quinta-feira, 30 de julho de 2015

Capítulo 37: Mar da Vida



CENA 01. APTO CÉSAR. INT. DIA.

     Continuação do capítulo anterior. César e Brenda se beijam. Aos poucos, vão se despindo de suas roupas, enquanto trocam carícias e beijos. César e Brenda fazem amor, apaixonadamente.

CENA 02. TRANSIÇÃO DO TEMPO. ANOITECER / SÃO PAULO. AEROPORTO. INT. NOITE.

     Imagens de Praia Real ao anoitecer. Imagens de São Paulo já a noite. Corta para aeroporto. Rúbia e Patrícia se preparam para embarcar, no saguão.

RÚBIA: - Ai, Paty! Tem certeza que pegou todas as nossas coisas?
PATRÍCIA: - Peguei sim, Rúbia! Você já me perguntou isso mais de mil vezes!
RÚBIA: - É que eu comprei tanta coisa que tenho medo de esquecer alguma...
PATRÍCIA: - Mas não esqueceu nada não...

Patrícia olhando em volta se surpreende ao ver Cadu.

PATRÍCIA: - Não acredito...
RÚBIA: - O que foi? Esqueceu alguma coisa né? Eu sabia!
PATRÍCIA: - Claro que não, não é isso!... O Cadu vem vindo aí!
RÚBIA (virando-se para ver): - Não me diz isso!...

Cadu se aproxima delas.

CADU: - Não poderia deixar de vir ver vocês duas, desejar boa viagem.
PATRÍCIA: - Obrigada, Cadu. (abraçando ele) Você foi um amigão mesmo. Valeu por tudo!
CADU: - Vocês também foram uma ótima companhia para mim.
RÚBIA: - Com certeza a gente se vê novamente, por aí... Curtir umas baladas, dar risada...
CADU: - Se aproximar cada vez mais...
RÚBIA: - Dependendo do tipo de aproximação, pode acontecer de verdade.
PATRÍCIA (percebendo o clima): - bom Rúbia, vamos? Já anunciaram o nosso vôo...
RÚBIA: - Vamos sim.

Patrícia abraça Cadu novamente.

PATRÍCIA: - Tchauzinho Cadu! Beijos, beijos!
CADU: - Beijão Paty. Abraço para os seus pais.
PATRÍCIA: - Pode deixar, será dado sim.

Patrícia pega suas coisas, enquanto Rúbia se aproxima de Cadu.

RÚBIA; - Não quero que você fique triste comigo, chateado, por eu não escolher ficar com você. Mas quero que entenda a minha situação.
CADU: - Tudo bem... Eu vou tentar entender você...
RÚBIA: - Eu nunca vou te esquecer e nem o que você fez por mim, Cadu. Isso vai ficar para sempre.
CADU: - Pode ter certeza que vai.

Os dois se abraçam.

RÚBIA: - Fica com Deus.
CADU: - Você também. Se cuida.

Patrícia e Rúbia seguem para a sala de embarque. Cadu fica a observá-las.

CENA 03. APTO CÉSAR. QUARTO. INT. NOITE.

     CAM mostra César e Brenda deitados na cama, cobertos com um lençol. Os dois estão dormindo “de conchinha”, bem agarradinhos. Aos poucos, César se acorda. Olha para Brenda e sorri. Beija o seu rosto e se levanta. Brenda continua na cama, dormindo.

CENA 04. APTO CÉSAR. COZINHA. INT. NOITE

César prepara um lanche. Organiza tudo numa bandeja e leva para o quarto.

CENA 05. APTO CÉSAR. QUARTO. INT. NOITE.

César entra no quarto, coloca a bandeja sobre uma mesa de canto. Senta-se na cama, ao lado de Brenda e alisa seu corpo. Brenda sente as carícias de César e aos poucos se acorda.

CÉSAR: - Você é linda até dormindo... Feito um anjo!
BRENDA: - Tive um sonho tão bom...
CÉSAR: - Ah é? E sonhou o quê?
BRENDA: - Sonhei com você. Só eu e você, na beira da praia, trocando carinhos e beijos apaixonados!

Os dois se beijam, felizes.

CÉSAR (pegando a bandeja): - Preparei um lanche para a gente comer.
BRENDA: - Hum, deve estar uma delícia!
CÉSAR: - Espero que você goste.
BRENDA: - Já gostei só de olhar!... (olha na janela / espantada) Nossa! Já é noite!
CÉSAR: - Sim... E o que tem?
BRENDA: - Eu havia dito para o vovô e a vovó que eu não iria demorar!
CÉSAR: - Ah, mas não precisa se preocupar não. A gente toma esse lanche aqui e depois eu levo você para casa.

CENA 06. BEST FISH. CORREDOR. INT. NOITE.

     Tomás e Leandro caminham pelo corredor da Best Fish.

LEANDRO: - Até que o serviço hoje foi mais leve...
TOMÁS: - Só se foi pra voce, porque eu ainda tenho que levar uns papeis pra casa pra terminar... amanhã tenho que entregar isso tudo pronto!
LEANDRO: - Boa sorte para você meu amigo!

Nesse instante, Felipe sai da sua sala e encontra os dois.

FELIPE: - Fim de expediente então?
LEANDRO: - Graças a Deus!
FELIPE: - Eu também já estou indo embora.
TOMÁS: - Felipe, fiquei sabendo que você saiu da casa do doutor Alberto. É verdade?
FELIPE; - Saí sim, Tomás. Agora estou morando sozinho, no meu apartamento. É bom né, acho que já tenho idade para morar sozinho.
LEANDRO: - Ah, que saudade do meu tempo de solteirice, de morar sozinho... Era uma farra só! Não que agora eu não esteja feliz casado, com a minha família, mas que era bom, isso era!
TOMÁS: - Eu já me sinto melhor assim, casado, pai de família... Gosto muito de chegar em casa, ver minha mulher, minha filha. Isso me deixa de peito estufado!
FELIPE: - Eu avisto casamento lá adiante, mas bem lá adiante!

Os três riem.

LEANDRO: - Que tal a gente curtir um barzinho?
TOMÁS: - Agora?
LEANDRO: - É, um happy hour, pra gente curtir, relaxar... Que tal?
FELIPE: - Eu topo. O que eu mais preciso é relaxar mesmo.
LEANDRO: - E aí Tomás?
TOMÁS: - Vamos sim... Também estou precisando relaxar, espairecer!
LEANDRO: - Então vamos lá!

Os três saem.

CENA 07. CALÇADÃO PRAIA REAL. CARRO CÉSAR. INT. NOITE.

     César para com o carro próximo ao restaurante Maresia.

BRENDA: - Obrigado por tudo.
CÉSAR: - Eu é que agradeço você pela companhia, pelo seu amor, por você existir na minha vida.

     Os dois se olham profundamente e se beijam.

BRENDA: - Preciso ir agora.
CÉSAR: - E quando a gente se encontra novamente?
BRENDA: - Em pouco tempo. Pelo menos é o que eu espero.
CÉSAR: - Pelo menos lugar a gente já tem pra se encontrar, pra se curtir.
BRENDA: - Boa noite. Amo você.
CÉSAR: - Também te amo.

     Os dois se beijam novamente. Brenda sai do carro e vai embora. César fica a observá-la por um instante, feliz. Depois liga o carro e vai embora.

CENA 08. RESTAURANTE MARESIA. SALÃO. INT. NOITE.

     Brenda chega no restaurante, sorridente.

