terça-feira, 16 de junho de 2015

Capítulo 23: Mar da Vida


CENA 01. HOSPITAL. SALA DE ESPERA. INT. DIA.

     Continuação do capítulo anterior. César interroga o médico sobre o estado de Rúbia.

CÉSAR: - Então doutor, como ela está?
MÉDICO: - Ela está bem... Ela e o feto estão bem.

     Brenda respira aliviada. Marina também.

MARINA: - Ai, graças a Deus!
MÉDICO: - Ela ficará por algumas horas aqui, em observação, mas poderá retornar para casa hoje mesmo.
BRENDA: - Que bom, doutor! E nós podemos vê-la?
MÉDICO: - Ela está dormindo, tomou um calmante, estava muito nervosa, agitada. Dentro de alguns minutos, ela poderá receber visitas. Com licença.

     O médico se retira. César se aproxima de Brenda.

BRENDA: - Que bom que deu tudo certo.
CÉSAR: - É mesmo... as coisas estão se acertando como realmente devem ser.
BRENDA: - Por que diz isso?
CÉSAR: - Porque é verdade. A Rúbia ficando bem com o bebê, nosso casamento está sendo planejado, você e o Guto continuando o seu romance.
BRENDA (surpresa): - Como é que é?
CÉSAR: - Está surpresa por quê, Brenda?
BRENDA: - Você, falando isso, do Guto, de mim... nós não estamos juntos.
CÉSAR: - Não precisa mentir não Brenda. Eu mesmo vi, com meus próprios olhos vocês dois se beijando... Juro que, quando me contaram que vocês já estavam juntos há muito tempo, eu tentei não acreditar, mas depois daquela cena de vocês dois...
BRENDA: - César, eu e o Guto não estamos juntos, nunca estivemos!
CÉSAR: - Tudo bem, Brenda... Você diga o que quiser, mas ninguém vai mudar aquilo que eu vi... E eu pensando que você me amasse.
BRENDA: - Mas eu te amo!... Se bem que agora, depois de toda essa história, da Rúbia grávida e das coisas que você me disse, não sei se isso que eu sinto continua...

     Os dois se afastam. Marina observa tudo de longe. Brenda se aproxima de Marina.

BRENDA: - Eu tenho que voltar para o restaurante. Quando a Rúbia acordar, diga a ela que eu estive aqui e que deixei um abraço, ta?
MARINA: - Pode deixar Brenda.

     Brenda encara César por um instante e vai embora. Marina se aproxima do irmão.

MARINA: - Que história é essa de eu te amo, eu te amava...?
CÉSAR: - É uma longa e complicada história, Marina... que mexe comigo profundamente.
MARINA: - E você não quer me contar? Talvez isso alivie o seu coração.

     Os dois se olham carinhosamente e se abraçam.

CENA 02. HOSPITAL. EXT. DIA.

     Brenda sai do hospital entristecida, chorando.

CENA 03. BEST FISH. SALA ALBERTO. INT. DIA.

     Alberto está em sua sala quando Felipe entra.

FELIPE: - Mandou me chamar, tio?
ALBERTO: - Sim Felipe... Por acaso o César comentou com você se iria à algum outro lugar antes de vir para a nossa reunião?
FELIPE: - Sim, tio... Acontece que hoje de manhã, a Rúbia não se sentiu muito bem e...
ALBERTO: - A Rúbia? O que aconteceu com ela?
FELIPE: - Ela teve um sangramento.
ALBERTO (surpreso/apreensivo): - O quê?! Como isso acontece e ninguém me fala nada?!
FELIPE: - O César e a Marina levaram ela para o hospital.
ALBERTO: - Meu Deus do céu! Eu vou pra lá agora!

     Nesse instante, o celular de Felipe toca.

FELIPE: - É o César, está me ligando.
ALBERTO: - Atenda logo, Felipe! Deus queira que não aconteça nada com meu neto!...
FELIPE: - Alô? César?
(T)
FELIPE: - Sim, eu estou com ele aqui. Notícias da Rúbia e do bebê?
(T)
FELIPE: - Sim...
(T)
FELIPE: - Ah, que bom...
(T)
FELIPE: - Certo, pode deixar que eu o aviso sim. Abraço! (desligando o telefone)
ALBERTO: - Então Felipe, o que aconteceu?
FELIPE: - Está tudo bem com a Rúbia e com o bebê. Hoje mesmo ela volta para casa. E é para o senhor não se preocupar.
ALBERTO: - Que boa notícia!
FELIPE: - Ele disse também que a reunião com o pessoal do projeto ambiental pode ser adiada para outro dia.
ALBERTO: - Claro, claro...
FELIPE: - Precisa de mim ainda?
ALBERTO: - Não Felipe, obrigado...

     Felipe vai saindo da sala.

ALBERTO: - Felipe, espera!
FELIPE: - O que foi?
ALBERTO: - Eu quero que você me traga os relatórios financeiros realizados após o nosso contrato com os norte-americanos.
FELIPE (um pouco nervoso): - Mas por que o senhor quer ver esses relatórios? Está tudo certo com eles...
ALBERTO: - Mas por estar tudo certo é que eu quero ver. Pretendo me basear nessa parceria para fazer novos negócios na Europa.
FELIPE: - Tudo bem, eu vou providenciá-los. Com licença.

     Felipe sai da sala. Nesse instante, Mônica entra.

MÔNICA: - Com licença, doutor Alberto.
ALBERTO: - Diga Mônica.
MÔNICA: - Eu gostaria de pedir para o senhor, se possível, que me liberasse alguns dias...
ALBERTO: - Para quê?
MÔNICA: - Acontece que tenho uma amiga, uma grande amiga, que está com a mãe doente e passando um pouco de trabalho para cuidar dela e então eu me propus a ajudá-la por alguns dias, já que ela muito me ajudou quando eu precisei...
ALBERTO: - Claro, Mônica, pode tirar uns dias sim. Não se preocupe.
MÔNICA: - Muito obrigado, doutor Alberto. Eu juro que não irei ficar longe por muito tempo... No máximo uma semana, coisa rápida!
ALBERTO: - Tudo bem, não tem problema.
MÔNICA: - Com licença doutor. Obrigada!

     Mônica sai da sala empolgada.

CENA 04. BEST FISH. SALA FELIPE. INT. DIA.

     Felipe entra na sala apressado, um tanto atormentado.

FELIPE: - Mais essa agora... Preciso alterar os relatórios o mais rápido possível...

     Felipe pega o telefone e liga para alguém.

FELIPE: - Alo? Rogério, sou eu...
(T)
FELIPE: - Sem gracinhas agora, o assunto é sério.
(T)
FELIPE: - Preciso da sua ajuda para alterar alguns relatórios aqui.

CENA 05. CASA PETRÔNIO. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

     Petrônio entra na sala e encontra Helena.

