sábado, 27 de junho de 2015

Capítulo 29: Mar da Vida


CENA 01. CASA ALBERTO. COZINHA. INT. NOITE.

     Continuação do capítulo anterior. Felipe encara Olga.

OLGA: - Eu não sei porque você está falando essas coisas para mim.
FELIPE: - Se você prefere continuar se fazendo de não entendida, tudo bem... Mas saiba que o aviso já foi dado. Seu amiguinho, já está com os dias contados... Ou melhor, com as horas contadas... e isso poderá servir para mais alguém.
OLGA: - Eu não tenho medo de ameaças, Felipe. Muito menos de você. Seu moleque, atrevido e arrogante.
FELIPE; - Ah não tem medo? Pois é bom começar a ter...

     Felipe se afasta de Olga e sai da cozinha. Olga fica apreensiva.

CENA 02. CASA SÔNIA. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

     Adriano e Sônia conversam. Ele a pressiona.

ADRIANO: - Então Sônia, você ama o Henrique ou não?
SÔNIA: - Eu me recuso a responder uma coisa dessas... assim você me desrespeita, Adriano, fere a fidelidade, a lealdade que eu tive por você durante todos esses anos...
ADRIANO: - Você não respondeu... Eu posso considerar isso um sim, uma resposta positiva para a minha pergunta?
SÔNIA: - Não, não pode! Eu não gosto do Henrique! Está bem? Era isso que você queria ouvir? Eu não gosto dele!
ADRIANO: - Não estou falando de gostar, estou falando de amar, Sônia! Amar!
SÔNIA: - É a mesma coisa Adriano...
ADRIANO: - Não é a mesma coisa e você sabe muito bem disso...
SôNIA: - Tudo bem... Eu não amo o Henrique. Eu agora estou com você, nós estamos juntos agora, construímos uma vida, temos planos e estamos sendo felizes, Adriano! Essa história, já passou! Eu já falei para você, pedi desculpas por ter escondido isso tudo de você, mas eu quero que você agora entenda! Eu não tenho nada com o Henrique! Nada!...

     Adriano senta-se no sofá, calado. Sônia se aproxima dele.

SÔNIA: - Meu amor, eu amo você! É com você que eu estou e é com você que eu vou ficar...  E eu preciso de você ao meu lado para me ajudar a superar tudo isso... O reencontro com a minha família, com o meu passado. Eu quero que você esteja junto comigo, me dando força, como você sempre fez e como eu sempre fiz com você durante todo a nossa vida juntos... Seus problemas, suas desilusões, o projeto do resort...
ADRIANO: - É difícil para mim, Sônia...
SÔNIA: - Mas se você parar, ceder um pouco e me acompanhar nessa caminhada, tudo será mais fácil. Para você e para mim.

     Os dois se olham e se abraçam fortemente.

CENA 03. CASA HENRIQUE. QUARTO. INT. NOITE.

     Henrique entra no quarto com um pequeno curativo no queixo. Silvana está deitada na cama, lendo um livro. Henrique se aproxima e deita ao lado dela.