BRENDA: - Boa noite pessoal!
JOAQUIM: - Até que enfim, Brenda! Pensei que não viesse mais para casa!
MATILDE; - Eu já estava preocupada, minha filha!
BRENDA: - Desculpa vovó, não consegui avisar que eu me atrasaria, mas estou bem, já cheguei!
JOAQUIM: - E o que compromissos eram esses que você tinha para resolver?
BRENDA; - Ah vovô, nada de mais. Contas, fui ao banco, visitei alguns cursos.
MATILDE: - Está pensando em voltar a estudar?
BRENDA: - Estou sim, vovó. Estudar é sempre bom, não é? E eu sempre gostei.
JOAQUIM: - Faz muito bem, minha filha. A única coisa que poderemos deixar para os nossos descendentes e que ninguém pode tirar é o estudo.
BRENDA; - Enfim, foi um dia bem proveitoso para mim! Eu vou lá dentro, tomar um banho, trocar de roupa. Já volto para ajudar aqui.
MATILDE: - Pode ir tranqüila, Brenda.

Guto, de longe, observa a felicidade de Brenda. Ela sai e ele a segue.

CENA 09. APTO VERA. QUARTO VERA. INT. NOITE.

     Vera está deitada na cama, assistindo TV, quando Sabrina entra no quarto.

SABRINA: - Vou dar uma volta por aí, mãe.
VERA: - Por aí aonde, Sabrina?... E sozinha?
SABRINA: - Pelo centro, no shopping. E não vou sozinha, vou com umas meninas da faculdade. Combinamos no Chat.
VERA: - Mesmo assim, toma cuidado, meu bem!
SABRINA: - Não precisa se preocupar mãe!... Aliás, eu é que estou preocupada com você... desde a hora que você chegou hoje se enfiou dentro desse quarto e não saiu mais... Agora está aí, quietinha, parece realmente preocupada com alguma coisa...
VERA: - Ai filha, eu estou preocupada sim.
SABRINA (sentando-se na cama): - Preocupada com o que, mamãe?
VERA; - Com a sua tia, Cristina.
SABRINA: - O que aconteceu agora? Ela teve outra crise de ira?
VERA: - Não, não teve mais não.
SABRINA; - Mas então a senhora está preocupada com o quê?
VERA: - Com esse comportamento de montanha-russa que ela tem!... Uma hora está tudo bem, outra hora é tudo raiva, ódio, ou então tristeza, melancolia... Até alegria em excesso ela tem! Isso não é normal!
SABRINA: - Com certeza não. É ruim dizer isso, mas pra mim, a tia Cristina está ficando louca, mãe!
VERA: - Ela não está louca, Sabrina. Ela pode estar doente. Uma doença psicológica, talvez, um distúrbio...
SABRINA: - Bom, o que se pode fazer por ela no momento é apoiar e cuidar para ela não sair brigando com todo mundo por qualquer coisa... (beijando Vera) Eu vou indo lá mamãe.
VERA: - Não demora, meu bem! Qualquer coisa, liga!
SABRINA (saindo): - Está certo!

Sabrina sai. Vera fica pensativa.

CENA 10. CASA BRENDA. QUARTO BRENDA. INT. NOITE.

     Brenda está pegando umas roupas para ir ao banho, quando Guto entra no quarto, com aparência séria, fechada.

BRENDA: - O que foi, Guto? Aconteceu alguma coisa lá no restaurante?
GUTO: - Você foi se encontrar com ele, não foi?
BRENDA: - Ele quem?
GUTO: - Você sabe de quem eu estou falando...
BRENDA: - Fui. Eu fui me encontrar com o César sim. Passamos o dia todo juntos e foi muito bom.
GUTO: - Eu não acredito nisso. Eu não acredito que ele possa fazer você feliz.
BRENDA: - E por que não?
GUTO: - Porque ele está só te enganando, Brenda! Ele é um sem vergonha, um bígamo!
BRENDA: - Não fale assim do César, Guto! Eu posso até entender que você não me queira ver com ele, que ainda gosta de mim. Mas eu não admito que você fale assim do César na minha frente!
GUTO: - Você está sendo enganada.
BRENDA: - Ninguém está enganando ninguém, Guto. O César vai conversar com a Rúbia, ele vai deixar ela e nós dois iremos viver felizes juntos. Isso não é enganar, é evitar a infelicidade.
GUTO: - Você acha mesmo que os dois vão se separar?
BRENDA; - O César me deu a palavra dele.
GUTO: - Eles não vão se separar Brenda. O casamento está marcado, a Rúbia está grávida! Não há como eles se separarem.
BRENDA; - Você está torcendo para que eles fiquem juntos, não é?
GUTO: - Se eu disser que não, estarei mentindo para você.
BRENDA: - Não quero mais falar sobre isso, Guto. Não quero brigar com você. Se você puder me dar licença, eu quero arrumar minhas coisas, tomar um banho e ir ajudar lá no restaurante. Aliás, eles devem estar precisando de ajuda lá.

     Guto encara Brenda e aos poucos, vai saindo do quarto. Brenda fica pensativa.


CENA 11. RIO DE JANEIRO. AEROPORTO. SAGUÃO. INT. NOITE.

     Imagens do saguão do aeroporto. Grande movimentação de pessoas. CAM foca Rúbia e Patrícia chegando. Rúbia se envaidece, alisando a barriga.

CENA 12. BARZINHO. INT. DIA.

     Felipe, Tomás e Leandro conversam na mesa do bar.

LEANDRO (animado): - Eu só sei que meu time ganhou de virada, aliás, foi de goleada no último jogo e agora está folgado no campeonato.
TOMÁS: - Ah Leandro! Também, o time que ele enfrentou é o lanterna da competição! Não teve nem graça assistir o jogo!
LEANDRO: - Você está falando só porque o seu time não está lá essas coisas... E você, Felipe, viu o jogo?
FELIPE: - Eu não me ligo muito em futebol não.
TOMAS: - Ah não? E gosta de que esporte, Felipe?
FELIPE: - Para falar a verdade, eu não me prendo muito em esporte não... O máximo que eu faço é uma academia de vez em quando.
LEANDRO: - Não curte nem uma pelada no final de semana, com aquele churrasquinho depois e um pagode recheado de mulher?
FELIPE; - Dispenso Leandro.
LEANDRO: - Então em que mundo você vive, Felipe? Não sabe o que está perdendo!
TOMÁS: - Mas o Felipe não é o único. Tem muita gente que é assim como ele, não se liga muito em futebol, esses esportes de massa... Eu até gosto de um futebolzinho. É a minha única atividade física.
LEANDRO: - Esqueceu do sexo, Tomás!
TOMÁS: - Como assim, esqueci do sexo?
LEANDRO: - Ué, o sexo é uma atividade física também, meu camarada! Você se exercita, queima calorias, transpira...
FELIPE (risos): - Tem razão, Leandro!
LEANDRO: - Sem falar que você vai ao céu, é puro êxtase, excitação!
TOMÁS: - Calma, Leandro! Daqui a pouco você vai estar tendo um orgasmo aqui na mesa!
LEANDRO: - Ei, ei, está me estranhando é? No meio de dois machos? Eu fora!
TOMÁS (olhando o relógio): - O papo está bom, mas eu já vou indo embora.
FELIPE; - Já Tomás? Está cedo ainda!
LEANDRO: - É camarada! A noite é uma criança!
TOMÁS: - Mas já está na minha hora. A Cristina deve estar sozinha em casa. Não gosto de deixá-la sozinha.

Tomás levanta-se, cumprimenta Leandro e Felipe.

TOMÁS: - Leandro, acertamos o chope depois?
LEANDRO: - Pode ir tranqüilo, Tomás.
TOMÁS: - Boa noite para vocês.

