Corta para:
Cena 18.
Mansão Amadeu/ Quarto de Vitória/ Int./ Dia.
Vitória
abre o envelope e retira um embrulho de presente e um DVD. Close no DVD com os
dizeres: “Que a felicidade vire rotina. Mas não para você”.
Vitória
coloca o DVD em seu aparelho, que começa na parte em que Vitória arrasta Antero
para linha do trem.
Desesperada,
Vitória retira o DVD e o quebra em vários pedaços.
Vitória
(com fúria) – Quem fez essa merda?
Vitória
olha para o embrulho de presente, o pega e abre. No embrulho contém uma pequena
boneca, usando um vestido feito com uma parte da blusa de Vitória que respingou
de sangue.
Vitória
(assustada) – Meu Deus, não pode ser!
Vitória,
muito nervosa, pega o celular e disca.
Vitória
(cel.) – Alô, Meg? Vem aqui agora, preciso da sua ajuda. É rápido.
Vitória
desliga o celular e guarda rapidamente a boneca em seu guarda-roupa. Close em
Vitória assustada.
Corta para:
Cena 02.
Livraria Dom Casmurro/ Sala da Gerência/ Int./ Dia.
Tamara está
lendo alguns contratos, quando Eneida entra, sem bater a porta.
Tamara
(rude) – O que você quer aqui?
Eneida – Filha, a
gente precisa conversar.
Tamara
(gritando) – Você não é a minha mãe.
Eneida – Para com
essa face de vítima. A única pessoa inocente nessa história é o Lucído. Eu vim
aqui para tentar manter um relacionamento civilizado com você. Para que você me
respeite.
Tamara – Não tenho
como respeitar alguém que não me deu respeito.
Eneida – Você foi
muito bem criada pela mãe do Téo.
Tamara – Mas ela era
mãe do Téo, não a minha mãe. Faltou aquele olhar carinhoso, faltou àquela coisa
de sangue, que liga a gente, entende?
Eneida fica
cabisbaixa.
Tamara – O nosso
tempo já passou Eneida. Eu até quero digerir essa história e tentar manter, de
forma amigável, alguma relação com o Lucído. Mas com você não. Quero que vá
para o inferno, que suma e que morra se necessário.
Eneida se
ajoelha e agarra nas pernas de Tamara.
Eneida
(ajoelhada/chorando) – Por favor, não me deixe Tamara. Eu preciso do
seu perdão, por favor.
Tamara
(séria) – Se você tem o mínimo de decência, levante-se daí e suma da minha
frente pelo resto da vida. Não me faça usar a força ou ter que humilhá-la mais
uma vez.
Eneida seca
as lágrimas, se levanta.
Eneida – Posso te
dizer uma última coisa?
Tamara – Fala.
Eneida – Eu sou rica
e queria passar tudo para o seu nome.
Tamara – Diferentemente
de você e daquela sua família de lobos, eu não quero nada. Vai ser com o suor
do meu trabalho que conseguirei tudo. Agora suma.
Eneida sai
da sala.
Tamara (pra
si) – Se bem que uns milhões a mais na minha conta seriam bem-vindos.
Corta para:
Cena 03.
Rio de Janeiro/ Praia de Copacabana/ Ext./ Dia.
(Música
“Águas de Março” – Tom Jobim). Imagens da praia, com rapazes jogando futevôlei,
mulheres de biquíni tomando sol, e no calçadão, pessoas caminhando, andando de
bicicleta e correndo. Close final no calçadão, com Fabrício E Ana Rosa descendo
de um táxi e encontrando Yvete.
(Fad out
trilha “Águas de Março).
Ana Rosa – Dona Yvete,
que bom que aceitou nosso convite para uma água de coco.
Yvete – Eu estava
ficando louca já naquele lugar.
Fabrício – A senhora
precisava mesmo vir até aqui, passear, ver o sol, o mar.
Yvete – Precisava
mesmo Fabrício. Mas eu aceitei esse convite, porque eu tenho uma coisa muito
importante a revelar a vocês. Vocês são as únicas pessoas que podem me ajudar.
Fabrício e
Ana Rosa se olham intrigados.
