segunda-feira, 8 de junho de 2015

Capítulo 20: Mar da Vida


CENA 01. BAIRRO PRAINHA. FEIRA. EXT. DIA.

Continuação do capítulo anterior. Sônia e Matilde se olham surpresas.

MATILDE (surpresa/emocionada): - Meu Deus do céu, não é possível isso...
SÔNIA (emocionada): - Mãe...

As duas se abraçam fortemente, emocionadas, deixando pelo chão as sacolas de compras.

MATILDE: - Minha filha, minha filha querida... Depois de tanto tempo, meu amor!
SÔNIA: - Mãe! A senhora não sabe o quanto eu senti a sua falta! Mas eu não podia...
MATILDE: - Não fala nada agora não, minha filha... Apenas abrace fortemente a sua mãe. Só isso já acalma o meu coração.

Sônia abraça Matilde.

CENA 02. PROJETO AMBIENTAL. SALA DE REUNIÕES. INT. DIA.

César conversa com Fredy e Lílian.

LÍLIAN: - Então César, como está sendo a vida, agora que você vai se tornar pai?
CÉSAR: - É uma mudança muito louca, pra falar a verdade.
FREDY: - E a Rúbia, como ela está?
CÉSAR: - Está bem. Agora está morando lá em casa.
FREDY: - Mas já? Que rápido.
CÉSAR: - É mesmo... Idéia do meu pai. Nós vamos nos casar.
LÍLIAN: - O quê? Como assim?
CÉSAR: - Questão de honra, segundo o doutor Alberto...
FREDY: - Ta, mas você não pode aceitar tudo o que eu seu pai diz.
CÉSAR: - Poder eu não posso, mas por um lado ele tem razão. Eu engravidei a moça, ela é de família, não é certo ela cuidar do filho sozinha, mesmo eu ajudando... É preciso uma família bem estruturada para criar uma criança.
LÍLIAN: - Nesse ponto de família você tem razão, mas me responda uma coisa agora. Como fica seu lance com a irmã dela, a Brenda?
CÉSAR: - Sinceramente, Lílian, eu não sei... Depois dessa história da gravidez da Rúbia e do casamento, não sei anda vai haver alguma coisa entre eu e a Brenda.
FREDY: - Mas você gosta dela?

     César fica em silêncio. Mas o seu olhar evidencia que ele gosta de Brenda.

LÍLIAN: - Não precisa falar nada não. A gente te entende. Eu só torço para que isso tudo dê certo pra você, viu?... Quero que você seja muito feliz.
FREDY: - E eu também. Pode contar com a gente pro que der e vier.
CÉSAR: - Muito obrigado. Vocês são os melhores amigos do mundo.
LÍLIAN: - Certo. Agora chega de papo porque tem muito trabalho pra hoje.
FREDY: - É mesmo. Os relatórios sobre as aves da reserva do Morro da Cruz já estão prontos. É só analisar.
CÉSAR: - Nossa, que eficiência Fredy. (risos)
FREDY: - Ih, já começou de gracinha...
CÉSAR: - Tudo bem, tudo bem... Alguma coisa diferente em relação aos relatórios do ano passado?
FREDY: - Sim, eu constatei algumas coisas...

     Os três seguem conversando.

CENA 03. CASA PETRÔNIO. QUARTO MATHEUS. INT. DIA.

Matheus está em seu quarto, no computador, quando Helena entra no local.

HELENA: - Oi meu filho!
MATHEUS: - Oi mãe.
HELENA: - Você está muito ocupado?
MATHEUS: - Não estou não... O que foi?
HELENA: - Eu vim aqui conversar com você sobre essa moça com quem você tem se relacionado e...
MATHEUS: - Olha só mãe, se você veio até aqui para falar mal da Alice, por favor, pode sair.
HELENA: - Não, Matheus! Não é nada disso!...
MATHEUS: - E o que é então?
HELENA: - Eu só queria te dizer que eu ficarei muito feliz em vê-la aqui na sua festa.
MATHEUS (surpreso): - O quê?
HELENA: - Eu pensei melhor e vi que você está feliz com ela e se você está feliz, eu estou feliz. Então eu gostaria que a Alice estivesse presente na sua festa também. Eu ficarei muito contente em recebê-la.
MATHEUS: - Eu não estou acreditando, mãe!
HELENA: - Mas pode acreditar meu filho.

