Capítulo 19: Mar da Vida

CENA 01. APTO ROGÉRIO. INT. NOITE.

Continuação do capítulo anterior. Rogério segura firme no braço de Felipe.

ROGÉRIO: - Vai fazer o quê? Ou você acha que eu não sei que você adora quando eu te pego assim?

FELIPE: - Filho da mãe!

Rogério empurra Felipe, que cai sobre o sofá. Rogério logo avança sobre ele.

ROGÉRIO: - Eu sei que é disso que você gosta, Felipe... Não precisa me enganar não.

FELIPE: - Eu não sei do que você está falando. Agora sai de cima de mim, agora!

ROGÉRIO: - Por que? Você vai gritar se eu não sair, é? Então grita! Isso vai me deixar mais animado ainda.

     Rogério rapidamente beija Felipe, que tenta impedir, mas acaba cedendo. Os dois ficam aos amassos no sofá.

CENA 02. DECK CIA DE NAVEGAÇÃO. EXT. NOITE.

Sônia está no deck, olhando o mar, a bela lua que ilumina a noite de Praia Real, quando é surpreendida por Henrique.

HENRIQUE: - Está uma noite muito bonita.

SÔNIA (surpresa): - Henrique, o que você está fazendo aqui? Não deveria estar lá dentro, com seus convidados? Afinal, a noite é sua.

HENRIQUE: - A festa pode esperar mais um pouco... O momento agora é para a minha vida, para o meu passado.

SÔNIA: - Agora não há momento algum, Henrique.

HENRIQUE: - Você precisa me dizer Sônia, onde está meu filho? O que aconteceu depois que tive que ir embora...?

SÔNIA: - Você quer saber o que aconteceu depois que você me abandonou, é isso?

     Os dois se olham firmemente.

SÕNIA: - Pois bem, eu estava grávida e ainda esperançosa de que você voltaria para me levar junto com você, mas... (emocionada) Você não voltou mais. Então o tempo passou e a minha filha...

HENRIQUE: - Nossa filha.

SÔNIA: - Minha filha!... A minha filha nasceu e eu tive que suportar a desconfiança do meu pai.

HENRIQUE: - Por que?

SÔNIA: - Ele achava que eu era como a Cláudia.

HENRIQUE: - Uma garota de programa...

SÔNIA: - Depois que a minha filha nasceu, eu fiquei pouco tempo em casa. A situação não estava boa e eu decidi recomeçar minha vida, deixando tudo para trás.

HENRIQUE: - Você abandonou a sua filha?

SÔNIA: - Eu precisava recomeçar do zero. Eu queria levá-la comigo, mas não tive como. Então ela ficou sob os cuidados dos meus pais, que a criaram junto com a filha da Cláudia.

HENRIQUE: - Cláudia teve uma filha também?

SÔNIA: - Teve. E elas foram criadas juntas, como irmãs, mas órfãos de pais.

HENRIQUE: - Como assim?

SÔNIA: - Meus pais criaram as meninas como irmãs, filhas da mesma mãe, mas de pais diferentes. Porém, a mãe delas morreu num acidente de carro.

HENRIQUE: - E qual é o nome da minha filha?

Nesse instante, um funcionário da Cia de Navegação se aproxima dos dois no deck.

FUNCIONÁRIO: - Com licença, senhor Henrique. Está na hora do discurso.

HENRIQUE: - Obrigado, já estou indo.

O funcionário se afasta.

SÔNIA; - É melhor você ir.

HENRIQUE: - Mas...

SÔNIA: - Vá Henrique. Seus convidados não podem ficar esperando.

HENRIQUE; - Tudo bem... Mas só mais uma coisa. Procure seus pais, Sônia. Esclareça essa história, põe tudo em pratos limpos e acaba com essa angústia que há em você.

     Sônia escuta atenta os conselhos de Henrique.

HENRIQUE: - Vai ser melhor para você se enfrentar de frente essa história toda. E se precisar de apoio, eu estarei aqui.

     Henrique vai para o salão.

CENA 03. SALÃO CIA DE NAVEGAÇÃO. INT. NOITE.

Henrique entra no salão. Silvana se aproxima dele.