SILVANA: - Eu ainda não entendi como você conseguiu se machucar, Henrique...
HENRIQUE: - Nem eu sei como... Pedi para um dos funcionários me jogar uma caixa com um material lá do segundo andar, ele jogou, mas eu não consegui segurar direito e acabou batendo no meu rosto... Coitado do rapaz, ficou todo preocupado.
SILVANA: - Nossa... É preciso tomar mais cuidado com isso...
HENRIQUE: - Eu sei, eu vou tomar. E você, como foi seu dia?
SILVANA; - Nada de mais... arrumei algumas coisas aqui em casa, à tarde fui até a boutique da Vera e da Cristina. Conversamos...
HENRIQUE: - Você, a Vera e a Cristina juntas, não é boa coisa não... Conversaram sobre o quê?
SILVANA: - Conversamos sobre tudo. Elas estão com uma nova coleção, de uma estilista que está fazendo o maior sucesso, Glória Colombo.
HENRIQUE: - Ah, sim, já ouvi falar...
SILVANA: - É, falamos sobre roupas, moda, coisas de mulher... Sobre nós dois.
HENRIQUE: - Como assim, sobre nós dois?
SILVANA: - Surgiu o assunto casamento e eu falei sobre nós dois, só isso...
HENRIQUE: - Mas o que você falou exatamente sobre nós dois?
SILVANA: -Ah, Henrique, pra que tanta pergunta?
HENRIQUE: - Só estou afim de saber o que você falou com elas sobre o nosso casamento, Silvana, só isso...
SILVANA: - Elas são minhas amigas e então nós falamos de tudo.
HENRIQUE: - De tudo o quê Silvana? Você sabe que eu não gosto muito de abrir a minha intimidade com qualquer pessoa...
SILVANA; - Mas elas não são qualquer pessoas, são minhas amigas!... Está aí... Isso foi uma das coisas que eu falei, que nós não estamos nos entendo.
HENRIQUE: - Mas nós estamos nos entendo bem, Silvana.
SILVANA: - Não Henrique, nós não estamos. A gente discute por qualquer coisa, o clima aqui em casa está péssimo... Nós nem transamos mais.

     Silvana se levanta e vai até o espelho.

SILVANA: - Acho até que você perdeu o tesão por mim.
HENRIQUE: - Não é verdade, Silvana. Eu amo você.
SILVANA: - Não quero só amor, Henrique. Eu quero ser desejada, como mulher na cama! Dar prazer, excitação! Poxa, antes a gente era tão feliz, agora está tudo diferente... Desde que eu descobri que não posso te dar um filho, as coisas mudaram...
HENRIQUE: - Novamente você com essa história... Silvana, não vai ser um filho que vai fazer a gente se amar, se gostar mais... Isso tem que partir da gente. Veja só quantas pessoas que têm filhos e estão separadas?... O Diogo é um exemplo claro disso.

     Silvana se aproxima de Henrique. Senta-se próxima dele, na cama.

SILVANA: - Eu sei, mas eu acredito que para nós, um filho será um divisor de águas na nossa vida, Henrique! Nós com certeza seremos mais felizes! Eu, como mulher, por poder dar à você a chance de ser pai, que é o seu grande sonho.
HENRIQUE: - Mas já que você deseja tanto assim ter um filho, quem sabe nós adotamos uma criança?
SILVANA: - O quê?
HENRIQUE: - Sim, vamos adotar uma criança.
SILVANA: - Criar o filho de uma outra pessoa?
HENRIQUE: - O que você está dizendo Silvana?
SILVANA: - Estou dizendo o que é o óbvio... Adotar uma criança significa criar o filho de uma outra pessoa e não uma criança minha, que nasceu de mim, que tem o meu sangue.
HENRIQUE: - Eu não estou acreditando que você está dizendo uma coisa dessas...
SILVANA: - Não estou dizendo nada demais, Henrique. Apenas a minha opinião. Eu não quero adotar uma criança. Não quero criar alguém que não tenha o meu sangue, o seu sangue... Isso não.

     Henrique, totalmente surpreso com a atitude de Silvana, levanta-se da cama e vai saindo do quarto, um tanto perplexo.

SILVANA: - Onde você vai, Henrique?
HENRIQUE: - Eu beber uma água, fazer um chá, qualquer coisa que me faça esquecer tudo isso que você falou...

     Henrique sai e Silvana fica sozinha no quarto.

CENA 04. SÃO PAULO. RESTAURANTE. INT. NOITE.

     Rúbia e Patrícia conversam enquanto jantam.

RÚBIA: - Que restaurante maravilhoso, Paty! Estou me sentindo uma diva!
PATRÍCIA: - Mas Rúbia, você é uma diva! Você vai se casar com um dos caras mais ricos desse país!
RÚBIA: - Ai, nem me fala que já me dá um frio na barriga, sabia?
PATRÍCIA; - A gente precisa combinar o que vamos fazer amanhã primeiro... As compras para o bebê ou para o casamento?
RÚBIA: - Amanhã nós vamos primeiro fazer compras para nós mesmas, amiga! Quero renovar meu guarda-roupas!

