sábado, 20 de junho de 2015

Capítulo 26: Mar da Vida


CENA 01. APTO ROGÉRIO. SALA. INT. NOITE.

Continuação do capítulo anterior. Sérgio caminha até o meio da sala e encontra o corpo de Rogério no chão, totalmente ensangüentado das facadas.

SÉRGIO (surpreso): - Oh, meu Deus!

Sérgio fica surpreso ao encontrar Rogério morto.

SÉRGIO: - Que brutalidade, que loucura!

     Sérgio sai às pressas do apartamento de Rogério.

CENA 02. APTO SÉRGIO. INT. NOITE.

     Sérgio entra rapidamente em seu apartamento, apreensivo, chocado com o que viu. Sérgio se lembra novamente de Felipe saindo do apartamento de Rogério.

SÉRGIO: - Será que o Felipe tem a ver com alguma coisa?...

     Sérgio fica pensativo.

CENA 03. RESTAURANTE CENTRO DA CIDADE. INT. NOITE.

     Tânia e Heraldo conversam.

TÂNIA: - Então Heraldo... O que te traz de volta à Praia Real depois de tanto tempo?
HERALDO: - Sabe Tânia, depois que eu fui embora, eu tentei me virar sozinho...
TÂNIA: - Se virar sozinho? (riso)
HERALDO: - Não entendi o porquê da risada...
TÂNIA: - Você só sobreviveu graças ao dinheiro que eu te mandava. Não venha com lorotas para cima de mim.
HERALDO: - Tudo bem, que seja... Mas eu fiquei escondido numa cidade, São Tomé de Rio Claro.
TÂNIA: - E em que diabos fica isso?
HERALDO: - Interior do Estado.
TÂNIA: - E por que não continuou por lá?
HERALDO: - Não deu certo não...
TÂNIA: - Porque não? Aprontou alguma por lá, não é?
HERALDO: - Não aprontei nada.
TÂNIA: - Mas então porque você voltou? Porque veio pra cá novamente?! Você sabe que não era pra vir, que não era para chegar perto daqui...
HERALDO: - Ei, Tânia! Ta pensando o que? Que eu sou um bicho que posso ficar entocado num lugar e não sair mais? Não dava pra ficar naquele fim de mundo mais! Minha vida é aqui, sempre foi aqui.
TÂNIA: - Mas agora é arriscado você ficar aqui.
HERALDO: - Arriscado pra quem? Pra mim ou pra você?

     Tânia encara Heraldo seriamente. Ele abre um sorriso de deboche.

CENA 04. PETRÓPOLIS. HOTEL. QUARTO VERA / LEANDRO. INT. NOITE.

     Vera e Leandro conversam.

VERA (saindo do banheiro): - Ai querido, esse foi um dos melhores passeios que já fizemos em todo o nosso casamento...
LEANDRO (sentado na cama): - Foi mesmo, Vera. Conseguimos relaxar bastante.
VERA(sentando-se ao lado de Leandro): - Nossa, eu estou renovada! Pronta para voltar à rotina, à boutique... Mas vai dando uma pena ter que deixar esse lugar...
LEANDRO: - Já arrumou as suas coisas?
VERA: - Já sim, está tudo pronto para partimos amanhã.
LEANDRO: - É, meu bem, como diz a música, “estamos indo de volta para casa”... (risos)
VERA: - Por um lado é bom que nós estamos indo, sabia? Estou com saudades da minha filhota!

     Os dois se beijam.

CENA 05. CASSINO CLANDESTINO. INT. NOITE.

     Imagens gerais do cassino, das mesas de apostas e das máquinas caça-níqueis. Virgínia e Carvalho continuam apostando em todos os jogos e ganhando dinheiro, tudo sob às vistas do chefe do lugar.

CHEFE DO CASSINO: - Esses dois estão se dando bem.
CAPANGA 01: - Por enquanto né chefe?
CHEFE DO CASSINO: - Claro que sim. O dinheiro deles vem tudo pro meu bolso no final da brincadeira. Fiquem de olho neles.
CAPANGA 02: - Pode deixar chefe.

     Os capangas continuam observando Virgínia e Carvalho, que comemoram os ganhos no cassino.



CENA 06. CASA PETRÔNIO. ESCRITÓRIO. INT. NOITE.

     Petrônio está no escritório quando Helena entra no local, um pouco inquieta.

PETRÔNIO: - O que foi Helena, aconteceu alguma coisa?
HELENA: - Por que está me perguntando isso?
PETRÔNIO: - Porque você entrou aqui e está inquieta, inclusive tirou a minha concentração aqui, das leituras...
HELENA: - Desculpa papai, mas eu queria te avisar de uma coisa...
PETRÔNIO: - Me avisar do que?
HELENA: - Eu falei agora a pouco com o Willian, aquele meu amigo que é professor em Londres.
PETRÔNIO: - Sim, eu lembro dele. Foi seu namoradinho inclusive.
HELENA: - Não precisa lembrar desses detalhes papai.
PETRÔNIO: - Claro, claro... Mas então, o que tem ele?
HELENA: - Eu falei com ele a respeito de cursos, estudos na Inglaterra.
PETRÔNIO: - Está pensando em estudar, Helena? Isso é muito bom minha filha, será muito proveitoso para você.
HELENA: - Não papai, não é pra mim. É para o Matheus.
PETRÔNIO: - Como é que é?
HELENA: - Isso mesmo. Já falei com o Willian e o Matheus irá estudar na Europa.
PETRÔNIO: - Mas você falou com o Matheus sobre isso?
HELENA: - Não, mas vou falar. E não adianta ele recusar porque ele vai ir do mesmo jeito. O Willian irá conseguir uma bolsa de estudos para ele numa universidade de lá e ainda moradia para que ele fique bem abrigado. Será uma oportunidade única na vida dele, com certeza.
PETRÔNIO: - Mas Helena você deveria ter conversado com o Matheus antes, minha filha... Essa história não vai acabar bem...
HELENA: - Vai dar tudo certo, papai! O Matheus vai para Londres estudar, se formar e ter uma vida melhor, longe daqui e dessa gente com quem ele anda envolvido.
PETRÔNIO: - Ah, então você fez tudo isso só para afastá-lo dessa moça com quem ele namora, da Alice é isso?
HELENA: - Não... Fiz isso pensando num futuro melhor para o meu filho. Sou mãe e sei do que é melhor para ele.

Helena se demonstra satisfeita com as suas ações, enquanto Petrônio apresenta-se um pouco preocupado com as possíveis conseqüências.

CENA 07. RESTAURANTE CENTRO DA CIDADE. INT. NOITE.

     Tânia e Heraldo conversam.
    
TÂNIA: - Não seja cínico, Heraldo.
HERALDO: - Eu só fiz uma pergunta...
TÂNIA: - Eu estava te dando dinheiro, estava te bancando e agora você vem com gracinhas...
HERALDO: - Mas você pode continuar fazendo isso, só que agora eu fico por aqui.
TÂNIA: - Quanto você quer?
HERALDO: - Não é dinheiro, Tânia...
TÂNIA: - Quanto você quer? Fala, eu pago!
HERALDO: - Não é só dinheiro, poxa! É a minha vida normal que eu quero!
TÂNIA: - Mas a sua vida normal vai acabar prejudicando a minha vida normal!
HERALDO: - Não se preocupa porque eu não farei nada que possa te prejudicar ou te comprometer... Margot.

     Tânia fica visivelmente irritada.

TÂNIA: - Agora chega seu safado, canalha! Você voltou pra me aterrorizar, é isso?
HERALDO: - Calma, calma! Tem mais pessoas aqui dentro no restaurante... sem ataques, por favor!

     Tânia abre a bolsa, retira o talão de cheques e preenche um cheque. Heraldo fica de olho no que ela está escrevendo. Tânia termina de preencher o cheque e entrega para Heraldo.

TÂNIA: - Acho que isso está bom pra você.
HERALDO (olhando o valor do cheque): - Ô, se está... Por enquanto eu consigo me virar com isso sim.
TÂNIA: - Agora eu vou embora. (levantando-se)
HERALDO: - Ei, quando eu poderei te ver novamente?
TÂNIA: - Se depender de mim, nunca mais.
HERALDO: - Não diga isso... Façamos assim, eu te ligo e aí marcamos.
TÂNIA: - Mas nem pense em fazer isso! Você está louco, ligar lá para minha casa? Se alguém atende?...
HERALDO: - É mesmo... Se seu marido atende, já era... (riso)
TÂNIA: - Eu te ligo quando puder.
HERALDO: - Tudo bem. Quer uma carona até sua casa?
TÂNIA: - Nem pense em vir atrás de mim.

