quarta-feira, 29 de julho de 2015

CAPÍTULO 002 - Perigosa Tentação


CAPÍTULO 2
O triunfo de Rebecca, veio da angústia da filha...


CENA 1/ EMPRESA PASTEUR BRASIL/ TARDE/ INT./ HELIPONTO.
Continuação imediata da última cena do capítulo anterior;
Impressionados, todos observam tudo ao seu redor. Orlando a parte, olhar pesado, observa Rebecca.
ORLANDO    - Do que adianta toda essa maravilha que é o Brasil se eu não posso andar!
Rebecca em silêncio. Orlando com um olhar triste. Maya e Carolina abaixam a cabeça como sinal de respeito. Rebecca olha novamente para Orlando/
REBECCA    - Sem estresse! Viemos para descansar, para aproveitar todo dinheiro que nós temos! Vamos pensar em coisas boas!
CORTA PARA/
CENA 2/ MANSÃO DOS PASTEUR BRASIL/ NOITE/ INT./ SALA DE ESTAR.
Todos entram na casa. Maya e Carolina sobem as escadas, em direção ao quarto. Rebecca empurra a cadeira de Orlando até perto do sofá, e se senta em seguida, tirando os óculos escuros.
REBECCA    - Enfim, chegamos!
ORLANDO    - Até agora eu não engoli o fato de nós voltarmos ao Brasil assim, tão rapidamente, sem sequer arrumarmos decentemente nossas roupas.
REBECCA    - Eu quis fazer uma surpresa, meu amor... Agora vamos parar com esse drama todo! Estamos no Rio de Janeiro... Temos que aproveitar!
ORLANDO    - De um certo ponto você tem razão!
REBECCA    - Olha... Eu agora vou subir... Tenho coisas muito importantes para realizar amanhã de manhã, sem contar que precisa ainda dar as caras na nossa filial aqui no Brasil! Agora... Passar bem! Qualquer coisa grite uma de nossas empregadas!
Rebecca sobe as escadas. Orlando confuso a parte/
Corta para:
CENA 3/ STOCK-SHOTS/ NOITE – DIA.
Imagens do nascer do Sol no Rio de Janeiro. A câmera é levada até a fachada azul da mansão dos Pasteur/
CENA 4/ MANSÃO DOS PASTEUR/ DIA/ INT/ COZINHA.
Orlando solitário tomando seu café da manhã. Rebecca, aparentemente com pressa e bem vestida, senta-se a mesa, junto a ele.
ORLANDO    - O que houve? Vai sair?
REBECCA    - (pegando o pão e a geleia) Sim... Vou ver se consigo ir até o banco! Parece que o pagamento já saiu!
ORLANDO    - Ah sim!
Rebecca morde o pão, olha para o relógio e se apressa. Ela se levanta e se recompõe/
REBECCA    - Preciso ir... Além do mais, tenho que ir até o banco. Tenho reunião com novos agenciadores! Tenha um bom dia, Orlando!
Rebecca sai rapidamente. Orlando observa-a desconfiado/
Corta para:
CENA 5/ BANCO/ DIA/ INT.
Sonoplastia: INFILTRADO – BAJOFONDO.
Rebecca entra sorrateiramente no banco. Várias pessoas na fila. Ela se aproxima do balcão de informações e retira uma senha, voltando e se sentando em um sofá. As horas vão se passando/
MULHER     - Dona Rebecca Pasteur... Está aí?
REBECCA    - Sim! Sou eu!
MULHER     - Queira me acompanhar, por favor!
Rebecca se levanta e segue a mulher/
Corta para:
CENA 6/ BANCO/ DIA/ INT./ SALA DE ATENDIMENTO.
Local frio, coisas modernas. Rebecca entra e senta-se a frente de uma mulher (olhos castanhos e brilhantes, cabelos presos em um coque, vestido formal, com um belo blazer azul), que está à frente de um computador, sem desviar o olhar/
MULHER     - O que a senhora quer de tão importante... Pensei até que fosse algo relacionado ao dinheiro que a senhora tem em sua poupança... Mandei analisar tudo, mas me parece que estudo anda bem, como o planejado... Portanto, o que trás a senhora até aqui?
Rebecca tira de sua bolsa um papel, e entrega diretamente as mãos da mulher, que começa a ler.
