Capítulo 3: Anjo Negro

Cena 01 – Casa de Eduarda/Int./Sala/Dia

Continuação imediata do capítulo anterior...

Alessandra surge na sala, indo em direção até a porta de entrada. Ela abre.

Alessandra (surpresa) - Você?

Foco em Dolores.

Dolores (tirando os óculos) - Então é aqui que você se esconde.

CAM foca no rosto de Alessandra.

Alessandra (saindo e fechando a porta) - O que você está fazendo aqui?

Dolores - Quem são as pessoas que moram aí? Ou vai me dizer que essa casa é sua?

Alessandra - Eu te pedi para sumir do Rio de Janeiro. Porque você ainda está aqui?

Dolores - Porque eu resolvi ficar. Quero estar perto de você.

Alessandra segura o braço esquerdo de Dolores e sai puxando ela.

Alessandra - Mas você não pode. Se ficar aqui só vai me trazer problemas.

Glória surge na frente das duas, com as crianças, Ana Paula e Júlio.

Glória (tirando os óculos) - Algum problema aqui?

Alessandra (tensa/Soltando o braço de Dolores) - Glória? Não. Nenhum problema.

Glória - Não era o que estava parecendo.

Dolores - Imagina. Eu vim apenas oferecer alguns produtos, mas acho que acabei passando dos limites e aborrecendo a sua filha. (a Alessandra) Me desculpe senhorita.

Alessandra (a Dolores) - Tudo bem.

Dolores (a Glória) - Com licença.

Dolores desvia de Glória e das crianças e sai. Glória e as crianças entram em casa. A CAM foca no rosto de Alessandra, que imediatamente se vira e entra na casa também.

Corta para...

Cena 02 – Casa de Eduarda/Int./Sala/Dia

As crianças, Júlio e Ana Paula, correm até Maurício, que estava em pé, próxima a escada. Glória e Alessandra também surgem na sala, vindas de fora da casa.

Maurício (abraçando as crianças) - E aí galerinha do barulho.

Júlio (a Maurício) - Pai. A vovó disse que pode nos levar para tomar sorvete. Quer vir com a gente?

Maurício - Sorvete? Deixa eu ver... Só se for de morango com bastante cobertura de chocolate.

Júlio - Pode.

Maurício - Então eu aceito o convite.

As Crianças - Eba!

Alessandra ria, olhando a cena, mas logo fica sem graça ao perceber o olhar de desconfiança de Glória, para ela.

Corta para...

Cena 03 – Externa/Rio de Janeiro/Dia

(Música: Madonna - Don't Tell Me)

Vemos imagens aéreas do Cristo Redentor, seguidas pelo morro do Pão de açúcar e do Corcovado.

Corta para...

Cena 04 – Hotel Solar/Interior/Recepção/Dia

A CAM se concentra em aberto, mostrando um casal passando pela recepção. Imediatamente vemos Rubéns, o homem que havia aparecido no capítulo anterior, em uma moto, na estrada. Ele se aproxima da recepcionista.

(Música diminui)

Rubéns - Bom dia. Gostaria de um quarto.

Recepcionista - Vai ficar por quanto tempo?

Rubéns - Sem previsão de saída.

Recepcionista - Certo. Seu nome por gentileza.

Rubéns - Rubéns.

Recepcionista - Preencha esse formulário, por gentileza.

Rubéns - Claro.

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Cena 05 – Externa/Rio de Janeiro/Tarde-Noite

(Música aumenta)

Vemos imagens aceleradas, do alto de um morro, do entardecer. O Por do Sol, seguido da iluminação elétrica da cidade.

Corta para...

Cena 06 – Casa de Eduarda/Int./Sala/Noite

(Música: fad-out)

Dolores esta sentada no sofá, assistindo televisão. Alessandra se aproxima e senta no outro sofá.

Alessandra - Dona Glória, eu posso te fazer uma pergunta?

Glória - Claro, minha querida.

Alessandra - Eu tenho notado desde que cheguei aqui... E não me leve a mal, caso esteja errada, mas é que tenho a leve impressão de que a senhora não gosta muito de mim. Eu não sei se estou sendo paranoica, mas a maneira como à senhora me olha, é como se tivesse o tempo todo me julgando. Confesso que fico até sem jeito.

Glória (abre um sorriso silencioso) - Que é isso, minha querida? Não sei de onde tirou tamanha bobagem. Esse é o meu jeito de ser. Claro que ninguém ficaria tranquilo, tendo dentro de sua casa uma pessoa estranha. Mas se a minha filha acredita em você, porque eu também não acreditaria?

Alessandra - Claro. Tem razão. Eu é que estou sendo muito radical nas minhas conclusões.

Glória - Relaxa. Eu sou assim, mas eu não mordo. Prometo. (levantando) Agora se me der licença, eu tenho que colocar as crianças para dormir.

Alessandra - Claro. E obrigada por me ouvir.

Glória abre um sorriso para Alessandra, mas ao virar de costas, logo fecha o rosto e sai caminhando em direção à escada. A CAM procura o rosto de Alessandra, focando na mudança de expressão de alegria para seriedade.

