Cena 01.
Sanatório/ Garagem/ Int./ Dia.
Fabrício
está com o porta-malas do carro aberto, e anda de um lado para o outro, bem
impaciente. Pouco depois Yvete chega com Eva.
Eva beija
Fabrício.
Yvete
(tensa) – Anda gente, vai embora. Tá na hora já!
Fabrício deita
Eva dentro do porta-malas e fecha.
Fabrício (a
Yvete) – Obrigado por tudo.
Yvete – Amanhã eu
fujo, mas precisarei de abrigo.
Fabrício – Você sabe
meu endereço. Pode ir para lá.
Fabrício
abraça Yvete e sai.
Yvete
(sorridente) – Chegou a hora da onça beber água.
Yvete
começa a rir diabolicamente.
Corta para:
Cena 02.
Matagal/ Estrada/ Ext./ Dia.
Miguel
chega de carro em um enorme matagal deserto. Ele sai do carro.
Miguel – Acho aqui
perfeito.
Ele retira
uma pá do carro e começa a cavar.
Corta para:
Cena 03.
Mansão Trajano/ Sala de Estar/ Int./ Dia.
Mafalda
está conversando com Marinês, que limpa o local.
Mafalda – Marinês,
você viu o meu brinco de rubi?
Marinês – Vi não dona
Mafalda.
Mafalda
começa a olhar para o chão.
Mafalda – Aquilo vale
uma fortuna e eu perdi, não sei se aqui em casa ou na rua.
Nesse
instante Meg aparece, com olheiras e cabisbaixa. Ela atravessa a sala em
direção a saída.
Mafalda – Vai onde
Meg Trajano?
Meg
(triste) – Vou a uma reunião com os vereadores.
Mafalda – Mas eles
são opositores, você sempre os odiou.
Meg – Pra tudo na
vida há um recomeço.
Mafalda – Minha irmã,
você tá com febre?
Meg – Quem me
dera Mafalda. Acho que é algo bem pior do que febre. É um pesadelo terrível.
Mafalda (a
Marinês) – Vá para a cozinha adiantar o almoço, quero falas a
sós com a minha irmã.
Marinês – Sim
senhora.
Marinês sai
em direção à cozinha.
Mafalda – Venha cá,
sente-se aqui minha irmã, acho que precisamos conversar.
Meg se
senta no sofá e começa a chorar. Mafalda a abraça e começa a fazer carinho.
Meg
(chorando) – Eu sou um monstro, Mafalda. Um monstro!
Mafalda – Calma minha
querida, relaxa e desabafe com a sua irmã. (t) Eu sei que nunca fomos as irmãs
mais unidas da face do Globo Terrestre, mas acho que nunca é tarde para colocar
o sangue para falar mais alto. Desabafe ou desabe, se for o caso.
Meg – Não há
situação ruim, que não possa piorar. O Álvaro foi embora de casa ontem à noite.
Mafalda
fica perplexa.
Meg – E eu no
lugar dele teria feito exatamente a mesma coisa.
Mafalda – Não de
subestime. Vocês só não se amavam mais. Isso se chama incompatibilidade de
quereres. Cada um vai seguindo seu fluxo, como um rio, que depois de um longo
trajeto, tem suas águas divididas. A vida é assim.
Meg – Quem dera
que fosse apenas falta de amor. A coisa é bem mais séria Mafalda. Eu acabei me
envolvendo numa trama de ambição e me sinto suja. Aliás, eu não me sinto suja,
eu estou suja, atolada até o pescoço. Sabe quando a gente tem choque de
realidade?
Mafalda
assente com a cabeça.
Meg – Então, é
assim que eu estou hoje. Mas apesar dos pesares, eu me sinto mais leve, meu
fardo já pesa bem menos. Eu pude ao menos, contar toda a verdade ao homem com
quem fui casada durante vinte anos.
Mafalda – E pelo que
vejo, eu sou a próxima, a saber?
Meg (se
levantando) – É. Mas antes eu preciso acertar umas contas. É coisa
rápida, juro que volto para o almoço.
Meg seca as
lágrimas e sai.
Corta para:
Cena 04.
Rodovia/ Ext./ Dia.
Carro de
Miguel segue pela estrada.
Corta para:
Cena 05.
Casa de Fernanda/ Quarto de Fernanda/ Int./ Dia.
Malu entra
no quarto e percebe que Fernanda não está. Ela senta na cama, pensativa.
O telefone
toca, e ela atende a extensão do quarto.
Malu (tel.)
– Alô...
Oi seu Lucído, tudo bem? Nossa quanto tempo... É, Edu e eu estamos separados,
infelizmente... Encontrar o senhor agora? Mas é que... Tá bem, eu vou. Na praça
em meia hora, pode ser? Beijo.
Malu
desliga o telefone e sai do quarto apressada.
Corta para:
Cena 06.
Rio de Janeiro/ Apto. de Fabrício/ Sala/ Int./ Dia.
A porta se abre
e Fabrício entra.
Fabrício
(receptivo) – Seja bem vinda ao meu cantinho.
Eva entra
na sala, sorridente e observando tudo a sua volta.
Eva e
Fabrício se beijam.
Eva – Eu sei que
é meio cedo pra falar nessas coisas, mas Fabrício, eu sei que você é o homem da
minha vida. Não vamos perder tempo, eu quero casar-me com você.
Fabrício – Tem certeza
do que está falando?
Eva – Tão certa
quanto dois e dois são quatro. Não há nada na vida que eu queira mais. Acho que
já fui castigada e já sofri demasiadamente para ficar perdendo tempo. Não
existe tempo certo ou errado para se amar.
Fabrício – Você me
convenceu.
Eva vai até
uma estante cheia de livros e fica olhando com falsa admiração.
Eva – Você tem
muitos títulos.
Fabrício – Eu sou um
escritor, é normal que eu ame os livros.
Eva – Eu também
amo os livros, sabe? Eu até trabalhei numa livraria. Uma pena que esta livraria
esteja fechando.
Fabrício – Onde fica
essa livraria?
Eva – Lá no
Espírito Santo, em Flores, conhece?
Fabrício – Conheço e
conheço muito mesmo. Meu pai era de lá, o Ângelo Queirós.
Eva – O dono da
livraria, o Lucas, está vendendo-a por preço de banana e mesmo assim não
consegue comprador. Eu queria muito compra-la e reergue-la.
Eva fica
cabisbaixa.
Fabrício – Não fique
triste, dinheiro nunca foi problema para mim, eu a compro para você. Vamos
fazer assim: casamo-nos o mais rapidamente e passamos a lua de mel em Flores,
aí você assume a administração da livraria. Sabe, eu quero mesmo mudar daqui do
Rio.
Eva (feliz)
– Nossa,
você me surpreende a cada palavra. Nem sei como te agradecer.
Fabrício – Um beijo.
Um beijo agradece.
Eva e
Fabrício se beijam.
Eva – Agora liga
pro Lucas e firma o acordo.
Fabrício – Tá ok!
Fabrício
pega o celular e começa a discar.
Corta para:
Cena 07.
Mansão Amadeu/ Sala de Estar/ Int./ Dia.
Milena está
de pé, no meio da sala, ninando Vitor. Pouco depois Meg entra na sala, sem
tocar a campainha.
Milena
(assustada) – Ai Meg, que susto.
Meg
(cochichando) – Sua sogra está aí?
Milena – Tá lá no
quarto.
Meg – Eu vou
subir e fazer aquilo que ninguém nunca teve coragem. Se ouvir gritos, não se
incomode e, por favor, não deixe a criadagem subir.
Milena – Pode deixar
comigo.
Meg sobe as
escadas e Milena continua ninando Vitor, só que mais feliz.
Corta para:
Cena 08.
Mansão Amadeu/ Quarto de Vitória/ Int./ Dia.
Vitória
está sentada de frente para o espelho de sua penteadeira, se maquiando.
De repente,
Vitória vê pelo espelho, Meg a olhando. Vitória fica surpresa, em seguida sorri
mais aliviada.
Vitória (se
levantando) – Amiga.
Meg (sonsa)
– Ainda
me considera sua amiga?
Vitória – A única que
tenho. Estava mesmo precisando da sua ajuda.
Meg – Eu sempre
estive aqui para te ajudar né Vitória? Te ajudei a conquistar o Ângelo, guardei
o segredo da morte da Jerusa, também te ajudei a fazer seu pé de meia no
divorcio do Ângelo. Fui cúmplice, quando você matou a Dama queimada e soube de
tudo , pela sua boca, quando você matou o Antero.
Vitória – Para isso
servem as amigas.
Meg – Será que
você me considerava como amiga, ou como cúmplice das suas tramoias?
Vitória – Amizade e
cumplicidade são palavras que andam lado a lado.
Meg – Só que você
não foi minha amiga, minha cúmplice, no momento em que eu mais precisei. Você
simplesmente me virou as costas.
Vitória – Eu não sou
boa em ouvir. Psicologia de botequim nunca foi meu forte.
Meg – Disso eu
não tenho dúvida. Você nunca conseguiu resolver seus problemas com diálogo.
Sempre passou por cima das pessoas e dos sentimentos, feito um tanque de guerra.
Vitória – Onde você
quer chegar com tudo isso?
Meg – Lembra
daquela feira de atualidades, que nós fomos, lá em Brasília?
Vitória – Claro.
Meg – Nós fomos
passando de barraquinha em barraquinha, animadas, felizes, tudo era uma eterna
festa, até que no fim da última barraquinha, nós percebemos que a rua era sem
saída.
Vitória – E o que
isso tem haver agora?