Tomás vai embora. Leandro e Felipe ficam sozinhos na mesa.

FELIPE; - Tomás saiu me parecendo preocupado com a mulher dele... Ela está doente?
LEANDRO: - Está louca, isso sim.
FELIPE (acha engraçado): - Louca é?
LEANDRO: - Ah, isso é modo de dizer... Ela às vezes tem umas crises, umas viradas de temperamento... Coisa totalmente esquisita. Mas isso é assunto para mais um chope. Aceita?
FELIPE: - Claro! Pode descer aí.

Leandro chama o garçom e pede mais chope para a mesa.

CENA 13. CASA TOMÁS. QUARTO TOMÁS. INT. NOITE.

     Cristina está deitada na cama, sozinha.

CRISTINA: - Será que eu estou mesmo doente? Será que eu estou ficando louca?... Eu não posso faltar com a minha família... Eu não posso...

CENA 14. RESTAURANTE MARESIA. SALÃO. INT. NOITE.

     Matilde e Joaquim conversam.

JOAQUIM: - Vendo a Brenda chegar tão feliz aqui no restaurante, me deu uma vontade de falar para ela toda verdade!
MATILDE: - Calma Joaquim! Não pode ser assim! A gente não sabe como a menina vai reagir, o que vai pensar...
JOAQUIM: - Eu sei. Tem que ser com cuidado.
MATILDE; - Isso mesmo.

     Num outro ponto do salão, Brenda e Alice conversam.

ALICE; - Então o passeio foi além das expectativas, é isso?
BRENDA: - Foi maravilhoso, Alice! Eu já imaginava que seria bom, mas não pensava que fosse tanto!

As duas riem animadas. Ao longe, Guto observa sério. Sérgio se aproxima.

SÉRGIO: - EI Guto! Para de ficar aí se amargurando! Bola pra frente, cara!
GUTO: - Ela acha que o César vai ficar com ela... Ele está enganando ela.
SÉRGIO: - Se ele está enganando ela, isso é ela que vai resolver e não você.
GUTO: - Ela não pode sofrer, Sérgio!
SÉRGIO: - Mas você não pode controlar a vida dela, Guto!... Desse jeito, você vai acabar fazendo com que ela se afaste de você.

CENA 15. LONDRES. PUB. INT. NOITE.

     Matheus e Natanael conversam no pub.

NATANAEL: - Então você e a sua namorada enfrentaram um perrengue pra ficar juntos?
MATHEUS: - Isso mesmo. E de certa forma ainda enfrentamos... Minha mãe não é totalmente a favor de nós dois. Aliás, não é nada a favor da gente ficar junto.
NATANAEL: - E como vocês fazem para namorar, se curtir?
MATHEUS; - A gente se encontra, vai passear... O ruim é que ela não pode freqüentar a minha casa, né? Para não gerar problema...
NATANAEL: - Entendo.
MATHEUS: - E você? Não tem ninguém?
MATHEUS: - Nem aqui, nem no Brasil, nem em lugar algum. Não quero me envolver tão cedo com alguém!
MATHEUS; - Ué, mas por que? Desilusão amorosa?
NATANAEL: - Não, nada disso. Só não quero me prender a ninguém, sabe? Depois que eu terminar a faculdade, quero ter o prazer de viajar por aí com o meu avião, sem me preocupar em dar satisfação para ninguém, sabe?
MATHEUS: - Sei sim. Liberdade!
NATANAEL: - Adoro essa palavra!... Liberdade!
MATHEUS; - Mas às vezes, uma companhia é bom, não acha?
NATANAEL: - Claro que é... Também não serei hipócrita em achar que viver sozinho, sem ninguém é a maravilhoso. O que eu não quero é compromisso, entende?... Um rolinho ali, outro casinho aqui, não faz mal. Até porque, ninguém é de ferro, né rapaz?
MATHEUS: - É mesmo!

CENA 16. CASA ALBERTO. SALA DE JANTAR. INT. NOITE.

     Alberto, César, Tânia e Marina jantam. Clarisse está ao lado, próxima à mesa.

ALBERTO: - Você hoje nem passou na empresa, César.
CÉSAR: - Eu tirei o dia para resolver uns compromissos, papai.
TÂNIA: - E que compromissos eram esses?
CÉSAR: - Coisas minhas mamãe.
TÂNIA: - Ultimamente você anda cheio de segredinhos.
MARINA: - Todos têm segredos, Tânia.

Tânia encara Marina.

CLARISSE: - Ah, César! A Rúbia ligou hoje à tarde.
CÉSAR: - A Rúbia! Ela não disse o que queria?
CLARISSE: - Queria falar com você, mas eu disse que você havia saído.
ALBERTO: - A Rúbia... Estou louco para ver a barriguinha dela de grávida! Deve estar linda!
CÉSAR: - Bom que você me falou Clarisse! Vou ligar para ela agora!

Nesse instante, Rúbia entra na sala.

RÚBIA: - Acho que não vai preciso ligar, César. Eu já estou aqui!

Todos ficam surpresos com a chegada de Rúbia.

CENA 17. APTO LÍLIAN. SALA. INT. NOITE.

     Fredy e Lílian conversam com Diogo.

LÍLIAN: - Muito obrigada Diogo, por você ter aceitado o nosso convite de vir até aqui.
DIOGO: - Não precisa agradecer não, gente. Eu é que peço desculpas, porque só consegui sair da imobiliária à essa hora.
FREDY: - Sem problemas. Pena o César não poder estar aqui agora, ele teve que resolver uns compromissos hoje, durante o dia.
DIOGO: - Eu entendo.
LÍLIAN: - Pois então, Diogo, nós pegamos o seu contato através da Best Fish, de onde o projeto ambiental é ligado, porque nós queremos firmar uma parceria com você, ou melhor, com a imobiliária.
DIOGO: - E como seria essa parceria?
FREDY: - Você com certeza ficou sabendo que o projeto ambiental sofreu um grave incêndio há um tempo.
DIOGO: - Claro que soube. Foi desastroso...
FREDY: - Foi mesmo. Mas agora nós estamos prestes a concluir as obras de reconstrução do novo espaço.
LÍLIAN: - E nesse novo espaço, nós teremos salas especiais para, além de cuidar dos animais e do mar de Praia Real, também pretendemos oferecer palestras, cursos sobre preservação ambiental, biomas, entre outros planos.
DIOGO: - E onde a imobiliária se encaixa nesse projeto?
FREDY: - Nós ficamos sabendo que vocês estão coordenando a ocupação do condomínio que fica próximo à reserva ambiental do morro.
DIOGO: - Sim, somos nós mesmos.
LÍLIAN: - Então, como a área da reserva é um espaço delicado de trabalhar e até preservar, nós achamos que com a ajuda da imobiliária, será possível que os moradores do novo condomínio e também os moradores que já vivem na redondeza podem se conscientizar da preservação dessa região.
DIOGO: - Gente, se eu contar para vocês que lá na imobiliária nós tivemos essa ideia, de fazer uma campanha de preservação da reserva, vocês não irão acreditar!
FREDY: - Nossa, muita coincidência!
LÍLIAN: - Isso é um bom sinal então!
DIOGO: - Isso é um ótimo sinal! Por mim, a parceria está firmada com certeza!

Os três comemoram.




CENA 18. CASA TOMÁS. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

     Tomás chega em casa e vai subindo as escadas, quando escuta um barulho na porta. Ele volta e vê Patrícia entrando em casa.

TOMÁS (surpreso / feliz): - Filha!
PATRÍCIA: - Papai!

Os dois se abraçam fortemente.