PETRÔNIO: - Olá, minha filha!
HELENA: - Como vai papai? Saiu cedo hoje...
PETRÔNIO: - Fui dar uma caminhada no calçadão. Estava uma beleza!
HELENA: - Que bom que aproveitou, papai... aliás, você deveria fazer isso mais vezes, faz bem para a sua saúde.
PETRÔNIO: - Hum... Estou gostando de ver a sua preocupação comigo.
HELENA: - Mas eu sempre me preocupei com o senhor, papai. Sempre procurei saber como o senhor estava, se estava bem, e o mais importante, com quem o senhor estava...
PETRÔNIO: - Mas agora eu estou bem.
HELENA: - Não seria melhor dizer, por enquanto?
PETRÔNIO: - Agora eu não estou te entendo...
HELENA: - Olha papai, pra mim é até complicado falar sobre isso, porque de certa forma não me diz respeito, mas é para o seu bem.
PETRÔNIO: - Diga Helena.
HELENA: - É sobre você e a Samantha.
PETRÔNIO: - Olha Helena, se você está querendo falar mal da Samantha para mim...
HELENA: - Não, pai, não é isso... Não quero falar mal de ninguém. Quero apenas que o senhor reflita sobre algumas coisas que estão acontecendo e que podem de alguma forma fazer mal a você no futuro.
PETRÔNIO: - E que coisas são essas?
HELENA: - Eu vou ser bem direta, já que não gosto de fazer rodeios... Você nunca percebeu essa aproximação da Samantha e do Bento?
PETRÔNIO: - Não...
HELENA: - Pois então, eu acho que deveria prestar mais atenção nisso.
PETRÔNIO: - Helena, você está insinuando que a Samantha e o Bento...
HELENA: - Não estou insinuando nada! O que eu percebi é que os dois estão ficando cada vez mais amigos.
PETRÔNIO: - E o que tem de mal nisso? O Bento é nosso motorista há um bom tempo, responsável, companheiro. A Samantha é uma mulher bonita, alegre, gosta de conversa... E os dois são jovens, isso é normal.
HELENA: - É aí que eu queria chegar... Os dois são bonitos, alegres, companheiros, etc... E jovens! Jovens, papai! Hoje, eles são apenas amigos, conversam sobre diversas coisas... Mas depois, com o tempo, isso fica cada vez mais forte. Você sabe disso, já foi jovem um dia. Eu, já fui jovem também. Outro exemplo claro é o Matheus, que conheceu essa pobre de quinta categoria e aos poucos se apaixonou...
PETRONIO: - Você está querendo me dizer que a Samantha e o Bento estão apaixonados um pelo outro?
HELENA: - Não, mas estou te dizendo que isso pode acontecer e que quando isso acontecer, o senhor deve estar preparado para enfrentar... São apenas conselhos, papai... Queira Deus que eu esteja errada, mas se não estiver...

     Helena beija Petrônio e sai da sala, enquanto ele fica pensando na conversa.

CENA 06. RESTAURANTE MARESIA. SALÃO. INT. DIA.

     Brenda chega no restaurante.

MATILDE: - Brenda, meu amor, já está melhor?
BRENDA: - Já sim, vovó. Está tudo bem. Vou trabalhar.

     Brenda pega seu avental e o bloco para os pedidos. Alice se aproxima dela.

ALICE: - E então, como foi?
BRENDA: - A gente conversa depois Alice. Tenho uma coisa para te contar...

     As duas seguem atendendo os clientes.

CENA 07. HOSPITAL. CANTINA. INT. DIA.

     César e Marina conversam numa mesa.

MARINA: - Nossa César, que história maluca!
CÉSAR: - Se você já acha isso tudo maluco, imagina eu, que estou praticamente no olho do furacão...
MARINA: - Mas agora você de casamento marcado com a Rúbia, nem pode querer ficar com a Brenda...
CÉSAR: - Mas depois do que eu vi, acho que nem eu e nem ela desejamos ficar juntos.
MARINA: - Mas por que?
CÉSAR: - Eu vi a Brenda e aquele amigo dela, o Guto, sabe?
MARINA: - Sei sim, aquele rapaz que esteve sempre junto com ela.
CESAR: - Pois é... Aquele rapaz e ela são namorados.
MARINA: - O quê? Não acredito, César!
CÉSAR: - Pode acreditar. A própria Rúbia me contou, mas eu não quis acreditar. Mas depois que eu vi eles se beijando num quiosque na praia, eu tive a certeza de que ela me enganou.
MARINA: - Nossa, que chato isso... Ainda bem que a Rúbia não soube da história de vocês.
CÉSAR: - Ainda bem... Mas agora, depois de tudo isso, eu quero é mesmo ser feliz. E com a Rúbia, que é a mãe do filho, que sempre foi honesta e sempre me amou muito.
MARINA: - Isso mesmo, meu irmão. Agora é pensar pra frente.

CENA 08. OBRAS RESORT. INT. DIA.

     Adriano faz a vistoria das obras do resort, acompanhado de arquitetos e engenheiros. Eles analisam todos os aspectos do projeto e o andamento das obras.

CENA 09. CASA SÔNIA. COZINHA. INT. DIA.

     Sônia prepara um chá para beber, enquanto pensa no encontro que teve com Matilde.

CENA 10. FLASBACK. CALÇADÃO PRAIA REAL. QUIOSQUE. INT. DIA.

     Sônia e Matilde conversam.

MATILDE: - Eu só te peço uma coisa agora. Perdoe o seu pai e acabe de vez com essa história. Vai ser bom para todos nós.

As duas se abraçam.

MATILDE: - Então, o que você me diz?
SÔNIA: - Vamos dar tempo ao tempo, mamãe... Por enquanto,
vamos deixar esse nosso encontro só entre a gente, está bem?
MATILDE: - Claro. Segredo nosso.

CENA 11. VOLTA AO TEMPO ATUAL. CASA SÔNIA. COZINHA. INT. DIA.

SÔNIA: - Reencontrar meu pai, meu passado... E perdoá-lo... O que eu faço?...

     Sônia fica pensativa.
CENA 12. TRANSIÇÃO DO TEMPO. GERAIS PRAIA REAL. ANOITECER. / CASA ALBERTO. SALA DE JANTAR. INT. NOITE.

     Imagens de Praia Real ao anoitecer. Corta para casa de Alberto. Na sala de jantar, Tânia, Felipe, Marina, Alberto, César e Rúbia jantam.

ALBERTO: - Que bom que não passou de um susto.
RÚBIA: - Nossa, eu fiquei totalmente desesperada.
MARINA: - Qualquer pessoa nessa situação ficaria, Rúbia. É muito delicado.
CÉSAR: - Mas graças a Deus ficou tudo bem.
TÂNIA: - Pois então, vamos jantar? Está tudo maravilhoso!
ALBERTO: - Vamos sim querida... Estou com uma fome!

     Todos jantam.

CENA 13. QUARTO CÉSAR. INT. NOITE.

     César está deitado na cama. Rúbia sai do banheiro e deita-se na cama também.