     Tânia se retira do restaurante e Heraldo fica contente com o cheque que ganhou.

CENA 08. CASSINO CLANDESTINO. INT. NOITE.

     Depois de jogar bastante e ganhar muito dinheiro, Carvalho e Virgínia estão faceiros.

VIRGÍNIA: - Ai meu Deus, mal posso acreditar que estou com a mão nessa bufunfa toda que ganhamos!
CARVALHO: - Tem dinheiro de montão, Virgínia!
VIRGÍNIA: - Já dá pra comprar umas bolsas e sapatos novinhos!
CARVALHO: - Mas vamos indo, pegar o dinheiro. Amanhã a gente volta e ganha mais.

     Os dois seguem até o balcão para pegar o dinheiro. Nesse instante, são seguidos pelo chefe do cassino e seus capangas.

CARVALHO (à atendente do balcão): - Eu vim buscar o meu dinheiro.

     Nesse instante, o chefe do cassino se aproxima.

CHEFE DO CASSINO: - Infelizmente não vai dar pra pegar o dinheiro.
VIRGÍNIA: - Mas porque não?
CARVALHO: - Ei, que história é essa aqui? Eu apostei, eu ganhei. Agora eu vou pegar o dinheiro.
VIRGÍNIA: - Isso mesmo. Quem é o senhor pra estar se intrometendo assim nos nossos lucros?
CHEFE DO CASSINO: - Eu sou o dono do cassino.

     Carvalho e Virgínia ficam surpresos / espantados. Logo, os capangas se aproximam deles.

CARVALHO: - Como assim, dono do cassino?
CHEFE DO CASSINO: - É isso mesmo que vocês ouviram. Sou eu quem mando aqui dentro e quem decide se o dinheiro sai ou não sai.
VIRGÍNIA: - Mas seu moço, é uma questão de justiça. Nós apostamos e nós ganhamos, não é justo deixarmos o nosso dinheiro aqui!
CARVALHO: - E nós jogamos todo o nosso dinheiro, meu camarada!
CHEFE DO CASSINO: - Eu não sou seu camarada! E outra, a justiça aqui não funciona, madame. Ei rapazes, podem levar eles daqui.
VIRGÍNIA: - Como assim, levar? Pra onde?

     Os capangas pegam Carvalho e Virgínia e vão levando eles para fora do salão de jogos.

CARVALHO: - Ei, isso não vale, não estava nas regras do jogo!
VIRGÍNIA: - Seu moço, eles estão amassando o meu casaco!

CENA 09. CASSINO CLANDESTINO. EXT. NOITE.

     Os capangas jogam Virgínia e Carvalho para o lado de fora do cassino.

VIRGÍNIA: - Mas que gente estúpida!
CARVALHO: - Invejosos, isso sim, só porque a gente estava com os lucros lá em cima...
VIRGÍNIA: - Pois é, mas agora nós estamos entrando em recessão... Estamos praticamente falidos, Carvalho! Sem nada!
CARVALHO: - Alegria de pobre realmente dura pouco... Vamos pra casa?
VIRGÍNIA: - Vamos sim... Pelo menos ainda temos onde morar... Por enquanto.

     Os dois seguem para casa, cabisbaixos.

CENA 10. CASA BRENDA. QUARTO BRENDA. INT. NOITE.

     Brenda está em seu quarto, se preparando para dormir, quando Guto entra no local.

GUTO: - Oi.
BRENDA: - Claro Guto.
GUTO: - Já vai dormir?
BRENDA: – Vou sim... Estou um pouco cansada...
GUTO: - Mas essa sua carinha não me engana não... Aconteceu alguma coisa pra você ficar assim.
BRENDA: - Não aconteceu nada não, eu estou bem.
GUTO: - Você não consegue esconder nada, Brenda. Desde que a Rúbia esteve aqui hoje, você está assim, pra baixo.
BRENDA: - De onde você tira essas coisas, Guto? Eu achei muito bom a Rúbia ter vindo aqui, principalmente pelos meus avós, que estavam com muita saudade dela.
GUTO: - Ela está feliz com o noivado dela, o casamento...
BRENDA: - Está mesmo. Ela realmente merece toda essa felicidade.
GUTO: - E você?
BRENDA: - Eu o que?
GUTO: - Está feliz com o nosso namoro?
BRENDA: - Estou sim.
GUTO: - Não senti muita firmeza nesse sim... Acho melhor eu ir pro meu quarto dormir...

Guto vai saindo.

BRENDA: - Guto, espera.

Guto para na porta.

BRENDA: - Fica. Fica aqui comigo.
GUTO: - Ficar porque se você não sabe se gosta mesmo de mim ou não?
BRENDA: - Eu gosto de você, muito, muito mesmo.

Guto entra no quarto novamente e fecha a porta.

GUTO: - Eu não quero apenas que você goste Brenda... Eu quero que você ame! Quero que você me ame assim como eu te amo!
BRENDA: - Eu sei. E vou te amar, Guto. E eu quero que você me ajude a fazer isso...

Os dois se aproximam e se beijam. Aos beijos, os dois se abraçam e Guto conduz Brenda até a cama. Ela se deita e ele a acompanha. Os dois se olham profundamente por um instante.

GUTO: - Você tem certeza...?
BRENDA: - Essa será a minha primeira prova de amor para você...

Os dois se beijam. A seguir, flashes de imagens de Brenda e Guto aos abraços e beijos, despindo-se e se entregando um ao outro. Os dois fazem amor e passam a noite juntos.

CENA 11. TRANSIÇÃO DO TEMPO. AMANHECER / APTO SÉRGIO. INT. DIA.

     Imagens de Praia Real ao amanhecer. Imagens da beira da praia. Imagens da cidade. Corta para o apartamento de Sérgio. Ele atenda a porta.

OLGA (entrando no apartamento): - Eu vim o mais rápido que eu pude! Você me ligou cedo, hein!

     Sérgio fecha a porta rapidamente.

SÉRGIO: - Que bom que você veio. Desculpa te ligar assim, de repente e naquela hora, mas é que eu estou preocupado.
OLGA: - Preocupado com o que?
SÉRGIO: - Acontece que aconteceram algumas coisas aqui no prédio, terríveis.
OLGA: - Me fala, o que aconteceu?
SÉRGIO: - Um assassinato.
OLGA (surpresa): - Um assassinato? Mas como isso, quando?!
SÉRGIO: - Há umas duas noites...
OLGA: - Mas como isso foi acontecer? O rapaz que cuida aqui o prédio deve ter se descuidado.
SÉRGIO: - Pois é... Ele foi a vítima.
OLGA: - Meu Jesus amado!
SÉRGIO: - Ele foi morto a facadas, Olga. Brutalmente.
OLGA: - Gente, que coisa horrível! Como você soube disso?
ROGÉRIO: - O apartamento dele é o daqui da frente. Eu ouvi, na noite do crime, um barulho, discussão. Parecia briga, mas depois silenciou tudo.
OLGA: - E você viu alguma coisa?
SÉRGIO: - Ver eu não vi a briga, se é que houve mesmo, eu não vi, mas vi algo que me deixou mais surpreso ainda e foi por isso que eu te chamei aqui.
OLGA: - Então me fala, o que você viu? Já estou ficando assustada!
SÉRGIO: - Calma Olga, não fique assim não. Mas o que eu tenho pra te dizer é sério e envolve a sua segurança... Tempo depois que ficou tudo quieto e espiei no olho mágico daqui a porta e vi o Felipe saindo do apartamento.
OLGA: - O Felipe? Você tem certeza?
SÉRGIO: - Absoluta. Depois no outro dia eu entrei no apartamento. Estava bagunçado. E na mesa da sala, estava a faca com sangue. No chão, o corpo do rapaz. Completamente perfurado, sangue espalhado por tudo. Horrível.
OLGA: - Meu Deus... O Rogério...
SÉRGIO: - Era Rogério o nome dele?
OLGA: - Sim, ele mesmo me falou uma vez... Assassinado...
SÉRGIO: - Cruelmente.
OLGA: - E então você acha que o Felipe...
SÉRGIO: - Eu não quero acreditar, mas o Felipe pode ter sido o assassino do Rogério, Olga. Agora, porque ele faria isso? Qual a ligação dos dois?
OLGA: - Isso é realmente estranho.
SÉRGIO: - Mas por enquanto, é o de menos. O que eu quero é que você tome cuidado, Olga. Se isso realmente for verdade, você deve tomar cuidado com o Felipe lá naquela casa. Se ele descobre que nós estamos juntos, ele é capaz de fazer um grande mal para você.
OLGA: - Pode deixar Sérgio, eu tomarei cuidado.
SÉRGIO: - E outra coisa, procure não demonstrar que você sabe de alguma coisa.
OLGA: - Claro, eu não deixarei furos, fique tranqüilo.
SÉRGIO: - Agora é saber qual a ligação entre o Felipe e o Rogério...