SILVANA: - Querido, onde você esteve?

HENRIQUE: - Estava andando pela companhia, vendo se está tudo certo.

SILVANA: - Está na hora do discurso.

HENRIQUE: - Sim, eu estou já estou indo.

Silvana dá um beijo em Henrique.

SILVANA: - Eu te amo!

HENRIQUE: - Eu também.

Henrique vai até o palco e é aplaudido pelos convidados.

CENA 04. CASA BRENDA. SALA. INT. NOITE.

     Guto esta na sala, assistindo TV quando Alice entra no local.

ALICE: - Está vendo o quê, Guto?

GUTO: - Um filme...

ALICE: - Ah, vou assistir com você.

GUTO: - Claro, senta aí.

     Alice senta-se ao lado de Guto, no sofá.

ALICE; - Eu estou precisando me distrair um pouco, o dia hoje foi de fortes emoções.

GUTO: - Nem me fala... A brenda está tão pra baixo.

ALICE: - Já era de se imaginar... A Rúbia vai se casar com o César.

GUTO: - Esse César... Nada me tira da cabeça que ele só estava usando a Brenda, sabia?

ALICE: - Você acha?

GUTO: - Claro! Queria ficar com as duas, mas com essa história do casamento, ele não conseguiu.

ALICE: - Eu acho que não, Guto... Eu acredito que ele realmente gostava dela. O problema é que ele namorou a Rúbia primeiro.

GUTO: - Rúbia... Essa sim se deu bem.

ALICE: - Ela deve estar adorando a história de ser rica, de ir morar na mansão. Como pode, né? Duas irmãs serem tão diferentes uma da outra.

GUTO: - A Brenda é uma princesa...

ALICE; - Você gosta mesmo dela, não é?

GUTO: - Alice, eu amo a Brenda, amo muito. E eu sei que um dia ela vai me amar também e a gente vai ser muito feliz. Muito feliz!

CENA 05. SALÃO DA CIA DE NAVEGAÇÃO. INT. NOITE.

Carvalho e Virgínia colocam alguns salgados na bolsa de Virgínia. Carvalho avista Sonia e chama a amiga.

CARVALHO: - Sônia!

Sônia se aproxima.

SÔNIA: - Carvalho, meu amigo! Você aqui na festa?

CARVALHO: - Por incrível que pareça, fui convidado...

SÔNIA: - Você? Aposto que deu um jeito de entrar escondido...

CARVALHO: - Deixa quieto, Sônia, deixa quieto... Eu quero te apresentar a minha amiga Virgínia.

VIRGÍNIA: - Olá!

SÔNIA: - Muito prazer, Virgínia.

CARVALHO; - Virgínia, eu e Sônia somos grandes amigos.

SÔNIA: - De longa data.

VIRGÍNIA; - Que bom! Amizades assim são ótimas! Tenho até inveja de quem tem amigos assim!... Mas não se preocupe, porque se é amiga do Carvalho, é minha amiga também!

SÔNIA: - Que bom! (risos). Mas Carvalho, eu queria falar com você, um assunto importante...

CARVALHO: - Ah, claro... Virgínia, você me espera aqui um pouquinho?

VIRGÍNIA: - Claro, fique a vontade.

Carvalho e Sônia vão para outro ponto da festa. Enquanto isso, Henrique discursa.

HENRIQUE: - Então, depois de tanto tempo de planejamento, de estudo e é claro, investimentos, a companhia retoma as suas atividades em Praia Real.

Durante discurso, Cristina já está bêbada.

CRISTINA (falando alto): - É isso aí! (risos) Agora vamos pra música, volta pra festa!

Alguns convidados olham para ela e comentam. Tomás tenta contê-la.

TOMÁS: - Cristina, contenha-se, por favor.

CRISTINA; - Me conter por que? Hoje é noite de festa, de alegria e eu estou feliz!

TOMÁS: - Você está bêbada, Cristina!

CRISTINA (gitando): - Eu? Bêbada?! Claro que não! Eu estou sãzinha! (gargalhadas altas)

O vexame de Cristina chama a atenção dos convidados.

HELENA: - O que está acontecendo lá?...