Meg – Eu fui sua
cúmplice por muito tempo. Você foi sempre feliz: matando, enganando, mentindo e
escondendo. Só que chegou ao fim da rua e ela é sem saída. Acabou Vitória Lemos
de Amadeu, acabou pra gente.
Vitória
começa a rir.
Vitória – Se você
contar para a polícia, vai presa também.
Meg – Esse é o
objetivo.
Vitória
fica tensa.
Meg – Como eu
pude lidar com um ser esdrúxulo como você? Meu Deus, como pude me rebaixar e me
deixar corromper por tanto tempo. Eu fiz mal a tanta gente, por nada. Eu me
sinto um lixo.
Vitória – E você é um
lixo. Se sente a rainha da cidade, mas não passa de uma cafona deslumbrada, uma
piranha mal amada, que supre o amor que nunca teve do marido, brincando de
administrar a cidade.
Meg, muito
abalada, dá um tapão na cara de Vitória, que cai na cama.
Meg
(nervosa) – Cala a boca sua vadia.
Vitória – Você não
tem ninguém que te ame. Nem sua irmã, nem sua tia e nem o pamonha do seu
marido. Todo mundo te suporta apenas.
Meg pula
pra cima da cama.
Meg (em
cima de Vitória, imobilizando-a e dando muitos tapas em sua cara) – Essa daqui
é por ter achado que eu seria seu capacho a vida toda. Sua vagabunda. Isso que
você é, uma vagabunda ordinária. Eu tenho nojo de você.
Meg se
levanta e olha fixamente para Vitória.
Meg – Gosto
assim, apanhou quietinha. Agora saiba de uma coisa, eu tenho a cópia do DVD da
Tia Pombinha, se tentar me matar, vai terminar seus lamentáveis dias vendo o
sol nascer quadrado.
Vitória
continua imóvel. Meg vai até a penteadeira, ajeita seu cabelo, passa um perfume
de Vitória.
Meg
(olhando o frasco de perfume) – Esse é aquele perfume francês
carésimo e que parou de ser fabricado?
Meg joga o
frasco com força no chão, que se quebra.
Meg (falsa
desculpa) – Ops, caiu amiga!
Meg sai do
quarto.
Close no
rosto de Vitória, muito ensanguentado e com um olho roxo. Ela se levanta da
cama, com muita dificuldade, e se senta na penteadeira, olhando para o espelho.
Vitória começa a chorar.
Corta para:
Cena 09.
Mansão Amadeu/ Sala de Estar/ Int./ Dia.
Milena está
sentada no sofá, dando de mamar a Vitor, quando Meg desce as escadas,
triunfante, altiva.
Milena – Eu ouvi
daqui os estalos dos tapas.
Meg
(soberba) – E pela magnitude da minha pele, você já sabe quem
apanhou né?!
Milena
(cochichando) – Posso te confessar uma coisa?
Meg – Diga!
Milena – Eu amei
saber, que alguém freou e deu o que a Vitória merecia. Há tempos que ela
precisava desse cala boca.
Meg – Esse foi só
o primeiro degrau da derrocada dela. Eu vou fazer da vida da Vitória, um verdadeiro
inferno.
Meg vai se
encaminhando em direção a porta, quando Tia Pombinha chega à sala, pela porta
de entrada.
Tia
Pombinha – Já vai minha sobrinha?
Meg – Mais tarde
eu te ligo tia. Tenho uma proposta irrecusável para você.
Tia
Pombinha – Isso quer dizer o que?
Meg
(saindo) – Mais tarde, mais tarde...
Meg sai e
Tia Pombinha fica pensativa.
Milena – Acho bom à
senhora ir dar assistência a Vitória. Acho que a sua sobrinha deu um solavanco
que a megera nunca mais vai esquecer.
Tia
Pombinha (feliz) – Jura?
Milena – Daqui
debaixo, deu para ouvir os estalos dos tapas.
Tia
Pombinha – Deus que me perdoe, mas bem feito. Isso foi pouco
para a Vitória, muito pouco!
Tia
Pombinha sobe as escadas.
Corta para:
Cena 10.
Praça Central/ Ext./ Dia.
(Música
“Uma História de Amor” – Fanzine). Imagens aéreas da praça. Com pessoas
passeando pelo local, crianças brincando e um vai-e-vem de atletas em
treinamento.
Corta para:
Cena 11.
Praça Central/ Chafariz/ Ext./ Dia.
Lucído está
sentado olhando para o chafariz, quando Malu aparece e senta-se ao seu lado. Os
dois se cumprimentam com um beijo no rosto.
(Fad out
trilha).
Lucído – Ah, que bom
que você veio.
Malu – Olha seu
Lucído, eu vim, mas isso não quer dizer que eu vá.../
Lucído
(corta) – O Edu tá indo hoje pro Rio.
Malu fica
surpresa e pouco depois, decepcionada.
Malu
(cabisbaixa) – Ah...então é verdade. Ele vai mesmo para a casa do
César.
Lucído – Ele vai. Tá
muito difícil pra ele viver aqui. São muitos momentos ruins. Ele tinha fixação
pelo pai, que de uma hora para outra se mudou para outro estado. Ele te ama
mais que tudo e num gesto inconsequente, acabou te perdendo também.
Malu – Me perdoe,
mas o gesto dele, não foi nada inconsequente, muito pelo contrário, foi bem
pensado.
Lucído – Eu não vou
ficar sendo o advogado do diabo aqui minha filha, mas o Edu te ama de verdade.
Tanto é, que a Tamara esteve inúmeras vezes atrás dele lá em casa e desde
aquele fato, ele abriu o jogo e disse que aquele beijo foi num momento de
descuido e que aquilo nunca representou nada para ele.
Malu fica
pensativa.
Lucído
(sereno) – Malu, eu vim aqui, não querendo me meter na relação
de vocês, mas vim para poder tentar te ajudar. A relação de vocês era tão
sólida, eu sei que a Julieta fez um inferno na vida de vocês, que nunca
escondeu o desejo de acabar com esse romance. Mas eu, um velho, não estaria
aqui perdendo o meu tempo, se não acreditasse no amor que um sente pelo outro.
Eu juro a você, eu não vejo felicidade nos seus olhos, como também não vejo nos
olhos do meu neto. Acho que vocês tem
que se dar uma chance, tentar reerguer tudo.
Malu – Mas aqui,
nessa cidade, a Julieta e a Tamara vão infernizar com a nossa vida.
Lucído – Aproveita
essa viagem do Edu e vai com ele. Deixa de ser boba menina, vocês são novos e
tem mesmo é que ir atrás de aventura e muita diversão. Saiam dessa cidadezinha
provinciana e descubram que o mundo é dos jovens. Divirtam-se nos shoppings
centers, dancem muito nas boates, amem-se na praia e acima de tudo: VIVAM!
Malu abre
um belo sorriso.
Lucído – Seus olhos
estão brilhando, vá em busca do que você quer. Não importa se vai ser fácil ou
difícil, mas tente. Não dê uma chance ao Edu, mas dê essa chance a você. Dê uma
chance a sua felicidade. Seja feliz! Esse orgulho besta não leva ninguém a
lugar nenhum. Olha pra mim, por orgulho, eu não assumi a Eneida e hoje estou
aí: sem mulher, sem filha, sem família. O tempo passa rápido e a vida é curta
demais pra perder tempo.
Malu
(feliz) – Eu vou agora dizer ao Edu que eu vou nessa viagem com ele e por
ele.
Malu se
levanta.
Malu – Obrigada
por tudo senhor Lucído.
Malu sai
feliz, saltitante. Lucído fica sentado muito satisfeito.
Corta para:
Cena 12.
Sanatório/ Quarto de Eva/ Int./ Dia.
O quarto
está vazio e a cama já arrumada. Ellen entra no quarto e começa a vasculhar as gavetas
da cômoda, mas percebe que estão todas vazias.
Ellen (pra
si) – A filha da mãe fugiu, e eu sei bem quem a ajudou.
Corta
rápido para:
Cena 13.
Sanatório. Quarto de Yvete/ Int./ Dia.
Yvete está
deitada na cama, lendo um livro e com um semblante de muita satisfação. Pouco
depois, Ellen entra no quarto, feito um furacão.
Ellen (exaltada)
– Onde
ela está?
Yvete,
calmamente, para de ler e olha para Ellen.
Ellen
(gritando) – Diz, onde ela está?
Yvete
(calma) – Ela quem?
Ellen – Não se faça
de idiota. Estou perguntando onde está a Eva.
Yvete – No meu
bolso é que não está.
Ellen – Não se faça
de idiota Yvete, onde aquela dissimulada foi parar?
Yvete – Você está
vendo ela no meu quarto? Não. Então, por uma questão lógica, eu não sei por
onde a Eva anda. E posso dizer mais? Tô pouco me lixando para onde ela foi ou
deixou de ir.
Ellen – Eu te
aposto, que você armou e conseguiu fazer aquela mulherzinha fugir.
Yvete
(calmíssima) – Se isso realmente aconteceu, o problema é todo seu.
Aliás, você é paga pra isso, manter os internos dentro das regras e longe das
fugas e rebeliões. Com certeza o seu chefe não vai gostar nada de saber que
você perdeu uma paciente.
Ellen
bafora de tanta raiva e sai pisando duro.
Corta para:
Cena 14.
Mansão Trajano/ Quarto de Mafalda/ Int./ Dia.
Mafalda
está organizando o guarda-roupa. Colocando algumas roupas em um saco e outras
redobrando e colocando de volta no lugar. Alguém bate a porta.
Mafalda – Pode
entrar.
A porta
abre e Meg entra muito aflita.
Meg – Tem alguns
minutinhos pra mim?
