[Narrado
por Vanessa]
“Todo fracasso
faz parte da caminhada rumo ao sucesso. Porém, o caminho mais curto é repleto
de pedras. Embora não seja fácil achar o caminho das pedras, ter tantas pedras
no caminho não seria ruim.”
CENA 1
Pedro evita olhar para Sônia.
Sônia: Não acha que já está na hora de fazer as pazes com o nosso filho?
Pedir desculpas por tudo o que disse para ele?
Pedro continua em silêncio. Sônia agarra ele pelo braço, forçando ele a
olhar para ela.
Sônia: Não adianta ficar em silêncio. Eu sei que você me ouviu. Chega de
bancar a criança. Você está destruindo sua família. Será que você não percebe?
Pedro: Eu já deixei bem claro a minha decisão. Eu não tenho um filho gay. O
Fred morreu para mim.
Sônia: Então é isso mesmo o que você acha? É mais fácil para você lidar com
essa situação dessa forma?
Pedro: Esse sou eu, Sônia. Me desculpa se não igual a você.
Sônia: Mas você não precisa ser igual a mim para amar o seu filho e aceitá-lo
do jeito que ele é.
Pedro: Não, Sônia. Estou muito cansado disso tudo. Eu não consigo aceitar
isso e nunca conseguirei. Só pode ser um castigo. Deus só pode estar me punindo
com isso.
Sônia: Eu achei que você já tinha repensado sobre tudo o que aconteceu. Mas
estou vendo que eu me enganei. Mas tudo bem, ainda te darei mais um tempo. Mas
uma coisa eu te digo: ou você vai atrás do nosso filho e concerta essa confusão
toda, ou nosso casamento vai acabar.
Sônia sai e deixa Pedro pensando. Uma lágrima cai de seu olho. Pedro
levanta e caminha até o quarto de Fred. Ele encosta a porta e vai até a cômoda,
onde pega um porta retrato com a foto dele e de Pedro, durante uma pescaria em
um sítio. Ele abraça a foto e deita sobre a cama. Ele começa a chorar.
Pedro: Meu Deus, porque está fazendo isso comigo? Por que o meu filho não
pode ser normal como todos os outros? Me responde? EU preciso de respostas. Por
que meu filho? Por que você foi tão fraco assim?
Do lado de fora do quarto, Sônia ouvia tudo, emocionada.
CENA 2
Marta estava se preparando para ir embora. Brandão surge atrás dela.
Brandão: E então? Quando sai o casamento?
Marta: O que você quer aqui? Veio saber o que aconteceu depois de ter
envenenado a cabeça do Elias? Saiba que não adiantou de nada, Brandão.
Brandão: Eu não fiz nada. Agora não me surpreendo que o garoto fique
desapontado. Logo com o porteiro do colégio dele, Marta.
Marta: Isso não é da sua conta.
Luís aparece.
Luís: O que está acontecendo aqui? Esse cara está te incomodando, Marta?
Marta: Não! Tudo bem, ele já está de saída.
Brandão: Ora, vejam só. O guerreiro veio salvar a princesa indefesa. Que
romântico.
Luís: EU disse para você ficar longe da Marta.
Brandão: Engano seu. Quem disse para ficar longe dela foi eu e você ignorou.
Luís: Eu não vou admitir que fique importunando ela. Você entendeu?
Brandão: E vai fazer o quê?
Luís: Eu te mostro com prazer.
Luís dá um soco na cara de Brandão que faz com que ele ande para trás.
Ele coloca a mão no local do soco e olha para Marta e Luís com fúria nos olhos.
Brandão: Você vai se arrepender de ter cruzado meu caminho seu porteirinho
desclassificado. Tome cuidado.
Brandão vai embora. Marta abraça Luís.
Marta: Você não devia ter feito isso. Não aceita provocação dele.
Luís: Você tem razão. Mas ele tem que aprender a te respeitar.
CENA 3
Rômulo estava caminhando pelo calçadão de Copacabana. Estava refletindo
sobre tudo o que aconteceu com ele nos últimos dias. De repente ele vê Roberta
e Adonys se divertindo enquanto tomam uma água de côco. Ele se aproxima e
surpreende Roberta.
Rômulo: Um lindo dia, não?
Roberta: Rômulo? O que faz aqui?
Rômulo: Apenas aproveitando um dia de sol na cidade maravilhosa. E pelo visto
não sou o único. É o seu novo namorado?
Roberta: Sim.
Rômulo: Fico feliz que tenha encontrado alguém que realmente te faça feliz, já
que achei que eu fosse esse cara.
Roberta: Por favor, Rômulo. Acabou. Siga o seu caminho. Estou com o Adonys
agora e amo ele. Aliás, sempre estive com ele. Agora nos dê licença.
Roberta segura a mão de Adonys e os dois saem, sendo observados por
Rômulo.
CENA 4
No apartamento de Roberta, a campainha toca várias vezes. Sua mãe,
Leonor, que estava escrevendo em seu laptop, caminha até a porta.
Leonor: Já vai. Nossa, que gente mais impaciente.
