segunda-feira, 6 de junho de 2016

Capítulo 20: Em nome do filho


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Cena 18. Mansão Amadeu/ Quarto de Vitória/ Int./ Dia.
Vitória abre o envelope e retira um embrulho de presente e um DVD. Close no DVD com os dizeres: “Que a felicidade vire rotina. Mas não para você”.
Vitória coloca o DVD em seu aparelho, que começa na parte em que Vitória arrasta Antero para linha do trem.
Desesperada, Vitória retira o DVD e o quebra em vários pedaços.
Vitória (com fúria) – Quem fez essa merda?
Vitória olha para o embrulho de presente, o pega e abre. No embrulho contém uma pequena boneca, usando um vestido feito com uma parte da blusa de Vitória que respingou de sangue.
Vitória (assustada) – Meu Deus, não pode ser!
Vitória, muito nervosa, pega o celular e disca.
Vitória (cel.) – Alô, Meg? Vem aqui agora, preciso da sua ajuda. É rápido.
Vitória desliga o celular e guarda rapidamente a boneca em seu guarda-roupa. Close em Vitória assustada.
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Cena 02. Livraria Dom Casmurro/ Sala da Gerência/ Int./ Dia.
Tamara está lendo alguns contratos, quando Eneida entra, sem bater a porta.
Tamara (rude) – O que você quer aqui?
Eneida – Filha, a gente precisa conversar.
Tamara (gritando) – Você não é a minha mãe.
Eneida – Para com essa face de vítima. A única pessoa inocente nessa história é o Lucído. Eu vim aqui para tentar manter um relacionamento civilizado com você. Para que você me respeite.
Tamara – Não tenho como respeitar alguém que não me deu respeito.
Eneida – Você foi muito bem criada pela mãe do Téo.
Tamara – Mas ela era mãe do Téo, não a minha mãe. Faltou aquele olhar carinhoso, faltou àquela coisa de sangue, que liga a gente, entende?
Eneida fica cabisbaixa.
Tamara – O nosso tempo já passou Eneida. Eu até quero digerir essa história e tentar manter, de forma amigável, alguma relação com o Lucído. Mas com você não. Quero que vá para o inferno, que suma e que morra se necessário.
Eneida se ajoelha e agarra nas pernas de Tamara.
Eneida (ajoelhada/chorando) – Por favor, não me deixe Tamara. Eu preciso do seu perdão, por favor.
Tamara (séria) – Se você tem o mínimo de decência, levante-se daí e suma da minha frente pelo resto da vida. Não me faça usar a força ou ter que humilhá-la mais uma vez.
Eneida seca as lágrimas, se levanta.
Eneida – Posso te dizer uma última coisa?
Tamara – Fala.
Eneida – Eu sou rica e queria passar tudo para o seu nome.
Tamara – Diferentemente de você e daquela sua família de lobos, eu não quero nada. Vai ser com o suor do meu trabalho que conseguirei tudo. Agora suma.
Eneida sai da sala.
Tamara (pra si) – Se bem que uns milhões a mais na minha conta seriam bem-vindos.
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Cena 03. Rio de Janeiro/ Praia de Copacabana/ Ext./ Dia.
(Música “Águas de Março” – Tom Jobim). Imagens da praia, com rapazes jogando futevôlei, mulheres de biquíni tomando sol, e no calçadão, pessoas caminhando, andando de bicicleta e correndo. Close final no calçadão, com Fabrício E Ana Rosa descendo de um táxi e encontrando Yvete.
(Fad out trilha “Águas de Março).
Ana Rosa – Dona Yvete, que bom que aceitou nosso convite para uma água de coco.
Yvete – Eu estava ficando louca já naquele lugar.
Fabrício – A senhora precisava mesmo vir até aqui, passear, ver o sol, o mar.
Yvete – Precisava mesmo Fabrício. Mas eu aceitei esse convite, porque eu tenho uma coisa muito importante a revelar a vocês. Vocês são as únicas pessoas que podem me ajudar.