CENA 12. BEST FISH. SALA DE REUNIÕES. INT. DIA.

     Na sala de reuniões, Alberto, César, Fredy e Lílian estão reunidos, aguardando a chegada dos peritos para saber o que realmente causou o incêndio no projeto ambiental.

CÉSAR: - É agora que tudo vai se resolver.
LÍLIAN: - Ainda bem! Eu mal conseguia dormir pensando nisso.
ALBERTO: - Eu também fiquei muito ansioso... ainda estou, pra falar a verdade. Mas vai ficar tudo bem, certamente.

Nesse instante, Marina entra na sala, acompanhada de dois peritos que trabalharam no processo.

MARINA: - Com licença. Aqui estão os peritos.
ALBERTO: - Entrem, por favor, fiquem a vontade. Vamos sentar à mesa.

Os peritos entram e sentam, juntamente com os outros presentes na sala.

FREDY: - E então, vocês já tem o resultado das perícias?
ALBERTO: - Tenhamos calma, pessoal. Deixem que eles apresentem as suas conclusões.
PERITO 01: - Obrigado doutor. Pois bem, nós já temos sim a resposta para a causa do incêndio no projeto ambiental.
CÉSAR: - E então, o que foi que aconteceu?
PERITO 02: - Um crime.
LÍLIAN: - Crime? Como assim?
PERITO 02: - Nós temos aqui os relatórios da perícia. (entregando documento para Alberto e César)
FREDY: - E o que diz aí?
PERITO 01: - A perícia mostra vestígios de combustível, espalhados por vários espaços do projeto ambiental.
PERITO 02: - Os relatórios são claros. A perícia afirma que o incêndio não foi acidente e sim, criminoso, proposital.

     Todos ficam surpresos.

ALBERTO: - Um incêndio criminoso!
CÉSAR: - Mas quem poderia ter essa intenção de prejudicar assim o projeto?
MARINA: - É mesmo, porque o projeto ambiental tem uma ótima aceitação, não apenas na região da prainha, mas na cidade toda.

     Fredy percebe que Lílian está quieta, pensativa.

FREDY: - O que foi Lílian? Está com o pensamento longe.
LÍLIAN: - Eu estou ligando algumas coisas aqui que eu acho que tem haver com tudo isso...
ALBERTO: - O que foi Lílian?
LÍLIAN: - César, os pescadores ilegais!
CÉSAR: - Os pescadores...
ALBERTO: - Do que vocês estão falando?
LÍLIAN: - Dos pescadores ilegais que nós denunciamos à polícia ambiental. Eles estavam pescando em áreas proibidas e nós fizemos a denúncia.
FREDY: - É mesmo. E eles nos ameaçaram algumas vezes.
MARINA: - Gente, isso é muito grave!
ALBERO: - É grave mesmo. Vocês tem certeza de eles são os responsáveis pelo incêndio?
LÍLIAN: - Certeza nós não podemos ter, mas certamente, eles são suspeitos pelo histórico da nossa relação. Eles têm motivos para causar tudo isso.
PERITO 01: - Nós encontramos arrombamentos nas portas e janelas e algumas ferramentas, como pé de cabra e chaves de fenda, que certamente foram deixadas no local.
ALBERTO: - Bom, de certa forma, isso é preciso ser bem apurado para que possamos agir, já que se tratam apenas de suspeitos e não temos provas concretas sobre isso. Apenas hipóteses.
MARINA: - Acho que os peritos já podem ser liberados então?
ALBERTO; - Claro que sim. Mas certamente, entraremos em contato novamente.
PERITO 02: - Sem problemas. Estamos ao dispor da empresa.

     Os peritos se despedem e saem da sala, acompanhados por Marina.

FREDY: - Bom, então agora é partir para o próximo passo: achar as evidências concretas do envolvimento desses pescadores ilegais no incêndio.

     O grupo continua conversando sobre o assunto.

CENA 13. CASA TOMÁS. QUARTO PATRÍCIA. INT. DIA.

     Patrícia está no computador, quando Tomás entra no quarto.

TOMÁS: - Oi minha filha.
PATRÍCIA: - Oi pai, entra. Você não tinha que estar na empresa já?
TOMÁS: - Tinha, mas eu tirei um tempinho extra, vou chegar um pouco depois. É que eu queria falar com você antes.
PATRÍCIA: - Claro.

Os dois sentam-se na cama.

PATRÍCIA: - Então, o que é que ta pegando?
TOMÁS: - O assunto é um pouco sério e envolve a sua mãe.
PATRÍCIA: - O que tem a mamãe?
TOMÁS: - Paty, eu fui até uma clínica psiquiátrica procurar saber sobre o que está acontecendo com a sua mãe.
PATRÍCIA: - Você fez o que?
TOMÁS: - Já faz alguns dias que eu ando pesquisando na Internet, revistas, sobre essas mudanças de comportamento bruscas que sua mãe tem tido... E aí tomei coragem e fui até uma clínica conversar com um profissional, esclarecer as minhas dúvidas, enfim.
PATRÍCIA: - Nossa pai... E o que foi que te disseram?
TOMÁSA: - Eu conversei com a doutora Marília, que me explicou que a sua mãe, de acordo com os sintomas e situações que eu relatei, pode estar sofrendo de transtorno bipolar de humor.
PATRÍCIA: - Transtorno bipolar de humor...?
TOMÁS: - É... Essas mudanças repentinas de humor, aliadas a outros sintomas, como falta de concentração, insônia e outras coisas...
PATRÍCIA: - Eu já ouvi falar sobre isso algumas vezes, na TV...
TOMÁS: - Pois então, eu fiquei um pouco abalado com isso, pois é uma doença que precisa de muitos cuidados, pois o tratamento deve ser seguido atenciosamente, prestando bastante atenção no comportamento, nas atitudes da paciente. É um pouco complexo tudo isso...
PATRÍCIA: - E você acha que a mamãe já deve ser tratada?

     Nesse instante, Cristina entra no quarto.

CRISTINA: - Paty, vamos querida... Oh, Tomás? VocÊ não deveria estar na empresa?
TOMÁS: - Eu tirei um tempinho para aprontar alguns documentos, mas já estou de saída. Passei aqui pra dar um beijo na minha filha.
CRISTINA: - É tão lindo isso, esse amor de pai e filha. Acho que eu também quero um beijinho, um abraço, muito, muito carinho!

     Os três se abraçam. Tomás e Patrícia trocam olhares.

CENA 14. IMOBILIÁRIA. SALA DIOGO. INT. DIA.

     Diogo está trabalhando em sua sala, quando uma funcionária entra no local.

LURDINHA: - Com licença, Diogo. Aqui estão alguns documentos que o senhor pediu.
DIOGO: - Claro, pode deixar aqui. Obrigado.

Lurdinha deixa os documentos sobre a mesa e vai saindo, quando Diogo a chama.

DIOGO: - Lurdinha, você pode chamar a Clarisse pra mim, por favor?
LUIRDINHA: - A Clarisse não veio trabalhar hoje, Diogo.
DIOGO: - Não veio?
LURDINHA: - Não veio não. Estamos nos dividindo para realizar algumas funções que ela tinha pra hoje pra não ficar nada para trás.
DIOGO: - Estranho... A Clarisse nunca foi de faltar ao emprego... De qualquer forma, obrigado Lurdinha.
LURDINHA: - Se precisar, é só chamar. Com licença.

Lurdinha sai da sala. Diogo pega o telefone e liga para Clarisse, mas cai na caixa postal.

CENA 15. CASA ALBERTO. APTO CHARLES / CLARISSE. INT. DIA.

     Clarisse está apressada, procurando seu celular.

CLARISSE: - Charles, você viu meu celular?
CHARLES: - Não vi não... Ei, onde você vai assim, toda arrumada?
CLARISSE: - Ora, aonde eu vou... Vou trabalhar, Charles.

     Charles dá uma gargalhada.