Mafalda – Mas é
claro. Pela sua cara, vejo que não é coisa boa.
Meg – Eu acabei
de voltar da casa da Vitória.
Mafalda – Mas você
não iria à prefeitura?
Meg se
senta na cama.
Meg – Não. Eu
acabei de dar uma surra na Vitória. Uma surra como ela nunca levou na vida.
Mafalda
fica espantada.
Corta para:
Cena 15.
Mansão Amadeu/ Jardim Frontal/ Ext./ Dia.
O carro de
Miguel para bem em frente à porta de entrada, ele desce muito agitado e entra
em casa.
Corta para:
Cena 16.
Mansão Amadeu/ Sala de Estar/ Int./ Dia.
Tia
Pombinha e Milena estão sentadas no sofá, conversando. Miguel entra muito
aflito.
Milena (a
Miguel) – Aconteceu alguma coisa?
Miguel – Não enche o
saco Milena, eu quero falar com a minha mãe, cadê ela?
Tia
Pombinha (debochada) – Deve estar colocando compressa de água quente
na fuça.
Miguel
(desorientado) – Alguém, por favor, chama a minha mãe? Eu preciso
falar com ela urgente.
Nesse
instante Teresa aparece.
Teresa – Quer que eu
chame?
Miguel – Chama
agora, diz que é muito urgente. Eu tô esperando-a no escritório.
Teresa sobe
as escadas em direção ao quarto de Vitória e Miguel vai em direção ao
escritório.
Tia
Pombinha – Pelo jeito, seu digníssimo esposo fez algo muito
sério.
Milena – Tipo?
Tia
Pombinha – Ou ele fez algo muito sério, ou a mentira da
gravidez que vocês inventaram, não está dando muito certo.
Milena
(assustada) – Você sabia desde o início?
Tia
Pombinha – Eu tenho meus informantes, e esse plano de vocês,
foi sutil feito um elefante.
Milena fica
visivelmente preocupada.
Corta para:
Cena 17.
Mansão Trajano/ Quarto de Mafalda/ Int./ Dia.
Meg está de
pé, andando de um lado para o outro, visivelmente aflita. Já Mafalda, está
sentada em uma poltrona, olhando para Meg.
Mafalda – A hora que
você quiser começar, será essa mesma.
Meg respira
fundo e fica parada no lugar.
Meg – Você sabe
que eu fui prostituta como a Vitória. Isso não é segredo, que lá em Vila Velha,
nós éramos pombinhas da Madame Catalina.
Mafalda – Um passado
seu que eu reprovo.
Meg – Enfim,
desde aquela época, a Vitória era ambiciosa. Estava naquela vida, mas seu
desejo era casar-se com um velhote rico.
Mafalda – Tipo o
Ângelo.
Meg – Exato. O
fato é que não sei por que cargas d’água o Ângelo apareceu lá. Saiu com a
Vitória e dois dias depois apareceu lá novamente, mas dessa vez saiu com outra
mulher, a Jerusa. Até aí normal, pois clientes gostam de variar. Mas acontece
que a Vitória ficou sabendo que o Ângelo era rico.
Mafalda – Aí usou a
sedução para poder laçar o Ângelo?
Meg – A essa
altura da história, o Ângelo estava apaixonado pela Jerusa. Eles começaram a
ter um caso, e ele acabou engravidando ela. Por um bom tempo, a Jerusa sumiu e
teve a filha dela na casa da irmã, e deixou essa irmã cuidando da criança.
Mafalda – Resuma a
história, eu não tô entendendo onde essa história vai dar.
Meg – O fato é
que antes da Jerusa contar para o Ângelo que tinha tido uma filha com ele, a
Vitória matou a Jerusa. Matou e escreveu uma carta em nome da coitada, contando
que nunca gostou dele. O fato é que o Ângelo, um homem tão esperto, caiu na
lábia da Vitória, e desiludido casou com ela e a trouxe para Flores.
Mafalda – A Vitória
matou uma pessoa?
Meg – A Vitória
matou não só uma pessoa. A Vitória matou três pessoas. E eu sabia de todos
esses assassinatos.
Mafalda
(horrorizada) – A Vitória é uma assassina e você acobertou? Como
você pode saber de tanta sujeira e ficar calada, agir naturalmente?
Meg – A Vitória
me envolveu, eu não sei como, mas quando eu vi, já estava atolada até o
pescoço. (t) Mas o fato é que você conhece a filha do Ângelo.
Mafalda – Conheço?
Meg – Regina
Albuquerque Leão, vulgo, Regininha.
Mafalda
fica em estado de choque.
Meg – Ela foi
criada pela tia, a Dama Albuquerque. A Dama criou essa menina, nutrindo nela o
desejo de acabar com a vida da Vitória, mas infelizmente, uma das vítimas foi a
tia dela.
Mafalda – Então a tia
da Regininha, foi morta pela Vitória?
Meg – A Vitória
queimou a mulher viva.
Mafalda
fica pasma.
Mafalda – Quanta
crueldade, meu Deus. Mas quem é a outra vítima dessa despudorada?
Meg – Antero. Ela
dopou e jogou o corpo dele na linha do trem na saída da cidade.
Mafalda – E você
sabia de tudo?
Meg – A Tia
Pombinha seguiu a Vitória e gravou a morte do Antero. É por isso que ela está
malocada lá na casa da Vitória.
Mafalda
(preocupada) – Tia Pombinha pode ser a próxima vítima dessa louca.
Meg
(emocionada) – Não. Por algum álibi, que desconheço, a Tia Pombinha
está salva por enquanto. A próxima Vítima da Senhora Vitória Amadeu, serei eu!
Corta
rápido para:
Cena 18.
Mansão Amadeu/ Escritório/ Int./ Dia.
Miguel e
Vitória estão sentados conversando. Conversa já iniciada.
Vitória – Então quer
dizer que a Fernanda há essa hora encontrou São Pedro?
Miguel – Mãe, a
história não é assim tão simples assim. Eu matei uma pessoa, e agora?
Vitória
(fria) – Alguém viu? Foi em centro de cidade?
Miguel – Foi numa
estrada deserta, eu a atropelei e depois enterrei num matagal.
Vitória
(contente) – Menos uma pra pesar na face da Terra. Ninguém vai
dar falta.
Miguel – Mas ela tem
uma filha.
Cena 01.
Sanatório/ Garagem/ Int./ Dia.
Fabrício
está com o porta-malas do carro aberto, e anda de um lado para o outro, bem
impaciente. Pouco depois Yvete chega com Eva.
Eva beija
Fabrício.
Yvete
(tensa) – Anda gente, vai embora. Tá na hora já!
Fabrício deita
Eva dentro do porta-malas e fecha.
Fabrício (a
Yvete) – Obrigado por tudo.
Yvete – Amanhã eu
fujo, mas precisarei de abrigo.
Fabrício – Você sabe
meu endereço. Pode ir para lá.
Fabrício
abraça Yvete e sai.
Yvete
(sorridente) – Chegou a hora da onça beber água.
Yvete
começa a rir diabolicamente.
Corta para:
Cena 02.
Matagal/ Estrada/ Ext./ Dia.
Miguel
chega de carro em um enorme matagal deserto. Ele sai do carro.
Miguel – Acho aqui
perfeito.
Ele retira
uma pá do carro e começa a cavar.
Corta para:
Cena 03.
Mansão Trajano/ Sala de Estar/ Int./ Dia.
Mafalda
está conversando com Marinês, que limpa o local.
Mafalda – Marinês,
você viu o meu brinco de rubi?
Marinês – Vi não dona
Mafalda.
Mafalda
começa a olhar para o chão.
Mafalda – Aquilo vale
uma fortuna e eu perdi, não sei se aqui em casa ou na rua.
Nesse
instante Meg aparece, com olheiras e cabisbaixa. Ela atravessa a sala em
direção a saída.
Mafalda – Vai onde
Meg Trajano?
Meg
(triste) – Vou a uma reunião com os vereadores.
Mafalda – Mas eles
são opositores, você sempre os odiou.
Meg – Pra tudo na
vida há um recomeço.
Mafalda – Minha irmã,
você tá com febre?
Meg – Quem me
dera Mafalda. Acho que é algo bem pior do que febre. É um pesadelo terrível.
Mafalda (a
Marinês) – Vá para a cozinha adiantar o almoço, quero falas a
sós com a minha irmã.
Marinês – Sim
senhora.
Marinês sai
em direção à cozinha.
Mafalda – Venha cá,
sente-se aqui minha irmã, acho que precisamos conversar.
Meg se
senta no sofá e começa a chorar. Mafalda a abraça e começa a fazer carinho.
Meg
(chorando) – Eu sou um monstro, Mafalda. Um monstro!
Mafalda – Calma minha
querida, relaxa e desabafe com a sua irmã. (t) Eu sei que nunca fomos as irmãs
mais unidas da face do Globo Terrestre, mas acho que nunca é tarde para colocar
o sangue para falar mais alto. Desabafe ou desabe, se for o caso.
Meg – Não há
situação ruim, que não possa piorar. O Álvaro foi embora de casa ontem à noite.
Mafalda
fica perplexa.
Meg – E eu no
lugar dele teria feito exatamente a mesma coisa.
Mafalda – Não de
subestime. Vocês só não se amavam mais. Isso se chama incompatibilidade de
quereres. Cada um vai seguindo seu fluxo, como um rio, que depois de um longo
trajeto, tem suas águas divididas. A vida é assim.
Meg – Quem dera
que fosse apenas falta de amor. A coisa é bem mais séria Mafalda. Eu acabei me
envolvendo numa trama de ambição e me sinto suja. Aliás, eu não me sinto suja,
eu estou suja, atolada até o pescoço. Sabe quando a gente tem choque de
realidade?