Corta para:
Cena 04.
Praia de Copacabana/ Quiosque/ Int./ Dia.
Quiosque
com pouco movimento, ao fundo de um enorme varandão, estão Yvete, Ana Rosa e
Fabrício, sentados, tomando água de coco.
Yvete
(feliz) – Quanto tempo eu não tomava uma água de coco, tinha até me
esquecido do sabor.
Fabrício
(sério) – Dona Yvete, desculpa estragar o momento de hobby da senhora, mas
fiquei muito intrigado e gostaria de saber o que tem a nos dizer.
Yvete – Eu confio
em vocês, mas vocês também precisam confiar em mim.
Ana Rosa – Fala dona
Yvete, nós confiamos na senhora.
Yvete (a
Fabrício) – É uma história relacionada ao seu irmão.
Fabrício
(surpreso) – O que o Miguel tem haver com isso?
Yvete – Há alguns
dias atrás, eu ouvi a Ellen falar, escondida, ao telefone com ele. Eu não sei o
que vão fazer, mas sei que vai rolar muita grana, porque ele vai dar a Ellen
300 mil reais, para que ela coloque alguém que ele queira no sanatório.
Fabrício
(assustado) – Sanatório? 300 mil? Meu Deus, essa história não
casa.
Yvete – Pelo jeito
é peixe grande, eu tenho certeza de que seu irmão de alguma forma quer tirar
essa pessoa do caminho.
Ana Rosa
(pensativa) – Será a Milena?
Fabrício – Você tem
certeza de que ouviu a conversa certa Yvete?
Yvete – Tão certa
quanto dois e dois são quatro. Eu sei que a Ellen passa uma imagem de boa
pessoa, mas ela não é, acredite em mim, a Ellen é ambiciosa e está cercada de
pensamentos ruins.
Fabrício – E quando
essa pessoa vem?
Yvete – Daqui 7
meses.
Ana Rosa e
Fabrício se olham.
Fabrício – Deve ter
haver com a nossa herança. Infelizmente dona Yvete, teremos que esperar por
sete meses, mas até lá, ficaremos nós três de olho nos passos que a Ellen der.
Yvete – Só não deem
bandeira, ou tudo pode ir por água abaixo.
Ana Rosa – Temos que
tomar cuidado e nos unir para saber que rede de ambições une o Miguel e a
Ellen.
Yvete – Isso mesmo.
CAM vai se
distanciando.
Corta para:
Cena 05.
Casa de Fernanda/ Sala/ Int./ Dia.
Eva está
sentada no sofá assistindo TV, quando a campainha toca.
Eva se
levanta e vai atender.
Eva
(surpresa) – César?
César entra
na sala com uma enorme mala nas mãos.
César – Eva será
que você poderia me chamar a sua tia?
Eva – César o que
você quer?
César – Chame a sua
tia, por favor.
Eva sai da
sala e vai em direção ao quarto de Fernanda. César então arria a mala no chão,
olha para as fotos de Fernanda nos porta-retratos e por fim senta-se no sofá.
Pouco tempo depois Fernanda aparece visivelmente triste.
César (se
levantando) – Meu amor, o que aconteceu?
Fernanda – Nada César.
César – Como nada?
Você tá com essa cara de enterro, com os olhos marejados, parece que chorou um
dia inteiro.
Fernanda – É que
descobri que a minha tia faleceu. Uma tia lá de Itaperuna, zona norte do estado
do Rio. Eu até pensei em ir ao velório, mas o desgaste seria maior.
César – Meus
sentimentos.
Fernanda – Obrigada!
Mas o que te trouxe aqui?
César – Eu criei
coragem e saí de casa, pedi o divórcio a Julieta.
Fernanda – E ela?
César – Reagiu da
pior forma possível, mas isso já era previsível né.
Fernanda
(desanimada) – Boa sorte pra você nessa nova fase.
César – Boa sorte
pra gente Fernanda. Nós ficaremos juntinhos.
Fernanda – Como assim?
César – Eu já
trouxe minhas coisas, pensei em vir morar com você, nós nos amamos e acho que
isso é o que importa. Não quero perder mais nenhum momento.