     As duas riem.

CENA 05. CASA BRENDA. QUARTO BRENDA. INT. NOITE.

     Brenda está no quarto, arrumando algumas roupas, quando Guto entra no local.

GUTO: - Oi, posso entrar?
BRENDA; - Claro, Guto, entra aí.

Ele se aproxima dela. Os dois se beijam.

GUTO: - Nossa, estou moído... As sacolas das compras acabaram comigo...
BRENDA: - Eu perguntei se você queria ajuda, mas você se fez de fortão... Senta aí que eu vou fazer uma massagem nas suas costas...

Guto senta-se na cama. Brenda, atrás dele, massageia o rapaz.

GUTO: - Nossa, que delícia... Muito relaxante... Não sabia que você também fazia massagens...
BRENDA: - Ih, há muitas coisas sobre mim que você ainda não sabe... (risos)
GUTO: - Nossa, garota misteriosa então...
BRENDA: - Estou brincando. Na verdade eu não sei fazer massagem não, você está sendo uma cobaia na minha tentativa de fazer algo relaxante para você...

Os dois riem.

BRENDA: - Quer que eu pare?
GUTO: - Não, pode continuar... Para quem está fazendo isso pela primeira vez, está indo muito bem...
BRENDA: - Ah, obrigada!
GUTO: - Seus avós me contaram que o César esteve aqui hoje.
BRENDA: - É, ele esteve aqui sim.
GUTO: - E o que ele queria?
BRENDA; - Ele veio avisar que a Rúbia viajou hoje para São Paulo.
GUTO: - Hum... que legal.
BRENDA: - Legal mesmo.
GUTO: - E ele veio até aqui só para isso?
BRENDA: - Sim.
GUTO: - Estranho... Seus avós também disseram que ele conversou a sos com você.

Brenda para de fazer a massagem. Guto se vira de frente para ela. Os dois ficam a se olhar.

GUTO: - O que ele queria com você, Brenda?
BRENDA: - Nada demais, Guto, deixa isso pra lá...
GUTO: - Como assim, nada de mais? Não há motivos para ele querer ficar a sos com você, para conversar. Ou há?
BRENDA: - Claro que não tem nada! Ele só perguntou como eu estava, se estava tudo bem no restaurante, com meus avós, só isso, nada de mais... Está esquentando a cabeça a toa.
GUTO: - Estou é?
BRENDA: - Claro que está... Bom, agora deixa eu organizar as minhas coisas aqui. A gente conversa depois, ok?
GUTO: - Tudo bem...

Guto se levanta e sai do quarto.

BRENDA: - Ai meu Deus, me dá um sinal daquilo que eu tenha que fazer! Por favor!

CENA 06. CASA ALBERTO. QUARTO MARINA. INT. NOITE.

     Marina em seu quarto, analisa cuidadosamente os documentos que pegou dos arquivos da Best Fish. Ela compara os documentos, junto com os relatórios de Felipe.

MARINA; - Eu sabia... Isso tudo aqui é falsificado! O Felipe alterou os relatórios da empresa!

Marina caminha de um lado a outro no quarto.

MARINA: - Calma, Marina, calma... Isso é muito grave... Não se pode agir por impulso... Eu vou preparar tudo isso aqui direitinho e amanhã mesmo eu mostro pro papai... O Felipe vai ter que explicar tudo isso.




CENA 07. APTO SÉRGIO. INT. NOITE.

     O celular de Sérgio toca. Ele atende.

SÉRGIO: - Alô?
(T)
SÉRGIO: - Oi Olga. Está tudo bem? Você me parece nervosa...
(T)
SÉRGIO: - Está vindo para cá?
(T)
SÉRGIO: - Sim, claro, pode vir... Mas aconteceu alguma coisa?
(T)
SÉRGIO: - Alô? Ola?

Sérgio desliga o telefone.

SÉRGIO: - Desligou... O que será que houve?...