Mafalda
assente com a cabeça.
Meg – Então, é
assim que eu estou hoje. Mas apesar dos pesares, eu me sinto mais leve, meu
fardo já pesa bem menos. Eu pude ao menos, contar toda a verdade ao homem com
quem fui casada durante vinte anos.
Mafalda – E pelo que
vejo, eu sou a próxima, a saber?
Meg (se
levantando) – É. Mas antes eu preciso acertar umas contas. É coisa
rápida, juro que volto para o almoço.
Meg seca as
lágrimas e sai.
Corta para:
Cena 04.
Rodovia/ Ext./ Dia.
Carro de
Miguel segue pela estrada.
Corta para:
Cena 05.
Casa de Fernanda/ Quarto de Fernanda/ Int./ Dia.
Malu entra
no quarto e percebe que Fernanda não está. Ela senta na cama, pensativa.
O telefone
toca, e ela atende a extensão do quarto.
Malu (tel.)
– Alô...
Oi seu Lucído, tudo bem? Nossa quanto tempo... É, Edu e eu estamos separados,
infelizmente... Encontrar o senhor agora? Mas é que... Tá bem, eu vou. Na praça
em meia hora, pode ser? Beijo.
Malu
desliga o telefone e sai do quarto apressada.
Corta para:
Cena 06.
Rio de Janeiro/ Apto. de Fabrício/ Sala/ Int./ Dia.
A porta se abre
e Fabrício entra.
Fabrício
(receptivo) – Seja bem vinda ao meu cantinho.
Eva entra
na sala, sorridente e observando tudo a sua volta.
Eva e
Fabrício se beijam.
Eva – Eu sei que
é meio cedo pra falar nessas coisas, mas Fabrício, eu sei que você é o homem da
minha vida. Não vamos perder tempo, eu quero casar-me com você.
Fabrício – Tem certeza
do que está falando?
Eva – Tão certa
quanto dois e dois são quatro. Não há nada na vida que eu queira mais. Acho que
já fui castigada e já sofri demasiadamente para ficar perdendo tempo. Não
existe tempo certo ou errado para se amar.
Fabrício – Você me
convenceu.
Eva vai até
uma estante cheia de livros e fica olhando com falsa admiração.
Eva – Você tem
muitos títulos.
Fabrício – Eu sou um
escritor, é normal que eu ame os livros.
Eva – Eu também
amo os livros, sabe? Eu até trabalhei numa livraria. Uma pena que esta livraria
esteja fechando.
Fabrício – Onde fica
essa livraria?
Eva – Lá no
Espírito Santo, em Flores, conhece?
Fabrício – Conheço e
conheço muito mesmo. Meu pai era de lá, o Ângelo Queirós.
Eva – O dono da
livraria, o Lucas, está vendendo-a por preço de banana e mesmo assim não
consegue comprador. Eu queria muito compra-la e reergue-la.
Eva fica
cabisbaixa.
Fabrício – Não fique
triste, dinheiro nunca foi problema para mim, eu a compro para você. Vamos
fazer assim: casamo-nos o mais rapidamente e passamos a lua de mel em Flores,
aí você assume a administração da livraria. Sabe, eu quero mesmo mudar daqui do
Rio.
Eva (feliz)
– Nossa,
você me surpreende a cada palavra. Nem sei como te agradecer.
Fabrício – Um beijo.
Um beijo agradece.
Eva e
Fabrício se beijam.
Eva – Agora liga
pro Lucas e firma o acordo.
Fabrício – Tá ok!
Fabrício
pega o celular e começa a discar.
Corta para:
Cena 07.
Mansão Amadeu/ Sala de Estar/ Int./ Dia.
Milena está
de pé, no meio da sala, ninando Vitor. Pouco depois Meg entra na sala, sem
tocar a campainha.
Milena
(assustada) – Ai Meg, que susto.
Meg
(cochichando) – Sua sogra está aí?
Milena – Tá lá no
quarto.
Meg – Eu vou
subir e fazer aquilo que ninguém nunca teve coragem. Se ouvir gritos, não se
incomode e, por favor, não deixe a criadagem subir.
Milena – Pode deixar
comigo.
Meg sobe as
escadas e Milena continua ninando Vitor, só que mais feliz.
Corta para:
Cena 08.
Mansão Amadeu/ Quarto de Vitória/ Int./ Dia.
Vitória
está sentada de frente para o espelho de sua penteadeira, se maquiando.
De repente,
Vitória vê pelo espelho, Meg a olhando. Vitória fica surpresa, em seguida sorri
mais aliviada.
Vitória (se
levantando) – Amiga.
Meg (sonsa)
– Ainda
me considera sua amiga?
Vitória – A única que
tenho. Estava mesmo precisando da sua ajuda.
Meg – Eu sempre
estive aqui para te ajudar né Vitória? Te ajudei a conquistar o Ângelo, guardei
o segredo da morte da Jerusa, também te ajudei a fazer seu pé de meia no
divorcio do Ângelo. Fui cúmplice, quando você matou a Dama queimada e soube de
tudo , pela sua boca, quando você matou o Antero.
Vitória – Para isso
servem as amigas.
Meg – Será que
você me considerava como amiga, ou como cúmplice das suas tramoias?
Vitória – Amizade e
cumplicidade são palavras que andam lado a lado.
Meg – Só que você
não foi minha amiga, minha cúmplice, no momento em que eu mais precisei. Você
simplesmente me virou as costas.
Vitória – Eu não sou
boa em ouvir. Psicologia de botequim nunca foi meu forte.
Meg – Disso eu
não tenho dúvida. Você nunca conseguiu resolver seus problemas com diálogo.
Sempre passou por cima das pessoas e dos sentimentos, feito um tanque de guerra.
Vitória – Onde você
quer chegar com tudo isso?
Meg – Lembra
daquela feira de atualidades, que nós fomos, lá em Brasília?
Vitória – Claro.
Meg – Nós fomos
passando de barraquinha em barraquinha, animadas, felizes, tudo era uma eterna
festa, até que no fim da última barraquinha, nós percebemos que a rua era sem
saída.
Vitória – E o que
isso tem haver agora?
Meg – Eu fui sua
cúmplice por muito tempo. Você foi sempre feliz: matando, enganando, mentindo e
escondendo. Só que chegou ao fim da rua e ela é sem saída. Acabou Vitória Lemos
de Amadeu, acabou pra gente.
Vitória
começa a rir.
Vitória – Se você
contar para a polícia, vai presa também.
Meg – Esse é o
objetivo.
Vitória
fica tensa.
Meg – Como eu
pude lidar com um ser esdrúxulo como você? Meu Deus, como pude me rebaixar e me
deixar corromper por tanto tempo. Eu fiz mal a tanta gente, por nada. Eu me
sinto um lixo.
Vitória – E você é um
lixo. Se sente a rainha da cidade, mas não passa de uma cafona deslumbrada, uma
piranha mal amada, que supre o amor que nunca teve do marido, brincando de
administrar a cidade.
Meg, muito
abalada, dá um tapão na cara de Vitória, que cai na cama.
Meg
(nervosa) – Cala a boca sua vadia.
Vitória – Você não
tem ninguém que te ame. Nem sua irmã, nem sua tia e nem o pamonha do seu
marido. Todo mundo te suporta apenas.
Meg pula
pra cima da cama.
Meg (em
cima de Vitória, imobilizando-a e dando muitos tapas em sua cara) – Essa daqui
é por ter achado que eu seria seu capacho a vida toda. Sua vagabunda. Isso que
você é, uma vagabunda ordinária. Eu tenho nojo de você.
Meg se
levanta e olha fixamente para Vitória.
Meg – Gosto
assim, apanhou quietinha. Agora saiba de uma coisa, eu tenho a cópia do DVD da
Tia Pombinha, se tentar me matar, vai terminar seus lamentáveis dias vendo o
sol nascer quadrado.
Vitória
continua imóvel. Meg vai até a penteadeira, ajeita seu cabelo, passa um perfume
de Vitória.
Meg
(olhando o frasco de perfume) – Esse é aquele perfume francês
carésimo e que parou de ser fabricado?
Meg joga o
frasco com força no chão, que se quebra.
Meg (falsa
desculpa) – Ops, caiu amiga!
Meg sai do
quarto.
Close no
rosto de Vitória, muito ensanguentado e com um olho roxo. Ela se levanta da
cama, com muita dificuldade, e se senta na penteadeira, olhando para o espelho.
Vitória começa a chorar.
Corta para:
Cena 09.
Mansão Amadeu/ Sala de Estar/ Int./ Dia.
Milena está
sentada no sofá, dando de mamar a Vitor, quando Meg desce as escadas,
triunfante, altiva.
Milena – Eu ouvi
daqui os estalos dos tapas.
Meg
(soberba) – E pela magnitude da minha pele, você já sabe quem
apanhou né?!
Milena
(cochichando) – Posso te confessar uma coisa?
Meg – Diga!
Milena – Eu amei
saber, que alguém freou e deu o que a Vitória merecia. Há tempos que ela
precisava desse cala boca.
Meg – Esse foi só
o primeiro degrau da derrocada dela. Eu vou fazer da vida da Vitória, um verdadeiro
inferno.
Meg vai se
encaminhando em direção a porta, quando Tia Pombinha chega à sala, pela porta
de entrada.
Tia
Pombinha – Já vai minha sobrinha?
Meg – Mais tarde
eu te ligo tia. Tenho uma proposta irrecusável para você.
Tia
Pombinha – Isso quer dizer o que?