TOMÁS: - Patrícia! Você aqui! Mas... Você veio antes, não avisou nada...
PATRÍCIA: - Queria fazer surpresa! E a mamãe?
TOMÁS: - Pois eu também cheguei a pouco tempo, estava subindo agora para o quarto... Vamos lá ver sua mãe!

Os dois sobem animados.
                                            
CENA 19. CASA TOMÁS. QUARTO TOMÁS. INT. NOITE.

Tomás e Patrícia entram no quarto. Cristina está deitada na cama, dormindo.

PATRÍCIA: - Ela dormiu...
TOMÁS: - Nem pode ver a sua surpresa...

Nesse instante, Cristina se acorda.

CRISTINA: - Filha!
PATRÍCIA (subindo na cama): - Mamãe!

As duas se abraçam fortemente. Cristina se emociona.

CRISTINA: - Senti tanta sua falta, meu amor!
PATRÍCIA: - Eu também, mamãe! Morri de saudades! De vocês dois!

Tomás se aproxima e abraça as duas.

TOMÁS: - É tão bom abraçar os meus amores...

Os três permanecem abraçados, felizes.

CENA 20. CASA ALBERTO. SALA DE JANTAR. INT. NOITE.

     Rúbia é recepcionada pelo pessoal na sala de jantar.

CÉSAR: - Rúbia!
RÚBIA: - Então César, não vai me dar um beijo de boas vindas?

César se aproxima de Rúbia e a beija.

ALBERTO: - Mas que surpresa é essa, menina? Porque não avisou que chegava hoje? Assim eu poderia pedir para o Charles buscá-la no aeroporto.
RÚBIA: - Mas a intenção era fazer uma surpresa, seu Alberto, para toda família.
MARINA: - E pelo visto, conseguiu! (risos)
RÚBIA: - Clarisse, avise o Charles para buscar minhas malas no táxi, lá fora, por favor?
CLARISSE: - Claro, com licença.

Clarisse sai.

TÂNIA: - Pensei que ficaria mais tempo em São Paulo, Rúbia, aproveitando as belezas da metrópole.
RÚBIA: - Bem que eu poderia ficar, Tânia, mas a saudade do meu amor me fez perder qualquer vontade de ficar.
MARINA: - E você voltou até mais linda, Rúbia, feliz. Essa viagem fez muito bem para você.
RÚBIA: - Obrigada, Marina. E eu estou mesmo, muito feliz. Ainda mais com esse bebê que estou esperando.

Rúbia alisa a barriga sobre o vestido, que está saliente.

ALBERTO: - Em tão pouco tempo a barriga já deu uma crescida!
CÉSAR: - Você conseguiu comprar tudo o que queria, Rúbia?
RÚBIA: - Por incrível que pareça, eu consegui. Mas gente, São Paulo é tudo de bom mesmo! Tem muita coisa boa, roupas lindas... Comprei cada roupinha para o bebê!... Mas comprei tudo assim, branco, amarelo, verdinho... Até porque eu não sei o sexo dele ainda.
ALBERTO: - E quando você pretende saber? Quando será a sua próxima consulta?
RÚBIA: - Dentro de alguns dias. Mas o sexo eu só vou descobrir quando ele nascer.
TÂNIA: - Realmente, a sua barriga cresceu... Posso tocar?
RÚBIA: - Não!

Todos ficam surpresos.

TÂNIA: - Mas por que não?
RÚBIA: - Simpatia.
ALBERTO: - Simpatia? Que história estranha é essa, Rúbia?
RÚBIA: - A história é mesmo estranha, seu Alberto. Enquanto eu e a Paty fazíamos compras, fomos abordadas por uma cigana. E ela leu a minha mão, dizendo que meu filho seria muito feliz, abençoado pelos deuses e de progresso na vida. Mas para que isso se concretize, ninguém, além de mim, poderá tocar na barriga. Isso porque nem todas as pessoas, possuem as energias positivas que contribuem para o bem estar espiritual do bebê.
MARINA; - Gente, que coisa maluca!
RÚBIA; - Maluca ou não, eu prefiro acreditar. Vai saber se isso não é verdade?
CÉSAR: - Eu acho isso uma tremenda bobagem, Rúbia! Essas coisas não têm nada a ver!
RÚBIA: - Claro que tem, gente! E a cigana falou com um brilho no olhar intenso... Até me arrepio só de falar!
ALBERTO: - Aposto que ela te cobrou caro por isso...
RÚBIA: - Ela não me cobrou nada, seu Alberto. Ela disse que a minha felicidade seria a recompensa dela.

Tânia observa tudo desconfiada.

ALBERTO: - Bom, se essa é a vontade da futura mamãe, que assim seja!

Clarisse entra na sala.

CLARISSE: - Pronto, Rúbia. O Charles já trouxe todas as suas coisas e as colocou no quarto de hóspedes. Assim, amanhã, ou quando você quiser, fica melhor de você organizar tudo.
RÚBIA; - Obrigada, Clarisse...
CLARISSE: - Por nada. Com licença.

Clarisse sai.

RÚBIA: - Gente, se vocês me permitem, eu vou subir para descansar. A viagem, por incrível que pareça, para mim ficou cansativa.
ALBERTO: - Claro, minha querida! Vá descansar sim. Teremos muito tempo ainda para falar sobre a viagem.
RÚBIA; - Com certeza. Tenham todos uma boa noite. Você vem comigo, César?
CÉSAR: - Claro, vamos sim.

Rúbia e César saem.

ALBERTO: - O que foi Tânia? Você parece preocupada...
TÂNIA: - Eu, preocupada? Não... Estou apenas pensando numa coisa aqui, mas sem muita importância.
ALBERTO: - Fiquei tão feliz com a chegada da Rúbia e do meu netinho!
MARINA; - Netinho? Pode ser uma netinha, papai!
ALBERTO: - Pois é! Agora só quando nascer para saber ao certo. Mas só o fato dela estar aqui conosco novamente já me deixa mais tranqüilo.
MARINA; - Só essa história sinistra da cigana, não é? Nunca vi coisa igual.
ALBERTO: - Eu também não. Mas nunca se sabe, não é mesmo? Às vezes é bom não mexer com essas coisas de magia, energias...
MARINA; - Há quem acredite ou não nesse misticismo. A rúbia pelo jeito acredita e muito.
TANIA: - Ela acredita é no golpe dela, isso sim...
ALBERTO: - O que você falou, Tânia?
TÂNIA: - Hã?! Ah, pensei alto, só... Falei que ela crê fortemente em qualquer crendice, só isso.
MARINA: - É, pode ser também. Mas quem somos nós para dizer que não é verdade, não é mesmo?
ALBERTO: - É mesmo, minha filha... Bom, o papo está muito bom, mas eu vou subir. Boa noite minha filha.
MARINA: - Boa noite papai. Sonhe com os anjos!
ALBERTO: - Você vem também, Tânia?
TÂNIA; - Daqui a pouco, querido. Eu quero achar um livro ali no escritório. Gosto de ter algo na cabeceira da cama, nas noites de insônia!
ALBERTO: - Tudo bem. Boa noite para vocês!

Alberto sai.

MARINA; - Acho que eu também já vou indo.
TÂNIA; - Já vai tarde, inclusive.
MARINA; - Poupe-me Tânia. Boa noite para você.
TÂNIA: - Boa noite queridinha.

Marina sai. Clarisse entra na sala.

CLARISSE: - A senhora vai precisar de mim ainda, dona Tânia?
TÂNIA; - Não, Clarisse. Pode se retirar também.
CLARISSE: - Obrigada. Boa noite para a senhora.