Alessandra - Velha metida. Eu vou ter que tomar muito cuidado com ela.

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ABERTURA OFICIAL

[Introduzir vídeo de abertura aqui]

Cena 07 – Hotel Solar/Int./Recepção - Restaurante/Noite

A CAM fecha em Dolores e a Recepcionista.

Dolores - Algum recado para mim?

Recepcionista - Não, senhora.

Dolores - Obrigada.

Dolores se afasta do balcão e caminha em direção à área do restaurante do hotel, sendo seguida pela CAM. Ao adentrar o ambiente, Dolores se assusta ao ver Rubéns se servindo no Buffet. Dolores recua imediatamente, antes de ser vista. Ela apoia a mão direita na parede, enquanto posiciona a mão esquerda sobre os seios.

Dolores - Eu não acredito. Ele está no mesmo hotel que eu? Eu preciso avisar a Alessandra.

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Cena 08 – Casa de Eduarda/Int./Quarto das crianças/Noite

NO quarto, temos duas camas, lado a lado, porém com um grande espaço entre elas. Em uma delas, vemos Júlio deitado, coberto por um edredom. Na outra, vemos Glória sentada ao lado de Ana Paula, que está deitada com sua boneca de pano.

Ana Paula - Conta uma história.

Glória (arrumando o edredom de Ana Paula) - Uma história? Deixa eu ver.

Júlio - Uma de fantasma, vovó.

Ana Paula (cobrindo o rosto) - Não. Eu tenho medo de fantasmas.

Glória (sorrindo) - Calma princesa. Eu não vou contar história de fantasma.

Júlio - Eu não tenho medo. Eu sou um homem forte de valente.

Glória - Com certeza. Agora fique quietinho, seu homem forte e valente. Eu vou contar uma história que eu contava para a mãe de vocês, quando ela era pequenininha.

Ana Paula - Eba. E qual é o nome?

Glória - Se chama “A menina da casa azul”.

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Cena 09 – Casa de Eduarda/Int./Sala/Noite

Vemos Maurício sentado no sofá, lendo um livro de medicina. Alessandra se aproxima, vestida em uma camisola provocativa, e senta no outro sofá.

Alessandra – Desculpa por tirar sua concentração, mas ainda não conversamos sobre o que aconteceu hoje, mais cedo.

Maurício – Não quero mais tocar neste assunto. Aconteceu um engano lamentável, mas te asseguro de que não voltará mais a acontecer.

Alessandra – Claro, eu acredito em você. Mas não pense que eu fiquei chateada ou qualquer coisa desse tipo. Você é um homem, não pode negar sua natureza.

Maurício (confuso) – Como?

Alessandra – Nada. Eu vou dormir. (Levantando) Tenha uma boa noite, Maurício.

Alessandra passa por Maurício, que não deixa de reparar nas curvas do corpo dela. Imediatamente Eduarda entra na sala, chegando do restaurante.

Eduarda – Boa noite, amor.

Eduarda dá um beijo em Maurício.

Maurício - Boa noite. Como foi o seu dia hoje?

Eduarda – Corrido. Como sempre.

Maurício – Pois é, percebi que a Alessandra não ficou lá hoje.

Eduarda (sentando ao lado de Maurício) – Não. Ela teve um mal estar, então eu mandei ela vir para casa descansar. Sabe se ela já está melhor.

Maurício – Ãham... Ela muito melhor.

Eduarda – Bom. Eu vou dar um beijo nos meus filhotes e depois vou tomar um banho.

Eduarda dá um beijo provocativo em Maurício e em seguida se levanta.

Eduarda – Te espero na cama.

Eduarda pisca o olho para Maurício, que abre um sorriso, mordendo o lábio inferior.

Eduarda sobe a escada, enquanto Maurício abre o livro e volta a ler. A CAM vai abrindo a cena, até descobrir Alessandra, que estava observando os dois, escondida. Ela sai.

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Cena 10 – Casa de Eduarda/Int./Quarto de Eduarda/Noite

(Sinfonia instrumental – Tensa)

Quarto escuro. A porta se abre e Alessandra entra, fechando a porta. Ela caminha até o abajur e liga a luz. Em seguida, Alessandra se abaixa e puxa sua mala, que estava em baixo da cama. Alessandra abre a mala e pega uma caixa de madeira, sentando sobre a cama e colocando-a em seu colo. Alessandra abre a tampa da caixinha de madeira e foca seu olhar para a CAM. Um olhar frio, inexpressivo.

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Cena 11 – Casa de Eduarda/Int./Quarto das crianças/Noite

A CAM passeia pelo quarto, mostrando as duas camas das crianças. Vemos Eduarda beijando a testa de Júlio e em seguida se dirigindo até Ana Paula, para beijar a bochecha dela. Após beijar a filha, Eduarda fica em pé entre as camas, olhando para os dois, sorrindo.

Eduarda – Durmam bem, meus amores.

Eduarda cuidadosamente sai do quarto sem fazer barulho.

- Fora do Quarto: Eduarda fecha a porta do quarto dos filhos e caminha em direção ao seu, onde entra e fecha a porta. A CAM se dirige até o fim do corredor, onde vemos Alessandra se aproximando lentamente do quarto das crianças. Ela abre a porta e entra.