TÂNIA: - É a Cristina... Bêbada! Que horror!

Cristina tenta tomar mais uma taça de champanhe, mas Tomás a impede.

TOMÁS (tirando a taça de Cristina): - Chega, Cristina.

CRISTINA: - Para Tomás! Deixa de ser careta, idiota! VocÊ quer acabar com a minha felicidade, é isso? Eu estou feliz, me deixa ser feliz!

Vera se aproxima dos dois.

VERA: - Tomás, leva ela para casa, ela não está bem. Está dando o maior vexame aqui.

TOMÁS: - Claro, mas eu não quero que ela faça nenhum escândalo enquanto eu a tiro daqui.

Nesse instante, Cristina vai até a frente do palco onde Henrique discursa. Tomás vai atrás dela rapidamente.

CRISTINA (batendo palmas): - Palmas! Palmas pra você, Henrique.

TOMÁS: - Cristina, por favor!

CRISTINA: - Palmas pra você, mas esse discurso aí, ta muito chato! Você está chato! (risos)

Os convidados ficam surpresos. Henrique fica sem jeito.

CRISTINA: - Para com essa ladainha e vamos logo pra festa, solta a música! Deixa esse discurso de idiota pra quem é idiota! Aqui não é hora disso!

TOMÁS (pegando Cristina pelo braço): - Agora você passou dos limites!

CRISTINA (gritando): - Me solta! Eu quero curtir a festa! Me solta!

Tomás vai levando Cristina à força para fora do salão. Vera vai até à frente do palco e pede desculpas para Henrique que continua o discurso.

HENRIQUE: - Bem, a convidada estava um pouco alterada... Continuando, a companhia de navegação vai atender a todos os tipos de clientes. Temos embarcações de alta qualidade e de padrão europeu...

CENA 06. CIA DE NAVEGAÇÃO. EXT. NOITE.

Tomás coloca Cristina para dentro do carro. Vera chega logo em seguida, acompanhada por Leandro.

TOMÁS: - Eu vou levá-la para casa.

LEANDRO: - Faça isso, ela está precisando de um banho bem frio...

VERA: - Vá com cuidado, Tomás.

Tomás parte. Vera abraça Leandro, preocupada com Cristina.

CENA 07. DECK CIA DE NAVEGAÇÃO. EXT. NOITE.

Sônia e Carvalho conversam no deck.

CARVALHO: - Então vocÊ falou pra ele sobre as meninas?

Sônia: - Falei... E agora parece que tirei um peso das costas.

CARVALHO: - Fez bem, Sônia... Ele é o pai, precisava saber.

SÔNIA: - Mas ele também me disse outra coisa, que é verdade...

CARVALHO: - O que ele te falou?

SÔNIA: - Ele disse para eu procurar meus pais e esclarecer toda essa história.

CARVALHO (surpreso): - Esclarecer tudo?! Inclusive a verdade sobre as meninas, de que elas não são irmãs?

SÔNIA: - Não sei se chegará a esse ponto, mas isso faz parte da verdade, terá que ser esclarecido... Mas agora eu não sei o que eu faço. Será que eu devo fazer isso mesmo? Encarar a minha história de frente?

CARVALHO: - Isso só quem poderá decidir é você. Mas decida com cuidado, pois não envolve apenas você e o Henrique. É a história de vida de mais pessoas.

     Carvalho se aproxima de Sônia e segura na mão dela.

CARVALHO: - Mas seja o que você for decidir, eu estarei sempre do seu lado, assim como você esteve no meu.

SÔNIA: - Obrigado, meu amigo!

     Os dois se abraçam carinhosamente.

CENA 08. HOSPITAL. QUARTO RÚBIA. INT. NOITE.

César está deitado na cama, ao lado de Rúbia. Os dois conversam.

RÚBIA: - Eu ainda não consigo acreditar que nós vamos nos casar, César! Parece sonho!

CÉSAR: - Mas é verdade. (dando um beijinho em Rúbia)

RÚBIA: - Nossa, temos que pensar nos padrinhos! Com certeza, a Patrícia será madrinha.

CÉSAR: - Pensei que você falaria agora na Brenda, sua irmã.