REBECCA    - Como à senhora deve estar lendo aí, venho em nome da minha tia! Coitada, tão jovem, e acabou falecendo deste maldito câncer! Toda minha família está muito abalada, senhora, portanto tomei a iniciativa de vir até aqui e pegar a quantia a qual me é de direito!
A mulher se silencia por segundos, mas entrega o papel novamente a Rebecca/
MULHER     - Está bem! Na verdade, eu não poderia estar fazendo isso, mas como à senhora sempre está nos ajudando muito, e eu na condição de gerente desse banco, deixarei que a senhora retire a quantia a qual lhe é de direito... Mas, por precaução, eu preciso que a senhora me apresente algum documento que prove tal parentesco, mesmo que seja apenas no sobrenome. Afinal, não é qualquer um que possui ‘Pasteur’ no nome!
Rebecca tira os documentos, também da bolsa, e entrega novamente as mãos da mulher. A mulher sorri, e devolve-os nas mãos de Rebecca.
MULHER     - (cont.) Ótimo! Está bem! Agora pode ir! Está tudo andando perfeitamente... Pode retirar a sua quantia em dinheiro!
REBECCA    - Muito obrigada! Com licença!
Rebecca levanta-se e se retira do local.
Corta para:
CENA 7/ BANCO/ DIA/ INT/ SALA DE COFRE.
Um homem ABRE a porta, e Rebecca ENTRA na sala (escura e sombria) com cofres, que mais parecem gavetas.
HOMEM      - Na segunda gaveta, senhora. Olha, pode ficar tranquila, os cofres são medidas bem seguras para que não haja nenhuma invasão tecnológica!
REBECCA    - Por favor, agora eu prefiro que o senhor se retire! O que tem nesse cofre é muito mais valioso do que você imagina.
O homem sai da sala, e fecha-a. Um enorme ECO no momento em que a porta se fecha. Rebecca localiza a sequência 1408. O cofre se abre. Vários bolos de dinheiro. Os olhos de Rebecca brilhando, refletindo todo dinheiro. Ela pega um bolo de dinheiro nas mãos, e o aperta fundo/
REBECCA    - (sussurrando/ emocionada) EU ESTOU AINDA MAIS RICA!
A câmera se aproxima no olhar doentio de Rebecca/
Corta para:
CENA 8/ STOCK-SHOTS/ DIA.
Sonoplastia: ABSURDA – ANAHÍ.
Imagens do Rio de Janeiro e Londres respectivamente. A evolução das cidades.
Londres – 2015
CENA 9/ FESTIVAL MEDICINA/ NOITE/ INT.
Um IMENSO salão. Várias pessoas em volta. A maioria de brasileiros. Um GRANDE palanque no fim do salão. Carolina (olhos claros e seguros, cabelos loiros e cacheados, um longo vestido azul, aproximadamente uns vinte anos, boca carnuda e vermelha) sobe no palanque, e pega o microfone.
CAROLINA   - É um grande orgulho poder estar aqui, junto a vocês, em um momento tão especial para mim. Ser médico é poder transformar vidas, mudar destinos, e isso foi o que eu escolhi para mim! Com a ajuda do meu pai, da minha irmã, que também resolveu salvar vidas! Um pouco diferente de mim, afinal, ser uma delegada está muito além de apenas salvar vidas, é também entregar a própria vida como garantia de um crime. Então queria mandar um grande abraço para ela!
Todos aplaudem. A câmera acompanha os passos de Rebecca, agora mais velha, chegando de vestido preto e um salto alto preto.
Ela para frente do palanque. Carolina, lá de cima, encara a mãe/
REBECCA    - Pensou que eu não viria, meu amor?!
CAROLINA   - Não... Claro que não! Eu sabia que a senhora iria vir... Não poderia perder a chance de me ver em cima de um palanque, da mesma forma que meu pai subiu quando anunciou que a senhora estava grávida! É uma grande chance de a senhora poder acompanhar uma vida pública, a qual nunca acompanhou com o meu pai, não?!
Rebecca fica sem graça. Carolina com um sorriso no rosto. Todos em volta observam o clima. Todos aplaudem em seguida. Carolina desce do palanque.
Corta para:
CENA 10/ JATINHO/ NOITE/ INT.
Carolina mexe em um notebook. Rebecca ao lado com uma cara nada agradável.
Carolina olha para Rebecca e percebe a tensão. Ela fecha o notebook.