Matheus, feliz por ter o apoio da mãe, abraça Helena.

MATHEUS: - Muito obrigado por aceitar a Alice, mãe. Muito obrigado mesmo!
HELENA: - Não precisa agradecer, meu filho. Eu te amo e só quero a sua felicidade. Só isso...

CENA 04. CALÇADÃO PRAIA REAL. QUIOSQUE. INT. DIA.

Sônia e Matilde conversam.

MATILDE: - É tão bom ver você novamente, Sônia! Olhar seus olhos lindos, a sua pele... Você não imagina o quanto eu estou feliz e o quanto eu rezei para que este dia chegasse. E ele chegou!
SÔNIA: - Eu também estou feliz em revê-la, mamãe. Nossa, quanto tempo...
MATILDE: - Muito tempo...

As duas ficam a se olhar, em silêncio por um instante.

MATILDE: - Por que não retornou mais as minhas cartas? Por que? Elas eram o meu acalanto. A certeza de que você estava por perto, mesmo longe de mim...
SÔNIA: - Eu precisava recomeçar a minha vida, mamãe, tudo novo. Não poderia mais carregar nenhum vestígio, nenhuma lembrança do meu passado.
MATILDE: - Mesmo sendo as lembranças boas?
SÔNIA: - Qualquer lembrança. Eu não poderia levar nada daqui senão eu não conseguiria viver em paz. Sempre estaria na minha cabeça a minha expulsão de casa, o afastamento da minha filha...
MATILDE: - Nós também sentimos muito por isso, Sônia.
SÔNIA: - Você eu até acredito, mas o Joaquim...
MATILDE: - Seu pai agiu precipitadamente.
SÔNIA: - Ele não sentiu nem um pouco. Em nenhum momento pensou em mim, na minha filha.
MATILDE: - Claro que ele pensou...
SÔNIA: - Ele me expulsou de casa! Disse que eu era uma prostituta!

CENA 05. FLASHBACK. CASA BRENDA. SALA. INT. DIA.

     Joaquim, bravo, atira as malas de Sônia no chão da sala. Sônia e Matilde choram.

JOAQUIM: - Aqui estão as suas coisas. Vá embora agora!
MATILDE: - Joaquim, por favor! Ela é sua filha!
JOAQUIM: - Não! Eu não criei nenhuma prostituta dentro de casa. Eu sabia que a sua amizade com aquela vadia da Cláudia daria nisso... Você ficou grávida, o pai dessa criança sumiu e agora você está sozinha...
SÔNIA: - Eu não queria isso, pai... O Henrique disse que viria me buscar e...
JOAQUIM: - E você acreditou nessa mentira! Isso foi castigo de Deus pra você Sônia.
MATILDE: - Não diga isso, Joaquim!
JOAQUIM: -E não foi?! Eu sempre avisei que esse namoro de vocês não daria certo. Eu avisei, eu proibi, mas não adiantou... Agora está aí, mãe solteira... Mas aqui, debaixo do meu teto você não vai morar.
MATILDE: - Ela não vai embora, Joaquim. Pensa na Brenda, na Rúbia, essas meninas...
JOAQUIM: - Pobres meninas inocentes. Filhas de duas vadias sem futuro...
SÔNIA: - Não dia isso, meu pai... Eu nunca vendi meu corpo, nem me ofereci para outra pessoa, além do homem que eu amo.
JOAQUIM: - Cale a boca! Você vai embora agora. As meninas ficarão conosco, Matilde. E eu quero ensiná-las a viver decentemente. Fazer com que elas não repitam os erros das suas mães.


CENA 06. VOLTA AOS DIAS ATUAIS. CALÇADÃO PRAIA REAL. QUIOSQUE. INT. DIA.

     Sônia e Matilde continuam conversando.