RÚBIA (cínica): - É, a Brenda também. Ela e o Guto, que formam um casal perfeito.

CÉSAR: - Como assim, casal perfeito?

RÚBIA: - Você não sabia, meu amor?

CÉSAR: - Não sabia do que?

RÚBIA: - César, a Brenda e o Guto tem um caso.

CÉSAR (surpreso): - Como é que é?

RÚBIA: - Isso mesmo. Vai dizer que você nunca percebeu?

CÉSAR: - Não, eu nunca notei nada...

RÚBIA: - Os dois tem um caso há muito tempo. Eles vivem juntos, aos carinhos, abraços e beijos, como dois pombinhos.

César fica surpreso com as revelações de Rúbia.

RÚBIA: - Nossa, César, você parece tão surpreso. Pensei que você já soubesse disso tudo.

CÉSAR: - Não, eu não sabia...

RÚBIA: - Sim, os dois vivem no maior Love.

CÉSAR: - Mas, faz muito tempo isso?

RÚBIA: - Ih, desde que eles eram mais novos... Já faz alguns anos... Mas por que tanto interesse nisso?

CÉSAR: - Nada, não, curiosidade.

RÚBIA: - Pois então, a Brenda e Guto podem ser padrinhos, a Patrícia, e...

CÉSAR: - Eu vou até a cantina pegar um café, volto logo.

RÚBIA: - Está bem.

César sai do quarto. Rúbia demonstra-se satisfeita.

RÚBIA: - É agora que eu afasto a Brenda e o César de vez.

CENA 09. HOSPITAL. CANTINA. INT. NOITE.

César chega na cantina e senta-se numa mesa.

CÉSAR: - Então a Brenda já estava com o Guto antes de me conhecer... Por que ela faria isso comigo? Por que me enganaria?...

CENA 10. TRANSIÇÃO DO TEMPO. EXTERNAS PRAIA REAL. AMANHECER / HOSPITAL. QUARTO RÚBIA. INT. DIA.

Imagens de Praia Real ao amanhecer. A beira-mar, calçadão. Corta para o Hospital, onde Rúbia recebe alta. César e Marina estão no quarto.

MÉDICO: - Você já está liberada, Rúbia. Mas cuidado, agora você está esperando um bebê aí.

CÉSAR: - Pode deixar doutor, eu cuidarei bem dela.

RÚBIA: - E eu prometo me comportar direitinho... ainda mais com um maridão desses por perto.

MARINA: - Vamos então? O Charles está esperando lá fora.

     Os três saem do quarto.

CENA 11. APTO ROGÉRIO. SALA. INT. DIA.

Imagens de roupas espalhadas por todos os lados, calçados, taças de vinho sobre a mesa. Deitados no chão, Felipe e Rogério, seminus. Após um tempo, Felipe se acorda.

CENA 12. APTO ROGÉRIO. SALA. INT. DIA.

Felipe, já arrumado, sai do apartamento e Rogério permanece dormindo no chão, sem perceber nada.

CENA 13. CASA TOMÁS. QUARTO CRISTINA. INT. DIA.

Cristina se acorda e depara-se com Tomás, sentado aos pés da cama.

CRISTINA: - Que dor de cabeça...

TOMÁS: - Logo eu já vou descer, pra trazer um chá para você...

CRISTINA: - Parece até que eu bebi...

TOMÁS: - Não parece, Cristina, você bebeu. E ainda por cima fez um escândalo na festa ontem.

CRISTINA: - Como é que é?

TOMÁS: - Isso mesmo. Tive que trazer à força para casa. O que acontece com você, hein, Cristina? Por que você age assim, uma montanha russa de comportamentos? Eu não consigo entender!

CRISTINA: - Mas eu não lembro de nada, Tomás! Eu não consigo lembrar de nada disso que você está falando! Nada!...

Tomás abraça Cristina, que chora.

TOMÁS: - Tudo bem, tudo bem... Eu vou pegar seu chá.

Tomás sai do quarto. Cristina continua deitada, secando as lágrimas.

CENA 14. CASA BRENDA. SALA. INT. DIA.

