Capítulo 35: Salto alto (ÚLTIMO)

CENA 1: Forte de São Mateus, cidade de Cabo Frio. FIM DE TARDE.

(Continuação imediata do capítulo anterior)

Alice observa o mar e percebe que João está morto. Ninguém vê a cena, então ela sai discretamente do forte, indo em direção ao bar onde Wesley e Cínthia estão.

CENA 2: Bar perto do Forte de São Mateus em Cabo Frio. FIM DE TARDE.

Cínthia e Wesley conversam.

CÍNTHIA: Wesley, você tá continuando com aquele esquema de pegar garotas pra dançar por aí?

WESLEY: Dei uma parada pra resolver umas coisinhas.

CÍNTHIA: E o funkeiro?

WESLEY: Ele foi preso. Eu avisei a ele.

CÍNTHIA: Você vai deixar ele preso?

WESLEY: Não tenho direito nem tempo pra me preocupar com ele.

CÍNTHIA: A polícia tá atrás de você?

WESLEY: Você tá querendo saber demais, Cínthia. Por que tanto interesse?

CÍNTHIA: Só curiosidade.

WESLEY: Essa semana eu quero já decidir tudo sobre os esquemas.

CÍNTHIA: Você continua em algum?

WESLEY: Só droga e animal.

CÍNTHIA: Atah.

Alice chega pálida ao bar.

CÍNTHIA: Que cara é essa, Alice? Cadê João?

WESLEY: Meu Deus, tem um monte de espinhos na sua mão.

CÍNTHIA: O que aconteceu?

ALICE: O João...

CÍNTHIA: Fala, garota.

ALICE: (GAGUEJANDO) Ele morreu.

CENA 3: Sala da casa de Álvaro, Lapa, RJ. FIM DE TARDE.

Álvaro e Viviane chegam à casa.

ÁLVARO: Estou ansioso por esse exame de DNA.

VIVIANE: A verdade será dita.

ÁLVARO: Mas eu tenho a sensação de que o Clécio vai dar um jeito de manipular esse resultado.

VIVIANE: Acho bem provável mesmo. Você já sabe como evitar isso?

ÁLVARO: Não faço a mínima ideia.

VIVIANE: Que tal se você falar com o diretor ou dono dessa clínica aonde ele quer ir.

ÁLVARO: Boa ideia. Vou ligar pra ele pra saber que clínica é essa.

VIVIANE: Ótimo!

Álvaro pega o telefone e faz uma ligação.

ÁLVARO: (POR TEL.) Rayane?

RAYANE: (POR TEL.) Álvaro?

ÁLVARO: (POR TEL.) Eu mesmo. Qual o nome dessa clínica aonde iremos amanhã?

RAYANE: (POR TEL.) Clineb, que significa Clínica de Exames Básicos.

ÁLVARO: (POR TEL.) Ah sim. Onde fica?

RAYANE: (POR TEL.) Aqui na Lapa mesmo.

ÁLVARO: (POR TEL.) Ótimo. Uma coisa: após o resultado desse teste com quem você vai morar?

RAYANE: (POR TEL.) Com o meu pai biológico. O Clé... meu pai disse que vai te chamar umas nove da manhã, tá?

ÁLVARO: (POR TEL.) Tá bom. A Vivi vai comigo. Algum problema?

RAYANE: (POR TEL.) Não.

ÁLVARO: (POR TEL.) Ok. Beijo, filha.

Rayane desliga o telefone.

VIVIANE: (PARA ÁLVARO) Então, Álvaro, o que a Ray disse?

ÁLVARO: A clínica é Clineb, aqui na Lapa, eles virão nos chamar umas nove da manhã.

VIVIANE: Ok. Vou pesquisar aqui na Internet sobre essa clínica.

Viviane liga o computador. O telefone toca e Álvaro atende.

ÁLVARO: (POR TEL.) Alô. Quem é?

KARINA: (POR TEL.) Oi paizinho. É a Karina. Só pra avisar que eu vou chegar um pouco mais tarde hoje.

ÁLVARO: (POR TEL.) Muito trabalho, filha?

KARINA: (POR TEL.) Sim, mas também vou ao baile charme, não precisa me esperar. Vocês não vão na Gafieira não?

ÁLVARO: (POR TEL.) Não, porque vou fazer um teste amanhã de manhã.