CAROLINA   - Está bem... Chega! Agora me fale... O que está acontecendo, mamãe?
REBECCA    - É você mais uma vez, Carolina... Está se achando sempre no direito de me confrontar, como se eu tivesse culpa da situação de seu pai!
CAROLINA   - Não tenho nada contra a senhora, só acho que poderia dar um pouco mais de atenção para o papai... A senhora sabe que ele além da idade passa por tudo isso, mãe! É uma questão de sentimento!
REBECCA    - (ri ironicamente) Que sentimento? Não seja ingênua, minha filha... Há muitos anos que você sabe que o meu relacionamento com Orlando não passa de negócios.
CAROLINA   - O mais impressionante é ver como vocês dois falam isso naturalmente!
REBECCA    - Qual o problema?
CAROLINA   - Prefiro não dar mais opinião sobre tal assunto, mãe!
REBECCA    - Sabe qual é o problema? Você fica se metendo na minha vida... Deveria seguir o exemplo da Maya... Vá trabalhar, viver a sua vida, sem ter que se preocupar comigo ou com o Orlando!
CAROLINA   - É praticamente impossível... Você veio para Londres simplesmente para me bisbilhotar, ver o que eu estava fazendo... Além do mais que depois de ouvir tudo isso que você disse a respeito do papai, aí mesmo que não posso deixá-lo sozinha!
Rebecca se vira para a janela/
REBECCA    - Você sofre de um mal muito grande, minha filha... É boa demais, e isso não faz bem nos dias de hoje!
Carolina encara Rebecca silenciosamente/
CENA 11/ MANSÃO DE CAROLINA/ NOITE/ INT/ SALA DE ESTAR.
Carolina, cansada, abre a porta da casa. Ela segue no escuro, até que acende a luz. Maya (cabelos pretos e ondulados, vestido branco básico, olhos fundos e pretos) com as mãos esticadas, e um lindo buquê de rosas vermelhas. Carolina sorri/
MAYA       - Para você, minha irmã!
CAROLINA   - Só você mesmo... Está sempre salvando esse cansaço interior, que você sabe muito bem quem causa.
MAYA       - Deixa eu adivinhar... Rebecca Pasteur?! Acertei?
Carolina sorri, abraça Maya, e pega o buquê/
CAROLINA   - Muito obrigada... É sério, você me faz bem... Eu ouço muitas pessoas dizerem que irmãs sempre estão em pé de guerra, mas parece que com a gente foi bem diferente!
As duas se afastam, e se sentam no sofá em seguida.
MAYA       - Agora chega de lenga-lenga... Conta! Como foi lá?
CAROLINA   - Foi mágico, Maya... Todos me aplaudiam, e você sabe mais do que ninguém o quanto eu gosto da profissão que eu tenho... Aliás, e você? Como vêm sendo o seu trabalho esses dias?
MAYA       - Muito complicado, mas eu estou dando conta de tudo! Acredita que agora me veio uma tarefa bem complicada... Parece que crianças estão sendo traficadas, apenas para que delas sejam retirados os órgãos e o sangue. Acredita?
CAROLINA   - (assustada) Gente! Como podem existir pessoas tão cruéis assim? Mas vocês já conseguiram identificar quem são as pessoas que estão fazendo isso?
MAYA       - Por incrível que pareça não... Pelo o que eu pesquisei, as pessoas que fazem essas coisas são muito difíceis de serem identificadas... Elas se escondem atrás de uma pele de cordeiro!
CAROLINA   - (preocupada) Pois então tome cuidado! Nunca se sabe onde está o inimigo, não é mesmo?
MAYA       - Sim! Você tem toda razão!
As duas se abraçam novamente.
Corta para:
FADE OUT.
CENA 12/ MANSÃO DOS COSTA DUTRA/ NOITE/ EXT./ FACHADA.
Fade in. Uma imensa mansão, cheia de flores nas grades e envolvendo a casa.
Corta para:
CENA 13/ MANSÃO DOS COSTA DUTRA/ NOITE/ INT./ SALA DE ESTAR.
Móveis e objetos de madeira escuros, mais antigos. Olga (senhora de aproximadamente uns sessenta anos, cabelos loiros, olhos azuis e sofridos, calça social preta e blusa branca com botões) desce as escadas, e se senta no sofá. Um jornal jogado ao lado do sofá. Ela pega e começa a lê.