RÚBIA: - Nossa, é tão bom estar em casa novamente...
CÉSAR: - Rúbia, eu preciso te falar uma coisa.
RÚBIA: - Fala César, pode dizer.
CÉSAR: - Nós já estamos juntos há bastante tempo e eu nunca demonstrei o meu amor de forma tão clara e verdadeira como você demonstra por mim.
RÚBIA: - Imagina César, você é muito especial.
CÉSAR: - Eu só quero que você saiba que eu sempre gostei muito de você, muito... E agora, eu te amo cada vez mais, a cada dia mais e eu quero que esse amor que eu sinta por você continue crescendo e que seja eterno.
RÚBIA: - Nossa, César... Isso o que você está dizendo é tão lindo!
CÉSAR: - Você merece todo o meu amor, Rúbia.

     Os dois se beijam, apaixonadamente.

CENA 14. CASA BRENDA. QUARTO BRENDA. INT. NOITE.

     Brenda está se preparando para dormir quando Guto entra no quarto.

GUTO: - Olá! Só vim desejar boa noite.
BRENDA: - Obrigada, Guto! Pode entrar.
GUTO: - Eu não quero te atrapalhar não, já que você vai dormir...
BRENDA: - Você não me atrapalha em nada não... Aliás, você está sempre me ajudando, sempre me apoiando, me valorizando... E eu nunca dou a real importância para isso... Eu não sei porque, só agora eu consegui enxergar em você Guto, um alguém tão especial.

     Brenda se aproxima de Guto.

BRENDA: - Você merece todo o meu carinho, o meu respeito, o meu amor, Guto.

     Os dois se beijam apaixonadamente.

CENA 15. PENSAMENTO CÉSAR E BRENDA

     A cena mostra César e Rúbia, abraçados na cama e Brenda e Guto, também abraçados, no quarto de Brenda. Simultaneamente, Brenda e César se lembram do primeiro beijo deles, nas dunas da praia.

CENA 16. CASA TOMÁS. QUARTO TOMÁS. INT. NOITE.

     Tomás está deitado na cama quando Cristina sai do banheiro, vestindo uma linda camisola vermelha, totalmente sensual. Tomás fica admirado.

TOMÁS: - Nossa, Cristina... Você está linda!
CRISTINA: - Você gostou, meu amor?
TOMÁS: - Eu adorei!
CRISTINA: - Comprei especialmente para você!... quero que esta noite seja uma noite inesquecível!...

     Tomás agarra Cristina e os dois caem na cama, aos beijos calorosos.

CRISTINA: - Você não imagina o quanto eu te desejo, Tomás!
TOMÁS: - Você é a mulher mais linda desse mundo, Cristina. A mais linda!

     Os dois se beijam calorosamente, cheios de desejo e rolam sobre a cama.

CENA 17. CASA TOMÁS. QUARTO PATRÍCIA. INT. NOITE.

     Patrícia navega na internet, num site de relacionamentos, quando encontra uma página com o perfil virtual de Fredy. Ela fica interessada e resolve deixar um recado para ele.

CENA 18. APTO LÍLIAN. SALA. INT. NOITE.

     Lílian está no computador, num site de relacionamentos, quando percebe que há um novo recado na página de perfil de Fredy. Ela olha o recado.

LÍLIAN: - Fredy! Fredy!

     Fredy sai do quarto.

FREDY: - O que foi meu amor?
LÍLIAN: - Olha só esse recado que deixaram para você...
FREDY (lendo o recado): - Oi, você é muito bonito e educado. Adorei conhecê-lo, embora não tenhamos nos falado muito naquele dia, no hospital. Mas espero poder reencontrá-lo novamente para conhecê-lo melhor. Um grande beijo. Paty.
LÍLIAN: - Você sabe quem é essa daí?
FREDY: - Sei lá!...
LÍLIAN: - Como assim, sei lá?! Ela disse que te conhece de um hospital!
FREDY: - Pois é, mas eu nem doente estive para ir ao hospital!... ah, talvez seja daquele dia em que fomos visitar a Rúbia, lembra?
LÍLIAN: - Claro, aquela amiga dela, só pode ser...
FREDY: - É, talvez seja...
LÍLIAN: - Que garota sem noção! Será que ela não percebeu que você tem namorada?
FREDY: - Provavelmente não, pra deixar esse recado... Apaga aí e não dá bola... E vem dormir aqui comigo, vem...
LÍLIAN: - Já estou indo...

     Lílian apaga o recado de Patrícia.

CENA 19. APTO VERA. QUARTO VERA. INT. NOITE.

     Vera e Leandro estão deitados na cama. Ele já quase dormindo. Ela, ansiosa pela viagem.

VERA: - Ai, Leandro! Amanhã, se Deus quiser, estaremos em Petrópolis curtindo a nossa viagem romântica, com tudo o que temos direito!
LEANDRO (resmungando/com sono): - Aham...
VERA: - Eu quero estar bem linda, poderosa naquele hotel fazenda! Pelo o que eu vi, é lindo! Leandro, você sabia que lá também tem spa, haras, tem tudo pra diversão!
LEANDRO (resmungando / com sono): - Aham...
VERA: - Eu quero freqüentar tudo! E também a culinária! Ah, a serra tem uma gastronomia de primeira! Eu adoro aqueles pratos quentes, bem preparados, mas eu não posso comer muito para não engordar! Daqui a pouco chega o inverno e eu estou uma bola! Não posso! Depois no verão eu tenho que ralar na academia para perder tudo! E aí as pessoas passam na rua e comentam! Ainda mais se a gente voltar para Petrópolis, todos vão notar que eu estive mais magra na primeira vez que eu fui!
LEANDRO (resmungando / com sono): - Aham...
VERA: - Ai, Leandro! Você só sabe falar aham, aham?
LEANDRO: - Vera, meu amor, hoje eu trabalhei bastante, estou cansado, amanhã nós sairemos cedo... Vamos descansar, vamos dormir, para ficarmos bem dispostos...
VERA: - Eu não consigo, estou ansiosa! E você sabe que quando eu fico ansiosa, eu não consigo dormir, o sono não vem... E eu não quero tomar remédio nenhum para dormir, porque depois a pessoa pode ficar dependente deste tipo de coisa! Aí imagina, toda vez que tiver que dormir, tenho que tomar dois ou três comprimidos! Uma loucura só...

     Vera continua a falar enquanto Leandro vira-se para o lado e tenta dormir.

CENA 20. CASA BRENDA. QUARTO ALICE. INT. NOITE.

     Alice está deitada em sua cama, quando escuta algum barulho na janela do seu quarto. Ela se acorda e ouve outro barulho, como se estivem jogado alguma pedrinha. Ela se aproxima da janela.

MATHEUS: - Alice! Sou eu, Matheus! Eu preciso falar com você!

     Alice abre a janela.

ALICE: - Matheus! Volte para casa, já é tarde! Conversamos amanhã!
MATHEUS: - Não! Eu não vou sair daqui enquanto não falar com você...

CENA 21. CASA BRENDA. EXT. NOITE.

     Alice e Matheus conversam em frente à casa.