Matilde e Joaquim conversam.

JOAQUIM: - A essa hora, a Rúbia já deve estar saindo do hospital.

MATILDE: - Eu bem que queria ir lá ver ela.

JOAQUIM: - Ué, e por que não foi então?

MATILDE: - Esqueceu que ela vai para casa do César... E eu liguei pra ele hoje cedo. Ele me passou pra ela e ela disse que não era preciso a gente ir lá pro hospital.

JOAQUIM: - Essa mudança da Rúbia pra lá, sei não...

MATILDE: - O que foi Joaquim, você acha que ela não deveria ir?

JOAQUIM: - Matilde, nós criamos a Brenda, a Rúbia, ajudamos o Guto, a Alice... Estão todos aí, saudáveis, bem vividos... Poderíamos muito bem ajudá-la a criar o nosso bisneto.

MATILDE: - Joaquim, as coisas mudaram... Hoje é preciso muito mais cuidado com um bebê do que antes... E eu creio que o seu Alberto irá cuidar bem da nossa neta. E não preocupe, por que nós podemos ir lá na mansão visitá-la.

JOAQUIM: - Ela vai fazer uma falta...

CENA 15. IMOBILIÁRIA. SALA DIOGO. INT. DIA.

Diogo e Clarisse conversam.

CLARISSE: - E aqui estão os documentos que faltavam.

DIOGO (analisando os papéis): - Muito bom, Clarisse. Você fez um ótimo trabalho. Como sempre.

CLARISSE: - Obrigada, Diogo.

DIOGO: - E então, como andam as coisas com seu marido?

CLARISSE: - Tudo na mesma...

DIOGO: - Vocês não costumam sair, se divertir, cinema...?

CLARISSE: - O Charles nunca foi um homem muito romântico, não. No início até íamos no cinema, no teatro... Depois do casamento, eu até desaprendi a me divertir.

DIOGO: - Não diga isso... Se quiser, eu posso te ensinar novamente.

Os dois se olham.

CLARISSE: - Diogo, assim você me deixa sem jeito.

DIOGO: - Eu é que fico sem jeito quando estou perto de você, Clarisse.

Os dois se aproximam mais. Quando estão prestes a se beijar, Adriano entra na sala, quebrando o clima entre eles.

ADRIANO (entrando na sala): - Olá!... Oh, desculpe, acho que cheguei numa hora errada... É que a porta estava aberta e eu...

CLARISSE (envergonhada): - Não imagina, eu já estava de saída. Até logo Diogo.

DIOGO: - Obrigado, Clarisse!

Clarisse sai da sala. Adriano fecha a porta.

ADRIANO (sentando-se na cadeira): - Foi mal, Diogo. Estraguei tudo, não foi?

DIOGO: - Tudo não... Mas tudo bem... então, a que devo a honra de sua visita?

ADRIANO: - Ontem na festa, eu falei com alguns arquitetos que estavam lá e eles me deram algumas dicas e eu queria falar com você sobre isso. Está ocupado agora?

DIOGO: - Não, não... Pode dizer...

Os dois seguem conversando.

CENA 16. CASA PETRÔNIO. GARAGEM. INT. DIA.

Bento está na garagem, limpando o carro, quando Helena entra no local, tomando um copo de suco.

BENTO: - Eu já estou terminando, dona Helena, só falta...

HELENA: - Não tenha pressa, Bento. Pode fazer seu serviço bem feito. Eu só vim avisar que precisarei do seu serviço mais tarde.

BENTO: - Tudo bem.

     Bento volta a limpar o carro e Helena fica a observar o rapaz. Bento percebe.

BENTO: - Algum problema, dona Helena?

HELENA: - Não, nenhum... Aliás, só uma dúvida.

BENTO: - Pois não?

HELENA: - Naquela noite, em que você e a Samantha chegaram juntos em casa, na sua noite de folga... Vocês se encontraram por acaso, como foi?

BENTO: - Sim, nos encontramos por acaso, no centro... Eu estava voltando para casa e ela estava também, acompanhada de algumas amigas. Eu dei carona para elas e depois voltamos para casa.