Prostitutas de luxo! Mulheres se prostituem por puro prazer e chocam a sociedade!
Muitas mulheres, em busca de dinheiro fácil, estão se prostituindo por puro prazer. O motivo foi constatado quando uma rica jovem, filha de um delegado federal, é encontrada se prostituindo no Leblon. A sociedade carioca lamenta tal fato. Algumas pessoas, inclusive, estão pedindo intervenção da Polícia, para que os barulhos e a hora de funcionamento da tal “boate moderna” sejam reformulados.
São várias as denúncias de moradores locais. Religiosos dizem que as meninas podem estar fazendo apenas um ato rebelde contra os pais, mas estão afetando diretamente o nome de Deus.
Olga indignada. Herbert (senhor de aproximadamente uns oitenta anos, cabelos grisalhos, gordo, olhos castanhos e fundos) desce as escadas com um pouco de dificuldade, e estranha Olga/
HERBERT    - O que foi, minha filha? Que cara é essa?
OLGA       - Estou lendo uma matéria, papai... E posso te afirmar que estou muito indignada! Parece que existem mulheres se prostituindo no Leblon, e pior, por puro prazer!
HERBERT    - Realmente é algo que deixa qualquer um indignado, mas não podemos fazer nada, afinal, não passamos de pobres cidadãos!
OLGA       - Tem razão... Isso é coisa que a polícia deve fazer. O senhor me conhece, sabe que eu não julgo ninguém, mas fazer uma coisa como essa por pura diversão é algo que chega até mesmo doer na gente!
HERBERT    - Você viu o Tadeu ou a Cecília por aí?
OLGA       - Não... Ele me disse que ia dormir na casa de um amigo!
Corte descontínuo para/
CENA 14/ MOTEL/ NOITE/ INT.
CÂMERA LONGE. Cecília (cabelos pretos e longos, olhos castanhos e atraentes, nua, aproximadamente uns vinte anos) quica na cama, em cima de um homem (aproximadamente uns trinta anos, olhos azuis e cabelos loiros). Altos gemidos. Cecília e o homem mordendo os lábios. Corte descontínuo. Cecília e homem jogados em cima da cama, exaustos, respirando ofegantes/
HOMEM      - Muito bom... Muito bom mesmo!
CECÍLIA    - (ofegante) Nossa... De tantas homens você foi um dos melhores!
HOMEM      - Agora vem cá... Por que você se prostitui? Não parece que você tenha necessidade, ou algo assim!
CECÍLIA    - Eu faço porque gosto... Me sinto superior! Imagine... Tantas pessoas ralando um ano inteiro só para ganhar o que eu consigo em uma noite. Vai dizer que isso não é algo muito gratificante?!
HOMEM      - Bom, nesse ponto de vista...
CECÍLIA    - Enfim, agora acho melhor eu ir... Já transamos, agora é melhor eu descansar... Amanhã tem muita coisa pela frente!
Cecília se levanta e começa a se vestir. O homem se estica na cama e vê toda movimentação com cara de safado. Ela termina de se arrumar, com um vestido preto colado no corpo, manda beijo para ele e sai do quarto/
Corta para:
CENA 15/ PRAIA/ NOITE/ EXT.
Vários jovens de todos os sexos em volta de fogueiras a beira da praia. A câmera procura, até achar Tadeu (cabelos pretos, olhos pretos e salientes, branco, corpo bem definido, camiseta preta e short jeans) sentado na areia, solitário, com uma garrafa de wiski na mão. Demétrius (cabelos pretos e curtos, olhos castanhos claros, forte, moreno, de sunga preta) observa Tadeu sentado, morde a boca com sinal de excitação e vai até ele.
Demétrius se senta ao lado de Tadeu, que olha para ele silenciosamente, com excitação. Ele começa a passar a mão no pênis de Demétrius/
DEMÉTRIUS  - Oi!
TADEU      - Oi!
DEMÉTRIUS  - (excitado) Que isso, hein?! Não sabia que os cariocas eram tão gostosos e ao mesmo tempo tão atrevidos!
TADEU      - (mordendo os lábios) Quanto aos cariocas serem gostosos, eu agradeço, quanto ao nos chamar de atrevidos, só somos com quem realmente merece!
Os dois se encaram, e se beijam calorosamente.
DEMÉTRIUS  - Que tal irmos para um lugar mais reservado?
TADEU      - Sim! Pode ser!