- Dentro do Quarto: Alessandra caminha pelo quarto, olhando Júlia e Ana Paula dormirem. Ela se aproxima da janela, que fica ao lado da cama de Ana Paula e cuidadosamente abre, deixando o vento frio entrar, balançando lentamente as cortinas. Em seguida, Alessandra se aproxima de Ana Paula e retira o cobertor dela, deixando-a descoberta.

Alessandra caminha em direção à porta e sai do quarto. A CAM capta a porta se fechando, enquanto gira lentamente, focando em Ana Paula, que já começa a sentir o frio da noite, se encolhendo sobre a cama.

(Sinfonia fad-out)

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Cena 12 – Externa/Rio de Janeiro/Noite-Dia

(Música: Frejat – Segredos)

Imagens aéreas do amanhecer no Rio de Janeiro: Lagoa Rodrigo de Freitas, seguida do Cristo Redentor com um panorama da cidade. Vemos algumas pessoas correndo na orla de Ipanema e outras caminhando no calçadão de Copacabana.

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Cena 13 – Casa de Eduarda/Int./Quarto das crianças/Dia

(Música: fad-out)

Vemos Ana Paula deitada, tossindo. Eduarda sentada na cama e Glória em pé ao lado dela.

Eduarda – Meu Deus, como eu não pude ter visto a janela aberta?

Glória – Eu te juro minha filha, que eu mesma fechei a janela antes de sair do quarto. Eu não entendo como isso aconteceu.

Eduarda – Tudo bem, mãe. Mas vai ver a janela deve ter aberto. De repente a senhora não fechou direito, sei lá... Minha filhinha. (Colocando a mão na testa de Ana Paula) Ela está ardendo em febre.

Glória – Então é melhor levar ela ao hospital o quanto antes.

Ouve-se uma batida de leve na porta. Glória e Eduarda olham e vê Alessandra, parada na porta.

Alessandra – Como ela está?

Eduarda (olhando para Ana Paula) – Ardendo em febre. Vou ter que levar ela para o hospital. (a Alessandra) Eu não irei ao restaurante hoje. Vai você e avisa para a Mônica o acontecido.

Alessandra (se aproximando de Ana Paula) – Claro. Pode deixar. Qualquer coisa me liga.

Alessandra se curva e dá um beijo na testa de Ana Paula.

Alessandra – Melhoras, princesa.

Alessandra se vira e se retira do quarto, sendo observada friamente por Glória.

Glória – Não podemos perder mais tempo.

Eduarda (se levantando) – Certo. Vou vestir uma roupa.

Corta para...

Cena 14 – Hotel Solar/Inter./Corredor/Dia

Dolores sai do seu quarto e fecha a porta. Ela sai caminhando e dobra o corredor. A CAM faz um giro e revela Rubéns, que tinha avistado ela sair do quarto.

Rubéns – Dolores? Mas isso é que é sorte.

Rubéns sai atrás de Dolores.

Corta para...

Cena 15 – Bar No Prato/Int./Dia

Vemos Mônica organizando as mesas. Alessandra entra na cena.

Alessandra (colocando a bolsa sobre o balcão) – Bom dia, Mônica.

Mônica – Bom dia, Alessandra. Achei que a Eduarda vinha com você.

Alessandra – A Eduarda não virá hoje. A filha dela ficou doente.

Mônica – Minha nossa. O que ela tem?

Alessandra – Estava queimando em febre. Parece que pegou um resfriado.

Mônica – Resfriado? Mas isso é um perigo para a Ana Paula. Ela sofre de bronquite asmática. Coitadinha.

Alessandra – Nem me fale. Hoje seremos só nos duas aqui.

Dolores entra de surpresa na cena.

Dolores – Bom dia!

Mônica – Bom dia. Deseja alguma coisa?

Alessandra (surpresa) – Pode deixar Mônica, que eu atendo essa senhora.

Mônica – Tudo bem. Eu vou dar uma olhada no estoque.

Mônica se retira. Alessandra se aproxima de Dolores.

Alessandra – Eu não acredito. Será que não fui clara?

Dolores – Me desculpe filhinha...

Alessandra – Não me chame de filha aqui. (segurando o braço de Dolores) Vamos lá pra fora.

Dolores – Ai, ai.

Corta para...

Cena 16 – Bar No Prato/Frente/Dia

Alessandra solta o braço de Dolores.

Alessandra – Desembucha. O que tem de tão importante para me dizer?

Dolores (passando a mão sobre o braço) – Eu não deveria. Você não está merecendo minha ajuda.

Alessandra – Eu não pedi a sua ajuda. Agora fala.

Dolores – Pois bem. Lembra que te falei que o Rubéns estava vindo para cá? Ele chegou. E adivinha onde ele está hospedado? No mesmo hotel que eu.

Alessandra – Desgraçado.

De longe, a CAM encontra Rubéns, observando Dolores e Alessandra conversando.

Rubéns – Em fim te encontrei Alessandra. Dessa vez você não me escapa.

Fim do Capítulo

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