CENA 08. CASA ALBERTO. APTO CHARLES. INT. NOITE.

     Charles se arruma para sair. Clarisse conversa com ele.

CLARISSE: - Charles, você viu que horas são?
CHARLES: - Vi sim. São nove horas.
CLARISSE: - E porque você vai sair agora à noite? Nem seu Alberto nem dona Tânia pediram seus serviços...
CHARLES: - Eu sei, mas é que eu vou resolver outros assuntos aí...
CLARISSE: - Que assuntos, Charles? Onde é que você vai?
CHARLES: - Vou sair, Clarisse, por aí. Não posso falar mais...
CLARISSE: - Charles, não me diga que você está metido em coisa errada, Charles, por favor! Não quero saber de você metido em confusão novamente...
CHARLES: - Não tem confusão, coisa nenhuma. Fica quieta aí e não se mete. Deixa que eu sei o que eu estou fazendo.
CLARISSE: - Mas Charles! Me diz pelo menos aonde você vai!
CHARLES (saindo): - Deixa que eu sei o que estou fazendo, já falei! Fica tranqüila!

Charles sai. Clarisse fica apreensiva.

CENA 09. CASA ALBERTO. QUARTO ALBERTO. INT. NOITE.

     Alberto e Tânia conversam.

TÂNIA; - César novamente não veio jantar em casa...
ALBERTO: - Ele foi para a casa da Lílian, a amiga dele do projeto ambiental.
TÂNIA: - Eu sei, mas, a cada dia que passa, ele fica mais longe da gente... Desde que ele conheceu a Rúbia.
ALBERTO: - Tânia, não precisa fazer drama não.
TÂNIA: - Eu não estou fazendo drama nenhum, Alberto! Isso é a mais pura verdade. A Rúbia transformou de vez a vida do César. Por causa dela, ele vai ser pai cedo e terá que se casar. Se bem que o casamento foi ideia sua...
ALBERTO: - O fato deles terem um filho, não é culpa de ninguém... Nenhuma pessoa tem um filho sozinha e você sabe disso... Agora, sobre o casamento, eu não acho nada mais justo. Afinal, ela é uma moça de família. É preciso que se tenha respeito com ela e seus familiares...
TÂNIA: - Respeito com gente da prainha... Só o que me faltava...
ALBERTO: - Aliás, eu estou pensando em fazer um almoço, aqui em casa, para recebermos os avós da Rúbia, a irmã dela, mais aqueles amigos que moram lá com eles... É preciso que nós conversemos sobre o casamento.
TÂNIA: - Ah não! Eu me nego a acreditar que você quer trazer aquela gente toda aqui para dentro da nossa casa! Não pode ser verdade!
ALBERTO: - Tânia, aquela gente como você diz, é a família da sua nora, é parta da família do seu neto! É preciso que nós tenhamos um relacionamento harmônico.
TÂNIA: - Mas nós já temos um relacionamento harmônico, sadio... eles lá no canto deles e nós aqui, na nossa casa... Tem coisa mais harmônica que isso? Não...
ALBERTO: - Deixe de bobagem Tânia... Eu vou procurar amadurecer a ideia desse almoço em família. Acho que o César também vai me apoiar nessa ideia.
TÂNIA: - Você e o César gostam mesmo dessa coisa de união, de junção, de povão mesmo... Nem parece gente nobre, gente rica, elite.
ALBERTO: - Para manter um relacionamento sadio, gostoso, de bom agrado a todos, não é preciso ser rico ou pobre. Basta respeitar o próximo e querer o bem, sempre. Sem a visão material da situação.
TÂNIA: - Você tem essa visão. Eu já tenho outra completamente diferente. Mas vamos deixar assim... Essa conversa, falar de gente da prainha me deixa cansada...

CENA 10. SÃO PAULO. RESTAURANTE. INT. NOITE.

     Patrícia e Rúbia conversam.