ALICE: - Não esperava que você viesse até aqui, depois de tudo o que aconteceu.
MATHEUS: - Eu não poderia deixar de te ver e também de te pedir desculpas por tudo o que a minha mãe te fez passar. Ela realmente extrapolou todos os limites naquela noite.
ALICE: - Eu nunca me senti tão humilhada em toda a minha vida. Eu nunca roubei ninguém, Matheus! Nunca!
MATHEUS: - Eu sei! E eu acredito em você, Alice... Você é uma garota muito especial. Eu te amo e quero ficar com você para sempre!... Com a minha mãe querendo ou não.

     Os dois se beijam.

ALICE: - Não quero que você brigue com sua mãe por minha causa, Matheus.
MATHEUS: - Deixa que com a minha mãe eu me entendo.
ALICE: - Agora eu preciso entrar, não posso ficar aqui fora... se dona Matilde ou seu Joaquim me verem aqui a essa hora com você, eles me matam! (risos)
MATHEUS: - Tudo bem... Mas, nós podemos nos encontrar... amanha?
ALICE: - Tudo bem. Nos falamos amanhã!

     Os dois se beijam novamente e se despedem.

CENA 22. APTO MÔNICA. SALA. INT. NOITE.

     Mônica e Ricardo conversam.

RICARDO: - Você vai viajar? Pra onde?
MÔNICA: - Tirei uns dias de folga e vou para Petrópolis.
RICARDO: - Ah é? E vai quando?
MÔNICA: - Amanhã de manhã. Vou para um hotel fazenda, com spa, haras, tudo o que eu tenho direito...
RICARDO: - Ta se achando a rica agora...
MÔNICA: - Tenho que me preparar, irmãozinho, para quando eu foi rica mesmo, isso tudo fazer parte do meu dia a dia.
RICARDO: - E eu não posso ir junto nessa viagem?
MÔNICA: - Pirou? Ta maluco? Claro que não... Não quero ninguém na minha cola. Fica por aí, dando um jeito na sua vida que é melhor. Eu não vou demorar, vai ser só alguns dias...
RICARDO: - Tudo bem...
MÔNICA: - E nada de aprontar, hein, Ricardo? Anda na linha rapaz!
RICARDO: - Ei, pode deixar que eu vou me comportar como um bom menino, como um coroinha da igreja...
MÔNICA; - Deixa de brincadeira, porque eu estou falando serio. Amanhã mesmo vou ligar pra dinda Olga, avisando que eu vou viajar e que você vai ficar por aqui... Vou ser se ela consegue ficar de olho em você.
RICARDO: - Pô, sacanagem, né Mônica! Eu não preciso de babá não!

     Os dois seguem conversando.

CENA 23. PASSAGEM DO TEMPO. MADRUGADA. / PROJETO AMBIENTAL. EXT./ INT. NOITE.

     Imagens da cidade de Praia Real na madrugada. Ruas praticamente desertas. Corta para a sede do projeto ambiental. Alguns homens conseguem invadir o local pela parte dos fundo e entram na sede quebrando uma das janelas. Lá dentro, eles vasculham tudo, destroem armários, louças, rasgam documentos. As aves, nos cativeiros, ficam alvoroçadas. Os invasores destroem a sala de reuniões, os equipamentos do projeto. Após, eles espalham gasolina e ateiam fogo no local. Os invasores fogem e o fogo começa a se alastrar pelo local.

CENA 24. CASA ALBERTO. QUARTO CÉSAR. INT. NOITE.

     César e Rúbia estão dormindo, quando o telefone de César começa a tocar. Ele ainda um pouco sonolento, atende.

CÉSAR: - Alô?... (olhando as horas no relógio)
(T)
CÉSAR: - Sim, sou eu...    
(T)
CÉSAR (surpreso): - Como é que é?!

      Rúbia se acorda. César se levanta rapidamente.

RÚBIA: - O que foi César?
CÉSAR (ao telefone): - Já estou indo pra aí!

      César desliga o telefone e se arruma rapidamente.

RÚBIA: - César, você vai sair agora? O que está acontecendo?
CÉSAR: - O projeto ambiental está pegando fogo! Um incêndio horrível! Eu preciso ir pra lá!
RÚBIA; - Espera, eu vou com você!
CÉSAR: - Não, fique aqui... Deixa que eu vou... Preciso avisar o Fredy e a Lílian. Fala pro papai, pra mamãe... Avisa todo mundo por mim. Eu preciso ir pra lá o mais rápido possível.
RÚBIA: - Tudo bem, pode deixar.

      César sai do quarto às pressas.

CENA 25. PROJETO AMBIENTAL. EXT. NOITE.

     Alguns moradores próximos ao local tentam conter o fogo, jogando baldes com água. Dentro do projeto, o fogo já consome boa parte dos materiais e chega até o viveiro das aves.

CENA 26. APTO LÍLIAN. QUARTO LÍLIAN. INT. NOITE.

     Fredy e Lílian estão dormindo quando o telefone toca. Lílian atende.

LÍLIAN: - Alô?
(T)
LÍLIAN: - Fala César? Aconteceu alguma coisa? Ligando a essa hora...
(T)
LÍLIAN (surpresa): - O que?!
(T)
LÍLIAN: - Claro, a gente ta indo pra aí agora!

Lílian desliga o telefone, nervosa.

FREDY: - O que foi?
LÍLIAN: - O projeto ambiental está pegando fogo, Fredy!
FREDY: - Como é que é?
LÍLIAN: - O César ligou, está indo pra lá. Vamos logo pra lá também!
FREDY: - Claro, vamos sim!

Os dois se arrumam rapidamente.

CENA 27. PROJETO AMBIENTAL. EXT. NOITE.
    
     Fredy e Lílian chegam no local. O corpo de bombeiros já está controlando o fogo. César encontra-se de joelhos, chorando.

LÍLIAN: - Ai meu Deus! César...

     Lílian se aproxima de César e o abraça.

FREDY: - Que tragédia!

     Os bombeiros lutam para combater o fogo.

CENA 28. CASA ALBERTO. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

     Rúbia, Marina, Tânia, Alberto e Felipe estão na sala, atônitos com a notícia do incêndio.

ALBERTO: - O César deve estar péssimo...
TÂNIA: - Liga para ele Alberto! Fale com ele!
ALBERTO: - Eu já liguei, Tânia, mas ele não atende...
RÚBIA: - Ele saiu às pressas... disse que ia avisar o Fredy e a Lílian também.
MARINA: - Eu não consigo ficar de braços cruzados aqui. Eu vou lá também. Você vai comigo, pai, eu não sei onde fica.
ALBERTO: - Claro, vou sim. Vou me trocar.

     Alberto sobe.

TÂNIA: - Você sempre muito prestativa, Marina.
MARINA: - E o que você quer que eu faça num momento desses, Tânia?
TÂNIA: - Não precisa ficar brava não... Apenas estou impressionada com seu espírito solidário pelos outros.
MARINA: - Ah é mesmo?
FELIPE: - Ei, por favor, não é hora de discussões bobas... Eu vou subir.