MATILDE: - Eu sei que ele errou... E eu não pude fazer nada para impedir.
SÔNIA: - Vocês até me mataram.
MATILDE: - Do que você está falando?
SÔNIA: - O Carvalho me falou da história que vocês disseram para as meninas, sobre a mãe delas.
MATILDE: - Eu sempre quis dizer a verdade, mas seu pai...
SÔNIA: - Tudo sempre teve que ser do jeito dele. Sempre!
MATILDE: - Minha filha, não crucifique seu pai. Eu sei que ele errou, mas ele merece o perdão pelo o que ele fez. Eu sei que você só fez o que fez, por amor.
SÔNIA: - Ele era o homem da minha vida, mãe.
MATILDE: - Eu sei, minha filha. E é por isso que eu não te condeno pelas atitudes que você tomou.
SÔNIA (segurando na mão de Matilde): - Desculpa por não escrever mais para você. Mesmo não escrevendo, você nunca saiu do meu coração.
MATILDE: - Eu só te peço uma coisa agora. Perdoe o seu pai e acabe de vez com essa história. Vai ser bom para todos nós.

     As duas se abraçam novamente.

MATILDE: - Então, o que você me diz?
SÔNIA: - Vamos dar tempo ao tempo, mamãe... Por enquanto, vamos deixar esse nosso encontro só entre a gente, está bem?
MATILDE: - Claro. Segredo nosso.



CENA 07. BEST FISH. SALA MARINA / FELIPE. INT. DIA.

Marina procura por alguns documentos da parceria entre a Best Fish e a empresa norte-americana nos arquivos da sala, mas não encontra. Nesse instante, Felipe entra no local.

FELIPE: - O que procura nesses arquivos, Marina?
MARINA: - Estou procurando alguns documentos do contrato com a empresa norte-americana.
FELIPE: - E para quê você precisa desses documentos?
MARINA: - Acontece que eu andei analisando, ainda parcialmente as tabelas destes relatórios aqui (mostrando os papéis para Felipe) e os valores me pareceram não fechar.

Felipe fica apreensivo.

FELIPE: - Capaz, não esquenta com isso não. É normal.
MARINA: - Como assim, é normal? Os valores não teriam que fechar?
FELIPE: - Teriam, mas as vezes há pequenas diferenças. Você não precisa se preocupar com isso não, Marina. Essa parte do serviço não é para você.
MARINA: - Mas eu gostaria de saber como funciona esses cálculos e esses resultados, pois me parecem bem estranhos. Parece que falta dinheiro aqui...
FELIPE: - Falta dinheiro? (riso) Marina, acontece que você não está acostumada a trabalhar numa empresa grande, do porte da Best Fish. Dinheiro aqui é o que não falta. Eu já falei para você não preocupar com isso. Essa parte deixa comigo que eu já estou acostumado a tratar, desses cálculos, dessas análises financeiras. Pode deixar tudo comigo.
MARINA: - Tudo bem, se você acha melhor.
FELIPE: - Claro, eu já tenho mais prática, domínio... Você pode continuar fazendo as suas funções que já me auxiliam bastante, me munindo de informações.
MARINA: - Certo então. Desculpa me meter no seu serviço, Felipe. É que eu realmente fiquei preocupada.
FELIPE: - Tudo bem, eu entendo.
MARINA: - Obrigada. Bem, eu vou sair agora, marquei de visitar a minha mãe.
FELIPE: - Ah é mesmo? E como ela está?
MARINA: - Está bem. Parece que abriu um negócio de venda de cosméticos.
FELIPE: - É mesmo? Que interessante...
MARINA: - Pois é. Agora eu vou lá, prestigiá-la.
FELIPE: - Faz bem. Mande um abraço meu para ela.
MARINA (saindo): - pode deixar. Bom trabalho para você.

Marina sai da sala. Felipe fica irritado.

FELIPE: - É só o que me faltava essa idiota ficar se intrometendo onde não é chamada... ela não pode nem desconfiar do desvio...

CENA 08. BEST FISH. SALA LEANDRO. INT. DIA.

Leandro e Tomás conversam.