CLARISSE: - Está rindo do quê, Charles?
CHARLES: - Estou rindo de você, dizendo que vai ir trabalhar.
CLARISSE: - E qual é a graça nisso, posso saber?
CHARLES: - Claro que pode... voc~e diz que vai trabalhar mesmo estando proibida de ir trabalhar.
CLARISSE: - Como é que é?
CHARLES: - É isso mesmo meu amor. Você não vai sair para trabalhar.
CLARISSE: - Não, eu não posso acreditar nisso. Você está me proibindo de sair de casa para trabalhar, Charles, é isso?
CHARLES: - É isso mesmo. Você não vai trabalhar mais naquela porcaria e ponto.
CLARISSE: - Charles você ficou louco! Você não pode me proibir assim! Eu sou diretora lá dentro, tenho responsabilidades, compromissos!
CHARLES: - Compromisso só se for de safadeza com aquele idiota!
CLARISSE: - Olha o respeito! Você me respeite, por favor!
CHALRES: - Você é que tem que se dar o respeito. Eu sou seu marido e você vai fazer o que eu mandar.
CLARISSE: - Você definitivamente não está bem...
CHARLES: - Estou fazendo isso pra te proteger daquele aproveitador de funcionárias.
CLARISSE: - Não fale assim do Diogo. Ele é uma ótima pessoa e um ótimo profissional. Nunca faria qualquer coisa com alguma funcionária lá dentro.
CHARLES: - Lá dentro talvez não, mas do lado de fora...
CLARISSE: - Você é descarado... (indo em direção à porta da casa)

     Charles tira o celular do bolso e joga contra a parede, ao lado da porta. Clarisse se assusta.

CLARISSE: - O que você está fazendo?! Quase me acertou!
    
     Clarisse percebe que Charles atirou o seu celular.

CLARISSE: - O meu telefone...
CHARLES: - Você não vai sair daqui, Clarisse... Por que se você sair daqui, isso que aconteceu com o seu celular, pode acontecer com o seu querido chefinho... Ou até pior.
CLARISSE: - No que você se transformou, Charles...

     Clarisse vai para o quarto, deixando Charles sozinho na sala.

CENA 16. CENTRO DA CIDADE. PRAÇA. EXT. DIA.

     Matheus, Sabrina e Ricardo voltam da aula..

SABRINA: - Nossa, a aula hoje estava difícil...
RICARDO: - Estava mesmo.
SABRINA: - O que você quer falando, Ricardo? Dormiu o tempo todo, que eu vi...
RICARDO: - Ah, ontem fiquei acordado praticamente a noite inteira, na Internet... Mas o Matheus também estava bem desligado que eu vi.
SABRINA: - É mesmo, Matheus, tinha momentos que você parecia estar nas nuvens...
MATHEUS: - Mas eu estava nas nuvens, com um anjo chamado Alice.
SABRINA: - Oh, que bonitinho!
RICARDO: - Ah, esse negócio de amor transforma as pessoas em seres de açúcar...
MATHEUS: - Deixa de ser bobo, Ricardo... Está falando isso porque você ainda não se apaixonou.
RICARDO: - E nem pretendo, meu amigo!
SABRINA: - E como anda o lance de vocês, Matheus?
MATHEUS: - Melhor impossível, Sabrina. Estamos nos dando super bem.
SABRINA: - Mas eu tenho uma proposta para fazer que pode selar de vez a boa fase dos pombinhos.
MATHEUS: - E o que é?
SABRINA; - Vou dar uma festinha hoje à noite lá em casa.
RICARDO: - Oba, festinha!
SABRINA; - Isso mesmo, casa liberada, tudo nosso... Meus pais estão viajando, e hoje com certeza a noite será muito boa. Já falei com o pessoal lá do curso e a galera toda vai.
RICARDO: - Pode confirmar a minha presença.
SABRINA: - E você Matheus, vem também? Pode levar a Alice.
MATHEUS: - Bacana, pode crer que eu irei sim. Vou falar com Alice pra ver se ela me acompanha também.
SABRINA: - Que bom! Eu queria ter dado essa festa antes, mas com os trabalhos da facul, não teve como... Mas hoje é o dia! Quero aproveitar ao máximo antes que meus pais retornem.
RICARDO: - E você já sabe quando eles voltam?
SABRINA: - Acho que daqui a dois dias... Vai dar pra fazer a festa e reorganizar tudo novamente.

Nesse instante, o telefone de Matheus toca. Ele identifica a ligação.

MATHEUS: - É a minha mãe.
RICARDO: - Ih rapaz! Atende, dona Helena não dá pra deixar esperando.
MATHEUS: - Oi mãe!
(T)
MATHEUS: - Acabei de sair do curso com o Ricardo e a Sabrina. Vamos pro shopping comer alguma coisa, depois eu vou pra casa.
(T)
MATHEUS: - Falar comigo?
(T)
MATHEUS: - claro, pode deixar.
(T)
MATHEUS: - Beijo. (desligando o telefone)
SABRINA: - E aí, o que foi?
MATHEUS: - Minha mãe quer falar comigo. Disse que é importante...
RICARDO: - Será que vem alguma bronca?
MATHEUS: - Não pareceu não, Ricardo... Acho que talvez venha coisa boa por aí.
SABRINA; - Tomara!
MATHEUS: - Agora vamos comer? Estou com um buraco no estômago!
SABRINA; - Vamos sim! Eu também estou morta de fome!

     Os três seguem conversando.

CENA 17. CASA ALBERTO. QUARTO CÉSAR. INT. DIA.

     Rúbia está na janela do seu quarto, olhando para o apartamento de Charles e Clarisse, quando Tânia entra no local.

TÂNIA: - O que está vendo aí?
RÚBIA: - Ouvi alguns gritos, barulho... acho que o Charles e a esposa dele estavam brigando...
TÂNIA: - E se estivessem não é da sua conta, não acha?
RÚBIA: - É, talvez não seja... Mas é que tem tantas coisas que não nos dizem respeito, mas que nós gostamos de saber... Você é um exemplo claro disso... vive se intrometendo na minha vida e do César.
TÂNIA: - Eu tento é reparar o erro que o meu filho cometeu em engravidar você e aceitar esse absurdo que é o casamento de vocês dois.
RÚBIA: - Não é erro, Tânia. É amor. Eu o amo e ele me ama. E nós vamos ter um lindo bebê... Seu primeiro neto, de muitos que ainda vamos ter, certamente.
TÂNIA: - Ah não vão mesmo, porque eu vou fazer de tudo para que isso não aconteça.
RÚBIA: - Fazer o que? Não há nada o que você possa fazer para me separar do César. Ele já é meu.
TÂNIA: - Veremos.

     Tânia sai do quarto. Rúbia fica pensativa.

CENA 18. APTO ROGÉRIO. INT. DIA.

     A polícia retira o corpo de Rogério do apartamento. Enquanto isso, um policial interroga Sérgio. Olga o acompanha.

SÉRGIO: - Eu me mudei pra cá há pouco tempo, não tinha contato com ele.
POLICIAL: - Mas você viu, ouviu alguma coisa?
SÉRGIO: - Era de madrugada. Eu ouvi alguns barulhos, uma discussão, mas só isso. Não imaginei que aquilo poderia chegar à esse ponto, de morte.
POLICIAL: - Mas você não viu ninguém entrando ou saindo do prédio?

     Sérgio e Olga trocam olhares.

SÉRGIO: - Não vi não. Não vi nada...
POLICIAL: - Tem certeza?
SÉRGIO: - Absoluta. Não vi nada mesmo.
POLICIAL: - Tudo bem... Mesmo assim, o senhor fique sobreaviso. Poderá ser chamado para depor na delegacia.
SÉRGIO: - Tudo bem.

     O policial se retira, vai conversar com outros oficiais. Sérgio e Olga se olham.

CENA 19. BEST FISH. SALA FELIPE / MARINA. INT. DIA.

     Marina e Felipe estão na sala trabalhando.

FELIPE: - Marina, eu preciso ir até o banco acertar algumas coisas, você segura as pontas por aqui?
MARINA: - Claro Felipe, pode ir.
FELIPE: - Tudo bem. Qualquer coisa, me liga.
MARINA: - Pode deixar.

     Felipe sai. Marina segue trabalhando. Depois de um tempo, vai até a mesa de Felipe e pega a chave do arquivo. Ela abre o arquivo e começa a procurar por documentos.

MARINA: - Tem que ter alguma coisa aqui...

     Marina procura pelas diversas gavetas do arquivo, depois procura pelos armários e prateleiras da sala até encontrar uma pasta.

MARINA: - Relatórios financeiros dos últimos anos... Era disso que eu precisava.



CENA 20. BEST FISH. SALA. INT. DIA.

     Marina faz cópias dos documentos da pasta e guarda os arquivos consigo. Enquanto ela tira cópias, César entra no local.

CÉSAR: - Marina, o que está fazendo aqui?
MARINA: - Eu vim tirar umas cópias de alguns documentos que eu preciso analisar. A copiadora lá da sala não está funcionando muito bem... E você?
CÉSAR: - Só vim aqui deixar uns papéis que a diretoria pediu, e já estou de saída. Vou dar uma volta na praia, relaxar, ainda mais depois dessa reunião exaustiva que tivemos.
MARINA: - Vai mesmo meu irmão, alivia um pouco essa tensão toda. Vai te fazer bem.
CÉSAR: - Valeu! Abraço!