Corte descontínuo/
CENA 16/ MOTEL/ NOITE/ INT.
Corte descontínuo para: Tadeu realizando sexo oral em Demétrius, que geme de prazer.
DEMÉTRIUS  - (geme/ prazer) Ohh! Para! Para! Agora eu vou gozar!
A câmera mostra apenas o rosto de Demétrius, que demonstra muito prazer. Tadeu se levanta e beija Demétrius calorosamente/
DEMÉTRIUS  - Eu não errei ao falar que os cariocas são gostosos e atrevidos!
TADEU      - Em meio a todo esse calor me esqueci de perguntar o seu nome... Desculpa!
DEMÉTRIUS  - Demétrius! E o seu?
TADEU      - Tadeu... Tadeu Costa Dutra!
Tadeu se abaixa e vemos todo o seu corpo (incluindo o pênis e a bunda). Ele prega um cartão no bolso da calça, e entrega para Tadeu.
TADEU      - (cont.) Aqui está... Nesse cartão está o meu telefone... Quando estiver à toa, sem o que fazer, é só me telefonar!
Tadeu e Demétrius se beijam novamente/
Corta para:
CENA 17/ STOCK-SHOTS/ NOITE – DIA.
Imagens aéreas do amanhecer no Rio de Janeiro.
CENA 18/ MANSÃO DOS PASTEUR/ DIA/ INT./ SALA DE ESTAR.
Orlando, mais idoso, na cadeira de rodas, assiste TV. A campainha toca/
ORLANDO    - Estão apertando a campainha... Alguém atenda a porta!
Uma das empregadas abre a porta. Carolina entra na mansão, e abraça Orlando/
CAROLINA   - A Maya já deve ter lhe dado a notícia, não é mesmo papai?
ORLANDO    - Sim, minha filha... Sei lá, eu prefiro não me frustrar!
CAROLINA   - Pare com isso! É a chance que o senhor tem para voltar a andar... Imagine como não seria perfeito, depois de tanto tempo o senhor poder andar por aí novamente, sem precisar de ninguém!
ORLANDO    - Estou velho... Não preciso mais!
CAROLINA   - Bom falando em estar velho, eu preciso buscar os seus documentos que comprovem a sua idade, enfim, a identidade e o CPF. Antes ficavam na primeira gaveta do guarda-roupa da mamãe... Eu vou procurar e já volto!
Carolina sobe rapidamente as escadas/
Corta para:
CENA 19/ MANSÃO DOS PASTEUR/ DIA/ INT./ QUARTO DO CASAL.
Carolina entra no quarto. Ela vai até o guarda-roupa, que fica a frente da cama, e abre a primeira gaveta. Por segundos ela revira a gaveta, mas vê uma carta. Ela se assusta.
OBS.: É a mesma carta da tia do Orlando.
CAROLINA   - (assustada) Gente... Isso é uma fortuna!
Corta para:
CENA 20/ BANCO/ DIA/ INT./ SALA DE ATENDIMENTO.
Carolina entra na sala de atendimento. Ela observa tudo a sua volta, e se senta a frente de uma mulher – (a mesma mulher que atendeu Rebecca). Elas se encaram por alguns segundos/
CAROLINA   - Olá... Bom, eu trouxe os meus documentos, porque na verdade eu vim atrás de um dinheiro que há dez anos foi deixado para Orlando Pasteur. Ele é meu pai!
A mulher olha para Carolina/
MULHER     - Bom... Senhora?
CAROLINA   - Carolina!
MULHER     - Bom Dona Carolina, esse dinheiro não está mais em nossa conta!
CAROLINA   - (assustada) Como assim não está mais na conta? A senhora tem ideia da quantidade de dinheiro que estamos falando... São milhões de dólares!
MULHER     - Nós sabemos, senhora! Eu mesma estava aqui quando uma senhora há dez anos esteve nos cofres particulares do nosso banco... Não me esqueço desse dia, até porque eu já conhecia essa mulher da TV... O nome dela é Rebecca... Rebecca Pasteur!
A câmera se aproxima em Carolina indignada e assustada/
Corta para:
CENA 21/ MANSÃO DOS PASTEUR/ DIA/ INT./ SALA DE ESTAR.
Carolina, abismada, entra na mansão e se senta silenciosamente no sofá. Rebecca entra em seguida. Carolina encara Rebecca, que não entende/
REBECCA    - O que foi? Viu algum fantasma?