HELENA: - Ah, você deu carona para as amiguinhas da Samantha até à casa delas?

BENTO: - Sim, prestei esse favor. Eram pessoas muito animadas, simpáticas.

HELENA: - Sei... Posso imaginar a simpatia delas...Mas você e a Samantha chegaram tarde, não é?

BENTO: - Desculpe perguntar, dona Helena, mas onde a senhora quer chegar com essas perguntas?

HELENA: - Nada não, apenas curiosidade...

BENTO: - É que eu preciso terminar a limpeza aqui, senão seu Petrônio briga comigo, e aí já viu.

HELENA: - Claro, pode continuar sim...

     Helena sai da garagem. Bento continua a limpar o carro.

CENA 17. CASA PETRÔNIO. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

     Helena chega na sala de estar. Petrônio e Samantha estão sentados.

PETRÔNIO: - Então Helena, o que achou da festa de ontem?

HELENA: - Muito boa! Tudo impecável, decoração, produção, a música... Uma festa muito boa. Só achei que eles deveriam selecionar melhor os convidados.

SAMANTHA: - Por que?

HELENA: - Primeiro, porque o Diogo estava na festa. Isso já é um sinal da má seleção de pessoas... Segundo, a irmã da Vera, minha amiga, fazendo o maior vexame na festa, completamente bêbada.

SAMANTHA: - É mesmo... Que vergonha, viu...

PETRÔNIO: - Acontece... A pessoa se empolga, bebe um pouco a mais e aí...

HELENA: - Algum de vocês viu o Matheus?

SAMANTHA: - Ele saiu faz pouco tempo.

HELENA: - Mas como se eu não o vi?... Disse pelo menos para onde iria?

SAMANTHA: - Não disse não.

HELENA: - Aposto que foi atrás da indigente.

PETRÔNIO: - Helena!

HELENA: - Desculpe, desculpe... Saiu sem querer... Mas é que eu queria falar com ele e é muito importante.

PETRÔNIO: - E o que seria?

HELENA: - Eu quero dizer À ele que eu aceito a presença dessa moça que ele está namorando na festa. Sem problemas.

SAMANTHA: - Que bom, Helena! Ele vai ficar muito contente.

CENA 18. CASA ALBERTO. EXT. DIA.

Rúbia chega na casa de César, acompanhada de César e Marina. Charles desce do carro e abre a porta do veículo para Rúbia e César, que descem.

CÉSAR: - Seja bem-vinda Rúbia à sua nova casa.

     Rúbia sente-se poderosa em poder morar na mansão da família Walker. Olga vai recepcionar Rúbia.

OLGA: - Rúbia, bom saber que você vem morar aqui.

RÚBIA: - Muito obrigada Olga. É bom receber tanto carinho assim. Ainda mais agora que estou esperando um bebê. Um bebê do homem mais bonito e que eu mais amo nesse mundo. (olhando para César)

MARINA: - Vamos entrar então?

     Eles seguem para dentro da casa.

CENA 19. CASA BRENDA. QUARTO BRENDA. INT. DIA.

Alice conversa com Brenda sobre o aniversário de Matheus.

BRENDA: - Você tem que ficar tranqüila, Alice, vai dar tudo certo.

ALICE: - Eu sei, eu sei, mas eu não consigo. Só de pensar que vou ter que enfrentar a mãe do Matheus novamente, me dá um frio na barriga!

BRENDA: - Com certeza o Matheus vai te apoiar, vai te defender. E depois a mãe dele vai acabar aceitando esse amor, vai te conhecer melhor e ver que você não é nada disso que ela pensa...

     Nesse instante, Guto entra no quarto.

GUTO: - Com licença meninas.

BRENDA: - Oi Guto. Aconteceu alguma coisa?

GUTO: - Nada não... Alice, tem um rapaz lá fora querendo falar com você. Acho que é o Matheus.

ALICE: - O Matheus?

BRENDA: - Vai lá fora falar com ele! Vai!

CENA 20. CASA BRENDA. EXT. DIA.

     Alice encontra Matheus. Os dois se abraçam e se beijam.

ALICE: - O que você está fazendo aqui?

MATHEUS: - Vim ver você... Não posso?