     Felipe se retira enquanto Alberto retorna.

MARINA: - Vamos papai?
ALBERTO: - Vamos sim. Tânia, já retornamos.
TÂNIA: - Por favor, me mande notícias do César, Alberto!
ALBERTO: - Pode deixar.

     Alberto e Marina saem. Tânia e Rúbia ficam na sala.

RÚBIA: - Nossa, Tânia, pra quê implicar com a Marina? Ela o jeito dela ser assim, amiga de todos...
TÂNIA: - Amiga de todos... Aquela lá se faz de sonsa para se dar bem. E você, não se meta nas questões da família. Você nem casada com o César é ainda.
RÚBIA: - Mas carrego um filho dele na barriga.
TÂNIA: - Você não imagina o quanto eu torci para que você tivesse perdido essa criança.
RÚBIA: - Como você pode dizer uma coisa dessas...
TÂNIA: - Por mim, você abordava essa criança o mais rápido possível para que eu não veja o meu sangue correndo num filho de uma biscate.

     Tânia sai. Rúbia fica a encará-la.

CENA 29. PROJETO AMBIENTAL. EXT. NOITE.

     César está inconsolável. Lílian e Fredy tentam acalmar o amigo. O fogo já foi controlado, mas ainda há pequenos focos. Um bombeiro se aproxima dos três.

BOMBEIRO: - Vocês são os responsáveis pelo local?
FREDY: - Sim, nós somos.
LÍLIAN: - E então, já tem como saber o que causou o incêndio?
BOMBEIRO: - Ainda é cedo para saber, mas os meus colegas estão tentando apurar.
CÉSAR: - Conseguiram salvar alguma coisa? E os animais?!
BOMBEIRO: - Sinto muito, mas os animais não sobreviveram.

     César chora. Lílian o abraça. Nesse instante, Marina e Alberto chegam no local.

ALBERTO: - César, meu filho!
    
     César abraça Alberto. Os dois estão emocionados.

CÉSAR (chorando): - Foi tudo pai... Eu perdi tudo, pai...
ALBERTO: - Calma, meu filho, calma...

     Marina também fica comovida.

MARINA: - Já sabem o que causou esse estrago todo?
LÍLIAN: - Eles ainda estão apurando. Não se sabe o que pode ter causado o incêndio.
MARINA: - Perderam muita coisa?
FREDY: - Nem os animais, as aves, sobreviveram.
MARINA: - Nossa, que horror...

     Os três seguem conversando, enquanto Alberto consola César.

CENA 30. TRANSIÇÃO DO TEMPO. AMANHECER / CASA TOMÁS. QUARTO TOMÁS. INT. DIA.

     Imagens de Praia Real ao amanhecer. O sol nascendo, as gaivotas cruzando o mar. Imagens da cidade. Corta para casa de Tomás. No quarto, Tomás, deitado na cama, aos poucos se acorda e se depara com Cristina terminando de se vestir.

TOMÁS: - Já acordada meu amor?
CRISTINA: - Sim, o dia já está aí... Não poderia continuar deitada.
TOMÁS: - Pensei que depois da noite de ontem, você estaria um pouco cansada...
CRISTINA: - Eu, cansada? Até parece que você não me conhece...
TOMÁS: - Bom, mas ontem você estava com um fogo insaciável...
CRISTINA: - Sim, eu estava, mas agora já passou...
TOMÁS: - Ta, mas você gostou?
CRISTINA: - Gostei do que?
TOMÁS: - De ontem, Cristina! Parece que você não se lembra, esqueceu de tudo...
CRISTINA: - Ah, sim, de ontem que nós transamos... Gostei, foi bom, mas passou... Agora deixa eu descer, tomar um bom café, porque hoje eu acordei com vontade de fazer compras!

Cristina sai do quarto e Tomás fica um pouco chateado por ela não ter dado importância à noite de amor dos dois.

CENA 31. APTO VERA. SALA. INT. DIA.

     Vera e Leandro se organizam para ir viajar. Enquanto Leandro confere as malas, Vera dá recomendações à Sabrina.

VERA: - Eu deixei na porta da geladeira todos os telefones que você irá precisar caso aconteça alguma coisa... Tem dos bombeiros, da clínica, da polícia, do serviço do seu pai e da tia Cristina também.
SABRINA: - Nossa, mãe, pra que tanta coisa? Não vai acontecer nada... Fica fria.
VERA: - E nada de festas e outros eventos aqui dentro, viu mocinha?
SABRINA: - O que?
VERA: - Não se faça de desentendida... Eu te conheço, Sabrina.
SABRINA: - pode ficar tranqüila, que eu não farei nada enquanto vocês viajam.
VERA: - Muito bom... Acho que não esqueci de te falar nada...
SABRINA: - Ainda bem! Depois de tanta coisa!
VERA: - Coisas de mãe. Quando você for mãe, vai fazer a mesma coisa. Eu também reclamava da sua avó... Tudo certo com as malas, Leandro?
LEANDRO: - Tudo ok. Por mim, já podemos sair.
VERA: - Então vamos! Estou ansiosa!...

     Vera abraça Sabrina.

VERA: - Se cuida, minha filha! Não abra a porta para estranhos...
SABRINA: - Mãe! Eu já sei de tudo isso!
VERA: - Não custa nada lembrar mais uma vez.
LEANDRO: - Adeus minha princesa! Se cuida, hein! (abraçando Sabrina).
SABRINA: - Tchau pai!... Façam uma boa viagem!
LEANDRO: - Obrigado!

     Vera e Leandro saem com as malas, agitados, ansiosos, felizes. Sabrina os acompanha até a porta. Eles saem e ela fecha a porta. Sabrina comemora, dando pulos de felicidade.

SABRINA: - Festinha certo!!!

CENA 32. PROJETO AMBIENTAL. EXT. DIA.

     César, Fredy e Lílian conversam com Alberto sobre a situação do projeto.

ALBERTO: - Os estragos foram realmente grandes... Perdemos muito.
LÍLIAN: - E o que me dói mais são os animais...
FREDY: - Morreram todos.
CÉSAR: - Por que, meu Deus?! Justo agora que estávamos com um trabalho tão bom, tão bacana...

     Marina chega junto do grupo, trazendo café.

MARINA: - Comprei café num quiosque. Está quentinho pessoal.
ALBERTO: - Obrigado minha filha...
FREDY: - Estrago total! Muito grande!
CÉSAR: - Será que não foi um curto circuito, algo do tipo?
Alberto: - Pode ter sido, mas só quem poderá nos dizer algo mais concreto é a perícia. Neste momento, só nos resta aguardar.

     Nesse instante, o celular de César toca.

CÉSAR: - Alo?
(T)
CÉSAR: - Oi amor...
(T)
CÉSAR: - Está tudo bem sim... Já conseguiram apagar o fogo, mas foi perda praticamente total, de tudo. Não sobrou nada.
(T)
CÉSAR: - É, mas não precisa se preocupar não. Estou aqui com o papai, a Marina, Fredy, Lílian. Logo mais a gente volta para casa. Não se preocupe. Tranqüiliza a minha mãe também.
(T)
CÉSAR: - Também te amo. Beijo.