PATRÍCIA: - Mas então Rúbia, fala para mim... Você está realmente feliz com tudo isso? Está se sentindo realizada com tudo isso que está acontecendo na sua vida?
RÚBIA: - Estou sim, Paty... Eu sempre quis isso para mim, você sabe disso... E aí, surge o César na minha vida, lindo, inteligente e rico! Tudo o que eu sempre quis. Nós vamos ter um filho, que vai nos dar mais alegria ainda. Vamos nos casar, Paty! Eu vou casar! Tem noção disso?
PATRÍCIA: - Sinceramente, não! (risos)
RÚBIA: - Pois é, eu ainda também não tenho... Às vezes eu penso que isso não está acontecendo comigo. Mas hoje, quando nós chegamos aqui em São Paulo, quando entrei no hotel, eu senti que a minha vida vai mudar ainda mais.
PATRÍCIA: - E com certeza para melhor.
RÚBIA: - Mas claro que sim! Pra cima, sempre!... Às vezes eu também fico pensando na Brenda...
PATRÍCIA: - É mesmo? E pensa o que sobre ela?
RÚBIA: - Penso em como ela foi idiota em tentar pegar o meu lugar para se dar bem na vida!

As duas riem.

PATRÍCIA: - Rúbia!
RÚBIA: - É sério, Paty!... A Brenda, com aquele jeito meiguinho, carinhosinho, toda educadinha, na verdade é uma verdadeira esperta, oferecida, pronta para dar o bote...
PATRÍCIA: - Como você pode falar assim da Brenda, Rúbia... Ela é sua irmã...
RÚBIA: - Antes não fosse! Você mesma viu na boate o que ela fazia com César! Beijos, abraços, tudo nas minhas costas... Coitado do César, tão ingênuo, caiu na lábia da irmãzinha carinhosa... Que falta de vergonha da Brenda...

Nesse instante, um rapaz se aproxima da mesa de Rúbia e Patrícia.

CADU: - Com licença, meninas.
PATRÍCIA: - Ei, você é...?
CADU: - Carlos Eduardo Magalhães.
PATRÍCIA (animada): - Cadu!

Os dois se abraçam felizes.

PATRÍCIA: - Meu Deus do céu, eu não acredito! O que você está fazendo aqui?
CADU: - Eu moro aqui em São Paulo agora. E você, como está?
PATRÍCIA: - Eu estou bem!... Nossa, quanto tempo!... Ah, deixa eu te apresentar... Essa aqui é minha amiga, Rúbia. Rúbia, este é o Cadu, um grande amigo meu, da época da escola.

Rúbia e Cadu se cumprimentam.

CADU: - E então, o que fazem por aqui?
PATRÍCIA: - Estamos de viagem, por alguns dias.
CADU: - Ah, é mesmo?
PATRÍCIA: - Sim, a Rúbia está fazendo compras para o enxoval.
CADU: - Hum, vai se casar então?
RÚBIA: - Também... Eu ainda vou comprar as coisas para o bebê. Eu estou grávida.
CADU: - Nossa, tão jovem... E bonita também...
RÚBIA; - Obrigada.
PATRÍCIA: - Senta aqui conosco, Cadu! Ou você está esperando alguém...?
CADU: - Não estou esperando ninguém não. Na verdade, vim falar com um amigo meu, que é sócio aqui do restaurante.
RÚBIA: - Então senta aí com a gente.

Cadu senta-se junto à mesa.

PATRÍCIA: - Então Cadu, o que você está fazendo?
CADU: - Eu sou médico. Me formei há 2 anos e trabalho numa clínica particular, junto com outros amigos da faculdade.
RÚBIA: - Médico, é? Que legal!
CADU: - É muito bom sim. Eu gosto muito do que eu faço. Mas é preciso também bastante dedicação.

Os três seguem conversando.

CENA 11. APTO LÍLIAN. SALA. INT. NOITE.

     César conversa com Fredy e Lílian.