KARINA: (POR TEL.) Exame de sangue?

ÁLVARO: (POR TEL.) Não, teste de DNA.

KARINA: Só pode ser ideia da Rayane e do Clécio.

ÁLVARO: Foi principalmente desse canalha.

KARINA: Será onde?

ÁLVARO: Numa clínica que ele conhece um cara que faz exame. É a Clineb.

KARINA: Abre o olho, pai. Ele pode mudar os resultados.

ÁLVARO: Já pensei nisso. A Vivi me sugeriu falar com o dono da clínica antes do exame pra ter certeza de que não vão mudar nada;

KARINA: Boa ideia. Agora eu preciso ir. Beijo.

ÁLVARO: Beijo.

Álvaro desliga o telefone.

CENA 4: Sala de Roberto na My Body, Urca, RJ. FIM DE TARDE.

Karina entra na sala de Roberto.

KARINA: Queria falar comigo, Roberto?

ROBERTO: Sim.

KARINA: Pode falar.

ROBERTO: Já decidi. Vou abrir o jogo com a Dayse.

KARINA: Como assim? Que jogo?

ROBERTO: Vou falar de nós dois e vou pedir o divórcio.

KARINA: Roberto, não quero acabar com o seu casamento. Eu gosto muito da Dayse, ela vai me odiar.

ROBERTO: A Dayse vai entender, Karina.

KARINA: Se eu fosse ela, seria muito difícil de entender. Principalmente porque foi ela que me colocou lá na casa, ela sempre gostou de mim e me apoiava e ajudava, inclusive contratando a Elvira.

ROBERTO: A Dayse tem um temperamento bem diferente do seu, mas acho que é melhor falar com ela.

KARINA: Roberto, eu realmente acho melhor acabarmos com essa fantasia de uma vez. Não vai dar certo.

ROBERTO: Parece que você não me ama.

KARINA: Eu te amo, mas a Dayse é sua esposa.

ROBERTO: Por isso que preciso falar com ela. Acho melhor ela ouvir isso de mim do que de outras pessoas, por fofoca.

KARINA: Mas e a Agatha?

ROBERTO: Ela vai ter que conviver com essa novidade.

KARINA: Quando você se apega a uma coisa, você não desgruda né?

ROBERTO: Não.

Karina e Roberto se beijam.

ROBERTO: Chama ela lá fora, mas você fica de fora.

KARINA: Ok.

Karina sai da sala.

CENA 5: Sala do apartamento de Julia e Susana, Urca, RJ. FIM DE TARDE.

Verônica entra no apartamento, carregando uma bolsa.

JULIA: Oi Verônica. Quer ver a sua cama?

VERÔNICA: Claro, mas antes prefiro conhecer mais ou menos como são as regras.

SUSANA: Não tem muita regra. Nós sempre dividimos as tarefas da casa, então durante a semana nós vamos alternando.

VERÔNICA: Ok.

JULIA: Sobre as despesas, sempre dividimos por três, já que a Alice não tá aqui. Quando ela voltar, dividimos por quatro.

VERÔNICA: Entendi.

Verônica, Julia e Susana continuam conversando sobre a organização do apartamento. A câmera se afasta.

CENA 6: Bar perto do Forte de São Mateus em Cabo Frio. FIM DE TARDE.

CÍNTHIA: (SURPRESA) Você matou ele, sua vagaba?

ALICE: (VOZ TRÊMULA) Ele me jogou, aí eu segurei no cacto, aí depois eu empurrei ele porque eu não queria morrer, então ele caiu, bateu a cabeça e morreu.

CÍNTHIA: Sua assassina.

ALICE: Eu só me defendi. Ele disse que você não me queria viva, Cínthia. É verdade isso?

CÍNTHIA: Claro que é. Você só tá estragando tudo que eu já tinha planejado.

WESLEY: Mas você não contava com minha inteleligência também né, querida?

CÍNTHIA: Claro que não. Você sempre foi mais burro que uma porta.

WESLEY: Pra você ver como as coisas mudam. Vamos sair logo daqui.

Cínthia, Wesley e Alice pagam a conta no bar e depois saem discretamente.

CENA 7: Sala de Roberto na My Body, Urca, RJ. FIM DE TARDE.

