quinta-feira, 21 de maio de 2015

Capítulo 16: Lúcia

A Batalha
        
         Fomos até a sala do diretor, onde estava o bispo Saul olhando pela janela, com seu cajado na mão. O mestre nos deixou a sós com ele:
         - Olá meus jovens! - falou ele ainda olhando a paisagem- Dia lindo esse!
         - Sim, bispo! - falei um pouco acanhada
         - Sentem-se! - disse ele andando até a poltrona do mestre Antonio. Nos sentamos- Eu vim até aqui porque recebi um recado do filho de Dumber, o santo Lucas!
         - E é para todos nós? - perguntou Miguel- Eu pensei que eu e Rafael fossemos...
         - Pecadores? - o indagou- Claro que não! Vocês fazem parte dos planos de Dumber! Só ele pode julgar! O santo disse que o amor verdadeiro entre o mesmo sexo existe sim e que não existe pecado onde há o amor, meus filhos. A discriminação é um crime contra a sociedade! Dumber os criou assim para um proposito e quem somos nós para abolir isso? Mas não foi só de vocês que eu vim falar, vim passar um recado do mais alto!
         - O senhor já viu eles? - perguntou Leticia admirada
         - Claro! E foi lindo! Só os vi uma única vez! Agora, bem, agora, só os ouço e obedeço! Sou sacerdote de Dumber e o bispo da igreja dEle, por isso sou a única pessoa viva que já o viu e escuta-os!
         - Interessante! - falou Marcos também admirado
         - Lucas pediu para dizer que vocês estão no caminho certo, vocês não devem desanimar e que na luta eles estarão do lado de todos. Ele é o senhor dos que guerreia a favor da luz! O santo também mandou dizer que o que tiver que acontecer irá acontecer, pois Dumber já escreveu tudo! E para Lucia ouvir o seu coração e deixar que o amor fale mais alto! Pediu também para Amanda não deixar que o orgulho atrapalhe sua sabedoria! E ele disse que o verdadeiro amor prevaleça acima da falsidade, que Miguel e Rafael lutem pela igualdade social!
         Naquele momento eu e todos estavam com os olhos molhados de lagrimas. Estávamos felizes por saber que o santo Lucas estava a nosso favor. Aquela era a maior prova de que tudo que estávamos fazendo era certo.
         - Agora, preciso ir! - falou ele indo em direção a janela- Peçam para o mestre ir com vocês! Não vão sós! - assim que terminou de falar, ele levantou seu cajado no alto e girou-o sentido horário desparecendo.