FREDY: - Então a Rúbia se foi para São Paulo?
CÉSAR: - Foi sim... Embarcou hoje de manhã. Ela e a Patrícia, amiga dela.
LÍLIAN: - Essa Patrícia...
FREDY: - Ih, não fala esse nome perto da Lílian não, César...
CÉSAR: - Ué, por que não?
LÍLIAN: - Essa tal Patrícia vive dando em cima do Fredy, descaradamente, na minha presença... Nem disfarça!
FREDY (fazendo graça): - Não posso fazer nada se eu sou bonito, atraente...
CÉSAR (risos): - É, é melhor você se cuidar mesmo, Lílian... Com tanta beleza assim, as mulheres atacam mesmo.
LÍLIAN: - Mas essa garota que não se meta comigo não!
FREDY: - Mas então você está sozinho por uns dias...
CÉSAR: - É, estou...
FREDY: - E qual foi a primeira coisa que você fez hoje, para inaugurar o período sem coleira?
CÉSAR: - Fui na casa da Brenda...
LÍLIAN (surpresa): - o quê? Você foi até a casa da Brenda?
CÉSAR: - Fui... Não resisti e acabei indo lá falar com ela.
FREDY: - Que loucura cara!
CÉSAR: - Loucura mesmo... A gente acabou se beijando.
LÍLIAN: - César! Você retomou esse romance proibido é isso?
FREDY: - Rapaz, que situação a sua hein? Duas minas na mão e não sabe com quem ficar... Dúvida cruel...
LÍLIAN: - Por que está falando isso, Fredy?
FREDY: - É que eu estou pensando em ter duas mulheres também...
LÍLIAN: - Mas nem em sonho!

     Os três riem.

LÍLIAN: - Mas falando sério agora... O que aconteceu lá com você e a Brenda?

     César começa a contar o que aconteceu para Lílian e Fredy.

CENA 12. CASA VIRGÍNIA. SALA. INT. NOITE.

     Carvalho e Virgínia estão sentados à mesa, repartindo um pão francês.

CARVALHO: - Não vai cortar maior para você não!
VIRGÍNIA; - Mas eu sou a dama, Carvalho!
CARVALHO: - Mas não foi você que teve que chorar, implorar para o dono da padaria um pão fiado...

Nesse instante, a campainha toca.

VIRGÍNIA: - Visita à essa hora?
CARVALHO: - Esconde o pão!

Virgínia pega o pão e leva para a cozinha, enquanto Carvalho abre a porta. É Noêmia, que está acompanhada.

CARVALHO: - Dona Noêmia, que visita boa!
NOÊMIA (entrando): - Boa noite, Carvalho. Desculpe vir assim, sem avisar... A Virgínia está em casa?

Virgínia entra na sala.

VIRGÍNIA: - Noêmia, querida! Quanto tempo!
NOÊMIA: - É mesmo, minha amiga. Eu vim aqui para apresentar para vocês o meu namorado...
CARVALHO: - Namorado?
NOÊMIA: - Sim... Esse aqui é o Italvino.
VIRGÍNIA (surpresa/ contendo-se): - Oh, muito prazer, senhor Italvino.
ITALVINO (beijando a mão de Noêmia): - Encantado.
CARVALHO: - É como eu sempre digo, há sempre um chinelo velho para um pé cansado... Não que você seja velho, seu Italvino, é o ditado que é assim...
VIRGÍNIA: - Não precisa continuar não, Carvalho, acho que ele entendeu...
NOÊMIA: - Fiz questão de vir até aqui para apresentá-lo a vocês, que são meus amigos... eu ainda pretendo ir levá-lo à mais lugares... Ele não é daqui.
VIRGÍNIA: - Ah, não é?
NOÊMIA: - Não, não é... Ele é de Pixirica da Serra.
CARVALHO; - Puxa vida!... E o que você faz ou fazia em Pixirica da Serra, seu Italvino?
ITALVINO: - Eu sou coveiro.

     Virgínia e Carvalho se olham surpresos.

NOÊMIA (orgulhosa/vaidosa): - Ele não é um belo homem?
VIRGÍNIA: - Claro... Um homão!
CARVALHO: - Forte, robusto, não é?
NOÊMIA: - É por causa do trabalho, muito esforço.
VIRGÍNIA: - Claro, posso imaginar... Um coveiro deve ter um trabalhão mesmo...
NOÊMIA; - Mas então nós vamos indo lá...
CARVALHO: - Já? Mas não querem ficar para um café?