LEANDRO: - Meu amigo, o que foi que aconteceu com a Cristina naquela festa?
TOMÁS: - Muita bebida, Leandro...
LEANDRO: - Mas a Cristina nem é de beber!
TOMÁS: - Pois é, mas naquele dia decidiu tomar todas...
LEANDRO: - Desculpa eu ser franco com você, mas a Cristina nos últimos tempos tem tido uns comportamentos muito estranhos, esquisitos mesmo.
TOMÁS: - Eu sei Leandro... Está sendo uma barra difícil pra mim segurar.
LEANDRO: - Você está pensando em deixar ela?
TOMÁS: - Não, claro que não! Eu amo a Cristina. Eu quero é ajudá-la. Hoje mesmo eu fui até uma clínica psiquiátrica. Mas não tive coragem de entrar.
LEANDRO: - Clínica psiquiátrica? Você está achando que a Cristina está louca, é isso?
TOMÁS: - Não sei, não sei... Isso também está sendo estranho pra mim. Mas acho que não chega a tanto.
LEANDRO: - É mesmo. Talvez ela não precise de um psiquiatra, mas sim, de um psicólogo, pra desabafar, sei lá...
TOMÁS: - Talvez você tenha razão.
LEANDRO: - Você lembra que a Vera fazia análise?
TOMÁS: - Claro, foi logo depois que elas abriram a boutique.
LEANDRO: - Pois é. A Vera andava estrassada, irritada... Fez análise e melhorou cem por cento.
TOMÁS: - Talvez isso seja uma boa para a Cristina.
LEANDRO: - Claro, fala com ela. Assim, depois que ela melhorar, vocês fazem uma viagem romântica, como eu e a Vera iremos fazer no próximo final de semana.

Do lado de fora da sala de Leandro, Mônica que estava passando para, e se aproxima da porta para ouvir a conversa.

TOMÁS: - Vocês vão viajar então?
LEANDRO: - Isso mesmo. Eu e a Vera, uma viagem curta, no próximo final de semana. Para Petrópolis. Só nós dois.

Mônica escuta tudo do lado de fora e quando percebe que alguém vai sair, ela se afasta, indo para o corredor. Leandro e Tomás saem da sala. Monica continua a observá-los.

TOMÁS: - Bom saber dessa viagem.
LEANDRO: - Já estou com tudo acertado. Está lá na minha mesa, endereço do hotel fazenda, reservas, tudo.
TOMÁS: - Que bom, Leandro. Fico feliz. Agora preciso voltar para o trabalho.
LEANDRO: - Eu também vou sair agora, preciso dar uma palavra com o doutor Alberto.

     Os dois se afastam. Mônica rapidamente entra na sala de Leandro e procura na mesa dele os papéis da viagem.

MONICA: - Achei!... Leandro meu querido, você terá mais uma companhia nessa viagem.

     Mônica anota os dados do hotel onde Leandro e Vera irão ficar e sai da sala, satisfeita.

CENA 09. RESTAURANTE MARESIA. SALÃO. INT. DIA.

Muita movimentação no restaurante. Muitos clientes. Brenda, Guto e Alice atendem enquanto Joaquim fica no caixa. Matilde chega no local cheia de sacolas. Guto vai ajudá-la.

GUTO: - Deixa que eu levo, dona Matilde.
MATILDE: - Obrigada, Guto.
JOAQUIM: - Matilde! Onde você esteve nesse tempo todo? Olha a movimentação que está isso aqui!
MATILDE: - Ah, só demorei um pouquinho na feira, só isso!
ALICE: - Ainda bem que a senhora chegou, dona Matilde, porque tem alguns pedidos aqui que só a senhora pode fazer.
MATILDE: - Ah, claro, pode deixar que eu faço isso é pra já.

Matilde e Guto vão para a cozinha. Alice se aproxima de Brenda, que aparenta estar um pouco cabisbaixa.

ALICE: - Ei Brenda, o que há?
BRENDA; - Nada não, Alice... Só estou um pouco cansada.
ALICE: - Você não me engana, não, Brenda. Está assim por causa do César, não é?
BRENDA; - Eu tento esquecer ele, mas eu não consigo Alice. Eu não sei mais o que fazer!

Joaquim vê Brenda e Alice conversando e chama a atenção das duas.

JOAQUIM: - Ei meninas, vamos trabalhar!

As duas seguem atendendo os clientes.

CENA 10. CALÇADÃO PRAIA REAL. QUIOSQUE. INT. DIA

Virgínia atende algumas clientes no seu estande improvisado no quiosque, quando Marina entra no local.

VIRGÍNIA: - Marina, você veio!

As duas se abraçam.

