domingo, 24 de maio de 2015

Episódio 17: Lúcia (RETA FINAL)

O Velorio

         Assim que chegamos no castelo de Magiscovs, comunicamos a republica da magia, dizendo que o mestre Antonio, o diretor de Magiscovs tinha sido morto pelo Conde Drácula Lúcifer.
         Muitos ali estavam machucados e a enfermeira Beatriz teve muito trabalho aquela noite. Todos nós passamos pela enfermaria.
         Nem dormimos. Cada um que era dispensado da enfermaria, ia para o salão triunfal, repleto de fotos do diretor. As paredes pintadas de preto, como a minha avó pediu que ficasse por conta do luto.
        
         Vimos o dia amanhecer. Assim que o relógio deu sete da manhã, o mago, o bispo e alguns ministros da republica da magia chegaram no castelo. Estava uma manhã chuvosa. Era como se a natureza lamentasse a morte do diretor.
         - Onde ele está? - perguntou o mago. Todos eles estavam de vestes pretas.
         - Esta na enfermaria! - falou o professor Macedo
         Eles foram até a enfermaria ver o corpo do mestre Antonio:
         - Que dia mais triste! - falou Alana- Quem diria que o mestre iria morrer...
         - Estou me sentindo tão mal! - falou Marcos- Nunca que iria imaginar que o mestre morreria assim!
         - Vocês não acham que o clima está pesado de mais para ficarmos falando ainda mais sobre a morte dele? - falou Amanda- Vamos tentar ajudar os outros! Dar assistência a quem realmente precisa! Ele já está morto, não dá para voltar atrás, mas dá para terminar com uma boa dose de amor e paciência com quem precisa! Vamos deixar de ser egoístas e pensar em nós mesmos, ele morreu e tenho certeza de que ele não gostaria que tivéssemos lamentando sua morte, mas sim, nos alegrando, pois ele morreu por uma causa justa e tenham certeza que Dumber o recebeu de braços abertos!
         - Você tem razão, Amanda! - falei- Hades não saiu até agora do quarto, ele não dormiu a noite toda! Eu estou com uma pena dele!
         - Tadinho! - disse Leticia- Mesmo que o pai fosse um crápula, ele está sofrendo pela morte dele!
         - Vou vê-lo! - falei levantando-me da cadeira e indo em direção a escada que dava para os quartos do grupo Fogo, onde Hades estava.
         Fui sozinha, acho que eles não me acompanharam porque sabiam que ele só se abriria comigo. Hades era muito fechado, todo vampiro era assim, e ele só iria chorar se fosse nos braços de quem ele amasse.
         Abri a porta do quarto onde Hades estava  e ele estava deitado em uma das camas, com o olhar fixo no alto, como se sua mente tivesse perdida no espaço:
         - Oi, Lucia! - falou ele sem olhar para mim. Fui até ele e sentei-me na beirada da cama, passei a mão de leve em seu braço pálido e gelado.
         - Hades! Eu... bem... eu sei que você está triste por conta do acontecido com seu pai... Eu sei que você o amava!
         - Eu o amo! - falou ele secamente- Mas sei que o que foi feito tinha que acontecer um dia! Ele era mal seu coração era de pedra! Não havia vida em sua alma.
         - Mas sei que você é diferente dele! - falei olhando para o seu rosto que parecia mais pálido que o normal
         - Eu sou um vampiro, Lucia! - ele sentou-se na cama e segurou na minha mão, suas mãos eram como pedras de gelo. - Tenho instintos de vampiro! Mas sei que não preciso ser como ele! Sei que Dumber conhece o meu coração e ele não irá me castigar como fez com meu pai e meu avô! - ele fixou seus olhos nos meus, fazendo-me amolecer. Eu sentia um enorme desejo de beija-lo. - O amor me fez ver que não preciso se mal para ser um vampiro! - ele aproximou seus labios dos meus e nos beijamos.
         Fomos interrompidos pela professora Rosa, que pigarreou. Paramos de nos beijar e olhamos para ela, tentando disfarçar o beijo e ela não comentou nada, apenas disse:
         - Se arrumem, o velório do mestre Antonio será daqui duas horas, no cemitério de Bela Vista! - ela saiu do quarto
         - Onde fica Bela Vista? - perguntou ele  assim que a professora saiu
- É a capital do mundo alternativo! - respondi querendo que os lábios dele tocasse novamente os meus.
Levantei-me da cama e disse que precisava me arrumar a caráter de um velório. Sai do quarto e fui em direção ao dormitório do grupo água. Encontrei-me com Aladin, ele estava tristonho, seus olhos lacrimejavam.
Assim que eu cheguei no dormitório do grupo água encontrei com os meus amigos se arrumando:
- Vamos para o enterro! - falou Marcos vestindo vestes pretas
- Eu sei! - falei, pegando minha veste preta...