     César sai da sala e Marina continua fazendo suas cópias.

CENA 21. CIA DE NAVEGAÇÃO. ESCRITÓRIO HENRIQUE. INT. DIA.

     Henrique está em seu escritório quando alguém bate a porta. Henrique fica feliz ao ver Sônia.

HENRIQUE: - Sônia! Que ótima surpresa!
SÔNIA: - Posso entrar? Espero não estar atrapalhando...
HENRIQUE: - Você não me atrapalha em nada. Entra.

     Sônia entra e se senta.

HENRIQUE: - Que bom te ver.
SÔNIA: - E Silvana, como está?
HENRIQUE: - Está bem. Ansiosa pelos resultados dos exames.
SÔNIA: - Com certeza vai dar tudo certo.
HENRIQUE: - Eu falei isso pra ela. Certamente ela será a segunda mulher a me dar um filho. Mas com uma diferença. Pelo menos este eu vou poder conhecer e acompanhar...
SÔNIA: - Já que você tocou no assunto, eu já vou lhe dizendo o real motivo da minha visita.
HENRIQUE: - Pois então diga...
SÔNIA: - Eu estive conversando com a minha mãe.
HENRIQUE: - Vocês se reencontraram?
SÔNIA: - Sim. E foi muito bom pra mim saber que ela está do meu lado, me apoiando.
HENRIQUE: - A Matilde é uma boa pessoa...
SÔNIA: - Mas enfim, eu estive com ela e nós conversamos muito, sobre tudo isso...
HENRIQUE: - Tudo isso o que?
SÔNIA: - Sobre a nossa história, sobre a nossa filha... E nós achamos melhor colocar tudo isso em pratos limpos, de vez.
HENRIQUE: - Esclarecer tudo de uma vez por todas, sem rodeios e meias palavras...
SÔNIA: - Isso mesmo. Minha mãe propôs um encontro entre eu, você, ela e meu pai.

     Henrique fica surpreso com a proposta.

CENA 22. CALÇADÃO PRAIA REAL. EXT. DIA.

     César caminha pelo calçadão de Praia Real. Anda um pouco até parar em um banco, onde se senta e procura relaxar. Observando as pessoas que passam pelo lugar, umas passeando, outras fazendo exercícios, César enxerga Brenda.

CÉSAR: - Brenda!

     Brenda, que estava acompanhada de Alice, para.

BRENDA: - César.
CÉSAR: - Como vai? Oi Alice.
ALICE: - Oi César.
BRENDA: - Estou bem...
CÉSAR: - Você tem um tempo pra mim?
ALICE: - Eu vou até o quiosque beber uma água de côco, depois você passa lá Brenda.
BRENDA: - Tudo bem.

     Alice sai. Brenda e César sentam-se no banco para conversar.

BRENDA: - O que você quer falar comigo?
CÉSAR: - Está com pressa? Já sei, seu namorado pode ver a gente não é?...
BRENDA: - Se você me chamou pra ficar com esse cinismo...
CÉSAR: - Não, não... Desculpa... Eu estou mal, mal mesmo. Eu quero te pedir desculpa pelo o que eu te disse no hospital naquele dia, pelas coisas que eu falei. Estava de cabeça quente.
BRENDA: - Tudo bem, eu já esqueci.
CÉSAR: - Eu quero que você saiba que eu te admiro muito.
BRENDA: - Obrigada.
CÉSAR: - E que tudo o que a gente viveu, foi inesquecível para mim.
BRENDA: - Para mim também, mas como você mesmo disse, a gente já viveu isso, passou... Agora estamos em outros relacionamentos.
CÉSAR: - Mas eu não consigo tirar você da cabeça. Por mais que eu esteja longe, ainda com a Rúbia, eu não consigo te esquecer... Hoje eu tive uma reunião sobre o projeto ambiental, descobri coisas horríveis e pensei em alguém pra me dar apoio, carinho, afago... Lembrei de você.
BRENDA: - Eu também tive momentos ruins, César. Se pra você foi difícil, pra mim foi mais ainda, porque eu tive que abrir mão do meu amor para a felicidade da minha irmã, que espera um filho seu.
CÉSAR: - Eu posso imaginar.
BRENDA: - Não, você não pode... Ela foi lá no restaurante, disse que vai viajar para São Paulo.
CÉSAR: - Sim, comprar as coisas do bebê.
BRENDA: - E do casamento também.
CÉSAR: - É, do casamento também... Eu já pensei em desistir disso tudo. De abrir mão de tudo isso e ficar com você.
BRENDA: - Não, César! Não faça isso! A Rúbia vai sofrer muito!
CÉSAR: - Mas eu não posso ficar fingindo mais, escondendo os meus reais sentimentos por você.
BRENDA: - Eu não me perdoaria por ser a razão da separação de vocês.
CÉSAR: - Mas você será a razão da minha felicidade.

     Os dois se olham profundamente. César se aproxima de Brenda para beijá-la, mas ela se afasta.

BRENDA: - Melhor não, César. Eu preciso ir.
CÉSAR: - Brenda, espera!

     Brenda sai rapidamente. César fica a observá-la.


CENA 23. CASA VIRGÍNIA. SALA. INT. DIA.

     Carvalho e Virgínia conversam.

VIRGÍNIA: - E agora? O que a gente faz? Acabou o pão, a margarina, o presunto de Parma!
CARVALHO: - Que dureza, hein?
VIRGÍNIA: - Eu andei olhando o caderno de empregos, que eu peguei emprestado do vizinho sem ele saber, e vi algumas vagas interessantes.
CARVALHO: - Quais?
VIRGÍNIA: - Gerente de empresa do ramo de jóias, diretora executiva de empresa do ramo da química. Mas tudo pede experiência...
CARVALHO: - Mas também, você procurou só coisa acessível para você, não é?
VIRGÍNIA: - Claro, né Carvalho! Eu não iria procurar vagas de balconista, carteira, etc...
CARVALHO: - Tudo bem, tudo bem... Mas a sua vida vai mudar, meu bem.
VIRGÍNIA: - Já está mudando, Carvalho... eu estou afundando cada vez mais.
CARVALHO: - Não se preocupe, isso tudo vai encerrar. Eu ainda tenho um bilhete daqueles da loteria.
VIRGÍNIA: - Ai, meu Deus! Você ainda tem isso?
CARVALHO: - É o último! E eu tenho certeza que vai dar certo.
VIRGÍNIA: - E quando é o próximo sorteio?
CARVALHO: - Nos próximos dias!... Se prepara meu bem para ficar rica!



CENA 24. CASA PETRÔNIO. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

     Matheus chega em casa e encontra Helena na sala de estar.

MATHEUS: - Oi mãe.
HELENA: - Olá meu filho.
MATHEUS: - Você disse que queria conversar um assunto importante comigo.
HELENA: - Quero sim, meu querido.
MATHEUS: - Então fala, manda aí... (sentando-se no sofá)
HELENA: - Eu estive conversando com meu amigo Willian, que mora em Londres. Ele é professor em uma universidade lá, muito conceituada, e ele também é um grande profissional da área da educação e...
MATHEUS: - Sim, eu sei, você já havia comentado sobre ele comigo numa outra vez.
HELENA: - Pois bem, eu conversei com ele e nós acertamos a sua ida para a Europa.
MATHEUS (levantando-se do sofá): - Que brincadeira é essa mãe?
HELENA: - Não é brincadeira, Matheus... Você acha que eu iria brincar com uma coisa tão importante assim, que é a sua educação e seu futuro profissional?
MATHEUS: - Você acertou a minha ida para a Europa?
HELENA: - Sim, meu querido. Eu e o Willian já tratamos de tudo. Ele já reservou uma vaga para você na universidade onde ele trabalha, já está procurando um apartamento para você ficar. Tudo de ótima qualidade.

     Matheus começa a rir.

HELENA: - Está rindo do quê Matheus?
MATHEUS: - Estou rindo de você! Você só pode estar pirando em achar que eu vou ir para a Europa.
HELENA: - Eu não estou achando, eu estou afirmando, estou dizendo, impondo. Você vai para a Europa.
MATHEUS: - Eu não vou!
HELENA: - Veremos se você não vai... Veremos.
MATHEUS: - Você está fazendo isso pra me afastar da Alice, não é mesmo?
HELENA: - Que Alice?! Eu nem pensei nessa qualquer aí com quem você anda... Pensei apenas e exclusivamente em você.
MATHEUS: - Mas infelizmente, dona Helena, você se enganou. Porque agora, tem que pensar em mim e nela também, porque nós estamos namorando e não pretendemos nos separar tão cedo. A não ser que ela venha comigo para Londres.
HELENA: - Agora quem está pirando é você! Mas longe de qualquer possibilidade daquela biscate ir com você para a Inglaterra!
MATHEUS: - Não fala assim dela, mãe!