MARINA: - Claro que eu vim... Vim ver o que você está aprontando por aqui! (risos)
VIRGÍNIA: - Não estou aprontando nada, minha filha. Estou aqui, exercendo meu mais novo ofício de empreendedora, de empresária... Estou promovendo a beleza de Praia Real.
MARINA: - Hum, promovendo a beleza?
VIRGÍNIA: - Isso mesmo. Eu sou promotora da beleza, meu bem... Vendo cremes, loções, perfumes, sabonetes, shampoos, tudo o que você precisar para ficar mais linda, mais bela, mais jovem! (risos)
MARINA; - E pelo visto tem bastante movimento, não é?
VIRGÍNIA: - As mulheres estão adorando...
MARINA: - E quais os cuidados que você tem com esses produtos, mãe, para armazená-los? Porque é preciso cuidar disso também... Ainda mais nesse sol quente!
VIRGÍNIA: - Eu sei, eu cuido disso bem cuidado. Eles ficam nas caixas, bem seguros, longe do calor...
MARINA: - Bom saber...
VIRGÍNIA: - Eu sou uma mulher altamente cuidadosa, Marina. Até parece que você não conhece sua mãe!
MARINA: - Conheço sim e muito bem... Agora me mostra um dos seus produtos...
VIRGÍNIA: - Claro! Se bem que você não precisa de nada disso, né meu bem, você é linda como a sua mãe!
MARINA: - Ah, se achou agora, não é?

As duas riem. A CAM mostra as prateleiras cheias dos produtos vendidos por Virgínia. Atrás de uma das prateleiras, mostra as caixas onde vem embalados os produtos. Elas estão empilhadas, e expostas ao sol.

A CAM foca num dos produtos que traz escrito no rótulo: NÃO DEIXAR EXPOSTO AO SOL. ISSO PODE CAUSAR SÉRIOS RISCOS.


CENA 11. APTO SÉRGIO. EXT. DIA.

Sérgio está saindo do apartamento, mas tem problemas com a fechadura da porta.

SÉRGIO (tentando trancar a porta): - Vamos! O que será que aconteceu agora?

Enquanto Sérgio tenta verificar o problema, Rogério sai do seu apartamento.

ROGÉRIO: - Olá, algum problema aí?
SÉRGIO: - A fechadura, que estragou. Agora não consigo trancar a porta. Estou com um pouco de pressa, porque tenho uma entrevista na central de empregos...
ROGÉRIO: - Deixa eu ver se eu consigo arrumar.
SÉRGIO: - Não precisa não.
ROGÉRIO: - Deixa de bobagem, eu consigo resolver isso aí. Se você ficar tentando, vai acabar se atrasando.

Rogério tenta arrumar a porta, enquanto Sérgio o observa seriamente.

ROGÉRIO: - Tenta agora.

Sérgio tenta e consegue fechar a porta.

SÉRGIO: - Muito obrigado!
ROGÉRIO: - Por nada. Quando precisar, estou aqui na frente.

Sérgio sai. Rogério pega o telefone e liga para Felipe.

ROGÉRIO: - Alô? Felipe?
(T)
ROGÉRIO: - Ta, eu sei que eu não devo te ligar, mas isso é do seu interesse.
(T)
ROGÉRIO: - Seu pai acabou de sair do apartamento. Ele disse que tinha uma entrevista na central de empregos.
(T)
ROGÉRIO: - É, isso mesmo, agora à tarde.
(T)
ROGÉRIO: - Ok. Até.

CENA 12. CIA DE NAVEGAÇÃO. ESCRITORIO. INT. DIA.

Henrique encontra-se no escritório, quando Silvana entra no local.


SILVANA: - Olá meu amor!
HENRIQUE: - Silvana, que surpresa boa.

Os dois se beijam.

SILVANA: - Vim ver como você está.
HENRIQUE: - Estou bem, trabalhando...
SILVANA: - Bem, então eu vou deixar para falar com você em casa mesmo, pra não te atrapalhar.
HENRIQUE: - Silvana, meu bem, você não me atrapalha em nada. Fala aí, o que foi?
SILVANA: - Eu queria conversar com você sobre o nosso filho.

Henrique fica surpreso.