Fabrício e Ana Rosa se olham intrigados.
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Cena 04. Praia de Copacabana/ Quiosque/ Int./ Dia.
Quiosque com pouco movimento, ao fundo de um enorme varandão, estão Yvete, Ana Rosa e Fabrício, sentados, tomando água de coco.
Yvete (feliz) – Quanto tempo eu não tomava uma água de coco, tinha até me esquecido do sabor.
Fabrício (sério) – Dona Yvete, desculpa estragar o momento de hobby da senhora, mas fiquei muito intrigado e gostaria de saber o que tem a nos dizer.
Yvete – Eu confio em vocês, mas vocês também precisam confiar em mim.
Ana Rosa – Fala dona Yvete, nós confiamos na senhora.
Yvete (a Fabrício) – É uma história relacionada ao seu irmão.
Fabrício (surpreso) – O que o Miguel tem haver com isso?
Yvete – Há alguns dias atrás, eu ouvi a Ellen falar, escondida, ao telefone com ele. Eu não sei o que vão fazer, mas sei que vai rolar muita grana, porque ele vai dar a Ellen 300 mil reais, para que ela coloque alguém que ele queira no sanatório.
Fabrício (assustado) – Sanatório? 300 mil? Meu Deus, essa história não casa.
Yvete – Pelo jeito é peixe grande, eu tenho certeza de que seu irmão de alguma forma quer tirar essa pessoa do caminho.
Ana Rosa (pensativa) – Será a Milena?
Fabrício – Você tem certeza de que ouviu a conversa certa Yvete?
Yvete – Tão certa quanto dois e dois são quatro. Eu sei que a Ellen passa uma imagem de boa pessoa, mas ela não é, acredite em mim, a Ellen é ambiciosa e está cercada de pensamentos ruins.
Fabrício – E quando essa pessoa vem?
Yvete – Daqui 7 meses.
Ana Rosa e Fabrício se olham.
Fabrício – Deve ter haver com a nossa herança. Infelizmente dona Yvete, teremos que esperar por sete meses, mas até lá, ficaremos nós três de olho nos passos que a Ellen der.
Yvete – Só não deem bandeira, ou tudo pode ir por água abaixo.
Ana Rosa – Temos que tomar cuidado e nos unir para saber que rede de ambições une o Miguel e a Ellen.
Yvete – Isso mesmo.
CAM vai se distanciando.
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Cena 05. Casa de Fernanda/ Sala/ Int./ Dia.
Eva está sentada no sofá assistindo TV, quando a campainha toca.
Eva se levanta e vai atender.
Eva (surpresa) – César?
César entra na sala com uma enorme mala nas mãos.
César – Eva será que você poderia me chamar a sua tia?
Eva – César o que você quer?
César – Chame a sua tia, por favor.
Eva sai da sala e vai em direção ao quarto de Fernanda. César então arria a mala no chão, olha para as fotos de Fernanda nos porta-retratos e por fim senta-se no sofá. Pouco tempo depois Fernanda aparece visivelmente triste.
César (se levantando) – Meu amor, o que aconteceu?
Fernanda – Nada César.
César – Como nada? Você tá com essa cara de enterro, com os olhos marejados, parece que chorou um dia inteiro.
Fernanda – É que descobri que a minha tia faleceu. Uma tia lá de Itaperuna, zona norte do estado do Rio. Eu até pensei em ir ao velório, mas o desgaste seria maior.
César – Meus sentimentos.
Fernanda – Obrigada! Mas o que te trouxe aqui?
César – Eu criei coragem e saí de casa, pedi o divórcio a Julieta.
Fernanda – E ela?
César – Reagiu da pior forma possível, mas isso já era previsível né.
Fernanda (desanimada) – Boa sorte pra você nessa nova fase.
César – Boa sorte pra gente Fernanda. Nós ficaremos juntinhos.
Fernanda – Como assim?
César – Eu já trouxe minhas coisas, pensei em vir morar com você, nós nos amamos e acho que isso é o que importa. Não quero perder mais nenhum momento.