CENA 25. CASA PETRÔNIO. COZINHA. INT. DIA.

     Samantha está na cozinha, comendo frutas, quando escuta a discussão de Helena e Matheus.

SAMANTHA: - Ai, meu Deus! Eles estão brigando novamente...

     Samantha sai da cozinha.



CENA 26. CASA PETRÔNIO. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

     Helena e Matheus discutem.

HELENA: - Eu falo dela do jeito que eu quiser, como eu quiser! Eu estou na minha casa e aqui eu falo como eu bem entender!
MATHEUS: - Ela não é nenhuma biscate, ela é do bem!
HELENA: - Ela só quer saber do seu dinheiro! Ela quer é vida boa!

     Nesse instante, Samantha chega na sala.

SAMANTHA: - Gente, por favor! Vocês estão brigando de novo!
MATHEUS: - A minha mãe, Samantha. Quer me mandar para Londres para me separar da Alice.
SAMANTHA: - Helena, por que isso?
HELENA: - Não se mete, Samantha! Isso aqui é coisa de família! Não se meta!
SAMANTHA: - Mas eu faço parte da família, Helena.
HELENA: - Sabe quando uma prostituta vai fazer parte da minha família? Nunca! Aqui não tem espaço para vadias! Nem para você, nem para aquela pilantra que está virando a cabeça do meu filho!
MATHEUS: - Mãe! Você está completamente louca! Perdeu o senso do respeito!
HELENA: - Quem está perdendo senso de respeito, dignidade, moral, ética e tudo quanto é tipo de valor é você, Matheus.
MATHEUS: - Samantha, desculpa pelas grosserias dela.
SAMANTHA: - Tudo bem, Matheus.
MATHEUS: - Eu vou pro meu quarto.

Matheus sai.

HELENA: - Isso! Vai para o seu quarto e já começa a arrumar as suas malas!
SAMANTHA: - Como você é cruel...
HELENA: - Cuida da sua vida, Samantha. Eu sei o que eu estou fazendo. Eu sei o que é melhor pro meu filho.

Samantha sai da sala. Helena fica sozinha.

CENA 27. CIA DE NAVEGAÇÃO. ESCRITÓRIO HENRIQUE. INT. DIA.

     Sônia e Henrique conversam.

HENRIQUE: - Com seu pai?
SÔNIA: - Pois é... Eu acho isso bem difícil de acontecer, mas ele precisa estar junto também, faz parte da história.
HENRIQUE: - Isso é verdade, mas que vai ser um encontro difícil vai ser...
SÔNIA: - Difícil será também contar toda a história para o Adriano e para a Silvana. Afinal, uma hora eles vão ter que saber disso.
HENRIQUE: - Que armadilha o destino nos reservou, hein, Sônia?... Quem poderia imaginar que estaríamos aqui nesse conflito.
SÔNIA: - Não podemos lamentar nada, Henrique. O que devemos fazer agora é enfrentar tudo isso e tentar resolver da melhor maneira possível.
HENRIQUE (segurando a mão de Sônia): - E com certeza nós vamos conseguir.

     Sônia e Henrique trocam olhares. Sônia solta a mão de Henrique.

SÔNIA: - Mas não dessa forma, Henrique.
HENRIQUE: - Por que não?
SÔNIA: - E você ainda pergunta? Estamos comprometidos com outras pessoas! Não podemos nos afundar ainda mais nesses conflitos da vida!
HENRIQUE: - O que nós não podemos é fingir que nada acontece entre a gente quando estamos juntos, Sônia!
SÔNIA: - Mas não há nada entre a gente, Henrique.
HENRIQUE: - Então me diz... Diz na minha cara que você não sente mais nada por mim. Nada mesmo, que eu não faço seu coração bater mais forte. Fala Sônia.

     Sônia fica em silêncio, olhando profundamente para Henrique, que aos poucos se aproxima dela.

SÔNIA: - Não, Henrique... Nós não podemos...
HENRIQUE: - Nós podemos, porque ainda guardamos amor dentro da gente, Sônia.

     Os dois se aproximam ainda mais e aos poucos, se beijam. Sônia se afasta.

SÔNIA: - VocÊ não podia ter feito isso, Henrique!
HENRIQUE: - Mas Sônia, nós gostamos um do outro ainda!
SÔNIA: - Mas não podemos mais ficar juntos! Estamos compromissados com outras pessoas! Você tem a Silvana, que quer te dar um filho, eu tenho o Adriano, que está feliz com o resort... Não há como ficarmos juntos, Henrique com as nossas vidas já formadas.

     Sônia pega sua bolsa e sai do escritório de Henrique, que fica pensativo.

CENA 28. TRANSIÇÃO DO TEMPO. ANOITECER / APTO VERA. SALA. INT. NOITE.

     Imagens de Praia Real ao anoitecer. Imagens da cidade já à noite. Corta para o apartamento de Vera. Grande movimentação na festinha de Sabrina. Muitos jovens, música alta, bebidas. Todo mundo dançando, alguns jovens se beijando. Sabrina e Ricardo conversam.

RICARDO: - Sabrina, a sua festa está um barato! Muita mina bonitinha, de responsa!...
SABRINA: - Gosout é?
RICARDO: - Claro que gostei! Estou no paraíso!
SABRINA: - Então ta, depois eu te apresento algumas amiguinhas, ok?
RICARDO: - Demorô! Vou lá pegar uma bebida pra mim.

Ricardo se afasta. Sabrina caminha por entre os convidados, como se estivesse procurando por alguém.

SABRINA; - E o Matheus não está aqui...

De repente, o celular de Sabrina toca. Ela vai para um local mais reservado e atende.

SABRINA: - Alô?
(T)
SABRINA; - Oi Matheus! Você não vem pra festa? Está todo mundo aqui curtindo!
(T)
SABRINA: - Ah, não brinca!...
(T)
SABRINA: - Nossa, que chato...

Nesse instante, Ricardo se aproxima.

RICARDO: - E aí, o que está pegando?
SABRINA (a Ricardo): - O Matheus, não vem pra festa. Ele e a dona Helena discutiram horrores hoje. (ao telefone) Mas você tem certeza que não quer vir, pra relaxar, esfriar a cabeça?
(T)
SABRINA: - Tudo bem então... Se precisar de alguma coisa, é só ligar, ok?
(T)
SABRINA; - Beijo. (desligando o telefone)
RICARDO: - Essa dona Helena não tem jeito... qual foi o rolo desta vez?
SABRINA: - Ela quer mandar o Matheus estudar em Londres.
RICARDO: - Nossa! Ela pirou de vez!
SABRINA: - Tudo pra separar ele da Alice... que mulherzinha que não se toca que eles se gostam!
RICARDO: - É mesmo... Mas não vamos ficar tristes não, as coisas vão se resolver. Agora vamos curtir a festa que está demais!

     Os dois voltam para a festa e dançam com os outros jovens.


CENA 29. RUA PRAIA REAL. CARRO LEANDRO / VERA. EXT. NOITE.

     Leandro dirige enquanto conversa com Vera.

LEANDRO: - É, Praia Real. Já estamos na nossa bela cidade.
VERA: - A Sabrina vai ter uma surpresa quando nos ver em casa.
LEANDRO: - Você disse pra ela que nós chegaríamos hoje?
VERA: - Não disse nada para não estragar a surpresa! Trouxe uns casaquinhos tão lindos pra ela!

CENA 30. BEST FISH. SALA MARINA / FELIPE. INT. NOITE.

     Marina está concentrada em sua sala, analisando os documentos que conseguiu pegar nos arquivos de Felipe. Após constantes análises, Marina desconfia de que os documentos e relatórios financeiros tenham sido alterados.

MARINA: - Só pode ser isso... Os números não batem. Tem alguma coisa errada aqui e o Felipe vai ter que me dizer...

     Nesse instante, Alberto entra na sala.

ALBERTO: - Ô, minha filha! Já pensei que tivesse ido embora.
MARINA (guardando os papéis): - Ainda não papai, estava revisando alguns documentos... Acabei perdendo a hora.
ALBERTO: - Por um lado foi bom, pois assim podemos ir embora juntos. Já está pronta?
MARINA: - Estou sim. Podemos ir. O Felipe já saiu?
ALBERTO: - Sim, já foi embora...

     Os dois saem da sala.

CENA 31. CASA ALBERTO. QUARTO FELIPE. INT. NOITE.

     Felipe para em frente ao closet. Se mostra indeciso para escolher uma roupa. Flashes de imagens dele se arrumando para sair.