HENRIQUE: - Não me diga que você está...
SILVANA: - Não, eu não estou grávida, ainda... Mas eu queria falar com você sobre isso. Eu estou preocupada, porque nós já tentamos tantas vezes e até agora nada.
HENRIQUE: - Meu amor... Isso não é de uma hora para outra. Tem que contar, digamos assim, com a sorte. (risos)
SILVANA: - Henrique, é sério!... Eu quero muito te dar um filho.
HENRIQUE: - Eu sei, meu amor. Mas essas coisas são assim. É com o tempo. Quando menos se espera, aconteceu. Não precisa ficar desse jeito.
SILVANA: - Mas hoje mesmo eu já marquei uma consulta com um médico pra saber o porque que eu ainda não engravidei.
HENRIQUE: - Você fez isso?
SILVANA: - Fiz, eu estou preocupada, nervosa... VocÊ vai comigo, lá?
HENRIQUE: - É quando essa consulta?
SILVANA: - Amanhã à tarde.
HENRIQUE: - Tudo bem, eu vou com você. Mas não precisa ficar preocupada não. Tudo vai dar certo.

CENA 13. CASA ALBERTO. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

Olga recepciona Vera, Cristina e Patrícia, que entram na sala onde Tânia se encontra.

TÂNIA: - Vera, Cristina. Que bom que vieram.
VERA: - Não poderíamos deixar de vir.
TÂNIA: - Fiquei contente quando você me ligou, Vera, avisando que vinha, acompanhada da Cristina.
CRISTINA: - Fazia muito tempo que eu não vinha aqui.
TÂNIA: - É mesmo... VocÊ já está melhor, depois do pequeno deslize na festa da companhia?
CRISTINA: - Já estou melhor sim. Aquele foi um fato isolado, já deixado para trás.
TÂNIA: - Claro.

Nesse instante, Rúbia entra na sala e encontra Patrícia.

RÚBIA: - Paty!
PATRÍCIA: - Rúbia!

As duas se abraçam.

RÚBIA: - Olá Cristina!
CRISTINA: - Oi Rúbia, como você está?
RÚBIA: - Bem melhor!... ainda mais agora que estou esperando um bebê!

     Tânia faz uma expressão de que não gostou do comentário de Rúbia.

VERA: - Meus parabéns!
RÚBIA: - Obrigada! Vamos Paty, lá meu quarto, para a gente conversar.
PATRÍCIA: - Vamos sim, com licença.

As duas sobem as escadas para o outro piso. Vera, Cristina e Tânia permanecem na sala.

CRISTINA: - A Patrícia é muito amiga da Rúbia.
TÂNIA: - É, percebi.
VERA: - Você não nos disse que seria avó, Tânia.
TÂNIA: - Pois é, tanta coisa acontecendo, que acabei nem lembrando de dizer... A Rúbia está grávida do César e vai passar uns dias aqui conosco.
CRISTINA: - Que bacana.
TÂNIA: - É, isso é muito bom. Assim ela terá todos os cuidados necessários para esse período de início de gravidez. Mas depois ela já retorna pra casa... Mas então, a que devo a honra da visita?
VERA: - Nós viemos te mostrar em primeira mão o mostruário das peças de Glória Colombo, o novo nome da moda do eixo Rio-São Paulo.
TÂNIA: - Claro, já ouvi falar dela. Minhas amigas lá do Rio estão loucas para conseguir as peças dessa mulher.
CRISTINA: - Pois então, a nossa boutique terá nos próximos dias, peças exclusivas da Glória Colombo e você está sendo a primeira pessoa a ver os modelos que estarão lá.
TÂNIA: - Nossa, quanta honra!
VERA: - E como você pode ver, são peças de extremos bom gosto e beleza.
TÂNIA: - Realmente, ela faz um trabalho muito bom. Lógico, nada comparado á Paris, Milão, Roma, mas são realmente muito bonitas.

Vera e Cristina trocam olhares.

CENA 14. CASA ALBERTO. QUARTO CÉSAR. INT. DIA.

Patrícia e Rúbia entram no quarto.