         Era cinco da tarde, estava eu, Leticia, Amanda, Alana, Marcos, Rafael e Miguel no salão triunfal do castelo, nossas varinhas estavam na mão. O mestre abriu a porta do salão e entrou, atrás dele veio sacis, curupiras, mapiguaris, o negrinho do pastoreiro, sentauros, ceifadores, Almans, unicornios, Estron, pegasus e os professores:
         - Vocês- falou o diretor, apontando para nós- Vão na frente! Esse guerra é de vocês! - olhamos um para o outro, eu estava na frente do grupo, seguindo de Amanda, Miguel, Rafael, Marcos, Alana e Leticia. Vi meu padrasto junto com os professores. O mestre estralou os dedos e vassouras apareceu ao nosso lado. - Quando estiverem prontos!
         Acenei com a cabeça e todos nós saímos voando, alguns animais correndo, do salão triunfal. O vento em meu rosto me deu a sensação de liberdade. Eu estava sempre na frente, o sol estava se pondo. Uma coluna de fogo foi vista no céu, era como se Dumber quisesse que lutássemos, quisesse que matássemos o conde Drácula.
         Depois de mais ou menos meia hora voando, avistei a ponta do castelo. Passamos pela floresta negra onde fadas, botos, lobsomens juntaram-se a nós.
         Avistei Hades na frente do castelo. Nós que estávamos voando, descemos. Fui até Hades que estava sorrindo para mim, era a primeira vez que eu via seu sorriso, ele me fascinava. Seus olhos penetravam o meu e me deixava tonta, mesmo no meio de uma pré-guerra, eu só tinha olhos para Hades:
         - Papai está dormindo! - falou ele- Precisamos montar guarda, caso precise, eu recomendo que os que sabem voar fiquem no céu olhando de cima!
         - Miguel e Rafael fiquem na porta do castelo- continuou o mestre- Lucia, Amanda e eu iremos entrar junto com o Xamã e o Hades! Os outros se espalhem. Assim que conseguirmos soltar as fadas e Erika, irei soltar um jato de Luz para o alto e vocês invadem o castelo!   
         - M-mas vocês vão matar papai? - perguntou Hades
         - Precisamos! - falei pegando na mão dele
         - Eu prefiro não ver! - falou ele, era a primeira vez que Hades demonstrava sentimento perto de mim. Seus olhos estavam cheios de lagrimas- Mas eu entendo! Só não façam nada com Alice, minha irmã!
         - Chega de papo e vamos! - falou Xamã indo em direção a porta do castelo
         Entramos no saguão do castelo que estava todo iluminado por velas e caveiras de fogo flutuantes, onde eu já conhecia, subimos as escadas. Minha mãe estava no lado leste do castelo, na ultima masmorra.
         - Como faremos para passar pelos capelobos? - perguntei
         - Eu vou manda-los sair dali, eles me obedecem! - falou Hades, subindo as escadas. - Esperem ai!
         Ele foi até eles, nos escondemos atrás de uma pilastra:
         - Vocês! Estão dispensados! - ouvimos ele dizer
         - Mas, mestre! - retrucou um deles
         - Não me desobedeçam! Deixem que eu cuido dela! Agora vão! - vimos eles passarem por nós, sem entender a atitude de Hades.
         Fomos até ele. Hades abriu a porta da prisão e minha mãe saiu de dentro. Eu a abracei fortemente
         - Filha! Eu disse que não era para vir se arriscar por mim! - falou ela
         - Vamos logo! - disse Xamã- Não temos tempo para melação agora! Agradeçam depois!
         Corremos até uma outra jaula onde havia fadas presas. O mestre Antonio apontou sua varinha e a jaula de abriu. As fadas todas saíram voando em direção a janela.
         O mestre foi até a janela e apontou sua varinha para o céu, de lá saiu um facho de luz. Neste momento ouvimos um grito de guerra vindo de fora do castelo. Olhei para Hades que parecia mais triste que o normal:
         - Me perdoa Hades? - falei para ele, meu coração doida ao ver ele assim
         - Não tem o que perdoar Lucia! Vocês estão fazendo o que é melhor para todos!
         Saímos da masmorras, sem ao menos olhar para trás. Invadimos o quarto do conde Drácula. Estava tudo escuro, o mestre acendeu as velas dizendo: Acendam-se.
         O caixão de Lúcifer estava vazio. Naquele momento nos assustamos:
         - Cadê ele? - perguntou Amanda
         - Procurando por mim? - ouvimos uma voz vindo de cima de nós. Olhamos. Ele estava sentado em uma das vigas se madeira. - O que devo as honras de tê-los todos nos meus aposentos? - ele olha para Hades- E você, Hades, o que faz ai?
         - Desça, Lúcifer! - falou o diretor
         - Olha quem está ai, se não é o mestre de Magiscovs! - o conde deu um salto e veio andando em nossa direção- O que veio fazer aqui na minha humilde residência? - ele estava irônico
         - Você sabe que seus dias de reinado acabou! - falou o mestre ficando frente à frente com Lúcifer
         - Acabou? Eu achei que só estava começando! - o conde estava com ódio, dava para ver em seus olhos- Você não sabe a honra que me dá está cara a cara com o maldito que causou a condenação de todos nós, vampiros! Você não sabe o prazer que me dá saber que serei eu o seu assassino! - ele ria friamente.
         - Lúcifer, você sabe que não sou eu o culpado pela condenação de vocês! Sabe que cumpri apenas o que Dumber disse!
         - Dumber, sempre Dumber! Que deus é esse que não faz o serviço, que manda mensageiros? Você acredita mesmo no que Saul diz sobre esse deus?
         - Seu pai mesmo viu Dumber, seu pai foi criação de Dumber! Não negue aquele que te deu a vida, Conde! - o mestre segurava sua varinha em posição de defesa
         - Mas Dumber se arrependeu de ter feito os alternativos que vive do lado esquerdo da floresta negra! - ele demonstrava rancor por Dumber. Neste momento ele olhou para Hades- Você! Por que está do lado deles? Não me diga que ajudou os queridos de Dumber a entrar no castelo! Sabia que você era como sua mãe! Sabia que você era fraco! Mas não tem problema, Hades, você também vai morrer junto com eles!
         Neste momento, o quarto foi invadido por ceifadores e Almans, que pararam atrás de nós, esperando uma ordem para poderem atacar.
         - Lúcifer, arrependa-se do que você fez! O seu fim não precisa ser esse! Você não precisa ter o destino do seu pai! Acabe logo com isso e junte-se a nós! - falou o mestre. ele abaixou a varinha- Olha, eu abaixei até a minha varinha para te mostrar que quero que você venha para o nosso lado! - o ódio de Lúcifer ficava cada vez maior com o discurso do mestre Antonio
         - Seu velho idiota, da voz fina, pensa que eu vou cair no seu papinho? Eu prefiro morrer do que me entregar a Dumber! -ele levantou o dedo em direção ao mestre e disse- Morra!
         Aquela cena ficará registrada em minha mente para sempre! O mestre Antonio caiu no chão. Ele morreu com apenas o levantar de dedo de Lúcifer.
         Corri até o mestre caido no chão. Ceifadores e Almans voaram em cima do Conde Drácula.
         O conde tentou escapar, mas foi pego por um dos Almans, que começaram a sugar sua alma, seus poderes. Até que explodiu...
         Amanda, mamãe, Hade, Xamã e eu, demos as mãos e seguramos o corpo do mestre Antonio. Nos transportamos para fora do castelo.
         Ao chegar na frente do castelo,  Xamã segurou o corpo do mestre no colo. Eu estava chorando muito, minha mãe tentava me consolar. Hades me abraçava fortemente, aquele momento eu me sentia protegida de tudo.
         Amanda levantou sua varinha e deixou um facho de luz sair dela, o que indicava que era a hora de todos recuarem. Dentro do castelo, os nossos alternativos lutavam contra vampiros e Monstros ou animais alternativos do mal.
         Naquele momento, todos os nossos se retiraram indo ao nosso encontro. Quando vovó veio de dentro do castelo e viu o diretor morto no colo de Xamã, ela gritou muito alto e chorou. Os professores tiveram que segura-la para que ela não caisse no chão.
         - Antonio não pode está morto! NÃO AGORA! - gritou ela
         - Calma dona Sonia! Calma! - dizia a professora Maria Batista que a segurava no braço esquerdo. O rosto da professora apresentava um corte.
         - Calma? Como posso ter calma com uma coisa dessas?! - minha avó estava descontrolada.
         - Vamos! - disse o meu padrasto- Precisamos sair daqui antes que as forças das trevas nos ataquem!
         Voltamos para Magiscovs de vassoura. O mestre foi levado por Xamã que estava montado em um unicórnio.
         Aquela foi uma das noites mais tristes que eu já tinha passado em toda a minha vida. Ver o mestre morto foi uma dor que matou um poquinho de todos nós.


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