Dayse entra na sala de Roberto.

DAYSE: O que foi, meu amor?

ROBERTO: Tenho uma coisa pra falar com você.

DAYSE: Eu também.

ROBERTO: Fala primeiro.

DAYSE: Não, pode falar.

ROBERTO: Então vamos fazer igual de filme, falar junto, ok?

DAYSE: Sim.

ROBERTO: (JUNTO COM DAYSE) Quero me divorciar.

DAYSE: (JUNTO COM ROBERTO) Eu ajudei a Verônica no roubo.

ROBERTO E DAYSE: (JUNTOS) Que?

DAYSE: Quem é a vadia?

ROBERTO: E por que você ajudou a Verônica nesse roubo?

DAYSE: Ela me pediu. Eu só dei a senha pra ela. Nada mais do que isso.

ROBERTO: Você não podia fazer isso, Dayse. É contra as regras da empresa. Isso causa demição.

DAYSE: Se quiser, me demite.

ROBERTO: Não vou fazer isso.

DAYSE: (CHORANDO) Me responde então agora: quem é a mulher?

ROBERTO: A Karina.

DAYSE: Como assim? Eu sempre tratei bem ela, então agora ela faz isso comigo?! Gente ingrata!

ROBERTO: Foi o destino.

DAYSE: (IRRITADA) Para com essa babaquice de falar sobre destino. Isso é pura bobeira.

ROBERTO: Dayse, eu entendo a sua raiva, mas eu achei melhor abrir o jogo com você do que você saber por fofocas.

DAYSE: Nem quero imaginar vocês se pegando aqui, porque isso deve ter acontecido sempre.

ROBERTO: A Karina nunca quis isso aqui, mas a gente se ama, então achei melhor falar com você.

DAYSE: Eu vou quebrar a cara daquela neguinha.

ROBERTO: Não fala assim da Karina.

DAYSE: Para de defender ela. Chegando em casa, vou botar aquela velha porca da mãe dela na rua. Família de vagabundas.

ROBERTO: (FALANDO MAIS ALTO) Para! Não fala assim dela. E sai da minha sala.

DAYSE: (CHORANDO) Eu fui traída!

ROBERTO: Não se faça de vítima, nosso casamento já tava morto há meses.

DAYSE: Mentira!

ROBERTO: Você sabe que é verdade, só não quer enxergar.

DAYSE: Tchau, Roberto. Vá morar com sua piolhenta pobre.

Dayse sai da sala.

CENA 8: Apartamento no litoral de Cabo Frio. FIM DE TARDE.

Alice, Wesley e Cínthia entram no apartamento. Ele é luxuoso, com diversos artigos de luxo como vasos de cerâmica.

CÍNTHIA: Meu Deus, já tava com saudade desse luxo todo.

ALICE: O que a gente vai fazer, Wesley?

WESLEY: Eu quero acabar com tudo o que eu tenho de tráfico aqui. Vamos embarcar pra Paris amanhã.

ALICE: Eu tô sem passaporte.

CÍNTHIA: O meu ficou no Rio.

WESLEY: Arrumei uns já.

CÍNTHIA: Ok, mas o que a gente vai fazer lá?

WESLEY: Os esquemas que arrumei lá são melhores.

CÍNTHIA: Mas o que vamos fazer?

WESLEY: Serão as cuidadoras de uns animais.

CÍNTHIA: Vai voltar pro tráfico de animais?

WESLEY: Prefiro falar: viajando com animais.

Cínthia e Alice riem.

CENA 9: Banheiro feminino na My Body, Urca, RJ. FIM DE TARDE.

Karina está lavando sua mão na torneira. Dayse entra no banheiro.

DAYSE: (GRITANDO) Vou te quebrar ao meio, sua vagabunda.

KARINA: Que isso?

DAYSE: Não se faça de santinha. O Roberto já me falou. Eu sempre gostei de você, te tratava bem e você faz isso comigo. Sua cachorra.

KARINA: Não foi de propósito, Dayse. Foi o amor.

DAYSE: Amor é o caramba!

KARINA: Não queria fazer isso com o casamento de vocês.

DAYSE: Mentira! Você é uma interesseira, não vou deixar você acabar com o meu casamento.