Clarisse sai. Tânia olha em volta, verificando se não há ninguém por perto. Ela levanta-se da mesa e sai da sala.

CENA 21. CASA ALBERTO. ESCRITÓRIO. INT. NOITE.

Tânia entra no escritório, pega o telefone e disca para Heraldo.

TÂNIA: - Heraldo, sou eu, Tânia.
(T)
TÂNIA: - Oi, meu amor... Também estou com saudades suas!
(T)
TÂNIA: - E então, o que achou do hotel novo?
(T)
TÂNIA: - Eu falei que você iria gostar. Eu sou uma pessoa de bom gosto.
(T)
TÂNIA: - Claro! Amanhã mesmo estaremos juntinhos, eu e você!
(T)
TÂNIA: - Agora eu preciso desligar.
(T)
TÂNIA; - Tenha uma ótima noite, meu amor!

Tânia desliga o telefone, satisfeita.

CENA 22. TRANSIÇÃO DO TEMPO. AMANHECER. / CASA ALBERTO. QUARTO CÉSAR. INT. DIA.

     Imagens de Praia Real ao amanhecer. Corta para a casa de Alberto. No quarto de César, Rúbia se acorda. Ela vê que César continua dormindo. Ela se levanta e vai até o banheiro, onde arruma corretamente a barriga falsa, por baixo de sua camisola. Quando sai do banheiro, percebe que César está acordando.

RÚBIA: - Bom dia, meu amor! Desculpe se fiz algum barulho, eu não queria acordar você.
CÉSAR: - Você não fez barulho algum...
RÚBIA; - Senti tanta falta de dormir com você.
CÉSAR: - Pena que eu não posso encostar meu corpo no seu...
RÚBIA: - É uma pena mesmo. A cigana disse: nada de contato desse tipo.
CÉSAR: - Sei lá, Rúbia, eu não acredito nessas coisas não. Acho que eu, como pai, poderia tocar na barriga da minha futura esposa, senti-la, beijá-la e depois quando estiver mais crescida, sentir os movimentos do bebê!
RÚBIA: - Eu sei, meu amor! Mas eu acredito nisso! E eu estando grávida, não posso ter as minhas crenças, os meus pensamentos violados, contrariados!
CÉSAR; - Tudo bem, tudo bem...
RÚBIA: - Mudando um pouquinho de assunto, mas ainda falando de nós dois, nós poderíamos marcar para logo o nosso casamento, não acha?
CÉSAR: - Nosso casamento...
Rúbia; - É, César. Acontece que eu não quero entrar na igreja com um barrigão enorme!
CÉSAR: - Eu sei, mas...
RÚBIA: - Eu até pensei que pudéssemos casar em breve, daqui a um mês. Não está bom?
CÉSAR: - Um mês?
RÚBIA: - Sim! Eu já vi tudo de decoração, local para a festa, a igreja!... E tendo dinheiro, tempo não é problema.
CÉSAR: - Eu sei Rúbia, mas é que antes eu preciso resolver uns assuntos, uns assuntos muito importantes.
RÚBIA: - Ah não, César! Você não vai querer adiar o nosso casamento por causa do projeto ambiental?
CÉSAR: - Não é bem o projeto ambiental, Rúbia.
RÚBIA: - Se não é o projeto ambiental, com certeza não deve ser algo importante assim. Porque pra você pelo visto só o projeto ambiental é importante. Nem a nossa felicidade, o nosso casamento, o filho que eu estou esperando!... Nada, nada disso tem importância para você. Você está sempre adiando o nosso futuro, sempre...
CÉSAR: - Não, Rúbia, não diga isso. Claro que eu me importo com você, com o nosso filho...
RÚBIA: - Então vamos marcar a data do casamento logo, César! Daqui a um mês! Será perfeito!

     César fica pensativo, enquanto Rúbia se mostra animada / esperançosa.

CENA 23. CASA ALBERTO. GARAGEM. INT. DIA.

     Charles está na garagem, quando Tânia entra no local.

TÂNIA; - O carro está pronto?
CHARLES: - Está sim, dona Tânia.
TÂNIA: - Então vamos sair. Eu quero que você me leve a um lugar... Mas ninguém pode saber onde vou, entende?
CHARLES: - Entendo sim, dona Tânia.
TÂNIA: - Então vamos, não quero perder tempo.

CENA 24. CASA VIRGÍNIA. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

     Virgínia e Carvalho conversam enquanto tomam café da manhã. A mesa é farta.

CARVALHO: - A Marina é um anjo mesmo, hein, Virgínia!
VIRGÍNIA: - É mesmo. Fez questão de deixar um dinheirinho pra gente. Você gostou dessa mesa de café que eu preparei?
CARVALHO: - Nunca vi tanta coisa boa na minha vida!
VIRGÍNIA: - Presunto de Parma, peito de peru, suco de frutas vermelhas!
CARVALHO: - Com todo esse cafezão, eu vou ter energia de sobra para comemorar!
VIRGÍNIA; - Comemorar o quê?
CARVALHO: - O sorteio da loteria! Se Deus quiser, é hoje que eu fico rico!
VIRGÍNIA: - Mas você ainda tem esse bilhete, Carvalho? Pensei até que você tivesse esquecido disso!
CARVALHO: - Eu, esquecer? Mas nem em sonho, meu bem... (segurando a mão de Virgínia) Meu amor, eu vou tirar a sorte grande. Você vai ver!

     Carvalho olha para Virgínia confiante.

CENA 25. CENTRO PRAIA REAL. HOTEL LUXO. INT. DIA.

     Charles para o carro em frente a um hotel luxuoso, no centro da cidade. Tânia desce do carro e vai indo em direção a entrada do hall. Heraldo está esperando por ela na porta. Charles observa todos os movimentos de Tânia. Ela se aproxima e Heraldo vai recebê-la. Heraldo dá um beijo em Tânia, sem que ela espere. Charles vê tudo. Tânia procura disfarçar.

TÂNIA: - Heraldo? O que é isso?!
HERALDO: - Isso é um beijo, oras! Não gostou?
TÂNIA: - Claro que gostei, (olhando em volta) mas aqui, assim desse jeito não...

Tânia olha para o carro. Charles finge que não viu nada.

TÂNIA: - Vamos para o seu quarto.
HERALDO: - Vamos sim.

Tânia e Heraldo entram. Charles observa do carro.

CHARLES: - Então ela trai o seu Alberto...

CENA 26. HOTEL LUXO. QUARTO. INT. DIA.

     Tânia e Heraldo conversam.

HERALDO: - Esse hotel é bem melhor do que outro mesmo. Nem se compara! Aqui eu me sinto um verdadeiro rei!
TÂNIA: - É o hotel mais caro da cidade.
HERALDO: - Mas porque você pediu para trocar de hotel assim, de repente? Alguém descobriu alguma coisa?
TÂNIA: - Não, mas tem gente desconfiada.
HERALDO: - Quem?
TÂNIA: - A Virgínia, ex-mulher do Alberto, me viu entrando naquele hotel, na última vez em que nós nos encontramos. Ela ficou desconfiada.
HERALDO: - Se você quiser eu posso dar um jeito nela...
TÂNIA: - Não, não será preciso. Vamos evitar tomar atitudes mais drásticas... Por enquanto, fica assim... Agora eu quero é aproveitar com você.

     Tânia agarra Heraldo e os dois caem sobre a cama, aos beijos.

CENA 27. CASA TOMÁS. SALA DE JANTAR. INT. DIA.

     Tomás e Cristina estão tomando café, quando Patrícia entra na sala e senta-se na mesa com eles.