Quando Leonor abre a porta se surpreende. Era sua filha Victória.
Leonor: Victória?
Victória: Olá mamãe. Saudades de mim?
Victória abre um sorriso, enquanto Leonor fica sem reação.
CENA 5
Na casa de Diego, Fred estava organizando alguns livros na estante da
sala. A campainha toca. Ele atende e fica feliz ao ver sua mãe, Sônia.
Fred: Mãe! Que surpresa boa.
Sônia: Meu filho.
Os dois se abraçam e em seguida se senta no sofá.
Sônia: Como você está meu amor? Está precisando de alguma coisa?
Fred: Não, mãe. Estou bem. Está tudo tranquilo.
Sônia: Sabe que pode voltar quando quiser. Seu pai não vai atrever a impedir
tua entrada lá em casa.
Fred: Eu sei mãe. Mas prefiro deixar as coisas fluírem naturalmente. Não
posso forçar o papai a me aceitar a força. Essa decisão tem que partir dele.
Infelizmente não podemos fazer muita coisa.
Sônia: Mas também não podemos deixar de lutar. Mais do que nunca você precisa
de sua família por perto. Sabe que sempre terá meu apoio.
Fred: Eu sei disso mãe. E teu amor é o que me dá forças para lutar todos os
dias. E com está o meu irmão?
Sônia: Está bem. Está na casa de um amigo.
Fred: Legal.
O silêncio paira por alguns segundos.
Sônia: Hoje tive uma conversa com o seu pai. E pela primeira vez vi ele
chorar. Até então, a última vez foi quando você nasceu. Nossa ele ficou muito
feliz. Precisa ver a festa que ele fez lá no serviço dele.
Fred: Imagino. Não me espanta essa atitude do meu pai em relação a mim.
Sônia: Mas eu sinto que ele está caindo em si. Você vai ver que logo ele
estará aqui te pedindo para voltar. Seu pai não é uma pessoa ruim. Apenas
precisa de uns bons puxões de orelha.
Fred: Isso eu concordo.
Sônia: Bom meu anjo, eu vim apenas para ver como você estava. Estava com um
aperto no peito de tanta saudade.
Sônia levanta e Fred acompanha ela até a porta.
Fred: Quando quiser me visitar é só aparecer.
Sônia: Pode deixar.
Sônia dá um beijo no rosto de Fred e caminha até o elevador. Fred
observa enquanto ela espera o elevador. Quando ele chega, Sônia abre a porta.
Fred: Mãe!
Sônia olha para Fred. Ele faz um coração para ela e manda um beijo.
Fred: Eu te amo.
Sônia ri para Fred e entra no elevador.
CENA 6
Leonor estava sentada no sofá da sala conversando com sua filha,
Victória. Roberta chega em casa.
Victória: Maninha? Quanto tempo.
Roberta: Victória. Que surpresa mais desagradável. O que faz aqui?
Victória: Ora, vim passar uma temporada com você e com a mamãe.
Roberta: Jura?
Victória: Exatamente. Você nem imagina quantas novidades eu trouxe.
Roberta: Realmente eu não faço ideia. Mas, aproveite irmazinha. Só não esqueça
de ficar apenas no espaço desta vez. Odiaria repetir tudo de novo.
Victória: Somos duas. Não se preocupe.
Roberta sai da sala.
Leonor: Por favor, filha. Não faça nada precipitado.
Victória: Não se preocupe dona Leonor. Eu mudei muito. Essa temporada fora me
fez renascer. Agora sou uma pessoa totalmente diferente. Vocês vão se
surpreender comigo.
Victória abre um sorriso.
CENA 7
AMANHECE. Praias do Rio de Janeiro. Pessoas correndo no calçadão de
Ipanema. Na frente do colégio Alberto Villani, o ônibus da excursão estava
parado. Os alunos estavam ansiosos para o acampamento.
Alfredo: Vamos lá pessoal, todos entrando no ônibus. Temos um longo caminho
pela frente.
Os alunos entram. Eliane e Cíntia sentam lado a lado.
Eliane: Qual é a sua com o Rômulo?
Cíntia: Como assim?
Eliane: Vi vocês ontem abraçados. Você está gostando dele, não é?
Cíntia: Claro que não. Apenas estava sendo solidária com ele. Não é fácil
passar por tudo o que ele está passando.
Eliane: Bom, isso é verdade. Mas temos que admitir que ele é um belo homem.
Eliane ri e Cíntia finge não ligar. O ônibus começa a andar.
CENA 8
Victória estava caminhando pelo shopping. Ela segue caminhando e logo
escorrega e cai na frente de Rômulo.
Rômulo: Moça. Está tudo bem.
Victória: Ai meu Deus, que vergonha. Estou sim.
Rômulo: Deixe-me ajudá-la.
Rômulo ajudar Victória a se levantar.
Victória: Obrigada.
Rômulo: O chão deve estar um pouco escorregadio.
Victória: Ou vai ver que eu sou um pouco atrapalhada mesmo. Me chamo Victória.
Rômulo: É um prazer. Me chamo Rômulo.
Victória: Um belo nome. E então, aceita um café como pagamento de tamanha
generosidade?
Rômulo: Bom, na verdade não...
Victória: Por favor. Estou um pouco sem graça com tudo isso.
Rômulo: Por que não?
Victória: Ótimo. Vamos?
CENA 9
O ônibus estaciona e todos descem.
Alfredo: Bom, pessoal. A partir daqui a gente caminha a pé. É uma trilha de
mais ou menos uns 15 minutos.
Paula: Aff. Bem que o ônibus podia ter nos deixado mais próximos.
Eliane: Isso é o mais próximo que ele pode deixar. Agradeça por isso.
Vanessa: Viu só. Agora vamos.
Renato: Quer ajuda com a mochila, Paula?
Paula: Eu aceito. Obrigada.
Todos caminham. Minutos depois estavam em uma parte aberta do campus.
Alfredo: Muito bem, pessoal. Agora vamos armar as barracas, por que tudo indica
que vai cair uma chuvarada logo mais.
Rogério: Que droga. Ainda isso.
Vanessa: Deixa de preguiça, Rogério.
Fred retira a barraca da mochila.
Fred: Está afim de ver uma coisa incrível?
Diego: Claro. O que é?
Fred: Surpresa. Logo você saberá. Vamos montar a barraca, primeiro.
CENA 10
No shopping, Victória e Rômulo estavam tomando um café.
Victória: Então quer dizer que você foi vítima de uma louca?
Rômulo: Sei que deve ser difícil de acreditar, mas é bem isso mesmo.
Victória: Olha, eu não duvido nenhum pouco do que você me falou. Existem
mulheres loucas por ai. Os homens que se cuidem.
Rômulo: É, mas eu ainda acho que foi tudo armação. Embora não consiga ligar
nenhum ponto ainda.
Victória: E a sua namorada terminou com você por causa disso? Ela é uma babaca.
Eu no lugar dela teria te dado o maior apoio.
Rômulo fica perplexo com Victória.
Rômulo: Posso
confessar uma coisa?
Victória: Claro.
Rômulo: Você
me surpreendeu. Contei tudo o que me aconteceu nos últimos dias, mesmo sem ao
menos saber direito quem é você. E você simplesmente me ouviu e ainda acreditou
em mim, quando a maioria das pessoas me apedrejou. Gostei de você.
Victória: Talvez
eu entenda exatamente como é estar nessa posição. Mas eu também gostei de te
conhecer. Você me parece tudo, menos um pervertido que agarra mulheres.
Rômulo
abre um sorriso.
CENA 11
Fred e
Diego chegam em uma cachoeira. Era um lugar lindo.
Diego: Incrível. Como sabia desse lugar?
Fred: Já estive aqui outras vezes. Sabia
que você ia adorar.
Diego: Realmente é fantástico.
Fred: Sempre que vinha aqui eu jogava uma
moeda dentro da água e fazia um pedido.
Diego: Uau. Então isso é uma fonte dos
desejo para você.
Fred: Não diria fonte dos desejos. Eu sempre
vi este lugar como um portal. Como uma libertação deste mundo.
Diego: Entendo. E o que você pedia? Digo,
qual era o seu desejo? E quantos deles se realizaram?
Fred: Na verdade eu sempre fazia o mesmo
pedido. Mas ainda aguardo a realização dele.
Diego: Então vai ver não funciona.
Fred: Não sei. Acredito que as coisas vem
ao natural. Quando tiver que acontecer, simplesmente acontecerá.
Fred
fecha os olhos e começa a respirar profundamente. Diego observa e abre um
sorriso silencioso. Ele encara Fred por alguns segundos e lentamente se
aproxima dele, dando-lhe um beijo. Fred corresponde o beijo de Diego. De
repente começa a chover. Eles interrompem a cena.
Fred: O que aconteceu?
Diego: O que tinha que acontecer. Eu acho.
Assim como acho que devemos procurar um lugar para irmos.
Fred: É verdade.
Eles se
se viram para voltarem para o acampamento e se surpreendem com Elias, Murilo e
Dênis, com um celular na mão.
Elias: Que coisa mais linda. O beijo do
conto de fadas. Você vão ficar famosos quando isso for parar na internet.
Diego
fica tenso.
Diego: Ele vai acabar comigo se fizer isso.
Fred: Ele não vai fazer.
Fred
parte para cima de Elias.
Fred: Me dá esse celular.
Elias: Eu não vou dar nada. Eu vou colocar
isso na internet. Isso é a minha vingança. Pensa que não sei que foi seu
amiguinho que me dedurou para o diretor.
Fred: Seu problema é comigo, Elias. O Diego
não tem nada haver.
Diego
avança em Elias tentando tomar o celular. Fred também ajuda. Murilo e Dênis
tentam tirar os dois. Fred consegue pegar os celular e atira dentro da água.
Elias tenta impedir e acaba empurrando Fred dentro da água, fazendo com que ele
caia de mal jeito e bata a cabeça em uma pedra, ficando desacordado.
Diego: Fred!
Não.

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