PATRÍCIA: - Mas esse aqui não é o quarto do César?
RÚBIA: - Agora é meu quarto também. Esqueceu que eu e o César vamos casar?
PATRÍCIA: - Não, eu não esqueci... Mas não esperava que fosse tudo assim, tão rápido.
RÚBIA: - Sabe que nem eu, mas o seu Alberto está dando a maior força pro nosso casamento, sabia?
PATRÍCIA; - É mesmo?
RÚBIA: - Claro! Ele praticamente me deu um guarda-roupas novíssimo, bancou tudo o que eu queria, me enche de carinhos, de paparicos...
PATRÍCIA: - Que bom, Rúbia! Você deve estar bem feliz, não é?
RÚBIA: - Feliz eu até estou, tendo uma vida digna, de gente rica, como eu mereço... Mas o que enche o saco é seu Alberto toda hora paparicando. Tudo bem, no início até vai, mas depois enjoa... Coisa mais chata é gente velha, babando...
PATRÍCIA: - Não fala assim, Rúbia. Isso é sinal que ele gosta mesmo de você.
RÚBIA: - Eu sei, mas não precisa abusar também, né?...
PATRÍCIA: - E o enxoval do bebê, já pensou em alguma coisa?
RÚBIA: - Mais uma vez, o seu Alberto me deu esses catálogos aqui. (entregando para Patrícia). São umas lojas, especializadas em coisas para bebês.
PATRÍCIA: - Nossa, quanta coisa linda!
RÚBIA: - Pois é. E você viu aonde ficam essas lojas?
PATRÍCIA: - Todas em São Paulo.
RÚBIA: - E isso significa que eu terei que viajar até São Paulo para comprar as coisas do bebê. Eu e o César. Um pequeno ensaio para a lua-de-mel, o que você acha?
PATRÍCIA: - Eu não acho nada, amiga, quem vai aproveitar vai ser você! (risos)

As duas riem.

CENA 15. CENTRO DA CIDADE. EXT. DIA.

     Sérgio sai da central de empregos e caminha pelas ruas do centro. Na medida em que se afasta da central, as ruas vão ficando cada vez menos movimentadas. De repente, enquanto caminha por uma rua, um carro o segue. Sérgio dobra em outra rua, seguindo o caminho de sua casa e o carro também dobra. Sérgio desconfia de que esteja sendo seguido.
Ele vira-se para trás e vÊ o carro, todo escuro. Sérgio apressa os passos e percebe que o carro também o acompanha. De repente, o carro acelera e fica lado a lado com Sérgio. Sérgio então corre pela rua, tentando fugir. E o carro acelera ainda mais. Sérgio dobra em outra rua e o carro o persegue.
Quando Sérgio vai atravessar a rua, o carro acelera e quase o atropela, freando antes. Sérgio fica totalmente assustado, do outro lado da calçada. No carro, parado, o vidro da janela abaixa.

Sérgio fica atento para ver quem está no carro. De repente, revela-se Felipe.

SÉRGIO: - Felipe, eu bem que poderia desconfiar.
FELIPE: - Foi só um susto, Sérgio... É melhor ficar ligado.
SÉRGIO: - Por que você não me deixa em paz?
FELIPE: - Porque você não pagou pelo o que você fez...
SÉRGIO: - E o que eu te fiz, Felipe?
FELIPE: - Além de infelizmente me dar seu sangue, acabou com a vida da minha mãe e me envergonhou na frente da família toda por causa disso... Eu agradeço a Deus todos os dias por poder ainda morar naquela casa.
SÉRGIO: - Não seja ingrato, Felipe. Eu sei que você ainda não me perdoou pela morte da sua mãe, mas eu quero que você saiba que eu não tive culpa de nada.
FELIPE: - Cala a boca!...

     Felipe liga o carro.

FELIPE: - Fica de olhos bem abertos, Sérgio... Hoje foi só um susto... Numa próxima, pode ser que você seja pego e aí, não vai ter conversa não.
SÉRGIO: - Você não me assusta, Felipe. Não tenho medo de você não.
FELIPE: - Mas seria bom começar a ter.

     Felipe vai embora. Sérgio respira aliviado.

CENA 16. TRANSIÇÃO DO TEMPO. ANOITECER. / CALÇADÃO PRAIA REAL. QUIOSQUE. INT. NOITE.

Imagens da cidade ao entardecer. Pôr-do-sol na praia, fim de tarde bonito. Imagens da cidade à noite. Corta para um quiosque no calçadão. César, Fredy e Lílian chegam no local.