Meg
(saindo) – Mais tarde, mais tarde...
Meg sai e
Tia Pombinha fica pensativa.
Milena – Acho bom à
senhora ir dar assistência a Vitória. Acho que a sua sobrinha deu um solavanco
que a megera nunca mais vai esquecer.
Tia
Pombinha (feliz) – Jura?
Milena – Daqui
debaixo, deu para ouvir os estalos dos tapas.
Tia
Pombinha – Deus que me perdoe, mas bem feito. Isso foi pouco
para a Vitória, muito pouco!
Tia
Pombinha sobe as escadas.
Corta para:
Cena 10.
Praça Central/ Ext./ Dia.
(Música
“Uma História de Amor” – Fanzine). Imagens aéreas da praça. Com pessoas
passeando pelo local, crianças brincando e um vai-e-vem de atletas em
treinamento.
Corta para:
Cena 11.
Praça Central/ Chafariz/ Ext./ Dia.
Lucído está
sentado olhando para o chafariz, quando Malu aparece e senta-se ao seu lado. Os
dois se cumprimentam com um beijo no rosto.
(Fad out
trilha).
Lucído – Ah, que bom
que você veio.
Malu – Olha seu
Lucído, eu vim, mas isso não quer dizer que eu vá.../
Lucído
(corta) – O Edu tá indo hoje pro Rio.
Malu fica
surpresa e pouco depois, decepcionada.
Malu
(cabisbaixa) – Ah...então é verdade. Ele vai mesmo para a casa do
César.
Lucído – Ele vai. Tá
muito difícil pra ele viver aqui. São muitos momentos ruins. Ele tinha fixação
pelo pai, que de uma hora para outra se mudou para outro estado. Ele te ama
mais que tudo e num gesto inconsequente, acabou te perdendo também.
Malu – Me perdoe,
mas o gesto dele, não foi nada inconsequente, muito pelo contrário, foi bem
pensado.
Lucído – Eu não vou
ficar sendo o advogado do diabo aqui minha filha, mas o Edu te ama de verdade.
Tanto é, que a Tamara esteve inúmeras vezes atrás dele lá em casa e desde
aquele fato, ele abriu o jogo e disse que aquele beijo foi num momento de
descuido e que aquilo nunca representou nada para ele.
Malu fica
pensativa.
Lucído
(sereno) – Malu, eu vim aqui, não querendo me meter na relação
de vocês, mas vim para poder tentar te ajudar. A relação de vocês era tão
sólida, eu sei que a Julieta fez um inferno na vida de vocês, que nunca
escondeu o desejo de acabar com esse romance. Mas eu, um velho, não estaria
aqui perdendo o meu tempo, se não acreditasse no amor que um sente pelo outro.
Eu juro a você, eu não vejo felicidade nos seus olhos, como também não vejo nos
olhos do meu neto. Acho que vocês tem
que se dar uma chance, tentar reerguer tudo.
Malu – Mas aqui,
nessa cidade, a Julieta e a Tamara vão infernizar com a nossa vida.
Lucído – Aproveita
essa viagem do Edu e vai com ele. Deixa de ser boba menina, vocês são novos e
tem mesmo é que ir atrás de aventura e muita diversão. Saiam dessa cidadezinha
provinciana e descubram que o mundo é dos jovens. Divirtam-se nos shoppings
centers, dancem muito nas boates, amem-se na praia e acima de tudo: VIVAM!
Malu abre
um belo sorriso.
Lucído – Seus olhos
estão brilhando, vá em busca do que você quer. Não importa se vai ser fácil ou
difícil, mas tente. Não dê uma chance ao Edu, mas dê essa chance a você. Dê uma
chance a sua felicidade. Seja feliz! Esse orgulho besta não leva ninguém a
lugar nenhum. Olha pra mim, por orgulho, eu não assumi a Eneida e hoje estou
aí: sem mulher, sem filha, sem família. O tempo passa rápido e a vida é curta
demais pra perder tempo.
Malu
(feliz) – Eu vou agora dizer ao Edu que eu vou nessa viagem com ele e por
ele.
Malu se
levanta.
Malu – Obrigada
por tudo senhor Lucído.
Malu sai
feliz, saltitante. Lucído fica sentado muito satisfeito.
Corta para:
Cena 12.
Sanatório/ Quarto de Eva/ Int./ Dia.
O quarto
está vazio e a cama já arrumada. Ellen entra no quarto e começa a vasculhar as gavetas
da cômoda, mas percebe que estão todas vazias.
Ellen (pra
si) – A filha da mãe fugiu, e eu sei bem quem a ajudou.
Corta
rápido para:
Cena 13.
Sanatório. Quarto de Yvete/ Int./ Dia.
Yvete está
deitada na cama, lendo um livro e com um semblante de muita satisfação. Pouco
depois, Ellen entra no quarto, feito um furacão.
Ellen (exaltada)
– Onde
ela está?
Yvete,
calmamente, para de ler e olha para Ellen.
Ellen
(gritando) – Diz, onde ela está?
Yvete
(calma) – Ela quem?
Ellen – Não se faça
de idiota. Estou perguntando onde está a Eva.
Yvete – No meu
bolso é que não está.
Ellen – Não se faça
de idiota Yvete, onde aquela dissimulada foi parar?
Yvete – Você está
vendo ela no meu quarto? Não. Então, por uma questão lógica, eu não sei por
onde a Eva anda. E posso dizer mais? Tô pouco me lixando para onde ela foi ou
deixou de ir.
Ellen – Eu te
aposto, que você armou e conseguiu fazer aquela mulherzinha fugir.
Yvete
(calmíssima) – Se isso realmente aconteceu, o problema é todo seu.
Aliás, você é paga pra isso, manter os internos dentro das regras e longe das
fugas e rebeliões. Com certeza o seu chefe não vai gostar nada de saber que
você perdeu uma paciente.
Ellen
bafora de tanta raiva e sai pisando duro.
Corta para:
Cena 14.
Mansão Trajano/ Quarto de Mafalda/ Int./ Dia.
Mafalda
está organizando o guarda-roupa. Colocando algumas roupas em um saco e outras
redobrando e colocando de volta no lugar. Alguém bate a porta.
Mafalda – Pode
entrar.
A porta
abre e Meg entra muito aflita.
Meg – Tem alguns
minutinhos pra mim?
Mafalda – Mas é
claro. Pela sua cara, vejo que não é coisa boa.
Meg – Eu acabei
de voltar da casa da Vitória.
Mafalda – Mas você
não iria à prefeitura?
Meg se
senta na cama.
Meg – Não. Eu
acabei de dar uma surra na Vitória. Uma surra como ela nunca levou na vida.
Mafalda
fica espantada.
Corta para:
Cena 15.
Mansão Amadeu/ Jardim Frontal/ Ext./ Dia.
O carro de
Miguel para bem em frente à porta de entrada, ele desce muito agitado e entra
em casa.
Corta para:
Cena 16.
Mansão Amadeu/ Sala de Estar/ Int./ Dia.
Tia
Pombinha e Milena estão sentadas no sofá, conversando. Miguel entra muito
aflito.
Milena (a
Miguel) – Aconteceu alguma coisa?
Miguel – Não enche o
saco Milena, eu quero falar com a minha mãe, cadê ela?
Tia
Pombinha (debochada) – Deve estar colocando compressa de água quente
na fuça.
Miguel
(desorientado) – Alguém, por favor, chama a minha mãe? Eu preciso
falar com ela urgente.
Nesse
instante Teresa aparece.
Teresa – Quer que eu
chame?
Miguel – Chama
agora, diz que é muito urgente. Eu tô esperando-a no escritório.
Teresa sobe
as escadas em direção ao quarto de Vitória e Miguel vai em direção ao
escritório.
Tia
Pombinha – Pelo jeito, seu digníssimo esposo fez algo muito
sério.
Milena – Tipo?
Tia
Pombinha – Ou ele fez algo muito sério, ou a mentira da
gravidez que vocês inventaram, não está dando muito certo.
Milena
(assustada) – Você sabia desde o início?
Tia
Pombinha – Eu tenho meus informantes, e esse plano de vocês,
foi sutil feito um elefante.
Milena fica
visivelmente preocupada.
Corta para:
Cena 17.
Mansão Trajano/ Quarto de Mafalda/ Int./ Dia.
Meg está de
pé, andando de um lado para o outro, visivelmente aflita. Já Mafalda, está
sentada em uma poltrona, olhando para Meg.
Mafalda – A hora que
você quiser começar, será essa mesma.
Meg respira
fundo e fica parada no lugar.
Meg – Você sabe
que eu fui prostituta como a Vitória. Isso não é segredo, que lá em Vila Velha,
nós éramos pombinhas da Madame Catalina.
Mafalda – Um passado
seu que eu reprovo.
Meg – Enfim,
desde aquela época, a Vitória era ambiciosa. Estava naquela vida, mas seu
desejo era casar-se com um velhote rico.
Mafalda – Tipo o
Ângelo.
Meg – Exato. O
fato é que não sei por que cargas d’água o Ângelo apareceu lá. Saiu com a
Vitória e dois dias depois apareceu lá novamente, mas dessa vez saiu com outra
mulher, a Jerusa. Até aí normal, pois clientes gostam de variar. Mas acontece
que a Vitória ficou sabendo que o Ângelo era rico.
Mafalda – Aí usou a
sedução para poder laçar o Ângelo?
Meg – A essa
altura da história, o Ângelo estava apaixonado pela Jerusa. Eles começaram a
ter um caso, e ele acabou engravidando ela. Por um bom tempo, a Jerusa sumiu e
teve a filha dela na casa da irmã, e deixou essa irmã cuidando da criança.