Virgínia olha um tanto indignada para Carvalho.

NOÊMIA: - Não, muito obrigada... Já é tarde, não queremos atrapalhar...
VIRGÍNIA: - Bom, se vocês acham, eu não vou nem insistir... já é tarde mesmo, não é? Eu acompanho vocês até a porta.
ITALVINO: - Foi um prazer em conhecê-los!
CARVALHO: - Para nós também, seu Italvino.

Noêmia e Italvino se despedem de Virgínia e saem.

VIRGÍNIA: - A dona Noêmia de namorado!
CARVALHO: - Foi como eu disse... Há sempre um chinelo velho para um pé cansado... Agora pega lá o pão, eu estou morrendo de fome!

Virgínia vai para cozinha enquanto Carvalho senta-se novamente à mesa.

CENA 13. CASA VIRGÍNIA. EXT. NOITE.

     Noêmia e Italvino caminham.

NOÊMIA: - Eu disse que eles são legais.
ITALVINO: - E são mesmo, bem carismáticos.
NOÊMIA: - Pena que hoje já está tarde... Mas amanhã eu levo você para conhecer a minha amiga Matilde.
ITALVINO: - E eu vou ter que continuar fingindo que sou seu namorado?
NOÊMIA: - Claro, Italvino! Ninguém pode saber que você e eu somos primos!
ITALVINO: - Essa história não vai dar certo...
NOÊMIA (confiante): - Claro que vai... E depois que eu apresentar você para a Matilde, nós vamos até a casa do Petrônio. E aí, depois que ele ver eu e você juntos, ele vai ficar mordido de ciúmes, vai deixar aquela loirinha sem sal de lado e vai vir correndo atrás de mim!

CENA 14. CASA ALBERTO. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

Olga passa pela sala de estar apressada, segurando sua bolsa. Ela cuida se não está sendo vista por alguém. Ela vai em direção à porta e sai. Em outro ponto, em cima, nas escadas, Felipe observava tudo.

FELIPE: - Olga saindo...

Felipe pega o telefone e liga para Charles.

FELIPE; - Charles, tudo certo. Agora é com você. Não vai deixar rastro!

Felipe desliga o telefone. Expressão de satisfação.

CENA 15. GARAGEM CLANDESTINA. INT. NOITE.

     Charles desliga o telefone. Na garagem, há vários carros. Ao fundo, alguns caras realizam um desmanche de um automóvel. Há motos também no lugar. Charles se aproxima de um rapaz, que está ao lado de um carro.

CHARLES: - Eu vou ficar com aqui.
RAPAZ: - Tudo certo.

     Charles entrega dinheiro para o rapaz, que conta nota por nota e faz expressão de contente.

RAPAZ; - Você paga bem mesmo.
CHARLES: - Pago bem para ter uma mercadoria melhor ainda. A placa é fria mesmo? Não tem perigo nenhum?
RAPAZ: - Claro que não parceiro, tudo aqui é firmeza.

     Charles observa o carro atentamente.



CENA 16. APTO SÉRGIO. INT. NOITE.
    
     Sérgio, caminha de um lado a outro dentro do apartamento, nervoso, inquieto, apreensivo.

CENA 17. SÃO PAULO. RESTAURANTE. INT. NOITE.

     Carlos Eduardo, Rúbia e Patrícia conversam animados.

RÚBIA: - Nossa, Cadu, você é muito legal!
PATRÍCIA: - Isso que ele não contou aqui nem um terço das histórias da escola!
RÚBIA: - Ah, tem mais histórias?
PATRÍCIA: - Ih, tem várias!
RÚBIA: - Ah não Cadu! Conta aí!
CADU: - Ah não meninas, assim vocês me deixam sem jeito...

Eles riem.

