CAPÍTULO
32:
CENA 1: Sala da casa de
João Carvalho em Rio das Flores. MANHÃ.
(Continuação
imediata do capítulo anterior)
Alice
ainda está acordando. Cínthia aproxima-se da jovem.
CÍNTHIA:
(GRITANDO) Tá fazendo o que aqui, sua cretina?
ALICE:
Não sei. Me sequestraram.
CÍNTHIA:
(PARA SANDRO) Seu burro, você sequestrou Alice no lugar da Verônica?
SANDRO:
Eu achava que era a Verônica.
CÍNTHIA:
Você é mesmo um burro, Sandro.
JOÃO:
Já tava previsível isso. Até porque ele é seu amiguinho, Cínthia.
CÍNTHIA:
Se tá mandando indireta pra me chamar de burra, João, saiba que sou melhor pra
você em muita coisa.
JOÃO:
Se for pra me ofender na minha casa, cai fora. Eu tenho que te entregar logo a
mercadoria.
CÍNTHIA:
Ótimo.
JOÃO:
E Leley?
CÍNTHIA:
Tá falando do Wesley?
JOÃO:
Sim. Tá sabendo algo dele?
CÍNTHIA:
Acho que ele ia lá pro Acre. Algum tipo de tráfico na fronteira.
JOÃO:
Atah. Vou pegar a sua encomenda.
João
abre a porta da sua casa e Wesley entra, fechando a porta.
WESLEY:
Buenos dias, amigos.
CENA 2: Quarto de Álvaro
e Viviane na casa deles, Lapa, RJ. MANHÃ.
Álvaro
e Viviane estão deitados no quarto deles. Ele está com uma camiseta e um short,
enquanto ela está somente de camisola.
VIVIANE:
Vamos fazer o que hoje, amor?
ÁLVARO:
Bora ir lá pra São Cristóvão?
VIVIANE:
Lá pro Centro Nordestino?
ÁLVARO:
Sim. Adoro lá. Que tal?!
VIVIANE:
Também gosto. Então vamos na hora do almoço porque tem uns restaurantes
excelentes lá.
ÁLVARO:
Uhum.
Viviane
liga a televisão do quarto.
JORNALISTA:
(NA TV) Bom dia. Nessa manhã, aconteceu um incêndio na Urca. O incêndio
aconteceu num galpão abandonado, que servia de esconderijo para bandidos. Todos
os bandidos que lá estavam morreram, como um dos chefes, Rico Mascarenhas. Rico
e seu bando eram procurados da polícia desde o início do ano e vinham cometendo
crimes como assaltos e até tráfico de drogas e animais. Porém, aproveitando-se
do incêndio, um homem sequestrou uma jovem que trabalhava na região. O nome
dela ainda não foi divulgado.
VIVIANE:
(PARA ÁLVARO) Meu Deus, Alvinho. Será que tão falando da Karina?
ÁLVARO:
Não pode ser. Vou ligar pra ela, Vivi.
Álvaro
pega seu telefone e liga para Karina.
ÁLVARO:
(POR TEL.) Karina, pelo amor de Deus, deixa eu falar com esse bandido.
KARINA:
(POR TEL.) Que foi, paizinho?
ÁLVARO:
Você tá bem?
KARINA:
Sim. Estou aqui na My Body.
ÁLVARO:
Graças a Deus.
KARINA:
Aconteceu alguma coisa, pai?
ÁLVARO:
Mais ou menos, filha. É que vimos aqui na TV sobre um incêndio aí na Urca, aí
uma moça foi sequestrada. Ficamos preocupados.
KARINA:
Não sabia disso. Vou me informas, mas fica calmo, tá, pai?
ÁLVARO:
Agora estou muito mais calmo.
KARINA:
Então agora eu vou voltar pro trabalho. Beijo.
ÁLVARO:
Beijos.
Álvaro
desliga o telefone.
CENA 3: Sala de esperas
em delegacia na Urca, RJ. MANHÃ.
Paula
e Julia entram na sala e aproximam-se de um policial.
PAULA:
Bom dia. Você poderia me dar uma informação sobre o sequestro que aconteceu
hoje de manhã.
POLICIAL:
Senhora, não podemos divulgar essas informações sem autorização do delegado.
PAULA:
Então vai lá dentro e pega a autorização dele.
POLICIAL:
Senhora, não posso me ausentar daqui. O que a senhora precisa saber sobre o sequestro
após o incêndio? E por quê?
PAULA:
Eu tenho uma funcionária da minha academia que sumiu e acho que ela pode ser a
pessoa sequestrada.
POLICIAL:
Então vou ver se já possuímos algum nome. Qual o nome dessa moça?
PAULA:
Alice Cordeiro.
POLICIAL:
Está bem.
O
policial sai da recepção e vai à sala do delegado.
CENA 4: Sala do delegado
em delegacia na Urca, RJ. MANHÃ.
O
policial entra na sala do delegado Lacerda.
POLICIAL:
Delegado, tem uma moça lá fora querendo saber sobre a moça que foi sequestrada
mais cedo.