FREDY: - Gente, que coisa boa fazer isso depois de um dia de trabalho...
CÉSAR: - E com esse visual da praia à noite, essa lua dos deuses.
LÍLIAN: - Realmente é muito lindo. E eu ainda tenho a sorte grande de estar acompanhada de dois homens lindos!
FREDY: - Como assim, dois? Homem lindo aqui só tem eu! O César é um carinha comum...
CÉSAR: - Ah, fala sério, Fredy!

Os três riem. Enquanto isso, do outro lado do quiosque, chegam Brenda e Guto.

GUTO: - E por que a Alice não quis vir com a gente?
BRENDA: - Hoje é a festa de aniversário do Matheus.
GUTO: - Ah, o cara que ela ta ficando?
BRENDA: - Eu acho que ela não está apenas ficando não... O lance entre eles é sério, viu?
GUTO: - É mesmo?
BRENDA: - É... Os dois se amam demais.
GUTO: - E falando em amor, e você, como está?
BRENDA: - Nossa Guto, estou a ponto de me atirar num abismo bem fundo... Não consigo tirar o César da cabeça.
GUTO: - E vai ser bem difícil...
BRENDA: - Por que você está dizendo isso?
GUTO: - Você não faz nada para esquecer ele. Ficar em casa, cabisbaixa, chorando pelos cantos, não vai adiantar de nada. Se não fosse a Alice insistir, e muito, que eu percebi, você nem teria vindo aqui comigo.
BRENDA: - É verdade...
GUTO: - Você tem que tratar de viver a sua vida, Brenda. O César vai seguir a vida dele, com a Rúbia, e você deve seguir a sua...
BRENDA: - Valeu Guto. Você sempre me colocando pra cima, me dando força. Você é um grande amigo.
GUTO: - É uma pena que eu seja sempre seu grande amigo.

Os dois ficam a se olhar por um instante.

CENA 17. CASA PETRÔNIO. JARDIM. FESTA MATHEUS. EXT. NOITE.

Imagens gerais da festa de aniversário de Matheus. Muita gente alegre, jovens animados, dançando na pista de dança no meio do jardim. Um DJ toca hits que embalam os convidados, garçons servem bebidas coloridas, dançarinos animam a festa. Alice chega na festa e é recepcionada por Helena.

HELENA: - Alice!
ALICE (apreensiva): - Boa noite, dona Helena.
HELENA: - Querida, que bom ver você!

     Helena abraça Alice, que não entende a simpatia de Helena por ela.

ALICE: - Obrigada!
HELENA: - Nossa, como você está linda Alice, nesse vestido! Parece uma princesa.
ALICE: - Muito obrigada!.... Desculpe perguntar, dona Helena, aconteceu alguma coisa?
HELENA: - Não, não aconteceu nada... Por que?
ALICE: - Desculpe a sinceridade, mas a senhora nunca demonstrou uma simpatia por mim.
HELENA: - Coisas do passado. Tudo passou. Você é a namoradinha do Matheus e está fazendo ele feliz. Só por isso, você já é bem quista na minha casa, no meu círculo de amigos, no meu coração.

     Helena abraça Alice novamente, que fica surpresa com Helena. Nesse instante, Matheus se aproxima.

MATHEUS: - Alice! Que bom que você veio!
HELENA: - Deixa que eu levo sua bolsa para o guarda-volumes.
ALICE: - Obrigada!

     Alice entrega a bolsa para Helena e vai ao encontro de Matheus. Os dois se abraçam e se beijam. Helena fica a observá-los, de longe.

CENA 18. CALÇADÃO PRAIA REAL. QUIOSQUE. INT. NOITE.

Guto e Brenda continuam a conversar.

BRENDA: - Guto, eu...
GUTO (interrompendo): - Você não quer se dar a chance de tentar ser feliz, Brenda. Comigo.
BRENDA: - Mas Guto, nós somos amigos...
GUTO: - E por que não podemos ser mais que amigos? O que eu sinto por você é tão puro, tão verdadeiro!
BRENDA; - E eu não estou duvidando disso! Jamais duvidei dos seus sentimentos.
GUTO: - Então me deixa tentar te conquistar. Pelo menos uma vez...

Guto se aproxima de Brenda e a beija. Do outro lado do quiosque, César enquanto conversa com Fredy e Lílian, vê o beijo de Guto e Brenda.

                FIM DO CAPÍTULO


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