Dayse puxa o cabelo de Karina e dá um tapa na cara dela. Karina revida e empurra Dayse no chão. Karina pega um balde com água e produtos de limpeza que estava no banheiro, deixado pela faxineira, e joga em cima de Dayse.

DAYSE: Sua vadia, você não vai sair daqui. Vou sair da My Body e quebrar a velha da tua mãe ao meio também.

KARINA: Se você encostar um dedo na minha mãe, considere-se morta.

DAYSE: Vai me matar, neguinha?

KARINA: Entenda como quiser.

Karina sai do banheiro e Dayse fica lá caída e molhada. Um tempo depois, Dayse levanta-se aos poucos, pega seu telefone e liga para Cínthia.

DAYSE: (POR TEL.) Cínthia?

WESLEY: (POR TEL.) Quem é?

DAYSE: (POR TEL.) Dayse, mulher do Roberto. É você, Cínthia?

WESLEY: (POR TEL.) Não. Sou Wesley.

DAYSE: (POR TEL.) Eu quero me encontrar com a Cínthia. Discuti com meu marido, vou sair de casa.

WESLEY: (POR TEL.) Estamos em Cabo Frio. Se quiser vir, mandarei por SMS o endereço.

DAYSE: (POR TEL.) Ótimo. Mais tarde eu chego.

WESLEY: (POR TEL.) Ok. Até mais.

CENA 10: Sala de estar no apartamento no litoral de Cabo Frio. FIM DE TARDE.

CÍNTHIA: Quem era?

WESLEY: A Dayse, esposa do Roberto.

CÍNTHIA: O que ela queria comigo?

WESLEY: Ela vai vir aqui.

CÍNTHIA: Por quê?

WESLEY: Discutiu com o Roberto e vai sair de casa.

CÍNTHIA: Ela vai pra Paris conosco?

WESLEY: Se for o caso, vai sim.

CÍNTHIA: Será que ela vai se separar do Roberto?

WESLEY: Sei lá.

CÍNTHIA: Ela vem quando?

WESLEY: Já tá vindo pra cá.

CÍNTHIA: Tá.

Cínthia sai da sala.

CENA 11: Sala de Roberto na My Body, Urca, RJ. FIM DE TARDE.

Karina entra na sala.

KARINA: Roberto, a Dayse tá maluca. Ele me deu uns tapas no banheiro, mas ela que acabou jogada lá no banheiro.

ROBERTO: Meu Deus. Ela te ameaçou?

KARINA: Disse que ia me quebrar, e disse que vai quebrar a minha mãe também.

ROBERTO: Vamos pra minha casa logo, antes da Dayse. Chama a Agatha. No caminho conto a ela tudo o que aconteceu.

KARINA: Tá.

Karina sai rapidamente da sala de Roberto e ele desliga o computador, com pressa.

CENA 12: Carro de Roberto pelas ruas da Urca, RJ. FIM DE TARDE.

Roberto está dirigindo o carro. Karina está no banco ao lado e Agatha está atrás.

AGATHA: Por que tanta pressa, pai? E a mamãe? Cadê ela?

ROBERTO: Filha, fique calma. Preciso te contar algo muito importante.

AGATHA: Fala logo.

ROBERTO: Eu e sua mãe vamos nos separar, e eu me casarei com a Karina.

AGATHA: Que? Como assim?

ROBERTO: A sua mãe ajudou a Verônica no roubo da My Body e eu estou apaixonado pela Karina, então discutimos.

AGATHA: A gente tá fugindo dela?

ROBERTO: Não, ela disse que vai pra casa e vai bater na Elvira.

AGATHA: Por que você não liga pra Elvira e pede pra ela sair de lá ou trancar tudo?

ROBERTO: Já tentei. Nem chama.

KARINA: Ah, meu Deus.

ROBERTO: O nosso advogado, o doutor Saulo, já tá indo pra lá, pra assinarmos o divórcio logo.

KARINA: É tão rápido assim?

ROBERTO: Ele disse que vai agilizar as coisas.

KARINA: Ok.

AGATHA: (COMEÇANDO A CHORAR) Por que você fez isso com a minha família, Karina?

KARINA: Não fui eu. Foi o amor, ele é incontrolável.

AGATHA: Eu não vou julgar o amor de vocês, só não quero me distanciar da minha mãe.

ROBERTO: Isso não vai acontecer, dependendo de mim.