ALICE: - Claro que pode!

MATHEUS: - Quis fazer uma surpresa. Está pronta para sair?

ALICE: - Como assim, Matheus? O que você vai aprontar garoto?

MATHEUS: - Deixa comigo! Agora vem que nós vamos fazer um passeio bem bacana.

     Alice e Matheus saem de mãos dadas, felizes.

CENA 21. CASA ALBERTO. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

Rúbia, César, Marina, Olga e Charles entram na sala. Alberto, Felipe e Tânia já estão no local.

ALBERTO: - Rúbia, minha querida! Que bom que você chegou! (abraçando Rúbia)

RÚBIA: - Seu Alberto. Muito obrigada a você, à dona Tânia, por me receberem aqui na casa de vocês.

ALBERTO: - Não precisa agradecer não, minha querida. Você é a mãe do meu netinho! Não estamos fazendo nada além de ajudar, só isso, para que você fique bem e tenha uma gravidez com todos os cuidados precisos.

MARINA: - É mesmo. Nesses dias e semanas, é preciso ter bastante cuidado. Evitar atividades que demandem muita energia, enfim...

CÉSAR: - Bom, Rúbia, você já percebeu que será monitorada 24 horas por dia! (risos)

FELIPE (cochichando com Tânia): - Pelo o que eu vi, ela vai ser tratada como rainha aqui dentro.

TÂNIA: - Talvez... Eu farei questão de lembrar ela que o lugar dela é a plebe.

CÉSAR: - Charles!

CHARLES: - Pois não, senhor César.

CÉSAR: - Depois você vá até a casa da Rúbia para pegar as malas delas, com as roupas e os pertences. A dona Matilde já deixou tudo separado.

CHARLES: - Tudo bem.

ALBERTO: - Não, não, não.

MARINA: - O que foi pai?

ALBERTO: - Casa nova, vida nova. A Rúbia vai ganhar um guarda-roupas novo. Hoje mesmo, César e você também, Marina, pode ir com a Rúbia ao shopping e comprar tudo o que ela quiser e o que ela irá precisar para a gravidez. Faço questão. Pode deixar que eu banco tudo.

TÂNIA: - Mas Alberto, se a moça tem as coisas dela, acredito que não será...

ALBERTO (interrompendo): - É um presente meu, Tânia. Faço questão. O que você acha Rúbia?

RÚBIA: - Nossa, eu nem sei o que dizer. Eu adorei esse presente! E essa nova família!

     Tânia e Felipe trocam olhares.

CENA 22. CALÇADÃO PRAIA REAL. QUIOSQUE. INT. DIA.

Virgínia organiza as caixinhas e os frascos com os produtos de beleza para começar a vender. Noêmia se aproxima.

NOÊMIA: - Virgínia, vai começar a vender os cosméticos, então?

VIRGÍNIA: - Vou sim, Noêmia. Acertei o local aqui com o dono do quiosque, que me cedeu esse espaço. Agora é só começar a divulgar.

NOÊMIA: - Ah, e eu quero ser a primeira freguesa!

VIRGÍNIA: - Claro! Olha só o que eu tenho aqui, com certeza você vai adorar!

NOÊMIA: - E o que é?

VIRGÍNIA: - É um creme para a pele, que deixa você como se fosse uma menininha de 15 anos!

NOÊMIA: - Não me diga?!

VIRGÍNIA: - Claro! Feito de ervas e frutos colhidos diretamente da Amazônia! Uma loucura!

Virgínia começa a mostrar os produtos para Noêmia. Logo, algumas outras mulheres que estavam no quiosque se aproximam. Em pouco tempo, o estande de Virgínia está cheio de freguesas, comprando e provando os cosméticos.

CENA 23. PASSAGEM DO TEMPO. CORRER DO DIA / SHOPPING. INT. DIA.

Imagens de Praia Real. Mar, calçadão, centro da cidade, muita movimentação. Corta para o interior de um grande shopping Center, muitas pessoas comprando, passeando. Entre elas, César, Marina e Rúbia. Imagens de Rúbia provando roupas, Marina ajudando, César também.

CENA 24. CALÇADÃO PRAIA REAL. EXT. DIA.