     César desliga.

ALBERTO: - Sua mãe deve estar sem dormir até agora também.
CÉSAR: - Eu vou dar uma volta pela praia.
MARINA: - Faça isso mesmo, César. É bom pra esfriar a cabeça.
ALBERTO: - A gente te espera aqui, depois vamos embora.
CÉSAR: - Não vou demorar não.

     César sai.

CENA 33. CASA PETRÔNIO. COZINHA. INT. DIA.

Petrônio entra na cozinha para beber um pouco d’água. Ele se serve e vai até a janela. Enquanto bebe água, observando o jardim, ele avista Samantha e Bento, ao fundo, conversando animadamente. Por um instante, ele lembra de sua conversa com Helena.

CENA 34. APTO ROGÉRIO. SALA. INT. DIA.

     Rogério está deitado no sofá, lendo jornal, quando a campainha toca incessantemente.

ROGÉRIO: - Nossa, parece que não tem campainha em casa! Já estou indo!

Rogério se levanta e vai atender. Ele abre a porta e Felipe entra rapidamente dentro do apartamento.

FELIPE: - Que demora para abrir essa porta!
ROGÉRIO: - Bom dia para você também Felipe! Como vai?
FELIPE: - Pare de gracinhas...
ROGÉRIO: - Você invade meu apartamento assim, à essa hora da manhã, todo nervosinho... E quer que eu te receba como, com flores? Só fazendo gracinhas mesmo pra aturar...
FELIPE: - Tudo bem, tudo bem... É que aquele traste do Sérgio não pode nem sonhar em me ver aqui.
ROGÉRIO: - E à que devo a honra da visita?

     Felipe atira alguns documentos sobre a mesa.

FELIPE: - Trouxe os relatórios alterados para que você dê uma olhada, ver se eu fiz tudo certo.

CENA 35. CALÇADÃO PRAIA REAL. EXT. DIA.

     César caminha cabisbaixo pelo calçadão. De repente, encontra Brenda e Guto.

BRENDA: - César.
CÉSAR: - Oi Brenda. Oi Guto.
GUTO: - Oi.
BRENDA: - Fiquei sabendo do incêndio. Sinto muito.
GUTO: - Sentimos muito.
CÉSAR: - está sendo muito difícil pra mim...
BRENDA: - Posso imaginar.
CÉSAR: - Não, ninguém pode... É como perder um grande amor. Você deposita nele tudo que você considera bom e aí, de repente, você o perde...

     César e Brenda se olham profundamente.

GUTO: - E o estrago foi grande?
CÉSAR: - Praticamente total.
GUTO: - E você já sabe o que causou?
CÉSAR: - Ainda não.
BRENDA: - Isso tudo é muito triste mesmo.
GUTO: - Vamos Brenda?
BRENDA: - Vamos sim.

     Brenda e César se olham novamente.

GUTO: - tchau César. E boa sorte aí!
CÉSAR: - Valeu.
BRENDA: - Tchau César.
CÉSAR: - Tchau Brenda.

     Eles se afastam, ainda que se olhando, aos poucos.

CENA 36. IMOBILIÁRIA. SALA DIOGO. INT. DIA.

     Diogo realiza uma reunião rápida com sua equipe de funcionários em sua sala, para tratar de novos empreendimentos em contrato com a imobiliária.

DIOGO: - Recapitulando então o que foi acertado, nós já temos os contratos daquele condomínio de Barra Alta, de algumas casas dos bairros da Capela e da Prainha e também alguns edifícios do centro e próximos da reserva ambiental, é isso?
FUNCIONÁRIO 01: - Isso mesmo. Mas nós temos que ter muito cuidado com esses imóveis próximos à reserva.
CLARISSE: - É mesmo, para que os moradores não sejam invasivos à área de preservação.
DIOGO: - Eu sempre fui contra os imóveis lá próximos, mas, se o poder público liberou... E são contratos bons, de um grande valor para a imobiliária.
CLARISSE: - O que nós podemos fazer para que não ocorra problemas, é uma espécie de campanha, alertando os moradores sobre a importância da reserva.
FUNCIONÁRIO 02: - Muito bom. Assim também eles se conscientizam e ajudam a manter o local protegido.
DIOGO: - Boa idéia Clarisse. Vamos amadurecê-la, com certeza... Bom pessoal, acho que a reunião já pode ser encerrada. Vamos trabalhar em cima dessas propostas e desses contratos.

Os funcionários começam a sair.

DIOGO: - Clarisse, você tem um minuto?
CLARISSE: - Claro.

Os funcionários saem da sala. Ficam apenas Diogo e Clarisse.

CLARISSE: - Quer falar mais sobre a idéia da campanha?
DIOGO: - Não, quero falar sobre a gente.

Clarisse fica surpresa.

CLARISSE: - Olha Diogo, eu acho que...
DIOGO (interrompendo): - Eu acho que a gente tem que se aceitar, Clarisse... Eu não paro de pensar em você um minuto.
CLARISSE: - Diogo, eu não posso... Sou casada e se o Charles sonha que eu...
DIOGO: - Se ele sonha que você também deve estar amando de verdade, ele vai entender.
CLARISSE: - Mas eu não disse que estou amando.
DIOGO: - Os seus olhos falam por você.

Os dois ficam a se encarar por um instante, mas logo não resistem e se beijam, apaixonadamente.
CENA 37. CIA DE NAVEGAÇÃO. SALA HENRIQUE. INT. DIA.

     Henrique está em sua sala quando Adriano entra no local.

ADRIANO: - Com licença, posso entrar?
HENRIQUE: - Adriano! Claro, fica a vontade!

     Os dois se cumprimentam. Adriano senta na cadeira, em frente à mesa de Henrique.

HENRIQUE: - E então, como andam as obras do resort?
ADRIANO: - Melhor, impossível! Está tudo muito rápido, até eu estou surpreso.
HENRIQUE: - Nossa, então está ficando bom!
ADRIANO: - Confesso que de todos os hotéis que tenho, esse será o mais bonito, com certeza.
HENRIQUE: - Que bom!
ADRIANO: - E eu vim aqui porque quero que você entre comigo nessa.
HENRIQUE: - Como assim?
ADRIANO: - Eu tive a idéia de fazermos uma parceria, a sua companhia de navegação com o meu resort. O que acha?
HENRIQUE: - Uma parceria...?
ADRIANO: - É... Os clientes do hotel teriam a oportunidade de usufruir também dos serviços da companhia de navegação, um pacote integrado. O que você acha?
HENRIQUE: - Eu acho fantástico!
ADRIANO: - Eu fiz um esboço de como poderia ser, algo bem provisório, mas só para termos a idéia...
    
     Adriano mostra para Henrique seu projeto.