CADU (olhando o relógio): - Bom, acho que eu já vou indo. Está na hora.
PATRÍCIA (também olhando a hora): - É mesmo! Ficamos aqui de papo e acabamos perdendo a hora...
CADU (levantando-se): - Bom, foi um prazer estar com vocês meninas... Paty, foi muito bom encontrar você.
PATRÍCIA (também levantando-se); - Eu também digo o mesmo para você, Cadu.
RÚBIA (de pé): - Ah, gente! Bem que nós poderíamos combinar de sair uma noite, não é?
PATRÍCIA: - Claro, seria muito bacana.
CADU: - Ideia muito boa essa, Rúbia.
RÚBIA: - Claro! Vamos curtir muito, aproveitar bem esses dias em que a gente vai ficar por aqui, e já que o Cadu mora aqui, deve conhecer os melhores lugares para gente se divertir.
CADU: - Com certeza. Por mim, já está tudo certo.
PATRÍCIA: - Mas quando?
RÚBIA: - Amanhã mesmo! Eu quero curtir para valer!
CADU: - Tudo bem. Eu pego vocês no hotel e a gente sai.
PATRÍCIA; - E nós vamos para onde?
CADU: - Deixa comigo que eu sei de um lugar bem maneiro que vocês vão adorar!
RÚBIA: - Eu já estou amando sem nem conhecer!
PATRÍCIA: - Combinado então. Vamos indo para o hotel, Rúbia?
RÚBIA: - Sim, vamos.
CADU: - E vocês vão como?
RÚBIA: - De táxi.
CADU: - Nossa, nem pensar. Vamos no meu carro. Eu dou uma carona para vocês.
PATRÍCIA: - Não queremos atrapalhar, Cadu...
CADU: - Não vão atrapalhar nada não... E assim a gente continua conversando mais um pouco. Vamos?
RÚBIA: - Vamos.

Eles saem conversando, animados.

CENA 18. CASA BRENDA. QUARTO ALICE. INT. NOITE.

     Alice está deitada em sua cama. Suas mãos alisam a barriga. Ela chora pensando na gravidez. Ao mesmo tento, abraça sua barriga, como se quisesse proteger o bebê de qualquer mal ou tristeza.


CENA 19. CENTRO DA CIDADE. EXT. NOITE.

     Olga caminha sozinha. Em uma das ruas, ela cruza de um lado para o outro. Sempre apressada. Ao fundo, os faróis de um carro acendem.

CENA 20. APTO LÍLIAN. EXT. NOITE.

     César se despede de Fredy e Lílian.

CÉSAR: - Valeu pela noite, gente.
LÍLAIN: - A gente que agradece, César. Sempre que quiser aparecer, só chegar.
CÉSAR: - Pode deixar. Obrigado por tudo, pelo jantar, que estava ótimo Lílian. Pelos conselhos... vocês são os melhores amigos do mundo!
FREDY: - Que é isso, rapaz! Pode contar com a gente sempre.
CÉSAR: - Valeu mesmo. Abração! Boa noite.
FREDY: - Boa noite para você também, César.
LÍLIAN: - Vai com Deus! Dirija com cuidado!

     César vai saindo no portão do prédio. Fredy e Lílian o observam no hall. César entra no carro e pouco tempo depois vai embora.

CENA 21. CENTRO DA CIDADE. EXT. NOITE.

     Olga dobra em outra rua, enquanto o carro misterioso a segue. A rua está praticamente deserta e Olga nem percebe que está sendo seguida. De repente, o carro dobra em outra rua, enquanto Olga segue.

CENA 22. PRÉDIO APTO SÉRGIO. EXT. NOITE.

Sérgio observa a rua pela janela de seu apartamento. De repente, Olga surge na rua. Sérgio a observa. Olga caminha apressadamente em direção ao prédio de Sérgio. Quando ela vai atravessar a rua, o carro misterioso surge na rua, acelerando rapidamente. Olga não consegue fugir e é atingida em cheio pelo carro, que não para. Olga cai no chão, desacordada. O carro segue rapidamente. Sérgio fica totalmente em pânico ao ver Olga sendo atropelada.


               FIM DO CAPÍTULO



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