     Alice e Matheus passeiam de mãos dadas pelo calçadão. Alice carrega um urso de pelúcia, presente de Matheus.

MATHEUS: - Então, gostou do passeio?

ALICE: - Eu adorei, Matheus! Me diverti muito e ainda ganhei esse ursão de presente!

MATHEUS: - Sabia que você iria gostar. Eu também adoro aquela lanchonete que eu te levei... Sempre ia lá com meu avô, quando era criança.

ALICE: - É um lugar muito bacana.

MATHEUS (acariciando o rosto de Alice): - Você é uma pessoa muito especial pra mim, Alice.

ALICE: - Você também, Matheus. É um rapaz incrível, com um coração enorme.

MATHEUS: - Eu te amo.

     Alice e Matheus se beijam apaixonadamente.

CENA 25. CASA TOMÁS. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

Vera e Cristina conversam.

VERA: - Sozinha em casa então, Cristina?

CRISTINA: - Não... O Tomás está no escritório e a Patrícia no quarto, estudando.

VERA: - E como está a Rúbia, a amiga dela?

CRISTINA: - Está bem. Parece que saiu hoje do hospital.

VERA: - E você, como está?

CRISTINA: - seguindo a vida... Eu não sei o que aconteceu, eu não consigo me lembrar do que aconteceu.

VERA: - Foi algo impressionante, Cristina. Eu nunca tinha visto você assim.

CRISTINA: - Meu Deus do céu, que vergonha...

VERA; - Mas calma, já passou... Agora é bola pra frente e cuidar para não repetir o mesmo erro.

CRISTINA: - Depois eu vou ligar para a Silvana, o Henrique... Pedir desculpas pelo o que eu fiz.

VERA: - Isso, faça isso mesmo.

CRISTINA: - É, assim eu também ficarei melhor. Me livro dessa sensação de culpa, sei lá.

VERA: - Agora, mudando um pouco de assunto... Eu e o Leandro vamos viajar.

CRISTINA: - Oh, que notícia boa! Quando?

VERA: - No próximo final de semana. Vou seguir os seus conselhos. Petrópolis!

CRISTINA: - Eu sabia que você faria isso. Vai ser bom para vocês.

VERA: - É mesmo. Mas agora eu quero que você siga os meus conselhos! Você vai ficar como responsável pela boutique, Cristina. Se cuida para não fazer nada errado, hein!

CRISTINA: - Pode deixar, Vera. Eu estou bem! Não farei nada de errado, pode deixar.

VERA: - Ok... Ah, eu estava pensando de irmos fazer uma visita para Tânia e apresentar pra ela a coleção da Glória Colombo. O que vocÊ acha?

CRISTINA: - Acho bárbaro. Só espero que a Tânia goste né? Porque fazer aquela mulher gostar de alguma coisa deve ser fogo! (risos)

    

CENA 26. CASA TOMÁS. ESCRITÓRIO. INT. DIA.

     No escritório, sentado em frente ao computador, Tomás olha sites sobre distúrbios psicológicos.

CENA 27. TRANSIÇÃO DO TEMPO. EXTERNAS PRAIA REAL. ANOITECER / AMANHECER / CLÍNICA MÉDICA. EXT. DIA.

Imagens de Praia Real ao anoitecer. Pôr-do-sol lindo à beira da praia. Imagens da cidade à noite, o centro da cidade, bares... Imagens de Praia Real ao amanhecer. As gaivotas voando, barcos de pesca ao mar... Corta para frente de uma clínica médica. Dentro do seu carro, parado em frente à clínica, Tomás fica em dúvida se entra no local. Após um tempo, ele resolve partir.

CENA 28. BAIRRO PRAINHA. FEIRA. EXT. DIA.

Feira na prainha. Muitas pessoas, feirantes vendendo seus produtos. Sônia caminha por entre a freira, comprando os produtos. Durante as compras, ela esbarra em uma senhora.

SÔNIA: - Desculpe senhora, eu não a vi...

MATILDE (surpresa): - Sônia?!

     Sônia e Matilde se olham surpresas.

              FIM DO CAPÍTULO