O Velorio
Assim que chegamos no castelo de
Magiscovs, comunicamos a republica da magia, dizendo que o mestre Antonio, o
diretor de Magiscovs tinha sido morto pelo Conde Drácula Lúcifer.
Muitos ali estavam machucados e a
enfermeira Beatriz teve muito trabalho aquela noite. Todos nós passamos pela
enfermaria.
Nem dormimos. Cada um que era
dispensado da enfermaria, ia para o salão triunfal, repleto de fotos do
diretor. As paredes pintadas de preto, como a minha avó pediu que ficasse por
conta do luto.
Vimos o dia amanhecer. Assim que o
relógio deu sete da manhã, o mago, o bispo e alguns ministros da republica da
magia chegaram no castelo. Estava uma manhã chuvosa. Era como se a natureza lamentasse
a morte do diretor.
- Onde ele está? - perguntou o mago.
Todos eles estavam de vestes pretas.
- Esta na enfermaria! - falou o
professor Macedo
Eles foram até a enfermaria ver o corpo
do mestre Antonio:
- Que dia mais triste! - falou Alana-
Quem diria que o mestre iria morrer...
- Estou me sentindo tão mal! - falou
Marcos- Nunca que iria imaginar que o mestre morreria assim!
- Vocês não acham que o clima está
pesado de mais para ficarmos falando ainda mais sobre a morte dele? - falou Amanda-
Vamos tentar ajudar os outros! Dar assistência a quem realmente precisa! Ele já
está morto, não dá para voltar atrás, mas dá para terminar com uma boa dose de
amor e paciência com quem precisa! Vamos deixar de ser egoístas e pensar em nós
mesmos, ele morreu e tenho certeza de que ele não gostaria que tivéssemos
lamentando sua morte, mas sim, nos alegrando, pois ele morreu por uma causa
justa e tenham certeza que Dumber o recebeu de braços abertos!
- Você tem razão, Amanda! - falei-
Hades não saiu até agora do quarto, ele não dormiu a noite toda! Eu estou com
uma pena dele!
- Tadinho! - disse Leticia- Mesmo que o
pai fosse um crápula, ele está sofrendo pela morte dele!
- Vou vê-lo! - falei levantando-me da
cadeira e indo em direção a escada que dava para os quartos do grupo Fogo, onde
Hades estava.
Fui sozinha, acho que eles não me
acompanharam porque sabiam que ele só se abriria comigo. Hades era muito
fechado, todo vampiro era assim, e ele só iria chorar se fosse nos braços de
quem ele amasse.
Abri a porta do quarto onde Hades
estava e ele estava deitado em uma das
camas, com o olhar fixo no alto, como se sua mente tivesse perdida no espaço:
- Oi, Lucia! - falou ele sem olhar para
mim. Fui até ele e sentei-me na beirada da cama, passei a mão de leve em seu
braço pálido e gelado.
- Hades! Eu... bem... eu sei que você
está triste por conta do acontecido com seu pai... Eu sei que você o amava!
- Eu o amo! - falou ele secamente- Mas
sei que o que foi feito tinha que acontecer um dia! Ele era mal seu coração era
de pedra! Não havia vida em sua alma.
- Mas sei que você é diferente dele! -
falei olhando para o seu rosto que parecia mais pálido que o normal
- Eu sou um vampiro, Lucia! - ele
sentou-se na cama e segurou na minha mão, suas mãos eram como pedras de gelo. -
Tenho instintos de vampiro! Mas sei que não preciso ser como ele! Sei que
Dumber conhece o meu coração e ele não irá me castigar como fez com meu pai e
meu avô! - ele fixou seus olhos nos meus, fazendo-me amolecer. Eu sentia um enorme
desejo de beija-lo. - O amor me fez ver que não preciso se mal para ser um
vampiro! - ele aproximou seus labios dos meus e nos beijamos.
Fomos interrompidos pela professora
Rosa, que pigarreou. Paramos de nos beijar e olhamos para ela, tentando
disfarçar o beijo e ela não comentou nada, apenas disse:
- Se arrumem, o velório do mestre
Antonio será daqui duas horas, no cemitério de Bela Vista! - ela saiu do quarto
- Onde fica Bela Vista? - perguntou
ele assim que a professora saiu
- É a capital do mundo alternativo! - respondi
querendo que os lábios dele tocasse novamente os meus.
Levantei-me da cama e disse que precisava me arrumar a
caráter de um velório. Sai do quarto e fui em direção ao dormitório do grupo água.
Encontrei-me com Aladin, ele estava tristonho, seus olhos lacrimejavam.
Assim que eu cheguei no dormitório do grupo água
encontrei com os meus amigos se arrumando:
- Vamos para o enterro! - falou Marcos vestindo vestes
pretas
- Eu sei! - falei, pegando minha veste preta...
Fomos todos para o salão triunfal, após nos trocarmos.
Minha avó aparentemente parecia está mais reabilitada, mas quem a conhecia
muito bem como eu, percebi que ela estava se fazendo de forte para poder nos
guiar.
- Nós iremos de pó de fada, pois é muito mais rápido
para chegarmos! - disse a professora Maria Batista, de poções.