Mafalda – Resuma a
história, eu não tô entendendo onde essa história vai dar.
Meg – O fato é
que antes da Jerusa contar para o Ângelo que tinha tido uma filha com ele, a
Vitória matou a Jerusa. Matou e escreveu uma carta em nome da coitada, contando
que nunca gostou dele. O fato é que o Ângelo, um homem tão esperto, caiu na
lábia da Vitória, e desiludido casou com ela e a trouxe para Flores.
Mafalda – A Vitória
matou uma pessoa?
Meg – A Vitória
matou não só uma pessoa. A Vitória matou três pessoas. E eu sabia de todos
esses assassinatos.
Mafalda
(horrorizada) – A Vitória é uma assassina e você acobertou? Como
você pode saber de tanta sujeira e ficar calada, agir naturalmente?
Meg – A Vitória
me envolveu, eu não sei como, mas quando eu vi, já estava atolada até o
pescoço. (t) Mas o fato é que você conhece a filha do Ângelo.
Mafalda – Conheço?
Meg – Regina
Albuquerque Leão, vulgo, Regininha.
Mafalda
fica em estado de choque.
Meg – Ela foi
criada pela tia, a Dama Albuquerque. A Dama criou essa menina, nutrindo nela o
desejo de acabar com a vida da Vitória, mas infelizmente, uma das vítimas foi a
tia dela.
Mafalda – Então a tia
da Regininha, foi morta pela Vitória?
Meg – A Vitória
queimou a mulher viva.
Mafalda
fica pasma.
Mafalda – Quanta
crueldade, meu Deus. Mas quem é a outra vítima dessa despudorada?
Meg – Antero. Ela
dopou e jogou o corpo dele na linha do trem na saída da cidade.
Mafalda – E você
sabia de tudo?
Meg – A Tia
Pombinha seguiu a Vitória e gravou a morte do Antero. É por isso que ela está
malocada lá na casa da Vitória.
Mafalda
(preocupada) – Tia Pombinha pode ser a próxima vítima dessa louca.
Meg
(emocionada) – Não. Por algum álibi, que desconheço, a Tia Pombinha
está salva por enquanto. A próxima Vítima da Senhora Vitória Amadeu, serei eu!
Corta
rápido para:
Cena 18.
Mansão Amadeu/ Escritório/ Int./ Dia.
Miguel e
Vitória estão sentados conversando. Conversa já iniciada.
Vitória – Então quer
dizer que a Fernanda há essa hora encontrou São Pedro?
Miguel – Mãe, a
história não é assim tão simples assim. Eu matei uma pessoa, e agora?
Vitória
(fria) – Alguém viu? Foi em centro de cidade?
Miguel – Foi numa
estrada deserta, eu a atropelei e depois enterrei num matagal.
Vitória
(contente) – Menos uma pra pesar na face da Terra. Ninguém vai
dar falta.
Miguel – Mas ela tem
uma filha.
Vitória – Deixa
comigo agora. O restante do jogo eu termino.
Miguel fica
desesperado e seu celular toca.
Miguel
(nervoso) – Deve ser a polícia. Meu Deus é a polícia.
Vitória – Atende isso
logo. Naquela estrada não passa nem carro, quem dirá esses preguiçosos desses
palermas de uniforme.
Miguel
atende o celular.
Miguel
(cel.) – Alô. Oi Ellen...
Vitória – Se for
dinheiro, fala que a gente não tem mais. Mulherzinha mesquinha, toda hora quer
dinheiro.
Miguel
(cel.) – O que? Como foi isso? (PAUSA) Mas eu te paguei muito bem para
vigiar essa louca. Dá seu jeito e vai atrás dela, agora. Se vira.
Miguel
desliga o celular.
Vitória – E o que a
extorque queria?
Miguel – Me ligou
pra avisar que a Eva fugiu.
Vitória – E você tá
preocupado com ela?
Miguel – Lógico que
não. Mas quero-a sob os nossos domínios.
Vitória – Mudando de
assunto, Miguel eu preciso de dinheiro.
Miguel – Pra que?
Vitória – Não tá
vendo a minha cara toda inchada não?
Miguel – Tô, mas tô
tão nervoso que até esqueci-me de perguntar o que houve.
Vitória – A Meg
esteve aqui em casa e me deu uma surra. É que ela sabe demais da minha vida e
tá decidida a acabar comigo, eu preciso fugir ainda hoje. Vou pra São Paulo e
de lá passo uma temporada em Buenos Aires, mais ou menos um mês, até o caldo
esfriar.
Miguel – Eu não
tenho muito dinheiro, mas pra essa fuga, acho que é suficiente.
Corta para:
Cena 19.
Flores/ Pontos Turísticos/ Ext./ Dia-Noite.
(Música
“Uma história de Amor” – Fanzine.) Transposição do dia para a noite com vista
aérea, plano aberto. CAM aérea faz um clipe dos principais pontos turísticos da
fictícia cidade de Flores. Clipe com suaves emendas das imagens, a fim de
mostrar toda a beleza da cidade, na seguinte ordem: 1º: Pórtico de entrada da
cidade, , com o letreiro “Bem vindo à Flores” . 2º: Praça Central, com um lindo
chafariz no meio, e uma iluminação toda sincronizada e colorida. 3º: Cruzeiro
Municipal, localizado no morro mais alto da cidade, com uma cruz imensa branca,
feita em concreto e com iluminação interna, cercado por um grande gramado que é
delimitado por canteiro de diversas flores campestres.
Corta para:
Cena 20.
Mansão Amadeu/ Sala de Estar/ Int./ noite.
A sala está
com duas malas ao centro, enquanto Teresa desce as escadas com outra mala e a
coloca ao lado das outras. Tia Pombinha vem vindo da cozinha e estranha.
Tia
Pombinha – Quem está se mudando?
Teresa – A dona
Vitória vai viajar para São Paulo.
Tia Pombinha
– E
precisa levar isso tudo?
Teresa – Ela sempre
foi muito vaidosa.
Tia
Pombinha – Isso pra mim tá com cara de fuga.
Teresa – O que?
Tia
Pombinha – Não é nada.
Teresa sai
em direção à cozinha e Tia Pombinha se senta no sofá. Logo depois descem: Milena
com Vitor no colo, Miguel, Vitória e Eneida.
Eneida (a
Vitória) – Tem certeza de que você deseja mesmo fazer essa
viagem tão apressada?
Vitória – É um mal
necessário. Eu preciso esfriar a cabeça, antes de voltar e enfrentar coisas
terríveis.
Tia Pombinha
– Não
vai esperar a vinda da Gaivota?
Vitória – A Gaivota
que voe sozinha, tô me lixando pra ela.
Vitória
pega uma mala, enquanto Miguel pega as outras duas e saem em direção ao jardim.
Corta para:
Cena 21.
Mansão Amadeu/ Jardim/ Ext./ Noite.
Um táxi
está parado em frente a porta principal. Miguel termina de colocar as malas no
porta-malas e fecha. Vitória abraça Miguel muito forte.
Vitória – Eu não sei
qual o rumo que a minha vida vai tomar daqui pra frente. Talvez esse seja um
adeus, um até breve, ou uma despedida em definitivo. Mas eu prometo, de onde eu
estiver, estarei pensando em você meu filho.
Miguel
começa a chorar.
Miguel – Eu odeio
despedidas.
Miguel
entra correndo em casa, quando Vitória vai entrar no táxi, Tia Pombinha corre e
a segura forte pelo braço.
Vitória
(raiva) – Larga meu braço, sua.../
Tia
Pombinha – Você não vai escapar tão fácil da Gaivota e nem sair
impune de todas as atrocidades que fez.
Vitória – Eu sou
Vitória. Não tem como ganhar de mim. Game Over pra você e pra essa Gaivota
Gazela que você diz existir.
Vitória
solta o braço da mão de Tia Pombinha e entra no táxi, que dá partida.
Corta para:
Cena 22.
Rodoviária/ Ext./ Noite.
Fluxo
grande de pessoas e ônibus pelo local. Em meio a multidão, aparece Edu, com uma
mala numa mão e uma passagem na outra. Ele olha a passagem e segue até parar na
Plataforma 12. Entra numa fila e fica esperando.
Corta para:
Cena 23.
Ônibus/ Int./ Noite.
Edu está
sentado em um banco próximo a janela, até que alguém senta-se ao seu lado e lhe
dá um beijo no rosto. Ele olha espantado.
Edu
(surpreso) – Malu?
Malu abre
um lindo sorriso.
Malu – Eu fui uma
idiota de ter te deixado escapar. Você é o amor da minha vida. Que você vá para
a Patagônia, eu irei junto.
Edu – Então quer
dizer que.../
Malu – Que estou
indo para a Cidade Maravilhosa com você. Que voltamos a namorar e que eu quero
muito que dessa vez dê certo.
Edu – Mas e a sua
mãe?
Malu – Ela não
estava em casa, eixei um bilhete e número de telefones do seu pai.
Edu – Você é uma
louca.
Malu – Louca eu
fui em deixar você quase escapar de mim. Imagina só, viver infeliz, por culpa
de um beijinho sem importância que você deu na Tamara. A vida é muito maior que
isso tudo.
Edu e Malu
se beijam.
Corta para:
Cena 24.
Praia de Copacabana/ Ext./ Dia.
(Música
“Águas de Março” – Tom Jobim). Fabrício e Eva passeiam pela orla da praia de
mãos dadas e sorridentes. A cada poucos passos, os dois se beijam.
Corta para:
Cena 25.
Praia de Copacabana/ Quiosque/ Dia.