AGATHA: Eu gosto muito de você, Karina. É difícil pra eu aceitar isso, mas vou tentar.

KARINA: Fico feliz, Agatha. Obrigada.

ROBERTO: Já estamos chegando.

CENA 13: Sala da casa de Roberto e Dayse, Urca, RJ. FIM DE TARDE.

Dayse entra na sala. Elvira aproxima-se.

ELVIRA: Tudo bom, dona Dayse?

DAYSE: Não. Vou te matar, sua vagaba. Da próxima vez cria melhor tua filha.

ELVIRA: (CONFUSA) Que?

DAYSE: Ela me traiu, se pegava com meu marido.

ELVIRA: Mas o que eu tenho a ver com isso?

DAYSE: Tudo. Da próxima vez eduque uma filha melhor.

Dayse dá um tapa na cara de Elvira. Elvira puxa o cabelo de Dayse, empurrando-a no sofá. Elvira corre, para sair da sala, porém Dayse arremessa um jarro que quase vai em Elvira.

ELVIRA: (GRITANDO) Socorro.

Roberto entra na sala correndo.

ROBERTO: Para com isso, Dayse. Cai fora da minha casa.

DAYSE: A casa é nossa.

ROBERTO: Não. Essa casa já era da minha família. Não se esqueça que nós tínhamos uma comunhão parcial, ou seja, o que era meu antes de me casar, continua meu, com você o mesmo, e tudo que adquirimos durante o casamento é repartido.

DAYSE: Eu não quero muita coisa de você. Só dinheiro. Nem precisa de advogado pra decidir essas palhaçadas.

Saulo entra na sala, segurando uma maleta.

SAULO: Vamos assinar logo?

DAYSE: Oi Saulo. Vamos logo. Quero sair daqui.

AGATHA: E eu, mãe?

DAYSE: Você vai ficar com seu pai.

SAULO: Vou imprimir o documento. Então, Dayse, você concorda em ficar somente com o que já era seu e uma quantia em dinheiro?

DAYSE: O que era meu eu deixo pras minhas filhas. Só quero dinheiro.

ROBERTO: Para que você quer dinheiro?

DAYSE: Vou sair do Brasil.

AGATHA: Aonde você vai?

DAYSE: Não sei. Não aguento mais aqui, mas continuarei falando com você, Agatha.

Saulo sai da sala e vai ao escritório com Karina e Roberto. Elvira sai da sala.

DAYSE: Minha filha, não fica triste. Eu já sabia que isso ia acontecer uma hora. O meu casamento com o teu pai não tava dos melhores.

AGATHA: Mãe, você tem notícias da Verônica?

DAYSE: Não tenho. Procure ela, minha filha. Essa será sua missão.

AGATHA: Ok, mãe.

Saulo, Karina e Roberto retornam. Saulo coloca uma folha em cima da mesa.

SAULO: Podem assinar.

Roberto e Dayse assinam.

DAYSE: Agora eu preciso ir. Vou pegar minhas coisas.

ROBERTO: (ENTREGANDO UMA MALA PARA DAYSE) Aqui está o seu dinheiro. São quinze mil dólares como você pediu.

DAYSE: Isso. Obrigada.

Dayse sai da sala e vai ao seu quarto. Elvira entra na sala e recolhe os pedaços do jarro que Dayse jogou.

ROBERTO: Me desculpa, Elvira, por tudo que aconteceu aqui hoje. Gostaria que você ainda trabalhe aqui.

ELVIRA: Claro que vou continuar.

ROBERTO: E eu gostaria de avisar que agora eu me casarei com a Karina.

ELVIRA: Que bom.

Elvira abraça Karina.

KARINA: Gostou da notícia, mãe?

ELVIRA: (EMOCIONADA) Você me chamou de mãe. Te amo, Karina.

KARINA: Também.

Dayse volta à sala, carregando duas malas.

DAYSE: Já estou indo.

ELVIRA: Pra onde você vai, dona Dayse?

DAYSE: ‘‘Vou-me embora para Pasárgada. Aqui eu não sou feliz. Lá a existência é uma aventura. ’’

ELVIRA: O que é isso?

DAYSE: É um poema de Manuel Bandeira.

AGATHA: Fala sério, mãe. Já decidiu pronde você vai?