HENRIQUE (analisando): - Muito bom, interessante, Adriano... Gostei da idéia sim. Vamos fazer, com certeza!
ADRIANO: - Que bom!... Fico feliz mesmo!
HENRIQUE: - Vai ser uma parceria muito boa.
ADRIANO: - Será sim... E Silvana, como vai?
HENRIQUE: - Vai bem... Ultimamente um pouco nervosa... Está ansiosa, angustiada por ainda não ter engravidado.
ADRIANO: - Hum... Vocês ainda não têm filhos, não é?
HENRIQUE: - Ainda não. E ela está um pouco obcecada por isso, sabe? Disse que falta um filho para completar o nosso amor... Coisas de mulher.
ADRIANO: - Sei... E você deseja também ter um filho ou já tem outro filho, sei lá, com outra mulher, antes dela?

     Henrique fica um tempo em silêncio.

HENRIQUE: - Eu não tenho filhos... Mas desejo sim, claro que desejo ter um. Meu sonho é ser pai. Mas eu não estou tão preocupado em ter um filho para completar o amor, entende?
ADRIANO: - Entendo.
HENRIQUE: - E você e a Sônia? Planejam ter filhos?
ADRIANO: - Confesso que também sempre quis ser pai, mas eu e a Sônia nunca planejamos isso. Sempre tivemos uma vida corrida, eu sempre estive voltado para o trabalho, enfim...
HENRIQUE: - Mas a Sônia já demonstrou vontade em ser mãe?
ADRIANO: - Acredita que não? Acho até curioso, porque a maioria das mulheres tem esse desejo, esse sonho. Mas a Sônia nunca me falou nada assim, sobre uma vontade forte de ser mãe. Acredito que ela se sinta bem assim, sem filhos.
HENRIQUE: - Entendo...
ADRIANO: - Mas então, a parceria está firmada?
HENRIQUE: - Firmadíssima!

     Os dois se cumprimentam. Adriano mostra mais alguns detalhes da proposta e eles seguem conversando.

CENA 38. CASA SÔNIA. SALA. INT. DIA.

     A campainha da casa toca. Sônia vai atender e recebe Silvana.

SÔNIA: - Silvana!
SILVANA: - Oi Sônia! Desculpa aparecer assim, sem avisar, mas é que eu preciso desabafar com alguém...
SÔNIA: - Claro, entra...

CENA 39. CASA SÔNIA. SALA. INT. DIA.

     Sônia e Silvana estão sentadas no sofá, conversando, tomando chá.

SILVANA: - Você deve achar que eu sou maluca em vir assim, de repente...
SÔNIA: - Imagina, Silvana. Não estou achando nada não. Aliás, só acho que você está um pouco nervosa, com uma certa angústia...
SILVANA: - E eu estou sim... É um pouco de angústia e medo, pra falar a verdade.
SÔNIA: - Mas por quê?
SILVANA: - Antes de tudo, eu só gostaria de te dizer uma coisa... Que eu estou aqui, desabafando com você, porque te considero uma pessoa muito querida e que pode ser uma grande amiga para mim, uma verdadeira confidente. (segurando a mãe de Sônia)
SÔNIA: - Claro, Silvana. Pode contar comigo, sempre.
SILVANA: - Obrigada!... Pois bem, eu... Eu e o Henrique estamos tentando há algum tempo, ter filhos. Mas até agora nada...
SÔNIA: - Mas isso é comum, Silvana. Às vezes demora mesmo para se ter um filho. Tem casais levam muito tempo.
SILVANA: - Mas eu estou preocupada, Sônia. Não consigo parar de pensar nisso. Eu o Henrique nos conhecemos há um bom tempo e eu sei que o sonho dele é ser pai.
SÔNIA: - É mesmo?
SILVANA: - Sim. O Henrique sempre quis ter um filho. E eu quero muito realizar esse sonho, dar esse presente para ele.
SÔNIA: - Tudo bem, mas você não pode se cobrar...
SILVANA: - Nós fomos até uma clínica, conversamos com um médico e ele nos encaminhou para fazer alguns exames. Para ver se temos algum problema biológico que nos impeça de termos filhos.
SÔNIA: - Acho que você pode ficar mais tranqüila, Silvana. O Henrique te ama.
SILVANA: - E eu também o amo. Amo muito! Mais que tudo nessa vida! Mas eu tenho medo de não poder realizar o sonho dele e...
SÔNIA: - E...?
SILVANA (emocionada): - E ser abandonada, Sônia. Tenho medo que ele me largue, de achar outra que possa realizar o sonho dele de ser pai!

     Silvana se abraça em Sônia e chora. Sônia tenta consolá-la.



CENA 40. PROJETO AMBIENTAL. EXT. DIA.

     César retorna ao projeto.

ALBERTO: - Aliviou um pouco a cabeça, meu filho?
CÉSAR: - Tentei, papai, tentei...
MARINA: - Com o tempo, tudo se resolve.
FREDY: - Só com o tempo mesmo. Não há o que fazer no momento, a não ser esperar pela perícia.
LÍLIAN: - É mesmo.
ALBERTO: - Vamos embora então, pra casa, descansar disso tudo.
CÉSAR: - Será que eu consigo, pai?
ALBERTO: - Consegue sim, meu filho... Você é forte.

Os dois se abraçam, enquanto caminham em direção ao carro. Fredy, Lílian e Marina os acompanham.

CENA 41. CASA ALBERTO. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

     Tânia está na sala quando o telefone toca. Ela aguarda, esperando que alguém apareça para atender. Mas ninguém aparece e o telefone continua a tocar.

TÂNIA (gritando): - Olga! Olga! O telefone está tocando! Não vai vir atender?

     Ninguém aparece. E o telefone segue tocando.

TÂNIA: - Rúbia! Devem ser seus avós no telefone! Venha atender!

     Ninguém aparece. Tânia, já irritada, resolve atender.

TÂNIA: - Que inferno, gente surda!... Alô?
(T)
TÂNIA: - Alô?! Olha só, eu não estou para brincadeiras hoje, então você...

     Tânia pára de falar. Fica totalmente sem reação por um instante.

TÂNIA (surpresa): - Quem é que está falando?
(T)
TÂNIA (surpresa / apreensiva): - Não acredito que é você!
(T)
TÂNIA: - Eu falei para você nunca mais ligar para cá!
(T)
TÂNIA: - O que? Você não pode estar falando a verdade...
(T)
TÂNIA: - Alô?! Alô?!

     Tânia desliga o telefone, apreensiva.

CENA 42. APTO ROGÉRIO. SALA. INT. DIA.

Rogério termina de analisar os relatórios alterados por Felipe.