Fernanda – César, não
se precipite, nós não vamos ter nada.
César
(surpreso) – Como assim?
Fernanda – Eu não te
amo, acho que tudo não passou de uma ilusão César. E também não acho certo que
você da noite para o dia se separe da Julieta, deixando-a sozinha, sem um porto
seguro. O que você fez é papel de moleque.
César – Eu não tô
te entendendo Fernanda. Você tá com um discurso feito o da Julieta.
Fernanda – Vai ver eu
sou igual a ela. Vai ver, se eu te aceitasse mais tarde você também me
abandonaria assim, sem mais nem menos.
César
(frustrado) – É uma pegadinha?
Fernanda – Reate esse
casamento. Você tem filho, tem uma família a zelar. Prometeu no altar amá-la e
respeitá-la até a morte. Não é justo que agora você a troque, como quem troca
um fogão usado na época de natal.
César – É isso
mesmo que você quer.
Fernanda
respira fundo.
Fernanda
(triste) – É isso que qualquer homem de verdade faria. E eu
também não posso ficar com alguém que eu não ame, seria egoísmo demais.
César – Você me ama
sim Fernanda. Eu sei que me ama.
Fernanda – Desculpa,
mas eu não te amo. Pegue sua mala e saia da minha casa. Volte para sua casa.
César
começa a chorar.
Fernanda – Vá chorar
na sua cama que é lugar quente.
César – Pro seu
governo, eu não vou voltar com a Julieta, nunca mais. Estou indo passar dois
meses na casa da minha tia em Governador Valadares, voltarei no dia da
audiência do divórcio.
Fernanda – Pouco me
interessa pra onde você vai.
César – Hoje você
me decepcionou.
César pega
sua mala e sai. Fernanda fecha a porta com força e começa a chorar
descontroladamente. Eva aparece e tenta acudi-la.
Eva – Tia, o que
houve?
Fernanda
(chorando) – Acabei de perder o grande amor da minha vida.
Eva – Calma essa
história ainda vai se resolver.
Fernanda – A Julieta
amarrou muito bem as cercas desse jogo. Ela perdeu, mas eu também não ganhei.
Eva abraça
Fernanda com muito carinho.
Corta para:
Cena 06.
Mansão Amadeu/ Escritório/ Int./ Dia.
Vitória
está sentada, impaciente olhando para o relógio. Segundos depois, Meg aparece.
Vitória – Ainda bem
que você chegou.
Meg – O que
aconteceu?
Vitória – Alguém sabe
que eu matei o Antero.
Meg – Quem?
Vitória – Só pode ter
sido aquela vadiazinha da Regininha.
Meg – Menos
Vitória, a Regininha foi embora já há muitos dias. E também seria impossível
ela ter te seguido até lá.
Vitória – Alguém
filmou eu matando o Antero, e pior, me mandaram por DVD.
Meg fica
assustada.
Vitória – E a blusa
que eu estava vestindo, toda suja de sangue, veio pra mim também, numa boneca,
em alusão a mim.
Meg – É alguém
querendo te amedrontar.
Vitória – Se essa era
a intenção, conseguiram.
Meg – Calma. Se
quisessem te ferrar, já teriam entregado essas provas a polícia. Quem te mandou
isso quer te extorquir dinheiro, quer te deixar em pânico.
Vitória – Mas o que
eu faço? Eu sempre sei tomar as rédeas da situação, mas dessa vez tá difícil.
Meg – Só tem uma
forma de você conseguir dar a volta por cima.
Vitória – Qual?
Meg – Finge não
dar a mínima pra esses presentes de grego, que tenho certeza, que você voltará
a receber. A pessoa quer te atingir, e não conseguindo, ela vai tentar uma
aproximação. Isso tá me cheirando a dinheiro. Se for a Regininha, daqui a pouco
ela aparece.
Vitória – Eu não
tenho saída, é esperar as cenas dos próximos capítulos.
Vitória e
Meg ficam se olhando preocupadas. Close final na boneca.
Corta para:
Cena 07.
Pontos Turísticos/ Ext./ Dia-Noite.