(Fad out
trilha). Fabrício e Eva estão sentados em bancos, tomando água de coco e
conversando.
Fabrício – Já liguei e
acertei a compra da Livraria Dom Casmurro para você.
Eva
(animada) – Jura? Ai que maravilha.
Fabrício – Fiz como
você me pediu. Comprei no meu nome, mas com plenos poderes a uma pessoa, a qual
não revelei.
Eva – Obrigado.
Eva olha
para o relógio.
Eva – O que será
que aconteceu? Essa hora já era para a Yvete e a sobrinha dela estarem aqui.
Em seguida,
Yvete aparece com uma moça a seu lado.
Yvete – Desculpem-me
a demora, mas atravessar a cidade, com destino a Zona Sul, não é fácil não.
Eva e
Fabrício se levantam e cumprimentam Yvete.
Yvete – Essa moça
linda que está aqui é a minha sobrinha, Heloísa Ambrósio.
Eva – Prazer
Heloísa.
Heloísa – O prazer é
todo meu.
Eva – Já comentei
com o Fabrício, que após o nosso casamento, iremos todos para Flores. Vou tomar
posse da livraria e rever algumas personalidades importantes.
Corta para:
Cena 26.
Apto de Fabrício/ Sala/ Int./ Dia.
Regininha
está encerando o chão, quando seu celular toca.
Regininha
(cel.) – Alô. (PAUSA) Álvaro? É você? Meu Deus, achei que tivesse me
esquecido. (pausa) Claro que te encontro, daqui uma hora, pode ser? Ótimo,
beijo!
Regininha
desliga o celular e começa a comemorar.
Corta para:
Cena 27.
Mansão Amadeu/ Sala de Estar/ Int./ Dia.
Milena está
ninando Vitor, enquanto Miguel lê a um jornal.
Miguel – Mas posso
esperar pra pegar esse exame de DNA e ter acesso a minha fortuna.
Milena – E quando
sai?
Miguel – Daqui duas
semanas.
Nesse instante
a campainha toca.
Milena – Amor, vai
atender.
Miguel – Eu não, a
Teresa é muito bem paga pra isso.
Milena – Só que a
Teresa saiu, foi fazer compra.
Miguel (se
levantando) – Que inferno.
Miguel se
levanta e vai atender a porta, até que fica paralisado, estático olhando a
pessoa, que não é revelada.
Milena (tom
alto) – Quem é? Parece que viu um fantasma.
Nesse
instante Ana Rosa adentra a sala, com um vestido azul e maquiagem e penteados
perfeitos.
Ana Rosa (a
Milena) – Fantasma não, mas uma princesa sim.
Ana Rosa se
encaminha até o meio da sala e Miguel fecha a porta e fica a admirando.
Milena – Qual foi
sua quenga, veio destruir um casamento?
Ana Rosa – Numa caixa
d’água, só vaza se estiver rachada, sabia?
Miguel – Você tá
linda Ana Rosa.
Ana Rosa (a
Miguel) – Muito obrigada!
Milena – Eu vou
subir e dar de mamar ao meu filho, que não merece ver esta cena e ouvir essas
falas vazias.
Milena sobe
as escadas com ódio.
Miguel
chega mais próximo de Ana Rosa.
Miguel – Veio fazer
o que aqui?
Ana Rosa – Buscar o
que é meu. O que eu sempre quis. Vim pegar você pra mim.
Miguel – Sabe que
vai enfrentar uma guerra com a Milena né?
Ana Rosa – Não se bate
em cachorro morto. O casamento de vocês já esfriou faz tempo, aliás, tá mais
gelado que o Polo Norte.
Miguel – Então venha
cá me dar um abraço.
Miguel e
Ana Rosa se abraçam e acabam se beijando.
Corta para:
Cena 28.
Rio de Janeiro/ Praça/ Ext./ Dia.
Álvaro está
sentado em uma praça, quando Regininha aparece.
Álvaro – Helena?
Regininha –
Álvaro?
Álvaro e
Regininha se abraçam e se beijam.
Regininha –
Eu
menti para você aquele dia, meu nome não é Helena, eu me chamo Regina, mas todo
mundo me chama de Regininha. Eu menti, porque estava com medo, acuda.
Álvaro – Fique calma
minha linda, eu também tive que mentir. Eu demorei a te ligar, porque era
casado, mas me divorciei. Tô livre pra vida, pra viver outro amor.
Regininha –
Para
viver o nosso amor, a nossa vida.
Álvaro – Eu vim para
essa cidade, a fim de tentar te encontrar e recomeçar do zero, tudo!
Regininha e
Álvaro se abraçam.
Corta para:
Cena 29. Rio
de Janeiro/ Corcovado/ Ext./ Dia-Noite-Dia.
(Música
“Relicário” – Nando Reis). Imagens do dia amanhecendo, anoitecendo e
amanhecendo várias vezes.
Letreiro:
SEMANAS DEPOIS...
Corta para:
Cena 30.
Rio de Janeiro/ Cartório/ Int./ Dia.
A música da
cena anterior continua. Fabrício está de terno e terminando de assinar num
livro, em seguida, passa a caneta para Eva, que assina seu nome no mesmo livro.
Na frente deles está uma juíza e ao lado, está Yvete, Heloísa e Regininha. Eles
terminam de assinar o livro e colocam um no outro, a aliança no dedo anelar
esquerdo. Em seguida se beijam.
(fad out
trilha).
Eles
recebem as palmas das pessoas presentes.
Eva (a
Fabrício) – Enfim, casados!
Yvete – No civil,
como manda a boa formação moral. Parabéns noivos.
Fabrício – Eu sou o
homem mais feliz do mundo!
Eva e
Fabrício se beijam novamente.
Corta para:
Cena 31.
Apto de Fabrício/ Int./ Sala/ Dia.
Várias
malas estão na sala. Yvete está em um canto falando bem baixinho ao celular.
Heloísa está sentada, enquanto Fabrício e Eva vêm do quarto com mais malas.
Eva – Acho que
isso é tudo pessoal. Estamos prontos para poder ir.
Nesse
momento Regininha aparece com uma bandeja cheia de sanduíches.
Regininha –
Fiz
pra vocês levarem na viagem. Até Flores é uma longa jornada.
Eva – Cadê as
suas malas Regininha?
Regininha –
Eu
não vou mais.
Eva fica
surpresa.
Fabrício – Por que não
quer ir mais?
Regininha –
Me
encontrei aqui no Rio, aqui é onde eu quero viver. Aquela cidade não é pra mim.
Fabrício – E tem
emprego? Tem pra onde ir?
Regininha –
Eu
tenho uns caraminguados, deve dar para ficar numa pensão barata por uns dois
meses. E depois eu vou à luta e arrumo outro emprego. Tô nova e cheia de
energia.
Fabrício – Então já
arrumou. Você será caseira. Vai morar aqui e cuidar do apartamento pra gente,
vai ter salário e tudo mais.
Regininha
(feliz) – Muito obrigada!
Fabrício – Já que a
Regininha não vai, vamos nós mesmos. Partiu galera?
Fabrício
abraça Regininha, em seguida pega algumas malas e sai do apartamento, logo em
seguida Yvete e Heloísa também saem. Eva Fecha a porta e fica olhando para
Regininha.
Eva – Depois de
tudo que a Vitória te fez, você vai deixar por isso mesmo?
Regininha –
Minha
mãe tá morta, minha tia está morta.
Eva – E você quer
que ela continue causando dor a outras pessoas?
Regininha –
Tentando
me vingar dela, eu estaria correndo risco de vida e, ainda por cima, estaria me
igualando a ela.
Eva – Mas o que
ela fez não tem perdão.
Regininha –
Eu
não estou absolvendo ninguém, muito pelo contrário, eu estou ciente dos erros,
das atrocidades que a Vitória fez, mas eu não vou me igualar a ela. Não vou me
desgastar. Eu não nasci pra viver em prol de uma vingança.
Eva – Não é
vingança, é justiça! JUS-TI-ÇA!
Regininha –
Que
seja. Eu não quero mais pautar a minha vida na família Amadeu. Você é
diferente, seu filho tá lá, você como mãe quer tomar-lhe o que é seu por
direito. Mas e a mim? O que eu vou fazer depois? Após essa vingança, ou
justiça, que pode levar semanas, meses e até anos, me sentirei vazia, sem rumo.
Alçada a um mísero ser que remou em uma única direção, sem perspectiva de
futuro.
Eva – Muito pelo
contrário, Regininha. Você estaria traçando seu futuro. Viver sem essa
mediocridade inserida em você.
Regininha –
Eva,
eu tô feliz aqui. Eu não quero e não vou voltar atrás. Eu quero recomeçar
daqui, de onde eu parei. Eu arrumei outra pessoa e juntos faremos o nosso
futuro. Pra mim, o amor vem em primeiro lugar. Eu aprendi isso e não quero
cometer erros outras vez. Desculpa, mas eu vou ficando por aqui. Se sou esperta
ou idiota, eu não sei, mas fico lhe devendo essa.
Eva abraça
Regininha.
Eva – Fica com
Deus. É bom saber que seu coração está cheio de amor.
Eva pega
sua mala e sai.
Corta para:
Cena 32.
Mansão Amadeu/ Sala de Estar/ Int./ Dia.
Milena, Tia
Pombinha e Eneida estão sentadas no sofá conversando, quando Miguel aparece,
sorridente e com um envelope nas mãos.
Miguel
(gritando/feliz) – Eu tô rico!
Miguel vai
até Milena e lhe dá um selinho.
Milena – Esse é o
exame de DNA?