FELIPE: - E então, como ficou?
ROGÉRIO: - Muito bem, fez tudo direitinho, como o papai aqui ensinou.
FELIPE: - Tudo bem, agora deixa de besteira e me dá logo esses documentos porque eu preciso voltar para empresa.
ROGÉRIO: - Calma... Não está esquecendo de nada não?
FELIPE: - Escuta aqui, Rogério, se você está pensando em me beijar novamente pode ir tirando o cavalinho da chuva!
ROGÉRIO: - Ei, ninguém falou em beijo aqui... Estou falando de grana, dinheiro!
FELIPE: - Você quer mais?! Você quer mais dinheiro?!
ROGÉRIO: - Claro! Ou você acha que eu trabalho de graça?
FELIPE: - Você sabe quanto eu já gastei com você nesse tempo todo?
ROGÉRIO: - Não faço a mínima idéia e também nem me interessa saber. O que eu quero saber mesmo é do dinheiro que você vai me dar.
FELIPE (riso debochado): - E quem disse que eu vou te dar alguma coisa?
ROGÉRIO (sério): - Eu estou dizendo. Até por que, se você não der, muita gente vai ficar sabendo desse roubo que você fez na empresa...

     Felipe fica surpreso.

ROGÉRIO: - Desses documentos alterados e também da sua preferência pelo sexo masculino (riso debochado)
FELIPE: - Você é um canalha, Rogério. Que chantagem descarada!
ROGÉRIO: - Mas você não é obrigado a fazer nada Felipe!... Se você quiser, você não precisa me pagar, não tem problema... Mas depois, agüenta as conseqüências.

     Os dois se encaram firmemente. Felipe visivelmente irritado. Rogério mantém um olhar cínico e debochado.

FELIPE: - Quanto você quer?
ROGÉRIO: - Sabia que você iria fazer a melhor escolha.
FELIPE: - Fala logo quanto você quer?
ROGÉRIO: - Vinte mil.
FELIPE: - Vinte mil reais.
ROGÉRIO: - Vinte mil dólares.
FELIPE: - O que? Está ficando louco? Como eu vou arranjar vinte mil dólares?
ROGÉRIO: - Não sei, se vira!...
FELIPE: - Filho da mãe...
ROGÉRIO: - E pra hoje.
FELIPE: - Como é que é?
ROGÉRIO: - Pra hoje à noite, aqui no apartamento. Todo o dinheiro.
FELIPE: - Eu não vou conseguir...
ROGÉRIO: - Você consegue sim, Felipe... Movimenta as contas, viola documentos, você já sabe, eu te ensinei!... Tu é rico, família rica. Vinte mil dólares para você é troco! Eu até que fui bonzinho, porque eu poderia muito bem te ferrar geral... Mas como eu tenho o coração muito mole...
FELIPE: - Tudo bem, tudo bem. Agora me dá esses documentos porque eu preciso voltar pra empresa.

     Rogério entra os documentos para Felipe, que sai rapidamente do apartamento. Rogério fica satisfeito.

CENA 43. CASA ALBERTO. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

     Olga entra na sala e encontra Tânia, em pé, próxima ao telefone, estática.

OLGA: - Me chamou, dona Tânia?

     Tânia não responde. Parece fora de si, olhando para o nada, totalmente imóvel.

OLGA: - Dona Tânia? Dona Tânia!
TÂNIA (assustada): - Ai Olga! O que você quer?!
OLGA: - Mas foi a senhora quem me chamou aqui!
TÂNIA: - Ah, era para você ter atendido o telefone, mas eu mesmo atendi... gritei seu nome várias vezes, mas você deve estar surda... Também, velha desse jeito.
OLGA: - Desculpe, mas eu estava lá fora, não ouvi quando me chamou.
TÂNIA; - É, eu percebi... E até foi bom que você não atendeu... Mas deixa pra lá, pode voltar ao seu serviço. Anda, vai, vai!
OLGA: - Alguma notícia sobre o incêndio do projeto ambiental?
TÂNIA: - Nada ainda. Eles ficaram de mandar notícias, mas até agora...
OLGA; - E o César, como está?
TÂNIA: - Mas que tanto que você quer saber, Olga! Que coisa chata, gente metida!
OLGA: - Só estou preocupada! Cuidei do César como se fosse um filho, tenho um carinho muito grande por ele.
TÂNIA: - Me poupe desses seus momentos nostalgia, Olga. Coisa de gente velha mesmo, ficar relembrando o passado. O César não sente nada por você! Você sempre foi e sempre vai ser uma empregada nesta casa. Ninguém sente apreço nenhum por empregados, ninguém!
OLGA: - Isso não é verdade! Sempre fui muito bem tratada com carinho aqui dentro pelo César, pelo seu Alberto... E eu gosto de lembrar das coisas boas do passado sim. Quem me parece não gostar muito é você...
TÂNIA: - Agora chega. Sai daqui, agora!
OLGA: - Você que não gosta do seu passado, da sua vida antes dessa casa, da riqueza.
TÂNIA (gritando): - Cala a boca Olga!

     Nesse instante, Rúbia desce as escadas.

RÚBIA: - Gente, o que está acontecendo aqui?
TÂNIA: - Não é da sua conta, Rúbia!
RÚBIA: - Mas eu ouvi os gritos lá de cima!
TÂNIA: - Eu já falei que não é da sua conta! Não se meta onde não é chamada, está ouvindo?
OLGA: - Eu vou voltar para os meus afazeres.
TÂNIA: - Já deveria ter feito isso há muito tempo!

     Olga se retira.

RÚBIA: - Nossa, Tânia! Nunca te vi tão irritada!
TÂNIA: - Você não me encha a paciência, por favor!

     Tânia sobe as escadas.

RÚBIA: - O que será que a Olga falou?...

CENA 44. PASSAGEM DO TEMPO / PETRÓPOLIS. HOTEL. INT. DIA.

     Imagens de Praia Real, da beira da praia. Corta para imagens da Serra fluminense. Imagens de Petrópolis. Corta para o hall do hotel, onde chegam Vera e Leandro.

VERA (animada): - Leandro, você fez uma escolha maravilhosa! Esse hotel é um encanto!
LEANDRO: - Sabia que você iria gostar, meu amor! Eu vou até o balcão ver os detalhes da estadia.

Leandro vai até o balcão da recepção, enquanto Vera se deslumbra com o hotel. Enquanto isso, Mônica chega logo em seguida ao hotel e avista Leandro no balcão.

MÔNICA (riso malicioso): - Será um passeio inesquecível...

CENA 45. TRANSIÇÃO DO TEMPO. ANOITECER. / APTO ROGÉRIO. INT. NOITE.
    
     Imagens de Praia Real ao anoitecer. Por-do-sol na beira da praia. Imagens do centro da cidade à noite. Corta para apartamento de Rogério. A campainha toca e Rogério vai atender.

ROGÉRIO: - Chegou mais cedo do que eu pensava.

Felipe entra no apartamento.

ROGÉRIO: - Trouxe o que eu te pedi.
FELIPE: - Está tudo aqui.

Felipe coloca uma maleta em cima da mesa e logo em seguida a abre. Rogério fica sorridente.

FELIPE: - Aqui estão os seus vinte mil dólares.
ROGÉRIO (pegando os maços de dinheiro na mão): - Que beleza! Que beleza!
FELIPE: - Satisfeito, agora eu vou embora.

Felipe vai saindo, quando Rogério o segura.

ROGÉRIO: - Espera. Hoje você fica comigo.

Os dois se olham profundamente.

               FIM DO CAPÍTULO



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