CENA 32. CASA ALBERTO. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

     Felipe vai descendo as escadas. Olga está na sala.

OLGA: - O senhor vai sair, Felipe?
FELIPE: - Vou sim Olga.
OLGA: - Acontece que logo mais eu já vou colocar o jantar na mesa...
FELIPE: - Mas pode colocar o jantar, não tem problemas. Eu não estarei, não precisam me esperar.

     Felipe sai. Nesse instante, Tânia entra na sala.

TÂNIA: - Falando com alguém Olga? Ou começou a falar sozinha?
OLGA: - Eu estava falando com o senhor Felipe. Ele saiu e não vem para o jantar.
TÂNIA: - E ele disse para onde iria?
OLGA: - Não disse e eu também não perguntei. Com licença.

     Olga se retira. Tânia se certifica de que está sozinha na sala, que ninguém vai chegar. Ela pega o telefone e liga para Heraldo.

TÂNIA: - Oi Heraldo, sou eu...

     Nesse instante, Rúbia desce as escadas. Tânia tenta disfarçar.

TÂNIA: - Não, minha senhora. VocÊ discou errado. Não tem ninguém com esse nome aqui. Adeus! (desliga o telefone)
RÚBIA (sentando-se no sofá): - Engano é?
TÂNIA: - As pessoas discam os números errados... Acabam atrapalhando o sossego dos outros depois.
RÚBIA: - É mesmo...
TANIA: - Bom, eu vou subir...

     Tânia se retira. Rúbia fica no sofá, lendo uma revista.

CENA 33. CASA PETRÔNIO. COZINHA. INT. NOITE.

     Bento e Samantha conversam.

SAMANTHA: - Então hoje é sua noite de folga então?
BENTO: - Sim, hoje é...

     Helena, que iria entrar na cozinha, para ao perceber que os dois estão conversando. Ela fica escondida próxima à porta, para ouvir a conversa.

SAMANTHA: - E já tem destino certo?
BENTO (fazendo um lanche): - Ainda não sei... Vou sair por aí, um barzinho, talvez uma danceteria...
SAMANTHA: - E tem uma danceteria muito boa, que abriu já faz um tempinho, lá no centro. Só ouvi ótimos comentários até agora.
BENTO: - Hum, bom saber. Talvez eu dê uma passada por lá.
SAMANTHA: - Acompanhado ou sozinho? (risos)
BENTO: - Ah, isso vai depender do desenrolar da noite... Não posso garantir nada!
SAMANTHA: - Está certo... Tem que deixar rolar!... bom, eu vou lá, tomar um banho, depois fazer um lanche e ir pra cama! Boa festa pra você! Curta bastante!
BENTO: - Obrigado. Tenha uma boa noite você também.

     Samantha sai da cozinha. Helena se esconde para não ser vista. Helena espera Samantha se afastar e entra na cozinha.

BENTO: - Eu já estou terminando meu lanche, dona Helena.
HELENA: - Não se preocupe Bento, não tem problema... Então hoje é sua noite de folga?
BENTO: - É sim.
HELENA: - Que bom, quando se é jovem assim, bonito, que pode sair, curtir a noite...
BENTO: - Mas a senhora também é bonita, dona Helena. Só não sai porque não quer... Desculpe o comentário...
HELENA: - Tudo bem... É, faz tempo que eu não saio mesmo...

     Os dois ficam em silêncio por um instante.

BENTO: - Bom, eu vou indo pro meu quarto, me arrumar.
HELENA: - Claro, vá sim, para não perder a noite.
BENTO: - Obrigado. Boa noite. Com licença.

     Bento sai e Helena fica pensativa.

HELENA: - Bento... Bento...



CENA 34. CASA BRENDA. QUARTO BRENDA. INT. NOITE.

     Brenda e Alice conversam.

ALICE: - Ele disse isso pra você?
BRENDA: - Disse... disse que ainda gostava de mim e que já pensou até em desistir do casamento.
ALICE: - E você? O que você falou?
BRENDA; - Eu disse para ele não desistir! Nunca eu iria me perdoar...
ALICE: - Nossa, que situação...
BRENDA: - É muita coisa acontecendo... Eu e o Guto estamos começando a nos acertar, aí vem o César e causa essa bagunça toda em mim...
ALICE: - Sinal de que você ainda gosta dele.

     Nesse instante, Guto entra no quarto.

GUTO: - Olá meninas!
BRENDA: - Oi Guto!

     Guto dá um beijo em Brenda.

GUTO: - Desculpa atrapalhar a conversa de vocês, mas eu tenho um convite pra fazer para a minha amada.
BRENDA: - Um convite?
ALICE: - Hum, coisa boa então!
GUTO: - Sim... Você quer jantar comigo hoje?
BRENDA: - Ah, Guto! Claro que quero!
GUTO: - Mas tem um porém... Vai ter que ser aqui na prainha mesmo, porque eu não posso pagar restaurante caro não...
BRENDA: - Não tem problemas. Estando com você, que é ótima companhia, qualquer lugar é bom.
ALICE: - Nossa, que lindo!... acho que eu estou sobrando aqui... bom, vou indo lá pro meu quarto, depois a gente se fala Brenda...

     Alice sai. Brenda e Guto ficam sozinhos. Os dois se beijam.

CENA 35. CASA ALBERTO. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

     Rúbia está na sala quando César chega em casa.

RÚBIA: - César, meu amor!

     Os dois se beijam.

RÚBIA: - O que foi César? Me parece um pouco chateado...
CÉSAR: - Estou sim, um pouco... Vou subir, tomar um banho, tentar relaxar.
RÚBIA; - Sim, eu vou com você.



CENA 36. CASA ALBERTO. QUARTO CÉSAR. BANHEIRO. INT. NOITE.

     César está tomando banho. Deixa a água do chuveiro correr sobre o seu corpo. Ele sente-se relaxado. Ao mesmo tempo, ele se lembra da conversa que teve com Brenda, na praia.


CENA 37. FLASHBACK. CALÇADÃO PRAIA REAL. EXT. DIA.

     César e Brenda conversando.

CÉSAR: - Eu já pensei em desistir disso tudo. De abrir mão de tudo isso e ficar com você.
BRENDA: - Não, César! Não faça isso! A Rúbia vai sofrer
muito!
CÉSAR: - Mas eu não posso ficar fingindo mais, escondendo os meus reais sentimentos por você.
BRENDA: - Eu não me perdoaria por ser a razão da separação de vocês.
CÉSAR: - Mas você será a razão da minha felicidade.

CENA 38. CASA ALBERTO. QUARTO CÉSAR. BANHEIRO. INT. NOITE.

     César sai do banheiro, enrolado numa toalha, secando os cabelos, enquanto Rúbia está sentada na cama, o esperando.

CÉSAR: - Nossa, esse banho foi a melhor coisa do mundo!
RÚBIA: - É mesmo... Um bom banho renova a gente... Mas você não me disse porque está assim, cabisbaixo.
CÉSAR: - Os problemas com o projeto ambiental. O incêndio que destruiu tudo, foi criminoso.
RÚBIA: - Criminoso?
CÉSAR: - É, alguém entrou lá e colocou fogo em tudo.
RÚBIA: - Nossa, que crueldade...
CÉSAR: - É mesmo...
RÚBIA: - É uma pena que tenha acontecido tudo isso logo agora... Senão nós poderíamos ir juntos para São Paulo, passar um tempo só nós dois. Estou sentindo falta disso. Depois que eu engravidei, principalmente, depois do acidente, a gente não passa mais tempo juntos...
CÉSAR: - Tem razão. Vou procurar dar mais atenção pra você. VocÊ merece. (deitando-se sobre o colo de Rúbia)
RÚBIA: - Mereço mesmo...
CÉSAR: - Sabe que hoje eu encontrei a Brenda na praia.
RÚBIA (mudando expressão): - Encontrou é?
CÉSAR: - Sim, encontrei. A gente conversou...
RÚBIA: - Conversaram sobre o que?
CÉSAR: - Sobre tudo.
RÚBIA: - Sobre tudo o que?
CÉSAR: - Sobre o projeto ambiental, sobre a vida, sobre o nosso casamento...

     César se senta na cama. Vira-se para Rúbia, que se encontra apreensiva.

CÉSAR: - Olha Rúbia, eu preciso falar uma coisa muito séria com você.

     Rúbia olha seriamente para César.

CENA 39. APTO VERA. SALA. INT. NOITE.

     A festa de Sabrina segue muito animada, com a música a todo volume e as pessoas dançando. Sabrina também se esbalda na dança. Nesse instante, Vera e Leandro chegam em casa e ficam surpresos com a zueira que está o local. Sabrina, que estava dançando com Ricardo fica surpresa com a chegada dos pais.