DEL.
LACERDA: Eu já disse que não é pra dar nenhum tipo de informação.
POLICIAL:
Mas ela insiste.
DEL.
LACERDA: Expulsa ela daqui.
POLICIAL:
Ela se diz patroa de uma tal de Alice Cordeiro.
DEL.
LACERDA: Alice Cordeiro?!
POLICIAL:
Sim.
DEL.
LACERDA: Ok. Manda ela entrar. Ela está sozinha?
POLICIAL:
Não. São duas.
DEL.
LACERDA: Só a patroa entra.
O
policial deixa a sala.
CENA 5: Sala da casa de
João Carvalho em Rio das Flores. MANHÃ.
CÍNTHIA:
Você aqui? Não acredito que isso seja verdade.
WESLEY:
É verdade, querida. Tomou susto?
CÍNTHIA:
Sim. Você é quase uma assombração.
ALICE:
Me tirem daqui, já que erraram ao me pegar.
CÍNTHIA:
Agora que tu tá aqui, praga, não vai ser solta tão cedo.
ALICE:
Mas por quê?
CÍNTHIA:
Você terá certa utilidade.
WESLEY:
Se tá se achando a chefona, Cínthia, pode parar.
CÍNTHIA:
Ah, esqueci de perguntar: o que você tá fazendo aqui, peste?
WESLEY:
Isso você já vai saber.
CÍNTHIA:
(IRÔNICA) Ui, cheio de mistérios!
WESLEY:
Não queria que eu tivesse aqui, Cínthia?
CÍNTHIA:
Você sabe que não.
WESLEY:
Estraguei seus planos, né?
CÍNTHIA:
Talvez.
WESLEY:
Odeio ser estraga prazeres.
CÍNTHIA:
Mas já está sendo.
WESLEY:
Agora eu quero um esclarecimento. Qual a relação de vocês dois com o incêndio
que aconteceu hoje no galpão onde o grupo da Vilma e do Rico Mascarenhas
ficava?
CÍNTHIA:
Que galpão?
WESLEY:
Não se finja de sonsa, Cínthia. Fala logo.
CÍNTHIA:
Não sei de nada.
WESLEY:
(PARA SANDRO) E você, Sandro?
SANDRO:
Também não tô sabendo.
WESLEY:
Vocês acham que conseguem esconder isso de mim, né?
CÍNTHIA:
Já falei que não sabemos de nada.
WESLEY:
(IRÔNICO) Até parece.
CÍNTHIA:
Wesley, mete o pé daqui. A negociação aqui envolve o João, não você, até porque
você nem foi convidado.
JOÃO:
Claro que ele foi.
CÍNTHIA:
Então você tá querendo me ferrar também, João? Você é cínico e burro também.
JOÃO:
Não abre tua boca pra falar de mim, Cínthia.
CÍNTHIA:
Eu posso falar sim. Teu nome tá mais sujo que pau de galinheiro.
JOÃO:
Como assim?
CÍNTHIA:
A polícia daqui a pouco vai estar aqui na tua porta, querido. Por isso quero
logo a mercadoria.
JOÃO:
Tá querendo dizer que você vai me entregar pra polícia, Cínthia?
CÍNTHIA:
Entenda como você quiser.
Wesley
pega a chave da casa de João e tranca a porta principal.
WESLEY:
Quem é burro agora, Cínthia?
CÍNTHIA:
Abre essa droga, Wesley.
WESLEY:
Não abriremos até você responder aquela pergunta que fiz sobre o incêndio.
Vocês acham que conseguem me enganar trocando de assunto, né? Mas estão muito
enganados com isso.
CENA 6: Sala do delegado
em delegacia na Urca, RJ. MANHÃ.
Paula
entra na sala do delegado.
PAULA:
Bom dia, senhor delegado.
DEL.
LACERDA: Bom dia, dona Paula.
PAULA:
Delegado, pretendo ser breve até porque a minha amiga está lá fora me
esperando. Eu quero saber se a vítima do sequestro é uma funcionária da minha
academia, a Mais Saúde, que está
desaparecida. Ela é Alice Cordeiro.
DEL.
LACERDA: Bem, senhora, não podemos dar informações tão precisas como o nome da
vítima ainda, mas se for realmente essa moça, assim que puder, eu lhe darei
informações. Só preciso do seu telefone para contato.
PAULA:
Ok. Eu tenho um cartãozinho.
Paula
entrega um cartão de papel para o delegado Lacerda.
DEL.
LACERDA: Obrigado, dona Paula. Até mais.
Paula
levanta-se da cadeira.
PAULA:
Obrigada o senhor, delegado. Até mais.
Paula
sai da sala.
CENA 7: Recepção da ‘Mais
Saúde’, Urca, RJ. MANHÃ.
Paula
e Julia chegam à recepção. Ingrid, Rejane, Susana e Hugo esperam as duas.
SUSANA:
Como foi lá?
PAULA:
O delegado não quis dizer se foi mesmo a Alice, mas se eles souberem de alguma
coisa, irão me falar.