(Música
“Uma história de Amor” – Fanzine.) Vista aérea, plano aberto. CAM aérea faz um
clipe dos principais pontos turísticos da fictícia cidade de Flores. Clipe com
suaves emendas das imagens, a fim de mostrar toda a beleza da cidade, na
seguinte ordem: 1º: Pórtico de entrada da cidade, feito de madeira envernizada
e coberto por telha colonial portuguesa, com o letreiro “Bem vindo à Flores”.
2º: Praça Central, com um lindo chafariz no meio, cercada por bancos com pessoas
e animais domésticos, além de alguns vendedores de pipocas e brinquedos. 3º:
Cruzeiro Municipal, localizado no morro mais alto da cidade, com uma cruz
imensa branca, feita em concreto e com iluminação interna, cercado por um
grande gramado que é delimitado por canteiro de diversas flores campestres.
Transposição
do dia para a noite várias vezes.
LETREIRO:
“Dois meses depois...”
Corta para:
Cena 08.
Cruzeiro Municipal/ Ext./ Noite.
Cruzeiro
todo iluminado e deserto. Um carro para em frente, descem Miguel e Eva, com
barriga de cinco meses de gestação.
Eva
(encantada) – Que lugar lindo, acredita que eu nunca tinha vindo
aqui?
Miguel – Uma
primeira vez nossa.
Eva – É tão bom
estar aqui com você. Estar aqui com você e o nosso bebê. Meus dois amores.
Miguel
abraça Eva e juntos contemplam a vista.
Miguel – A nossa
cidade é linda.
Eva – São esses
raros momentos da vida, esses que chamamos de observação, que revelam a beleza
de cada pessoa, cada ser.
Miguel – Eu tenho
uma surpresa para você.
Eva
(curiosa) – Qual?
Miguel – Fecha os
olhos.
Eva
(fechando os olhos) – Tá bem.
Miguel
corre até o carro e trás consigo um lindíssimo vestido de noiva.
Miguel – Pode abrir.
Eva abre os
olhos e se depara com o lindíssimo vestido.
Eva
(surpresa/feliz) – Nossa meu amor, é lindo.
Miguel – Eva
Magalhães, você aceita casar-se comigo.
Eva – Só se for
agora. Aceito, aceito e aceito.
Eva e
Miguel se beijam com paixão.
Corta para:
Cena 09.
Mansão Amadeu/ Quarto de Vitória/ Int./ Noite.
Vitória
está sentada de frente para o espelho, passando alguns cremes em seu rosto,
quando alguém bate a porta.
Vitória
(tom alto) – Entra.
A porta se
abre e Teresa entra com um embrulho em mãos.
Teresa – Com
licença, mandaram entregar a senhora.
Vitória
(surpresa) – Pra mim?
Teresa – Sim, foi um
motoboy.
Vitória – Me dá aqui
e pode sair.
Teresa
entrega o embrulho e sai.
Vitória
abre o embrulho e acha uma corda e um cartão.
Vitória
(lendo o cartão) – “Estou te dando essa corda, para que você se
enforque em suas próprias armadilhas. Não pense que me esqueci de você e dos
seus crimes”.
Vitória
fica muito assustada.
Corta para:
Cena 10.
Mansão Amadeu/ Quarto de Milena/ Int./ Noite.
Eneida
entra no quarto devagar e começa a fuçar no guarda-roupa de Milena, até que
encontra uma sacola cheia de barrigas falsas.
Eneida
(vitoriosa) – Eu sabia que essa gravidez era de fachada.
Eneida
guarda a sacola no lugar e sai do quarto.
Corta para:
Cena 11.
Cruzeiro Municipal/ Ext./ Noite.
Eva está
vestida com o vestido de noiva, admirando a paisagem ao lado de Miguel.
Miguel – Quero me
casar com você.
Eva – Só se você
me pegar.
Miguel – Então vai
ser agora.
Eva começa
a correr, Miguel corre atrás dela. Eva se enrosca na cauda do vestido e cai no
chão.
Eva
(desesperada) – Me ajuda Miguel, tô sentindo muitas dores.
Miguel
levanta Eva do chão, e vê uma enorme poça de sangue no chão. Close no desespero
de Miguel.
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