SABRINA (surpresa): - Pai? Mãe?!
VERA: - Sabrina, o que está acontecendo aqui?!
RICARDO: - Ih galera! Sujou hein! Todo mundo ralando peito!

     Os jovens começam a sair do apartamento, enquanto Vera e Leandro ficam surpresos com tudo o que está acontecendo.

VERA: - Sabrina! Você estava fazendo praticamente uma festa rave aqui dentro, é isso?
LEANDRO: - Música alta, bebida, comida... Um banquete...
SABRINA; - Pai, mãe, eu posso explicar!...

     Nesse instante, entra na sala um casal de jovens. Ela de calça jeans e sutiã, ele sem camisa e de bermuda. Os dois, aos beijos e abraços vão se aproximando da porta de saída, enquanto Vera e Leandro observam espantados / surpresos.

VERA: - Isso não tem explicação!
LEANDRO: - Você está encrencada, Sabrina...
SABRINA: - Pelo visto sobrou pra mim, né?
VERA: - Sobrou bastante! A começar que você mesma é quem vai limpar essa bagunça toda.
LEANDRO: - E sem sair pra balada nos próximos seis meses.
SABRINA: - Seis meses, pai?! Nossa! Isso é escravidão!
LEANDRO: - Tudo bem, 5 meses e vinte e nove dias está de bom tamanho.
SABRINA: - Isso não tem graça, sabia?...
VERA: - Que bagunça está isso aqui...

     Enquanto Sabrina começa a organizar as coisas, Vera e Leandro vão indo para o quarto, com as bagagens.


CENA 40. CALÇADÃO PRAIA REAL. QUIOSQUE. INT. NOITE.

     Virgínia e Carvalho tomam uma cerveja no quiosque.

VIRGÍNIA: - Ô Carvalho, você não me respondeu como você conseguiu comprar essa cerveja...
CARVALHO: - Peguei fiado.
VIRGÍNIA: - Meu Deus! Como é que você pegar fiado se nem sabe quando vai ter dinheiro pra pagar, homem!
CARVALHO: - Quando eu ficar rico, eu pago.
VIRGÍNIA: - Rico? Ah sim, com o bilhete da loteria... Carvalho, meu amor, você não tem sorte pra essas coisas! Por que não desiste disso e investe em algo que dá retorno, como um carro, uma loja de grifes?
CARVALHO: - Meu bem, eu sou brasileiro e não desisto nunca! Já ouviu essa frase?
VIRGÍNIA; - Já, e muito...
CARVALHO: - Então! Eu tenho fé que um dia eu vou conseguir.
VIRGÍNIA; - Então vamos brindar pra que dê tudo certo!

     Os dois brindam.

CENA 41. CASA ALBERTO. QUARTO CÉSAR. INT. NOITE.

     César e Rúbia conversam.

CÉSAR: - Eu nem sei como falar isso pra você... Mas eu pensei muito pra dizer, pensei muito mesmo e...
RÚBIA (interrompendo César): - Não César! Eu é que preciso falar uma coisa pra você.
CÉSAR: - Mas o meu caso é importante...
RÚBIA: - O meu também é.
CÉSAR: - Bom, tudo bem. Pode dizer.

     Rúbia se levanta. Caminha até a janela. Fica séria.

CÉSAR: - Então Rúbia, não vai dizer?
RÚBIA: - Eu já sabia, César.
CÉSAR: - Já sabia do que?
RÚBIA: - Eu já sabia do seu caso com a Brenda.

     César fica surpreso.

CÉSAR: - Mas...
RÚBIA: - Eu descobri tudo, naquele dia do acidente.
CÉSAR: - Mas como isso?
RÚBIA: - Eu vi fotos de vocês dois na danceteria do seu amigo, no dia da inauguração. Aquele dia, você tinha me dito que tinha uma reunião no projeto ambiental, mas não era nada disso...
CÉSAR: - Olha Rúbia, eu iria te contar...
RÚBIA: - Eu fiquei muito triste, arrasada, tensa... Me senti um lixo quando vi que eu estava sendo traída pelo meu namorado com a minha própria irmã.
CÉSAR: - Eu não sei nem o que dizer...
RÚBIA: - Não precisa dizer nada César. Porque eu sei que na verdade, você ama mesmo é a mim e não ela.

     César fica a olhar para Rúbia, surpreso. Rúbia se aproxima de César.

RÚBIA: - Eu sei que você me ama de verdade, assim como eu te amo. Prova disso é o nosso filho. E eu sei que com todo o meu amor por você, você nem vai lembrar da Brenda e do beijo de vocês, de tudo isso... Porque você me ama, não é mesmo?
CÉSAR: - Amo, claro que eu amo, mas...
RÚBIA: - Então vamos deixar essa história de lado e pensar no nosso futuro juntos, no nosso filho, na nossa vida. Vamos pensar pra frente.

     Rúbia abraça César, que fica sem reação.

CENA 42. CASA HENRIQUE. SALA DE JANTAR. INT. NOITE.

     Henrique e Silvana terminam de jantar.

SILVANA: - E então Henrique, gostou do jantar?
HENRIQUE: - Muito bom.
SILVANA: - Fiz especialmente pra você... Sabia que iria gostar.
HENRIQUE: - E gostei.

     Os dois ficam em silêncio. Silvana se levanta da cadeira e se aproxima de Henrique. Ela o beija suavemente e sussurra nos seus ouvidos.

SILVANA: - E a sobremesa vai ser melhor ainda...

     Silvana beija Henrique, beija seu pescoço, mas ele não se sente muito animado.

HENRIQUE: - Silvana, hoje não.
SILVANA (surpresa): - Hoje não?
HENRIQUE: - É, hoje eu não estou com cabeça, tive um dia cheio na companhia... Eu vou pro quarto já.
SILVANA: - Mas eu preparei tudo com tanto carinho...
HENRIQUE: - Estava tudo muito bom, lindo...

     Henrique sai. Silvana fica sozinha na sala, um pouco triste e ao mesmo tempo apreensiva.

CENA 43. DANCETERIA. INT. NOITE.

     Imagens de uma danceteria muito movimentada. Muitas pessoas dançando, gente bonita, música alta, animação, paquera, descontração. Sentado em um banco no balcão do bar, Felipe bebe um drink enquanto observa as pessoas dançando. Ele observa as mulheres rebolando, também vê os homens dançando. De repente, ele se surpreende com a chegada de Bento ao balcão.

BENTO (ao barman): - Vê um drink pra mim...

     Bento vira-se para a pista e observa as pessoas dançando. Felipe fica a observar Bento. O barman entrega a bebida para Bento, que bebe um gole. Ele olha para os lados, vê Felipe e o cumprimenta, erguendo a taça. Felipe retribui o gesto. Bento desfruta do drink, enquanto Felipe não consegue desviar o olhar dele sobre Bento.

CENA 44. CASA ALBERTO. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

     Alberto e Marina chegam em casa enquanto César e Rúbia descem as escadas.

ALBERTO: - Opa! Nos encontramos então!
RÚBIA: - Como vai doutor Alberto?
ALBERTO: - Tudo bem querida. Veja o que eu tenho aqui para você.

     Alberto entrega as passagens aéreas para Rúbia.

RÚBIA: - As passagens da viagem! Muito obrigada doutor Alberto!
ALBERTO: - Não precisa agradecer não... E você César, como está?
CÉSAR: - Estou bem, pai, estou bem...
MARINA: - Bom, eu vou subir, tomar um banho antes do jantar.
ALBERTO: - Eu também vou!... Sua mãe está em casa?
RÚBIA: - Dona Tânia está sim. Está no seu quarto.
ALBERTO: - Certo então. Conversamos mais no jantar.

CENA 45. CASA ALBERTO. QUARTO ALBERTO. INT. NOITE.

     Tânia está no quarto, com o telefone, falando com Heraldo.

TÂNIA: - Oi Heraldo, sou eu novamente.
(T)
TÂNIA: - Sim, eu tive que fingir, porque chegou gente na hora...
(T)
TÂNIA: - E então, como você está?
(T)
TÂNIA: - É mesmo? Saudades minhas? (risos)...
(T)
TÂNIA: - É, mesmo você me deixando às vezes louca de raiva, eu senti um pouquinho de saudades suas também.
(T)
TÂNIA: - Claro... Estou ligando pra saber quando a gente pode se encontrar...

     Nesse instante Alberto entra no quarto. Tânia fica totalmente surpresa, apreensiva.

ALBERTO: - Marcando encontro com quem Tânia?

     Tânia fica a olhar para Alberto.


               FIM DO CAPÍTULO



Nenhum comentário:

Postar um comentário