DAYSE: Já falei. Pasárgada. Tchau. Se cuida, minha filha. Espero que todos sejam muito felizes, até vocês dois, Roberto e Karina.

Dayse deixa a sala da casa e sai da casa dirigindo seu carro.

KARINA: Vou avisar pro meu pai que hoje não dormirei em casa.

ROBERTO: Ok, Karina.

Karina manda um SMS para seu pai: ‘‘Não vou dormir em casa hoje. Não me esperem. Beijo, Karina. ’’

CENA 14: Apartamento de Wesley no litoral de Cabo Frio. COMEÇO DE NOITE.

Cínthia está lendo um livro. Wesley está tomando um suco.

WESLEY: Cínthia, sabia que estreou uma série que a protagonista é sua xará. O nome é Pecado Original. Ouvi dizer que é excelente. Achei vocês bem parecidas: loucas por luxo e muito tardas. Mas tem uma diferença: a atriz é bonita, já você...

CÍNTHIA: Para de palhaçada, Wesley. Vou ver se essa série é boa e depois te falo.

Wesley sai da sala. A campainha toca.

CÍNTHIA: Deixa que eu abro.

Cínthia abre a porta e se depara com Dayse.

CÍNTHIA: Oi Dayse. Entra.

Dayse entra, carregando três malas. Cínthia fecha a porta.

CÍNTHIA: Por que tanta mala?

DAYSE: Eu vou morar com vocês, seja onde for.

CÍNTHIA: Roberto te chifrou?

DAYSE: Sim. Como sabe?

CÍNTHIA: Sempre soube que ele gostava daquela secretária. E ele ainda achava que conseguia me enganar.

DAYSE: Ele é péssimo mentindo. Mas não quero falar dele. Quem é Wesley? Seu namorado novo?

Wesley chega à sala.

WESLEY: Oi. Eu sou o Wesley.

Wesley e Dayse se cumprimentam.

DAYSE: E eu, Dayse.

WESLEY: Não sou namorado dela não. Somos grandes amigos, né Cínthia?

CÍNTHIA: Sim.

DAYSE: Não sabia disso.

CÍNTHIA: Enviarei hoje uma carta pra My Body dizendo que passo minha parte na empresa pra Agatha. Ok, Dayse?

DAYSE: Sem problemas.

Alice chega à sala.

DAYSE: Alice? Tá fazendo o que aqui, garota?

ALICE: Eu agora fico aqui.

WESLEY: Vou abrir o jogo com você, Dayse. Eu chefio alguns esquemas aqui no Rio e em outras partes do mundo também, porém estou sendo procurado, então amanhã irei pra Paris com a Alice e a Cínthia.

DAYSE: Mas você e Alice também são grandes amigos?

WESLEY: Não, sem querer ela foi sequestrada, no lugar daquela piranha da Verônica Lima.

DAYSE: Ela é minha filha.

WESLEY: Ops. Tinha me esquecido desse detalhe.

CÍNTHIA: A Dayse já tem o passaporte falso, Leley?

WESLEY: Não. Isso eu arrumo logo. Eu tava falando agora com meus amigos dos esquemas e cancelei quase tudo que eu tinha aqui. Só sobraram drogas e animais, mas só lá fora, nada no Brasil.

ALICE: Wesley, eu não quero ir mais pra Paris.

WESLEY: Por quê?

ALICE: Não sei muito bem. Eu quero voltar a conviver com minhas amigas. Acho que essa vida não foi feita pra mim.

WESLEY: Entendo, Alice. Espere para ir amanhã de manhã.

ALICE: Ok.

WESLEY: Amanhã cedo iremos embora. Paris nos aguarda.

CENA 15: Sala de jantar da mansão de Cínthia Corlonn, Urca, RJ. COMEÇO DE NOITE.

Ingrid, Rejane e Hugo estão sentados no sofá.

REJANE: Vai dormir aqui, Hugo?

HUGO: Sim. Não tenho nenhum outro lugar pra ir.

INGRID: Então quer dizer que somos a última escolha sua?

HUGO: Claro que não.

INGRID: Quando inaugura a academia da Paula?

HUGO: Amanhã. Eu queria tanto...

A campainha toca. A empregada abre a porta. Um policial entra na casa.