CRISTINA; - E então, minha filha, dormiu bem?
PATRÍCIA: - Dormi sim, mamãe. Até da minha cama senti falta!
TOMÁS: - Depois de uma boa viagem, nada melhor do que voltar para casa, não é mesmo?
PATRÍCIA: - É mesmo papai.
CRISTINA: - Mas e aí, me conta como foi tudo lá!
PATRÍCIA; - Foi demais, mãe! São Paulo é muito linda!... Andamos por vários lugares, passamos por cada loja, mamãe!
CRISTNA: - Ai, nem me fala, filha! As boutiques de Sampa são um arraso!
PATRÍCIA: - E são mesmo. Depois eu mostro para você as roupas que eu comprei. Mas eu também ajudei a Rúbia a comprar as roupinhas do bebê e também algumas peças do enxoval do casamento dela.
TOMÁS: - Ela deve ter comprado muita coisa... E também ficou muito feliz.
PATRÍCIA: - Ela ficou radiante, papai. A viagem fez muito bem para ela. E agora com o casamento chegando, ela só tem a ficar mais feliz do que nunca.
CRISTINA: - Ela já marcou a data?
PATRÍCIA: - Ainda não, mas me parece que ela deseja se casar daqui a um mês.
TOMÁS; - Um mês?! Nossa, não é pouco tempo?
PATRÍCIA: - Ela não quer entrar na igreja com a barriga grande...
CRISTINA: - Ah, ela já deve estar com uma barriguinha saliente mesmo, não é filha?
PATRÍCIA: - Está sim, mamãe. Uma graça!... Mas vocês nem sabem o que aconteceu!
TOMÁS; - O que foi?
PATRÍCIA; - Enquanto nós fazíamos compras, uma cigana abordou a Rúbia e leu a mão dela.
CRISTINA: - e o que ela viu?
TOMÁS: - Você acredita nisso, Cristina?
CRISTINA: - Ah, tenho um pouco de curiosidade apenas... Então, Paty, o que a cigana disse?
PATRÍCIA; - Disse que o bebê seria uma pessoa de futuro próspero, de progresso, saúde, felicidade. Mas que para isso acontecer de fato, ninguém poderia tocar nem ver a barriga de Rúbia, a não ser ela mesma.
TOMÁS: - Que loucura isso, gente. Isso não existe.
CRISTINA; - Parece loucura mesmo... Nunca vi isso antes.
PATRÍCIA: - Pois é, mas a Rúbia ficou impressionada com isso e resolveu seguir a risca os dizeres da cigana. Nem eu vi a barriga da Rúbia na viagem.
TOMÁS: - Então ela acreditou mesmo.
PATRÍCIA: - Achou melhor não arriscar... E por um lado até é bom. Pode ser uma bobagem, mas vai que no fundo acontece mesmo o que a cigana disse? É bom não brincar com essas coisas.

CENA 28. HOTEL LUXO. EXT. DIA.

     Tânia sai do hotel e caminha em direção ao carro. Charles sai do carro e abre a porta para ela, que entra. Charles entra novamente no carro.

CHARLES: - Vamos para aonde, dona Tânia?
TÂNIA: - Para casa, Charles.
CHARLES: - Tudo bem.
TANIA: - Mas antes que você saia, eu só quero avisá-lo de uma coisa.
CHARLES: - Sim, dona Tânia.
TÂNIA: - O que você viu aqui hoje, morre com você, entendeu?
CHARLES: - Mas eu não vi nada não, dona Tânia.
TÂNIA: - Acho muito bom... Mesmo assim, já está avisado.
CHARLES: - Tudo bem.
TÂNIA; - Vamos, pode ir.

Charles liga o carro e parte.

CENA 29. CASA ALBERTO. QUARTO CÉSAR. INT. DIA.

     César sai do banheiro, após tomar banho. Rúbia está fazendo anotações em uma agenda.

CÉSAR: - O que você está escrevendo aí, Rúbia?
RÚBIA: - Estou montando a lista de convidados para o nosso casamento.
CÉSAR: - Mas já?
RÚBIA; - Claro! Não quero esquecer de ninguém.

César senta-se próximo dela.

CÉSAR: - Você não acha muito rápido isso tudo não?
RÚBIA; - Não acho não. A gente se ama, César! Para quê ficar adiando a nossa felicidade?
CÉSAR: - Acontece que eu preciso falar uma coisa muito séria com você.
RÚBIA: - Mas o que você tem de tão sério para me dizer?
CÉSAR: - Nós não podemos nos casar.

Rúbia fica surpresa com César.




CENA 30. LONDRES. APTO MATHEUS. INT. DIA.

     Willian entra no apartamento de Matheus, que está vendo TV.

WILLIAN: - Com licença!
MATHEUS: - Fala Willian! Tudo bem?
WILLIAN: - Tudo bem e você, aproveitando o tempo livre?
MATHEUS: - É... Estou assistindo TV. A programação aqui é muito boa... Ah, talvez tenha que falar com o pessoal do hotel para avisar um problema.
WILLAN: - Que problema?
MATHEUS; - O telefone. Acho que está bloqueado, sei lá. Eu não consigo ligar para o Brasil.
WILLIAN: - Mas se você quiser falar com a sua mãe, pode usar o meu celular.
MATHEUS: - Mas eu queria falar também com a minha namorada, a Alice.
WILLIAN: - Bom, para isso infelizmente eu não poderei ajudá-lo.
MATHEUS; - Mas por que não? Eu prometo que é rapidinho, só para avisá-la que amanhã mesmo eu já estou indo embora.

Willian ri. Matheus não entende.

MATHEUS: - O que foi? Não lembro de ter dito algo engraçado...
WILLIAN: - Você não vai poder ligar para mais ninguém aqui, Matheus.
MATHEUS: - Por que não?
WILLIAN: - Ordem da sua mãe.
MATHEUS: - Ordens da minha mãe? Como assim, Willian?
WILLIAN: - Sua mãe me deu ordens para que eu vigiasse você aqui em Londres e ordenou que eu não deixasse você se comunicar com a favelada que você namora.
MATHEUS: - Não fale assim da Alice! Você não a conhece!... Mas porque a minha mãe faria isso comigo aqui? Eu já estou longe da Alice! O que mais ela quer?... Ah, mas amanhã quando eu chegar no Brasil, nós vamos conversar seriamente.
WILLIAN: - Acho que vai demorar um bom tempo para que você e sua mãe conversem pessoalmente.
MATHEUS: - Do que você está falando?
WILLIAN: - Você não vai embora, Matheus. Você não vai voltar para o Brasil.

Matheus fica surpreso.

CENA 31. CASA BRENDA. QUARTO ALICE. INT. DIA.

     Brenda conversa com Alice, enquanto esta se arruma para sair.

BRENDA; - Eu não sei mais como enfrentar o Guto, Alice! Ele está sempre me cercando, me dizendo coisas...
ALICE; - Que coisas?
BRENDA: - Ontem, por exemplo, ele veio me dizer que o César não vai se separar da Rúbia e que o César não vai me fazer feliz...
ALICE: - Brenda, o Guto está com o coração ferido, está falando as coisas sem pensar...
BRENDA; - Mas mesmo assim, Alice. Acho que para tudo há um limite! Por mais que ele esteja sentindo pelo nosso fim, poxa, as coisas que ele me fala, me ferem também!
ALICE: - O que você tem que fazer é não dar ouvidos. Se ele falar qualquer coisa sobre você e o César, deixa passar... Quando mais você se importa, mais ele fala. Então deixa ele falar. Ele vai ser que você não está dando importância, e vai parar com isso.
BRENDA: - Tomara amiga!... Mas e você, aonde vai toda produzida desse jeito?
ALICE: - Eu vou até a imobiliária, falar com o pai do Matheus, para saber se ele tem alguma notícia dele.
BRENDA; - É mesmo. Ele ainda não mandou notícias de Londres?
ALICE; - Nada ainda... E com a mãe dele nem adianta falar, não é?
BRENDA; - Daquela lá é bom manter distancia.
ALICE: - Por isso é que eu vou falar com o Diogo. Assim ele me ajuda a falar com o Matheus.