Todos nós nos reunimos, desde fantasmas até os sacis
no meio do salão, a professora pediu para que todos nós déssemos as mãos e
fechássemos os olhos:
- Pelos poderes das fadas nos teletransportamos para a
cidade de Bela Vista, agora! - falou ela
e jogou o pó em cima de nós.
Neste momento, parecia que estávamos nos despedaçando,
tudo girava. Cerca de dois segundos depois, estávamos caídos no chão de um belo
jardim. Os professores estavam de pé em nossa frente:
- Como vocês conseguiram cair de pé? - admiraram-se
Marcos limpando suas vestes ao levantar do chão
- É pratica, meu rapaz! - falou o professor Macedo
caminhando em direção a um enorme portão de ferro. Tínhamos caído em frente ao cemitério dos alternativos, no
jardim de entrada.
Seguimos os professores, mamãe estava com meu
padrasto, Luiz. Meu irmão estava de mão dada comigo, fazia tanto tempo que eu
não o via!
- Triste, né, Lucia? - falou meu irmão tristonho
- Pense que ele morreu por uma boa causa! - falei, mas o meu coração estava mais triste
do que eu demonstrava, eu queria está firme, pois minha avó sofria mais que eu,
e eu queria dar o apoio a ela.
Fomos andando pelo meio de algumas catacumbas e
jazigos, até chegar na pequena capela do Deus dos mortos, o Deus Mortifero.
Dentro da capela tinha uma enorme estatua dele, um homem com uma enorme capa
preta e uma vela preta na mão. No meio da capela, estava o caixão onde o
diretor de Magiscovs estava.
Havia varias cadeiras que já estavam bem preenchidas
por alternativos que queriam dar o seu ultimo adeus ao eterno mestre dos alunos
do mundo alternativo.
Minha avó foi até ele, ela chorava como uma criança,
passava a mão em seu rosto pequeno. Minha mãe foi até ela e fez companhia para
ela.
O bispo entrou no local com seu cajado, ele foi até o
altar e com seu cajado fez todas as velas vermelhas e pretas acenderem-se. A
capela estava pequena para tanta gente que estava lá.
- Filhos e filhas que aqui reuniram-se para prestar
suas ultimas homenagens ao considerado, mestre dos alunos do mundo alternativo.
Graças a ele, temos um ensino tão aplicado para os nossos jovens ingressarem no
mercado de trabalho! - o bispo estava emocionado- Todos nós podemos ficar cientes
de que ele se foi, mas por uma boa causa! Mortifero o levará até Dumber que o
receberá de braços abertos, para quem sabe voltar como um de nossos jovens, ou
para ficar lá nos orientando como pode! Antonio Gnomar era o seu nome de
batismo, mas seus alunos o apelidou de mestre, como o é!
- O senhor permita-me falar? - perguntou minha avó
indo até o bispo Saul
- Claro, minha
querida! Você, mais que ninguém conheceu Antonio na integra e poderá nos
satisfazer com um belo discurso de solidariedade! - havia fotógrafos e
jornalistas no ambiente e fotografavam cada ato que acontecia na capela.
- Ele foi o meu melhor amigo, professor, me ensinou
tudo o que eu sei até hoje! Foi o Mestre que me deu o cargo que tenho hoje e
foi ele que me deu a oportunidade de mostrar meu talento. Poucos sabem o que eu
direi agora... - ela respirou fundo, por momentos, eu pensei que ela iria
desmaiar- Eu era apaixonada por ele, fui, sou e sempre serei apaixonada por
esse homem! - para os jornalista e principalmente para a Patricia Saldação, que
escrevia para o jornal Alternativo's, era um furo de reportagem, fotógrafos
avançavam para tirar uma foto de minha avó ao lado do corpo do diretor.
Foi um choque para todos os alunos, menos para os
fantasmas, sacis e professores, que já sabiam da relação amorosa dos dois. Eu
não sabia, mas desconfiava. Minha mãe parecia saber e estava do lado de vovó a
todo minuto.
- O mestre Antonio sempre estará em nossos corações e
almas! Ele sempre ajudará a quem dele precisar! Seu corpo morreu, mas seu
espírito está entre nós e sua alma entranhadas nas paredes do edifício que ele
construiu, Magiscovs! - continuou minha avó.
Após o seu discurso bombástico, aplaudimos o diretor e
minha avó de pé. Todos os alunos gritaram " Mestre, mestre" bem alto
e Aladin fez chuvas de pétalas de rosas vermelhas cair sobre todos nós da
capela.
Depois que muitas pessoas foram dar o ultimo adeus ao
diretor, seu caixão de vidro foi fechado e os curupiras foram carregando-o até
o seu tumulo, juntamente com uma procissão de pessoas.
Seu caixão foi posto lá e o bispo selou-o com
respingos de água ungida por Dumber.
Fomos indo embora daquele local que só lembrava dor e
sofrimento. Na ida, Patricia Saldação parou minha avó:
- Dona Sonia Louves, a senhora gostaria de dar uma
declaração para o nosso jornal? - perguntou ela com um pequeno gravador
flutuando em volta de minha avó
- Você não está vendo o sofrimento de minha mãe? -
minha mãe ficou brava- Se você não sair daqui em cinco segundos vou pedir para
que Almans sugue sua alma assim como fizeram com o Conde Drácula!
A repórter saiu do caminho resmungando, mas o seu
olhar era de que não iria desistir de uma entrevista com vovó.
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