CAROLINA   - Digamos que sim... Vi um fantasma quando fui ver a conta da tal Tia Maria Fernanda!
Rebecca assustada. A câmera alterando na reação das duas.
Corta para:
CENA 22/ DELEGACIA/ DIA/ INT./ TIRO AO ALVO.
Maya, toda equipada, realiza vários tiros ao alvo, e acerta todos. Um policial abre a porta da sala/
POLICIAL   - Delegada!
Maya retira os óculos de proteção, e o tampão dos ouvidos/
MAYA       - Sim!
POLICIAL   - Seu pai está a sua espera em sua sala.
MAYA       - Meu pai? O que será que ele quer?!
Maya sai da sala/
Corta para:
CENA 23/ DELEGACIA/ DIA/ INT./ SALA DA DELEGACIA.
Orlando, com sua cadeira de rodas, sentado à frente da mesa de Maya. Ela entra na sala, dá um beijo na testa do pai, e se senta em sua cadeira.
MAYA       - Sim, papai! Agora pode dizer... Está acontecendo alguma coisa?
ORLANDO    - Sim, minha filha... A sua irmã! Eu estou muito preocupado com ela... Ela foi lá em casa, subiu até o quarto de sua mãe, e depois saiu desesperada, correndo feito uma atleta!
MAYA       - Realmente é muito estranho, mas pode ficar tranquilo... Eu vou procurar saber o que está acontecendo com a Carolina e te aviso!
ORLANDO    - Obrigado, meu amor... Eu sabia que você me ajudaria!
MAYA       - Sempre! Sempre, papai!
Os dois sorriem um para o outro.
Corta para:
CENA 24/ MANSÃO DOS PASTEUR/ DIA/ INT./ SALA DE ESTAR.
Rebecca e Carolina se encaram friamente/
REBECCA    - (se fazendo de desentendida) Ham? Do que você está falando?
CAROLINA   - Eu estou falando de traição, de roubo, de ódio... Você cometeu todos os crimes possíveis com apenas uma atitude... Como você pôde ter sido tão cruel, tão sórdida, tão nojenta! Por dinheiro foi capaz de vender o próprio caráter!
Rebecca engole seco e se assusta/
REBECCA    - (grita) Você está me ofendendo!
CAROLINA   - Não se faça de desentendida! Eu quero que você me explique perfeitamente... Como foi que você conseguiu esconder por tanto tempo que roubou toda a herança que a tia Maria Fernanda deixou para o papai... ANDAA... FALAA!
Maya e Orlando entram em casa. O clima fica tenso e pesado.
MAYA       - Está acontecendo alguma coisa por aqui?
REBECCA    - Não... Eu só estava parabenizando a sua irmã pelo evento em Londres, filha!
MAYA       - Ah sim... Eu também não me canso de parabenizá-la!
REBECCA    - Agora eu vou subir... Tenho que descansar... Tive um dia muito longo e pesado na Empresa, e ainda tem a tarde toda pela frente... Com licença!
Rebecca sobe as escadas. Carolina continua no sofá. Orlando assustado a parte. Maya encara Carolina.
ORLANDO    - Eu vou dar um pulo até na cozinha e já volto!
Orlando vai em direção à cozinha. Maya se senta no sofá/
MAYA       - Agora que todo mundo já saiu... Me conta! O que estava acontecendo entre você e a mamãe!
CAROLINA   - Eu não posso falar ainda, mas já fique em alerta, porque vem bomba!
Carolina se levanta do sofá e vai embora da casa. Maya, desconfiada, sentada no sofá.
Corta para:
CENA 25/ CONSULTÓRIO DE CAROLINA/ DIA/ INT./ SALA DE CAROLINA.
Consultório bem organizado. Coisas claras, quase todas brancas. Carolina sentada prescrevendo uma receita. Batem na porta.
CAROLINA   - Pode entrar!
Olga entra no consultório. Carolina fica surpresa. Olga se senta a frente de Carolina.
CAROLINA   - (cont.) A senhora por aqui? A que devo a honra de sua ilustre visita, Dona Olga?
OLGA       - Pode ficar tranquila que eu não vim trazer nenhuma criança, até porque os meus já estão grandes, da sua idade!
As duas riem/
OLGA       - (cont.) Mas agora falando sério... Carol, você estudou, é amiga da Cecília, será que não poderia me ajudar em uma coisa?
