que ia me dar um caô.
Simone: Não meu anjo. Eu não costumo fazer esse tipo de coisa.
Sabrina: Perfeito. É assim que eu gosto. Trouxe o combinado?
Simone retira um envelope de sua bolsa e entrega para ela.
Simone: Pode conferir.
Sabrina: Não é preciso. Eu confio em você. Sei que não se atreveria em tentar
me enganar.
Simone: Ótimo. Agora desapareça.
Simone se levanta e vai embora. Sabrina dá uma risada enquanto olha o
envelope.
Sabrina: Vai sonhando. Você ainda vai me ver muito.
Sabrina beija o envelope.
CENA 9
Pedro estava sentado lendo o jornal. Sônia se aproxima dele.
Sônia: Pedro, nós precisamos conversar.
Pedro: Está tudo bem com você?
Sônia: Sim! Não é sobre mim. É sobre o Fred.
Pedro: O Fred? O que tem ele? Não vai me dizer que andou aprontando?
Sônia: Não. É que eu descobri algo sobre ele. Bom, na verdade é uma coisa que
para mim é indiferente. Acredito que para nós.
Pedro: Eu não estou entendendo muito. Você pode ser mais específica.
Sônia: Pedro, o nosso menino é especial. Ele foi feito de uma forma
diferente. Ele é puro, sensível e tem muito amor no coração. Eu li um diário
que ele tem, e consegui ver o quanto ele...
Pedro: Espera, eu continuo sem entender mais não estou gostando muito dessa
história. O que você quer me dizer exatamente?
Sônia: Nosso filho é gay.
Pedro fica espantado com a revelação. Nesse momento Fred chega em casa e
Pedro o encara.
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