CENA 32. CIA DE NAVEGAÇÃO. ESCRITÓRIO. INT. DIA.

     Silvana entra apressada no escritório de Henrique.

HENRIQUE: - O que foi Silvana? Aconteceu alguma coisa?
SILVANA: - A gente precisa conversar. Do jeito que está não dá mais para ficar, Henrique.
HENRIQUE: - Do que você está falando?
SILVANA; - Estou falando do nosso casamento, que não vai nada bem. Você anda muito estranho comigo, a gente não conversa mais, não fica mais junto. Você vive aqui na droga dessa companhia de navegação e não liga mais para mim!
HENRIQUE: - Deixa de falar bobagens, Silvana! Você é que está não está nada bem... Parece uma louca! Você veio aqui para conversar ou para ficar me acusando de ser o único responsável por estar levando o nosso casamento para o ralo?
SILVANA: - E você não é o responsável por isso?
HENRIQUE; - Claro que eu não sou. Você também a sua parcela de culpa nessa história.
SILVANA: - Ah eu tenho é? Não sei onde...
HENRIQUE: - Mas eu sei. Naquela droga de história de ficar querendo me dar um filho, por exemplo.
SILVANA: - Eu só queria realizar o seu sonho...
HENRIQUE: - Mas acabou enchendo a minha cabeça!...
SILVANA: - Você está sendo grosseiro comigo! Um ingrato!
HENRIQUE: - Ingrata é você Silvana, que não enxerga o esforço que eu faço para te sustentar, enquanto você fica em casa, feito uma dondoca ou então fazendo compras.
SILVANA: - Agora você está se contradizendo, meu querido! Porque você nunca quis que eu trabalhasse! Sempre disse que mulher sua não iria trabalhar. Só iria cuidar da casa, da família...
HENRIQUE; - Eu mudei.
SILVANA: - Eu percebi que você mudou. Deixou de ser aquele homem legal, companheiro, fiel.
HENRIQUE: - Eu sou fiel, Silvana.
SILVANA: - Não é! Não é fiel coisa nenhuma! Você pensa que eu não sei que você anda me traindo, Henrique?
HENRIQUE: - Eu? Traindo você, Silvana? De onde você tirou essa ideia maluca?!
SILVANA: - Você acha mesmo que eu acreditei naquela história de problema na companhia para resolver? Não! Eu não acreditei!
HENRIQUE: - Se você não acreditou na verdade, o problema é seu! Mas não me acuse de infidelidade, pois isso eu não fiz!
SILVANA: - Mas esse seu comportamento nos últimos tempos não é normal, Henrique.
HENRIQUE: - Você que não está sendo normal, Silvana. Está ficando louca, inventando coisas!... Assim não dá mais. Não dá mesmo!
SILVANA; - E você vai fazer o que? Pedir o divórcio, por acaso?
HENRIQUE: - Vou. Eu quero o divórcio!

     Silvana se surpreende.

CENA 33. CASA ALBERTO. QUARTO CÉSAR. INT. DIA.

     Rúbia se surpreende com a atitude de César.

RÚBIA: - O que foi que você disse?
CÉSAR: - Nós não vamos nos casar, Rúbia.
RÚBIA; - Que história é essa agora, César? Como assim, nós não vamos nos casar?
CÉSAR: - Eu queria dizer isso para você antes, mas só consegui agora. Eu não posso me casar com você.
RÚBIA: - Mas porque não? A gente se ama, meu bem! Eu te amo! Você me ama!
CÉSAR: - Aí é que está... Eu não amo você, Rúbia.

     Rúbia fica totalmente apreensiva, um pouco transtornada.

CÉSAR: - Eu sei que é difícil, mas é a verdade. Eu não posso continuar com essa história. Não dá para levar adiante esse nosso relacionamento.
RÚBIA: - VocÊ não me ama?... Então você me enganou, é isso?...
CÉSAR: - Não, eu não queria...
RÚBIA (interrompendo César): - Você me enganou, César, me usou!...
CÉSAR: - Rúbia, por favor, não confunda as coisas!
RÚBIA: - Não estou confundindo nada!... Você apenas me usou e agora quer me jogar fora feito um papel de rascunho, um jornal velho, um lixo!
CÉSAR: - Fica calma, rúbia, por favor! Pensa no bebe!
RÚBIA; - Pensar no bebê?... (riso debochado) Você está me dizendo para pensar no bebê? (fica séria) Você acabou de dizer que não me ama, está me dando um fora, em mim e na criança! E agora quer eu pense no bebê? Pense você em tudo isso que está fazendo!
CÉSAR: - Eu só estou fazendo isso para que a gente não se machuque mais tarde!
RÚBIA; - Mas a dor pelo visto está sendo a mesma, César... Você está me machucando falando essas coisas...
CÉSAR: - Eu não queria, Rúbia. Mas não é certo eu ficar com você amando outra pessoa.
RÚBIA: - Quem é? Quem é a pessoa que você está amando?
CÉSAR: - Não vamos falar nisso agora...
RÚBIA: - É a Brenda, não é? Fala César! É a Brenda que você está amando, não é?

     César fica calado, consentindo.

RÚBIA; - Eu sabia!... Eu sabia que aquela desgraçada iria estragar minha vida!
CÉSAR: - Não fale assim, Rúbia! Ela é sua irmã!
RÚBIA: - Aquela sem vergonha esperou eu ir viajar para atacar você e pelo visto ela conseguiu.
CÉSAR: - Ninguém me atacou, Rúbia. Eu sempre me senti atraído pela Brenda, inclusive antes do seu acidente.
RÚBIA: - Você vai me deixar para ficar com ela?
CÉSAR: - É dela que eu gosto de verdade.
RÚBIA; - Então o que você sente por mim é mentira. Tudo o que você me disse durante todos os nossos dias juntos foi um engano, um equívoco, é isso?
CÉSAR: - Eu sinto sim um carinho muito especial por você, afinal, você é a mãe do meu filho.
RÚBIA; - Eu não quero carinho, eu quero o seu amor, César! Eu quero ser a sua mulher!...

     Rúbia fica totalmente séria. César se preocupa.

CÉSAR; - O que foi Rúbia? Está se sentindo bem?
RÚBIA; - Se você quiser me deixar para ficar com aquela sonsa da Brenda, pode ir... Mas você nunca mais vai me ver, nem ver seu filho.
CÉSAR; - Do que você está falando?
RÚBIA: - Aliás, até vai ver... Você vai ver nós dois sim. Mas no necrotério.
CÉSAR (preocupado): - Rúbia, não vá fazer nada, por favor!
RÚBIA: - Você quer ir para os braços da Brenda, pode ir, César... Mas se você fizer isso, eu me mato e levo comigo o nosso filho.

     César fica totalmente preocupado com Rúbia.

RÚBIA; - Você escolhe, César. A Brenda e a minha morte ou o nosso casamento, com a nossa família feliz.

     César está apreensivo. Rúbia o encara.


CENA 34. LONDRES. APTO MATHEUS. INT. DIA.

     Matheus se espanta ao saber que não poderá mais voltar para o Brasil.