CAROLINA   - Pode falar, dona Olga... Se estiver ao meu alcance, com toda certeza!
OLGA       - Eu estou estranhando muito as atitudes da Cecília. Ontem ela chegou tarde em casa. O Tadeu não é de se estranhar, pois além de ser homem, sempre gostou de sair! Agora a Cecília? É muito estranho ela terminar com o namorado, e agora estar chegando em casa tarde da noite... Eu estou muito preocupada!
CAROLINA   - Realmente é de se estranhar, mas a senhora não deve ficar preocupada com as atitudes de uma menina de dezenove anos... Apesar de ter estudado com a Cecília, ela sempre foi mais infantil, e parece que só agora cresceu... Dona Olga, o que eu fiz na minha adolescência, ela está fazendo agora aos dezenove anos!
Olga pensativa. Carolina observa sua reação/
OLGA       - Vendo por esse lado você tem razão! Muito obrigada, Carol!
CAROLINA   - Agora, pode ficar tranquila, qualquer coisa que eu ficar sabendo, eu vou logo te contar... Não esconderei nada, tudo bem?
OLGA       - Sim! Obrigada, meu anjo! Agora eu preciso ir... Papai me pediu para comprar algumas coisinhas no mercado!
Olga sai do consultório. Carolina fecha a porta/
Corta para:
CENA 26/ EMPRESA PASTEUR/ DIA/ INT./ RECEPÇÃO.
Ambiente requintado. Gioconda (recepcionista, cabelos presos, uniforme, olhos arregalados e castanhos) sentada a frente de um balcão. Olavo (cabelos grisalhos, olhos castanhos e cruéis, terno preto), com um retrato nas mãos, se aproxima da bancada/
GIOCONDA   - O que é isso que você tem na mão, Olavo?
OLAVO      - É uma foto... A foto do amor da minha vida, Gioconda!
Olavo vira a foto para Gioconda, que se assusta/
GIOCONDA   - (sussurrando) Você tá maluco? Vai ficar por aí andando com a foto da filha da patroa na mão... Você sabe o que pode acontecer!
OLAVO      - (sussurrando) Fique tranquila... Eu arrumei um jeito de amansar a fera... Descobri um segredo dos cabeludos... Rebecca que me aguarde!
Corta para:
CENA 27/ EMPRESA PASTEUR/ DIA/ INT./ PRESIDÊNCIA.
Rebecca, com uma expressão nada agradável, sentada em sua cadeira, a frente da mesa. Olavo entra na sala de Rebecca. Ela se assusta/
REBECCA    - Como você pode ter a audácia de entrar na minha sala assim, sem se quer avisar?!
OLAVO      - Então é melhor ir se acostumando... Isso será constante a partir de agora!
REBECCA    - (confusa) Ham? Como assim?
OLAVO      - Acabou o show, Rebecca... Você está D-E-S-M-A-S-C-A-R-A-D-A!
Olavo se aproxima de Rebecca, que engole seco.
OLAVO      - (sussurrando) Pensou que esse seu sórdido lazer nunca iria ser descoberto?
REBECCA    - Mas do que você está falando?
OLAVO      - Eu já sei que você é uma assassina! Sei que você mata pessoas por puro prazer!
Rebecca dá um tapa na cara de Olavo, que se vira com um sorriso cínico.
REBECCA    - (com raiva) Canalha!
OLAVO      - O que eu quero é muito simples... Apenas o seu apoio para ter o coração de Carolina!
REBECCA    - Você já é casado... Eu não quero confusão com a Valéria!
OLAVO      - Se eu conseguir ganhar o coração da sua filha, eu irei me separar da Valéria, e esse segredo irá morrer no meu túmulo!
Os dois se encaram. Olavo se retira da sala. Rebecca vai até a porta. Olavo conversando “em off” com Gioconda. Rebecca começa a escutar/
OLAVO      - (em off) Pronto! Consegui! Agora eu preciso ir... Hoje a noite preciso ir à casa da Carol... Vou fazer o possível para ter uma noite de amor com ela!
Rebecca volta, e pega seu celular em cima da mesa. Ela disca/
REBECCA    - (tel.) Alô?! Carolina?! Então... O seu pai estava se queixando de dores de cabeça hoje de manhã... Eu estou um pouco preocupada, mas tenho uma reunião muito importante às oito da noite. Será que teria como você ficar com ele pra mim? (pausa) Ótimo! Ótimo! Então fica combinado assim! As oito eu vou à reunião e você fica lá em casa com o seu pai! Tchau!