Fernanda – César, não se precipite, nós não vamos ter nada.
César (surpreso) – Como assim?
Fernanda – Eu não te amo, acho que tudo não passou de uma ilusão César. E também não acho certo que você da noite para o dia se separe da Julieta, deixando-a sozinha, sem um porto seguro. O que você fez é papel de moleque.
César – Eu não tô te entendendo Fernanda. Você tá com um discurso feito o da Julieta.
Fernanda – Vai ver eu sou igual a ela. Vai ver, se eu te aceitasse mais tarde você também me abandonaria assim, sem mais nem menos.
César (frustrado) – É uma pegadinha?
Fernanda – Reate esse casamento. Você tem filho, tem uma família a zelar. Prometeu no altar amá-la e respeitá-la até a morte. Não é justo que agora você a troque, como quem troca um fogão usado na época de natal.
César – É isso mesmo que você quer.
Fernanda respira fundo.
Fernanda (triste) – É isso que qualquer homem de verdade faria. E eu também não posso ficar com alguém que eu não ame, seria egoísmo demais.
César – Você me ama sim Fernanda. Eu sei que me ama.
Fernanda – Desculpa, mas eu não te amo. Pegue sua mala e saia da minha casa. Volte para sua casa.
César começa a chorar.
Fernanda – Vá chorar na sua cama que é lugar quente.
César – Pro seu governo, eu não vou voltar com a Julieta, nunca mais. Estou indo passar dois meses na casa da minha tia em Governador Valadares, voltarei no dia da audiência do divórcio.
Fernanda – Pouco me interessa pra onde você vai.
César – Hoje você me decepcionou.
César pega sua mala e sai. Fernanda fecha a porta com força e começa a chorar descontroladamente. Eva aparece e tenta acudi-la.
Eva – Tia, o que houve?
Fernanda (chorando) – Acabei de perder o grande amor da minha vida.
Eva – Calma essa história ainda vai se resolver.
Fernanda – A Julieta amarrou muito bem as cercas desse jogo. Ela perdeu, mas eu também não ganhei.
Eva abraça Fernanda com muito carinho.
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Cena 06. Mansão Amadeu/ Escritório/ Int./ Dia.
Vitória está sentada, impaciente olhando para o relógio. Segundos depois, Meg aparece.
Vitória – Ainda bem que você chegou.
Meg – O que aconteceu?
Vitória – Alguém sabe que eu matei o Antero.
Meg – Quem?
Vitória – Só pode ter sido aquela vadiazinha da Regininha.
Meg – Menos Vitória, a Regininha foi embora já há muitos dias. E também seria impossível ela ter te seguido até lá.
Vitória – Alguém filmou eu matando o Antero, e pior, me mandaram por DVD.
Meg fica assustada.
Vitória – E a blusa que eu estava vestindo, toda suja de sangue, veio pra mim também, numa boneca, em alusão a mim.
Meg – É alguém querendo te amedrontar.
Vitória – Se essa era a intenção, conseguiram.
Meg – Calma. Se quisessem te ferrar, já teriam entregado essas provas a polícia. Quem te mandou isso quer te extorquir dinheiro, quer te deixar em pânico.
Vitória – Mas o que eu faço? Eu sempre sei tomar as rédeas da situação, mas dessa vez tá difícil.
Meg – Só tem uma forma de você conseguir dar a volta por cima.
Vitória – Qual?
Meg – Finge não dar a mínima pra esses presentes de grego, que tenho certeza, que você voltará a receber. A pessoa quer te atingir, e não conseguindo, ela vai tentar uma aproximação. Isso tá me cheirando a dinheiro. Se for a Regininha, daqui a pouco ela aparece.
Vitória – Eu não tenho saída, é esperar as cenas dos próximos capítulos.
Vitória e Meg ficam se olhando preocupadas. Close final na boneca.
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Cena 07. Pontos Turísticos/ Ext./ Dia-Noite.