Fomos todos para o salão triunfal, após nos trocarmos. Minha avó aparentemente parecia está mais reabilitada, mas quem a conhecia muito bem como eu, percebi que ela estava se fazendo de forte para poder nos guiar.
- Nós iremos de pó de fada, pois é muito mais rápido para chegarmos! - disse a professora Maria Batista, de poções.
Todos nós nos reunimos, desde fantasmas até os sacis no meio do salão, a professora pediu para que todos nós déssemos as mãos e fechássemos os olhos:
- Pelos poderes das fadas nos teletransportamos para a cidade de Bela Vista,  agora! - falou ela e jogou o pó em cima de nós.
Neste momento, parecia que estávamos nos despedaçando, tudo girava. Cerca de dois segundos depois, estávamos caídos no chão de um belo jardim. Os professores estavam de pé em nossa frente:
- Como vocês conseguiram cair de pé? - admiraram-se Marcos limpando suas vestes ao levantar do chão
- É pratica, meu rapaz! - falou o professor Macedo caminhando em direção a um enorme portão de ferro. Tínhamos caído  em frente ao cemitério dos alternativos, no jardim de entrada.
Seguimos os professores, mamãe estava com meu padrasto, Luiz. Meu irmão estava de mão dada comigo, fazia tanto tempo que eu não o via!
- Triste, né, Lucia? - falou meu irmão tristonho
- Pense que ele morreu por uma boa causa!  - falei, mas o meu coração estava mais triste do que eu demonstrava, eu queria está firme, pois minha avó sofria mais que eu, e eu queria dar o apoio a ela.
Fomos andando pelo meio de algumas catacumbas e jazigos, até chegar na pequena capela do Deus dos mortos, o Deus Mortifero. Dentro da capela tinha uma enorme estatua dele, um homem com uma enorme capa preta e uma vela preta na mão. No meio da capela, estava o caixão onde o diretor de Magiscovs estava.
Havia varias cadeiras que já estavam bem preenchidas por alternativos que queriam dar o seu ultimo adeus ao eterno mestre dos alunos do mundo alternativo.
Minha avó foi até ele, ela chorava como uma criança, passava a mão em seu rosto pequeno. Minha mãe foi até ela e fez companhia para ela.
O bispo entrou no local com seu cajado, ele foi até o altar e com seu cajado fez todas as velas vermelhas e pretas acenderem-se. A capela estava pequena para tanta gente que estava lá.
- Filhos e filhas que aqui reuniram-se para prestar suas ultimas homenagens ao considerado, mestre dos alunos do mundo alternativo. Graças a ele, temos um ensino tão aplicado para os nossos jovens ingressarem no mercado de trabalho! - o bispo estava emocionado- Todos nós podemos ficar cientes de que ele se foi, mas por uma boa causa! Mortifero o levará até Dumber que o receberá de braços abertos, para quem sabe voltar como um de nossos jovens, ou para ficar lá nos orientando como pode! Antonio Gnomar era o seu nome de batismo, mas seus alunos o apelidou de mestre, como o é!
- O senhor permita-me falar? - perguntou minha avó indo até o bispo Saul
-  Claro, minha querida! Você, mais que ninguém conheceu Antonio na integra e poderá nos satisfazer com um belo discurso de solidariedade! - havia fotógrafos e jornalistas no ambiente e fotografavam cada ato que acontecia na capela.
- Ele foi o meu melhor amigo, professor, me ensinou tudo o que eu sei até hoje! Foi o Mestre que me deu o cargo que tenho hoje e foi ele que me deu a oportunidade de mostrar meu talento. Poucos sabem o que eu direi agora... - ela respirou fundo, por momentos, eu pensei que ela iria desmaiar- Eu era apaixonada por ele, fui, sou e sempre serei apaixonada por esse homem! - para os jornalista e principalmente para a Patricia Saldação, que escrevia para o jornal Alternativo's, era um furo de reportagem, fotógrafos avançavam para tirar uma foto de minha avó ao lado do corpo do diretor.
Foi um choque para todos os alunos, menos para os fantasmas, sacis e professores, que já sabiam da relação amorosa dos dois. Eu não sabia, mas desconfiava. Minha mãe parecia saber e estava do lado de vovó a todo minuto.
- O mestre Antonio sempre estará em nossos corações e almas! Ele sempre ajudará a quem dele precisar! Seu corpo morreu, mas seu espírito está entre nós e sua alma entranhadas nas paredes do edifício que ele construiu, Magiscovs! - continuou minha avó.
Após o seu discurso bombástico, aplaudimos o diretor e minha avó de pé. Todos os alunos gritaram " Mestre, mestre" bem alto e Aladin fez chuvas de pétalas de rosas vermelhas cair sobre todos nós da capela.
Depois que muitas pessoas foram dar o ultimo adeus ao diretor, seu caixão de vidro foi fechado e os curupiras foram carregando-o até o seu tumulo, juntamente com uma procissão de pessoas.
Seu caixão foi posto lá e o bispo selou-o com respingos de água ungida por Dumber.
Fomos indo embora daquele local que só lembrava dor e sofrimento. Na ida, Patricia Saldação parou minha avó:
- Dona Sonia Louves, a senhora gostaria de dar uma declaração para o nosso jornal? - perguntou ela com um pequeno gravador flutuando em volta de minha avó
- Você não está vendo o sofrimento de minha mãe? - minha mãe ficou brava- Se você não sair daqui em cinco segundos vou pedir para que Almans sugue sua alma assim como fizeram com o Conde Drácula!
A repórter saiu do caminho resmungando, mas o seu olhar era de que não iria desistir de uma entrevista com vovó.




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