A CAM. FOCA em Rebecca, com os olhos vermelhos, simulando ódio.
Corta para:
CENA 28/ STOCK-SHOTS/ DIA-NOITE.
Sonoplastia: SOM DE PIANO ACELERADO, COM TOM DE MISTÉRIO.
Imagens aéreas do anoitecer no Rio de Janeiro.
CENA 29/ MANSÃO DE CAROLINA/ NOITE/ INT./ SALA DE ESTAR.
Ambiente sem iluminação. A porta se abre lentamente. Olavo aparece, e estranha. Ele acende a luz/
OLAVO      - Será que ela não vai dormir em casa hoje?
Olavo olha a sua volta, e apaga a luz em seguida.
OLAVO      - (cont.) Acho melhor eu ir esperá-la no quarto!
Olavo sobe as escadas. Novamente a porta se abre. Um ranger mais sombrio, com um pequeno eco. Rebecca acende a luz. Ela, lentamente, coloca uma luva preta, mas rapidamente pega uma faca de sua bolsa. Rebecca apaga a luz. Um barulho de uma pessoa que desce as escadas.
OLAVO      - Tem alguém aí?
Olavo acende a luz. Rebecca sentada no sofá. Olavo se assusta. Ela com um sorriso cínico/
REBECCA    - Surprise!
OLAVO      - Você? Aqui?
Rebecca se levanta e fica de frente a Olavo. Ele assustado/
OLAVO      - Por favor... Não faça nada comigo! Eu juro que não falo nada pra ninguém!
REBECCA    - Anda... Corra! Ainda dá tempo! Frouxo!
Rebecca dá uma gargalhada/
REBECCA    - (cont.) Eis que lhe digo o mesmo que me falastes hoje... Eu mato por prazer! Ah, e sem me esquecer... Realmente... É... Realmente esse segredo morrerá no seu túmulo! Que tal se fizesse isso de uma vez?
Rebecca vira sua faca, que está as suas costas. Olavo sente a sombra e se vira para ela.
Rebecca, espumando ódio, enfia a faca na barriga de Olavo, que coloca a mão na barriga e vai caindo aos poucos. Olavo cai no chão, e morre, com os olhos abertos.
REBECCA    - Parabéns! Conseguiu me fazer voltar ao mundo do crime... Há muito tempo eu não matava alguém com as minhas próprias mãos!
Rebecca tira a faca da barriga de Olavo, pega em sua bolsa um pano, e coloca a faca novamente em cima da barriga de Olavo. Ela sai correndo da casa, em seguida/
Corta para:
CENA 30/ MANSÃO DOS PASTEUR/ NOITE/ INT./ SALA DE ESTAR.
Carolina sentada no sofá. Orlando ao seu lado. Os dois se divertem. Carolina mostra preocupação/
CAROLINA   - Você não acha que a mamãe está demorando demais? Já é meia-noite... Eu já não sei o que fazer, amanhã tenho que trabalhar!
Rebecca entra ofegante e preocupada em casa. Carolina e Orlando a observam. Ela beija os dois/
REBECCA    - Mil desculpas, Carolina... A reunião demorou mais do que o previsto... Você acredita que um dos acionistas ficou me questionando, quanto ao projeto de críticas do novo book que estamos preparando! Cara ridículo... Enfim, não quero te segurar aqui... Muito obrigada, filha!
CAROLINA   - De nada, mãe... Qualquer coisa!
REBECCA    - Está bem, minha filha! Obrigada!
CAROLINA   - Agora eu realmente preciso ir!
CORTE IMEDIATO PARA A PRÓXIMA CENA/
CENA 31/ MANSÃO DE CAROLINA/ NOITE/ INT./ SALA DE ESTAR.
Local totalmente escuro. Carolina entra ainda na escuridão. Apenas o barulho de seu salto. Ela acende a luz. A CAM. FOCA no rosto de Carolina, assustada, pálida.
CAROLINA   - Mas o que é isso?! O que aconteceu aqui?
A CAM. vai andando e localiza o corpo de Olavo, todo ensanguentado, estirado no chão.
Carolina, em off, grita.
FADE OUT.


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