POLICIAL: Senhoras Ingrid e Rejane! Vocês estão presas.

INGRID: Que?

POLICIAL: Descobrimos todo esse esquema de vocês com a Cínthia Corlonn. Melhor não negarem. Quem é você, rapaz?

HUGO: Elas tentaram me seduzir.

POLICIAL: Como assim?

HUGO: Eu tava sem onde dormir, mas eu não sabia disso.

POLICIAL: Então mete o pé daqui. Não quero te ver aqui perto por um bom tempo.

Hugo sai da casa. O policial algema Ingrid e Rejane e elas são retiradas da casa.

CENA 16: Paisagens do estado do Rio de Janeiro. COMEÇO DE MANHÃ.

A câmera passa por diversos lugares do estado do Rio de Janeiro, como o Cristo Redentor, Pão de Açúcar, Pico de Deus, Forte de São Mateus, etc.

SONOPLASTIA – Hoje o céu abriu (Nx Zero)

CENA 17: Recepção da Mais Saúde, Urca, RJ. COMEÇO DE MANHÃ.

Paula já está na academia.

PAULA: (PARA SI MESMA) Hoje é o grande dia. Eu queria tanto que o Hugo tivesse aqui.

Paula pega seu celular e fica surpresa com uma notícia: ‘‘Golpistas são presas em mansão de Cínthia Corlonn na Urca. Ingrid e Rejane, ainda sem sobrenomes identificados, foram presas nessa última noite na mansão da socialite Cínthia Corlonn, que continua sumida. As duas serão levadas para uma unidade penitenciária em Gericinó. As duas aplicavam golpes em idosos, principalmente. A pena máxima é de 15 anos, já que elas também praticaram outros crimes, como falsidade ideológica, furto, assassinato, etc.’’

A campainha toca e Paula avista Hugo. Ela abre a porta e ele entra.

HUGO: Me perdoa, Paula.

PAULA: Sim. Acabei de ler sobre o futuro daquelas duas. Eu confio agora em você. Me desculpa por não ter acreditado em você.

HUGO: Eu então não fui nenhum santinho. Eu também devo desculpas. Eu te amo.

Os dois se beijam.

PAULA: A reinauguração hoje vai bombar.

HUGO: Vai mesmo.

CENA 18: Sala de Roberto na My Body, Urca, RJ. COMEÇO DE MANHÃ.

Roberto está sentado na sua mesa. Karina entra na sala.

KARINA: Roberto, recebemos uma carta da Cínthia. Ela afirma que está deixando toda a parte dela da empresa pra sua filha, e que não veio pessoalmente já que está morando longe.

ROBERTO: Ok. Mande pro Saulo essa carta, pra ele resolver tudo.

KARINA: Ok. A Edvalda dos Santos Amaral já está ali fora.

ROBERTO: Manda entrar.

Karina sai. Edvalda entra, com uma roupa elegante.

EDVALDA: Bom dia, doutor Roberto.

ROBERTO: Bom dia. É um prazer lhe receber aqui, Edvalda.

EDVALDA: O prazer é todo meu.

ROBERTO: Mas atualmente você está cuidando de alguma empresa em especial?

EDVALDA: Sim. O Mercadão começou a apresentar problemas, então voltou a ser um prédio. Agora eu sou dona da ESA. É uma empresa de diaristas e empregadas.

ROBERTO: Uma agência?

EDVALDA: Isso. O nome é por causa do meu nome, são as inicias.

ROBERTO: Ah, interessante.

EDVALDA: Por onde anda a Cínthia Corlonn?

ROBERTO: Ela não é mais dona daqui.

EDVALDA: Ah, que pena. Gostava dela.

ROBERTO: Mas você está querendo alguma parceria com a My Body?

EDVALDA: Não pra ESA, mas para uma outra empresa. Essa empresa é de roupas para o dia a dia das pessoas.

ROBERTO: Já tem nome?

EDVALDA: Ainda não, mas já queria começar a trabalhar em parcerias e sempre ouvi falar muito bem da My Body.

ROBERTO: Ah, fico feliz, Edvalda. A nossa equipe está passando por umas mudanças. Podemos marcar uma reunião na próxima semana, ok?

EDVALDA: Por mim, tudo ótimo.

ROBERTO: Ok. Obrigado. Prazer e boa tarde.

EDVALDA: Obrigada. Tchau.

Edvalda sai da sala.

CENA 19: Clineb – Clínica de Exames Básicos, Lapa, RJ. COMEÇO DE MANHÃ.

Após retirarem o sangue e aguardarem um tempo, Clécio, Rayane e Álvaro esperam ansiosos. Uma enfermeira aproxima-se com o resultado do exame.

ENFERMEIRA: (ENTREGANDO O PAPEL PARA RAYANE) Aqui está o resultado de quem é o seu pai.

Rayane abre o envelope e fica feliz.

VIVIANE: Então, Rayane, quem é?

RAYANE: Meu pai é quem sempre foi e nunca vai deixar de ser: Álvaro.

Álvaro fica emocionado e chora. Clécio fica irritado e sai da clínica.

ÁLVARO: Eu sempre soube. Nunca tive dúvida.

RAYANE: Me desculpa, pai. O que eu fiz com você foi idiotice, burrice. Eu não tinha que ter feito isso. Agora vou voltar a morar na casa de onde eu não tinha que ter saído.

ÁLVARO: Fui eu que te expulsei, mas foi algo sem pensar. Um impulso. Eu te amo, filha.

RAYANE: Também. Me desculpa, pai, mais uma vez.

ÁLVARO: Não precisa se desculpar agora. Vamos só comemorar. Nada de tristeza. A Karina nos chamou pra inauguração de uma academia na Urca. Vamos todos.

Rayane, Álvaro e Viviane se abraçam.

CENA 20: Jatinho de Wesley sobrevoando o mar. COMEÇO DE MANHÃ.

Wesley, Cínthia e Dayse estão dentro do jatinho. Eles bebem champagne e comem caviar.

CÍNTHIA: Ser chique é muito bom, né?

WESLEY: Também adoro luxo.

DAYSE: É impossível não gostar disso.

WESLEY: Paris nos aguarda.

CENA 21: Recepção da My Body, Urca, RJ. MANHÃ.

A festa de reinauguração da My Body começa. Vários dos alunos da academia já estão presentes. Roberto chega junto com Karina e Agatha. Logo depois, entram Álvaro, Rayane, Viviane e Elvira. Alice também chega, surpreendendo suas amigas, que a abraçam. Paula pega o microfone para fazer um pronunciamento.

PAULA: (PARA TODOS) Eu gostaria de agradecer a todos vocês. Cada um foi muito especial na nossa trajetória, mas agora eu gostaria de chamar uma pessoa que estudou comigo na juventude, mas mudou bastante e agora ela vai para um lugar muito ruim, mas por justiça e honestidade.

Verônica entra na academia.

ROBERTO: Verônica?

VERÔNICA: Oi gente. Eu vim só me despedir da minha família. Eu me entrgarei pra polícia por honestidade, mas em breve eu volto. O tempo vai passar rapidinho.

ROBERTO: Estou orgulhoso de você, meu amor. Parabéns.

Verônica dá um beijo no rosto de seu pai e de sua irmã.

CENA 22: Terreno abandonado em Paris, França. TARDE.

O jatinho de Wesley para no terreno abandonado. Wesley, Cínthia e Dayse saem dele.

TODOS: (EM FRANCÊS) Bon jour, Paris.

SEIS ANOS DEPOIS...

CENA 23: Área externa da casa de Roberto, Urca, RJ. TARDE.

Roberto está fazendo um churrasco em sua casa. Karina está brincando com sua filha de seis anos e Paula está com sua filha de seis anos. Hugo também está presente. Rayane conversa com Viviane, Agatha e Elvira. Álvaro ajuda Roberto no churrasco.

AGATHA: Hoje é o dia que a Verônica vai sair da cadeia.

PAULA: Ela vem pra cá que horas?

AGATHA: Não sei.

Verônica aparece na área externa.

VERÔNICA: Cheguei gente! Já paguei tudo que eu tinha com a justiça e a polícia. Tô livre. Não é nada fácil sobreviver naquela cadeia. É extremamente horrível. Não desejo aquilo a ninguém.

Roberto abraça forte sua filha.

ROBERTO: Você é meu anjo, filha. Estávamos morrendo de saudades. Te amo.

Todos fazem um abraço coletivo, recheado de amor, nessa nova família que eles montaram.

FIM