MATHEUS; - Mas isso não pode ser verdade!
WILLIAN: - É a mais pura verdade, Matheus. Você não voltará para o Brasil tão cedo.
MATHEUS: - Mas eu não fico aqui nem mais um minuto. Eu vou embora hoje mesmo!
WILLIAN: - E vai ir embora como?
MATHEUS: - Eu tenho alguns dólares guardados na minha mochila...

     Matheus pega a mochila, procura a carteira, mas não encontra nada.

MATHEUS; - Onde está a minha carteira? Só me faltava essa agora! Eu perdi minha carteira! Droga!
WILLIAN: - Você não perdeu a sua carteira.
MATHEUS: - Você sabe onde está?
WILLIAN: - Está comigo. Eu aproveitei que você saiu ontem à noite, entrei aqui no apartamento e peguei tudo de dinheiro que você tinha.
MATHEUS: - Canalha!
WILLIAN: - Agora você só irá embora depois que terminar seus estudos aqui. Ou nem isso. É possível que você fique aqui para sempre.
MATHEUS; - Devolva as minhas coisas, Willian! Eu não admito isso!
WILLIAN: - Procure se acostumar, Matheus. Daqui em diante, vocÊ viverá sob os meus cuidados, sob as minhas ordens.

     Willian sai do apartamento e tranca a porta. Matheus tenta abrir a porta, mas não consegue.

MATHEUS: - Abre a porta, Willian! Vamos! Abra a porta logo! Willian! Willian!... Droga!... Eu não posso ficar aqui, eu não posso! Eu preciso voltar para o Brasil...

CENA 35. LONDRES. CORREDOR APTO. INT. DIA.

     Willian liga para Helena.

WILLIAN: - Alô? Helena?
(T)
WILLIAN: - Sou eu, Willian.
(T)
WILLIAN: - Acabo de avisar o Matheus que ele não irá mais embora.
(T)
WILLIAN: - Sim. Você acredita que ele queria ir embora amanhã mesmo? (risos)
(T)
WILLIAN: - Coitadinho... Mas pode ficar tranqüila, que ele será bem cuidado aqui por mim.

CENA 36. CASA PETRÔNIO. QUARTO HELENA. INT. DIA.

     Helena conversa com Willian ao telefone. Ela está satisfeita com seu plano.

HELENA: - Mas eu não tenho dúvidas que você irá cuidar bem do meu bebê. Quanto mais tempo eu puder deixá-lo longe daqui e daquela vagabunda, melhor.
(T)
HELENA: - Que ótima notícia Willian. Muito obrigada. Ah, e não precisa se preocupar, que manhã mesmo o dinheiro estará na sua conta.
(T)
HELENA; - Isso mesmo. Eu mesma irei depositar.
(T)
HELENA; - Obrigado querido pela força. Grande abraço. Dê um abraço no meu bebê também por mim. E diga para ele que eu só estou fazendo isso para o bem dele.
(T)
HELENA; - Está certo. Beijos.

     Helena desliga o telefone. Está totalmente feliz.

CENA 37. CASA SONIA. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

     Sônia está lendo uma revista, quando Adriano entra na sala.

SÔNIA; - Nossa, como você está lindo, Adriano!
ADRIANO: - Você acha é?
SONIA: - Acho sim. Está lindão!... Ih... Aonde você vai lindo desse jeito? (risos)
ADRIANO: - Vou até o resort, ver como estão as obras.
SÔNIA: - Ah é mesmo? Que bom querido.
ADRIANO: - Você não quer ir comigo lá também? As obras já estão quase prontas.
SÔNIA; - Aceito seu convite sim. Só espera eu colocar uma roupa melhor para acompanhar você nessa lindeza toda!
ADRIANO (rindo): - você fica linda de qualquer jeito, meu amor!...
SÔNIA: - Eu não demoro!

Sônia sai. Adriano a espera na sala.

CENA 38. OBRAS DO RESORT. INT. DIA.

     Adriano e Sônia acompanham as obras do resort, que já está quase concluído. Os dois passam pelos diversos espaços do local, acompanhando tudo o que está pronto. O casal está visivelmente feliz. Algumas vezes, trocam beijos e carícias durante o passeio.

CENA 38. IMOBILIÁRIA. SALA DIOGO. INT. DIA.

     Diogo está trabalhando, quando Alice entra na sala.

ALICE: - Com licença, Diogo!
DIOGO: - Alice! Entre por favor!

Alice entra na sala.

ALICE: - Como vai? Espero não estar atrapalhando o seu serviço...
DIOGO: - Imagina, não atrapalha nada não. Sente-se, fique a vontade.

Alice senta-se.

DIOGO: - Então, o que trás você aqui?
ALICE; - Eu estou precisando de um pequeno favor do senhor.
DIOGO: - Que favor?
ALICE; - Eu queria saber alguma notícia ou então o contato do Matheus em Londres. Preciso muito falar com ele.
DIOGO; - Infelizmente, eu não poderei ajudar você. Sabe por quê?
ALICE; - Não...
DIOGO: - Eu também não tenho o contato do Matheus em Londres. Eu fiquei esperando que ele enviasse notícias, mas até agora nada. Você já tentou falar com a Helena?
ALICE: - Acho que o senhor esqueceu que a dona Helena me odeia.
DIOGO: - Ah, claro. Desculpe.
ALICE: - Não tem problemas... Mas e agora, como nós faremos para saber do Matheus.
DIOGO: - Alice, minha querida, só há um jeito. Indo falar com a Helena. E ela vai ter que nos dar notícias do Matheus.

CENA 39. CIA DE NAVEGAÇÃO. ESCRITÓRIO. INT. DIA.

     Silvana fica apreensiva com o pedido de divórcio de Henrique.

SILVANA; - Você está brincando, não está?
HENRIQUE: - Eu nunca falei sério em toda a minha vida.
SILVANA: - Henrique, pensa bem no que você está dizendo...
HENRIQUE: - Eu já pensei, Silvana. Pensei muito.
SILVANA; - Mas as coisas não podem se resolver assim.
HENRIQUE: - Esse é o único jeito das coisas se resolverem, Silvana. Não há outra maneira para nós dois.

Silvana pega sua bolsa e vai saindo da sala.

HENRIQUE: - Aonde você vai Silvana?
SILVANA; - O divórcio eu não vou te dar, Henrique. Não vou entregar você de mãos beijadas para a outra.

Silvana vai embora. Henrique fica pensativo.

CENA 40. TRANSIÇÃO DO TEMPO. ANOITECER. / CASSA PETRÔNIO. EXT. NOITE.

     Imagens de Praia Real ao anoitecer. Corta para a frente da casa de Petrônio. Diogo estaciona o carro em frente a casa. Alice e ele descem do carro. Bento que estava em frente ao portão vai recepcioná-los.

BENTO: - Boa noite.
DIOGO: - Boa noite, Bento. Nós gostaríamos de falar com a Helena.
ALICE: - É importante.
BENTO: - Se vocês puderem esperar aqui. Eu vou chamá-la.
DIOGO: - Claro.
BENTO: - Com licença.

     Bento sai. Diogo e Alice aguardam. Ela está um pouco ansiosa.

CENA 41. CASA PETRÔNIO. SALA ESTAR. INT. NOITE.

     Helena, Petrônio e Samantha conversam.

PETRÔNIO: - Então o Matheus decidiu ficar em Londres?
SAMANTHA: - Eu não acredito!... Mas ele tinha relutado tanto a ida para lá!
HELENA: - Pois é. Eu também tomei um susto grande, fiquei surpresa também. