MISERABLE SOULS
— Nem um pouco. Qual é a sua
ideia dessa vez? Vai cantar até que nossos ouvidos explodam? – Retruco.
— Ui, que menino mau. –
Ariel aproxima-se de mim e alisa meu rosto – Nós ainda vamos nos divertir muito
– Ariel dá um tapa de leve no meu rosto –, mas por enquanto eu quero apenas
alertá-los que em breve, eu serei a líder de todo o universo.
— Só por cima do meu
cadáver! – Digo.
— Seria uma pena ter que
matar alguém com um corpo tão lindo como o seu, mas eu farei o necessário para
conseguir meus objetivos. Metamorfo, traga os prisioneiros!
Chloe levanta-se e sai pelo
corredor. Depois de alguns minutos, ela volta com alguns prisioneiros
algemados. Chloe. Ryan. Zoe. Eu ficaria confuso por ver duas “Chloe”, se não
tivesse ouvido Ariel chamar uma delas de metamorfo. A Chloe falsa se transforma
numa criatura cinzenta de cabeça oval, similar à um extra-terrestre, e em
seguida vai embora.
— Solte-os! – Grito.
— Tenha calma, gatinho. Eu
soltarei seus amigos, mas com uma condição. Você terá que matar Hades quando
chegar à hora.
— Se tem alguém aqui que eu
vou matar, esse alguém é você.
— Pois bem. Realizem o
encantamento!
Ariel sai pelo corredor e
deixa todos nós juntos na mesma sala. Íris, Luna e Silas ainda estão
desacordados, enquanto que Chloe, Ryan e Zoe lutam para sair das algemas. O
teto começa a tremer, uma espécie de passagem começa a se formar na parede. É
uma espécie de portal, com uma chama correndo de cima para baixo. Vejo várias
pessoas saindo de lá. E.D., Prefeito Hayes, Medusa. São todos que eu matei.
Evito contato direto com os
olhos de Medusa, do contrário serei transformado em pedra.
— É hora da vingança.
— Vamos acabar com esse
magrelo!
— Achou que se livraria de
mim, ceifeiro? – Diz Medusa.
Continuo tentando me soltar
das correntes, mas não obtenho sucesso. Medusa pega a faca que, anteriormente,
estava sendo manuseada pelo metamorfo e começa a se aproximar de mim. Prefeito
Hayes está com uma arma e os olhos de E.D. estão vermelhos que nem sangue. Algo
aconteceu com ele, não era para ele estar assim.
Chloe livra-se das algemas e
pega seu arco que estava pendurado na parede e atira algumas flechas, acertando
o prefeito e a cabeça de Medusa. Em seguida, Ryan e Zoe também se soltam e Zoe
entra numa briga física com E.D. enquanto que Ryan tenta atrasar o prefeito
Hayes. Chloe atira mais flechas, quebrando as correntes de Íris, Luna e Silas,
por último, a minha.
Medusa atira a faca no meu
peito e eu caio no chão, pois não tenho tempo de revidar. Do chão, levo uma
sequência de chutes e me recuso a abrir os olhos, afinal, pode ser Medusa me
agredindo. Ouço um rugido e um barulho de raios.
— Quantas vezes você tem que
morrer?! – Essa é a voz de Íris.
Os chutes param.
Abro os olhos.
Vejo Chloe, Íris e Luna me
olhando com caras de preocupação. Luna arranca a faca do meu peito e eu grito
de dor. Ela posiciona suas mãos acima do corte e fala algumas palavras em
latim, enquanto eu sinto que meu corpo está sendo curado.
— Sanat iniuram, sanat
iniuram. – Luna termina de fazer o feitiço.
Chloe me dá um beijo ali no
chão mesmo e em seguida, me entrega a minha foice. Levanto e enfio a minha
foice nas costas do prefeito, fazendo-o cair no chão, e se desmaterializar.
E.D. quebra uma cadeira, pega uma estaca de madeira dos destroços e faz Zoe de
refém.
— Se chegar perto, eu mato a
sua amiguinha aqui.
— Chase, acabe com ele. –
Diz Zoe.
— Eu não posso... – Não
consigo terminar a frase. Chloe atira uma flecha na testa de E.D., deixando-o
atordoado e soltando Zoe, que pega uma espada e corta a cabeça dele fora.
— Como saímos daqui? – Chloe
pergunta.
— Eu tenho uma ideia. – Ryan
responde.
Todos nós nos afastamos
enquanto observamos Ryan se transformar em dragão e destruir todo o local.
Infelizmente, isso chama a atenção de guardas do castelo e logo eles começam a
descer para o calabouço com suas espadas e batem com elas em Ryan, que ruge de
dor. Chloe fica sem flechas e não dá para nenhum de nós atravessar para ajudar
Ryan, pois ele está se debatendo muito.
— Eu tenho um plano. Luna,
leve Chloe, Íris e Zoe para fora daqui. Leve-as para o lago ou para o castelo
de Hades. Encontrarei vocês lá. – Digo.
— Mas e você? – Chloe
pergunta.
— Eu e Silas ficaremos aqui
para lutar com os guardas e ajudar o Ryan.
— Eu vou ficar também. – Diz
Íris.
— Tem certeza? – Silas
questiona.
— Eu sou Ártemis, a filha de
Zeus. É claro que eu tenho certeza.
Dou um beijo em Chloe como
se fosse o último, Silas faz o mesmo com Zoe. Em seguida, elas se reúnem à Luna
e desaparecem numa fumaça roxa.
Íris dispara alguns raios
com as mãos, neutralizando boa parte dos guardas, o que é suficiente para que
eu e Silas passemos pelo corredor. Íris fica com Ryan no subsolo e nós subimos
alguns lances de escadas, eliminando alguns guardas que aparecem. Chegamos ao
térreo.
Silas e eu nos apoiamos nas
paredes durante todo o caminho. Estamos numa espécie de salão de entrada. Do
outro lado, não há guardas, do nosso lado, há seis. Não sei dizer quantos
guardas ainda existem nos andares superiores. É agora ou nunca. Silas e eu
corremos pelo salão de entrada eliminando os guardas um a um, até que um
barulho começa a atrair mais guardas. É um alarme. Vários outros começam a
atirar para baixo, enquanto descem as escadas em nossa direção.
Ouço uma explosão e tenho
certeza que veio do calabouço. Silas grita para eu voltar para o calabouço para
buscar Íris e Ryan, que ele ficará bem. Eu sei que ele não ficará bem, mas
nenhum dos guardas tem equipamento de madeira, então dificilmente matarão
Silas. Desço para o calabouço.
A passagem para o calabouço
está bloqueada por algumas pedras. Lembro ter transformado, com o cajado de
Luna, um pedaço de madeira em uma varinha, para que coubesse num compartimento
da minha foice. Pego a varinha e imagino alguns explosivos nas pedras. Em
seguida, ouço uma nova explosão e agora eu posso entrar no calabouço.
Deparo-me com um massacre.
Íris está jogada de bruços no chão, repleta de ferimentos. Vários guardas estão
completamente pretos, carbonizados. Olho para o canto do calabouço e vejo Ryan,
sentando em uma poça enorme de sangue.
— Ele sangrou até a morte. –
Viro e vejo Ariel.
— A outra foi massacrada
pelo meu ogro. Seu amigo vampiro está na minha prisão particular e agora... Só
falta você.
Ariel enfia a mão no meu
peito e arranca meu coração. Morte já fez isso uma vez. Agora, tudo o que Ariel
precisa fazer para me matar é apertar meu coração até que ele exploda em suas
mãos. E é o que ela faz.
Vejo meu coração explodir
nas mãos de Ariel e, de repente, não vejo mais nada.

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