(Música “Uma história de Amor” – Fanzine.) Vista aérea, plano aberto. CAM aérea faz um clipe dos principais pontos turísticos da fictícia cidade de Flores. Clipe com suaves emendas das imagens, a fim de mostrar toda a beleza da cidade, na seguinte ordem: 1º: Pórtico de entrada da cidade, feito de madeira envernizada e coberto por telha colonial portuguesa, com o letreiro “Bem vindo à Flores”. 2º: Praça Central, com um lindo chafariz no meio, cercada por bancos com pessoas e animais domésticos, além de alguns vendedores de pipocas e brinquedos. 3º: Cruzeiro Municipal, localizado no morro mais alto da cidade, com uma cruz imensa branca, feita em concreto e com iluminação interna, cercado por um grande gramado que é delimitado por canteiro de diversas flores campestres.
Transposição do dia para a noite várias vezes.
LETREIRO: “Dois meses depois...”
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Cena 08. Cruzeiro Municipal/ Ext./ Noite.
Cruzeiro todo iluminado e deserto. Um carro para em frente, descem Miguel e Eva, com barriga de cinco meses de gestação.
Eva (encantada) – Que lugar lindo, acredita que eu nunca tinha vindo aqui?
Miguel – Uma primeira vez nossa.
Eva – É tão bom estar aqui com você. Estar aqui com você e o nosso bebê. Meus dois amores.
Miguel abraça Eva e juntos contemplam a vista.
Miguel – A nossa cidade é linda.
Eva – São esses raros momentos da vida, esses que chamamos de observação, que revelam a beleza de cada pessoa, cada ser.
Miguel – Eu tenho uma surpresa para você.
Eva (curiosa) – Qual?
Miguel – Fecha os olhos.
Eva (fechando os olhos) – Tá bem.
Miguel corre até o carro e trás consigo um lindíssimo vestido de noiva.
Miguel – Pode abrir.
Eva abre os olhos e se depara com o lindíssimo vestido.
Eva (surpresa/feliz) – Nossa meu amor, é lindo.
Miguel – Eva Magalhães, você aceita casar-se comigo.
Eva – Só se for agora. Aceito, aceito e aceito.
Eva e Miguel se beijam com paixão.
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Cena 09. Mansão Amadeu/ Quarto de Vitória/ Int./ Noite.
Vitória está sentada de frente para o espelho, passando alguns cremes em seu rosto, quando alguém bate a porta.
Vitória (tom alto) – Entra.
A porta se abre e Teresa entra com um embrulho em mãos.
Teresa – Com licença, mandaram entregar a senhora.
Vitória (surpresa) – Pra mim?
Teresa – Sim, foi um motoboy.
Vitória – Me dá aqui e pode sair.
Teresa entrega o embrulho e sai.
Vitória abre o embrulho e acha uma corda e um cartão.
Vitória (lendo o cartão) – “Estou te dando essa corda, para que você se enforque em suas próprias armadilhas. Não pense que me esqueci de você e dos seus crimes”.
Vitória fica muito assustada.
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Cena 10. Mansão Amadeu/ Quarto de Milena/ Int./ Noite.
Eneida entra no quarto devagar e começa a fuçar no guarda-roupa de Milena, até que encontra uma sacola cheia de barrigas falsas.
Eneida (vitoriosa) – Eu sabia que essa gravidez era de fachada.
Eneida guarda a sacola no lugar e sai do quarto.
Corta para:
Cena 11. Cruzeiro Municipal/ Ext./ Noite.
Eva está vestida com o vestido de noiva, admirando a paisagem ao lado de Miguel.
Miguel – Quero me casar com você.
Eva – Só se você me pegar.
Miguel – Então vai ser agora.
Eva começa a correr, Miguel corre atrás dela. Eva se enrosca na cauda do vestido e cai no chão.
Eva (desesperada) – Me ajuda Miguel, tô sentindo muitas dores.
Miguel levanta Eva do chão, e vê uma enorme poça de sangue no chão. Close no desespero de Miguel.

Fim do Capítulo

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