HUGO:
(PARA PAULA) Paula, vamos lá pro escritório? Temos umas contas a fazer.
PAULA:
Tá. Daqui a pouco eu chamo vocês, Ingrid e Rejane. Acertei os nomes:
REJANE:
Sim.
Paula
e Hugo saem da recepção e sobem as escadas para o segundo andar.
INGRID:
Alguém poderia me mostrar uma foto dessa moça pra eu ver se a vi?
REJANE:
Até parece que você tem boa memória, Ingrid.
INGRID:
Tenho sim.
Susana
mostra, no celular, uma foto de Alice para Ingrid.
INGRID:
Eu vi essa moça ontem no hospital.
REJANE:
Sério, Ingrid?
CENA 8: Escritório na
academia ‘Mais Saúde’, Urca, RJ. MANHÃ.
Paula
e Hugo entram na pequena sala.
PAULA:
O que foi, Hugo?
HUGO:
Nada demais. Eu só quero ficar um pouquinho com você mesmo.
Hugo
começa a tirar sua blusa.
PAULA:
Hugo, primeiro preciso conversar com a Ingrid e Rejane.
HUGO:
Elas podem esperar um pouco.
Hugo
e Paula se beijam. Paula para de beijar e afasta-se dele.
HUGO:
O que foi?
PAULA:
Não sei. Me deu um enjôo.
HUGO:
Melhor ir no médico.
PAULA:
Sim. Primeiro eu converso com elas, depois vou lá.
HUGO:
Deixa que eu converso e você vai lá. Logo que eu acabar aqui, vou lá pra te
acompanhar.
PAULA:
Eu peço pra Julia ir comigo.
HUGO:
Ok.
Os
dois se beijam novamente e ela sai da sala.
CENA 9: Recepção da ‘‘Mais
Saúde’’, Urca, RJ. MANHÃ.
INGRID:
Sim.
JULIA:
Que horas?
INGRID:
Foi de noite.
SUSANA:
Deve ter sido a hora que a Alice nos trancou.
JULIA:
Ela ficou muito tempo lá?
INGRID:
Não, ela entrou, falou com uma pessoa e saiu.
REJANE:
Não reparei nisso.
INGRID:
Você tinha ido fazer alguma coisa, banheiro ou água.
REJANE:
Ah, sim. Então foi ela que te perguntou algo da Cínthia e você recusou?
INGRID:
Sim.
JULIA:
A Alice falou com você?
INGRID:
Sim, queria saber algo da Cínthia Corlonn, mas eu disse que não poderia falar
nada.
SUSANA:
Ah, sim. Mas por que ela perguntaria algo da Cínthia pra você?
INGRID:
Nós trabalhávamos com a Cínthia.
JULIA:
Sério?
REJANE:
Sim, mas ai ela deu aquele sumiço desde ontem.
SUSANA:
Ah é. Até saiu no blog da Helô Ambrósio uma postagem sobre isso.
INGRID:
O que ela fala?
Susana
pega seu celular e procura a postagem sobre Cínthia no blog de Heloísa Ambrósio.
SUSANA:
(LENDO POSTAGEM NO CEL.) ‘‘Após pagar um enorme mico, ou seja, um verdadeiro chimpanzé,
Cínthia Corlonn, a mais invejosa e recalcada das socialites cariocas, fugiu
nessa manhã, de helicóptero particular, num heliporto da Urca. A recalcada
viajou com mais um de seus peguetes, mas o destino dela ainda é desconhecido. Tomara
que seja um lugar bem distante de nós. ’’
REJANE:
Dever ser o Sandro. Ele era amiguinho dela há um bom tempo.
INGRID:
Concordo.
Paula
passa pela recepção.
PAULA:
Ingrid e Rejane, o Hugo vai conversar com vocês sobre o emprego lá em cima. Podem
subir.
REJANE:
Ok.
Ingrid
e Rejane sobem as escadas.
PAULA:
Julia, você pode vir comigo ao hospital? Não estou muito bem.
JULIA:
Claro.
PAULA:
Tchau, Susana. Daqui a pouco a gente volta.
SUSANA:
Tchau. Boa sorte lá.
Paula
e Julia deixam a academia.
CENA 10: Sala da casa de
João Carvalho em Rio das Flores. MANHÃ.
WESLEY:
Respondam!
CÍNTHIA:
Fala logo, Sandro.
SANDRO:
Eu? Não tô sabendo de nada.
WESLEY:
(GRITANDO) Sandro, fala logo!
SANDRO:
Já disse que não sei.
Wesley
tira uma arma do seu bolso traseiro e aponta ela para Sandro.
WESLEY:
Vai falar ou não, Sandro?
SANDRO:
Tá me ameaçando, pagodeiro? Não tenho medo de você.
WESLEY:
Mas da arma você tem.
SANDRO:
Também não.
WESLEY:
Então vamos ver se é verdade.
Wesley
atira duas vezes no lado esquerdo do peito de Sandro, que cai no chão.
CÍNTHIA:
(GRITA) Nãaoooooo!
CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO...

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