Miguel – É. Já abri
e mandei cópia para o advogado do caso do testamento.
Milena – E o que ele
disse?
Miguel – Até o fim
da semana eu tomo posse da grana e serei nomeado presidente da La Salud.
Tia
Pombinha – Parabéns! Conseguiu o que queria. A mãe não
precisava fazer o teste de DNA não?
Miguel e
Milena se olham tensos.
Eneida – Eu vou pra
piscina pegar uma cor.
Eneida sai
da sala.
Milena – Vou ver se
o Vitor ainda está dormindo.
Milena sobe
as escadas.
Miguel puxa
o cabelo de Tia Pombinha e a levanta do sofá.
Tia
Pombinha (gritando) – Tá doendo, merda!
Miguel
(fúria) – Pra você aprender a não se meter a besta comigo. Uma única
palavra sobre o meu filho e eu acabo com a sua raça.
Miguel
solta o cabelo de Tia Pombinha e sobe as escadas com raiva.
Tia
Pombinha – Se eu estivesse usando mega hair, a essa hora
estaria carequinha da silva. Bruto e com pegada, assim que eu gosto.
Corta para:
Cena 33.
Flores/ Pontos Turísticos/ Exterior/ Dia – Noite.
Música “Uma
história de Amor” – Fanzine.)Transposição do dia para a noite com vista aérea,
plano aberto. CAM aérea faz um clipe dos principais pontos turísticos da
fictícia cidade de Flores. Clipe com suaves emendas das imagens, a fim de
mostrar toda a beleza da cidade, na seguinte ordem: 1º: Pórtico de entrada da
cidade, feito de madeira envernizada e coberto por telha colonial portuguesa,
com o letreiro “Bem vindo à Flores”. 2º: Praça Central, com um lindo chafariz
no meio, cercada por bancos com pessoas e animais domésticos, além de alguns
vendedores de pipocas e brinquedos. 3º: Cruzeiro Municipal, localizado no morro
mais alto da cidade, com uma cruz imensa branca, feita em concreto e com
iluminação interna, cercado por um grande gramado que é delimitado por canteiro
de diversas flores campestres.
(Fad out
trilha).
Corta para:
Cena 34.
Mansão Amadeu/ Jardim/ Ext./ Noite.
O jardim
está todo iluminado. O carro de Fabrício chega e para bem em frente a porta de
entrada. Todos descem do carro.
Fabrício – Tem certeza
que vocês duas vão ficar aqui?
Yvete – Heloísa e
eu temos que ficar aqui, para que vocês aproveitem bastante a lua de mel.
Amanhã faremos uma visita a vocês.
Eva – Fabrício,
vá indo para a pousada. Eu tomarei um táxi em seguida, só quero chegar com as
duas aqui.
Fabrício – Eu te
espero. Não quero entrar, porque sei
que a Ana Rosa está aí.
Eva – Por favor,
meu amor. Vai arrumando as coisas e descansando. Pois hoje a nossa noite
promete.
Eva dá um
beijo em Fabrício, QUE SORRI E ENTRA NO CARRO DANDO PARTIDA.
Yvete – Nunca
pensei que o Fabrício fosse tão tolo.
Heloísa – Não podemos
perder tempo, vamos entrar?
Eva respira
fundo e as três se encaminham para a entrada.
Corta para:
Cena 35.
Mansão Amadeu/ Escritório/ Int./ Noite.
Miguel está
sentado, analisando alguns papéis.
Miguel (pra
si) – Acho que a La Salud não está dando lucro e sim prejuízo. Preciso
vendê-la e sumir dessa pátria tupiniquim.
Nesse
instante alguém bate a porta.
Miguel (tom
alto) – Entra!
Nesse
instante Teresa entra.
Teresa – Com licença
doutor Miguel, mas é que tem duas senhoras lá na sala e exigem falar com o
senhor.
Miguel – Se
identificaram?
Teresa – Uma disse
ser tia da sua mãe e a outra prima.
Miguel – Eu vou lá
acabar com essa cena circense.
Corta para:
Cena 36.
Mansão Amadeu/ Sala de estar/ Int./ Noite.
Yvete e
Heloísa estão sentadas no sofá, Miguel aparece.
Miguel
(rude) – O que as cambalacheiras procuram?
Yvete e
Heloísa se levantam.
Yvete
(estendendo a mão) – Sou Yvete Medeiros de Amadeu, tia de Vitória Lemos
de Amadeu.
Miguel olha
sério para ela e não estende a mão.
Heloísa – Sou Heloísa
Ambrósio, prima de vocês.
Miguel ri
ironicamente.
Miguel – Vieram por
causa da grana, não foi?
Yvete – Que grana?
Eu vim, porque quero, depois de 25 anos, reencontrar a minha sobrinha.
Miguel – Perdeu a
viagem, a minha mãe está viajando.
Nesse
instante Teresa aparece.
Teresa – Desculpa
senhor Miguel, mas a sua mãe já voltou de viagem e faz uma hora mais ou menos.
Miguel
(surpreso) – A minha mãe voltou? E por que ela não foi ao
escritório falar comigo?
Teresa – Disse que
estava cansada da viagem.
Miguel – Então chama
a dona Vitória lá e diz que tem uma surpresa nada agradável para ela aqui
embaixo.
Teresa sobe
as escadas apressadamente.
Yvete – Eu acho que
você é que não vai gostar da surpresa que eu trouxe.
Miguel – Nada que
venha de uma velha pobre pode me causar qualquer abalo.
Nesse
instante Eva adentra a sala.
Eva
(convicta) – Nem eu?
Miguel fica
surpreso e atônito.
Eva – Perdeu a
fala, meu querido noivo? Eu voltei.
Miguel
(atônito) – Como você conseguiu voltar?
Eva – Segredo.
Yvete – Vou tomar
uma água e já volto. As emoções serão fortes demais essa noite.
Yvete sai
em direção à cozinha.
Miguel se
aproxima de Eva.
Miguel
(cabisbaixo) – Eu não queria ter feito aquilo, desculpa, eu te amo
muito!
Eva dá um
tapão na cara de Miguel.
Eva – Você não
esperava que eu voltasse, não é mesmo? Achou que aquele sanatório resolveria
todos os seus problemas. Sinto lhe informar meu caro, mas a sua máquina de
problemas acabou de voltar ao funcionamento.
Heloísa – Cadê a
minha prima Vitória? Cheguei e quero aplausos. Quero ser recepcionada com uma
comitiva.
Nesse
instante Eneida desce as escadas.
Eneida
(descendo as escadas) – Que barulhada é essa?
Heloísa – Eneida?
Eneida olha
Heloísa e fica surpresa.
Miguel – Você
conhece essa criatura?
Heloísa (a
Miguel) – Criatura não, porque o mesmo sangue que corre nessa sua veia
deliciosa, que está abaixo desse músculo esculpido deliciosamente na academia,
é o mesmo sangue que o meu.
Eneida – Eu conheço
Heloísa Ambrósio muito bem. Helô, como é chamada, mora no Rio de Janeiro.
Miguel – Tá
explicado então. Eva trouxe toda a comitiva.
Logo depois
Vitória desce as escadas.
Vitória
(rude) – Alguém pode me explicar o que tá acontecendo aqui?
Heloísa – Eu sou a
sua prima. Vim passar uma temporada aqui.
Vitória
olha Eva e fica assustada.
Eva – Boa noite,
Vitória Lemos de Amadeu. Achou que eu estaria naquele mausoléu do Jardim
Botânico? Engano seu, querida.
Vitória (surpresa)
–
Como é que você.../
Eva (corta)
– Eu
conheci as pessoas certas, aprendi a fazer as alianças necessárias, meu bem.
Miguel (a
Vitória) – Por que você não contou a ninguém que tinha uma
prima? Aliás, porque essa sua prima chega exatamente no dia em que você voltou
de viagem? Acho que tem muita coisa a ser revelada, não é mamãe?
Vitória – Eu tive que
voltar antes...
Heloísa – Vem cá,
você não vai dizer para ninguém o motivo dessa sua viagem? A gente já sabe que
você só voltou, porque ficou sabendo da visita que a sua titia iria fazer a
você.
Vitória
(irônica) – O caminhão da família Buscapé enguiçou aí na porta,
foi? Que tia? Eu descubro que tenho uma prima, agora vou descobrir que tenho
uma tia?
Eva
(gritando) – Heloísa está falando da sua tia Yvete.
Vitória
(incompreensiva) – Que Yvete?
Yvete
(voltando à sala) – Eu, querida sobrinha.
Vitória olha
Yvete e fica muito espantada.
Eva – Yvete, onde
é que você estava Yvete?
Yvete – Fui tomar
água.
Miguel – Agora não
tô entendendo nada. Aparece a ex-falsa noiva, a suposta prima e agora uma tia?
É isso mesmo produção? Se isso daqui fosse uma novela, juraria que era obra do
caduco do Wesley Alcântara. Mas como é vida real, alguém precisa me explicar
direitinho essa situação.
Vitória
(nervosa) – Eu não conheço essas pessoas.
Eneida – Chega de
teatrinho Vitória. Acabou pra você, como dizem nos filmes: Game Over! Conta de
uma vez por todas toda essa história. Esclarece esse passado e seja feliz.
Vitória
fica muito tensa.
Yvete (a
Miguel) – Há muitas coisas sobre o passado da minha sobrinha que você
desconhece. Inclusive que o nome dela é Nameless.
Miguel
(surpreso) – O que?
Yvete – Prepare-se,
pois as emoções e revelações estão apenas começando.
Miguel fica
muito surpreso e Vitória muito tensa.
Corta para:
Nenhum comentário:
Postar um comentário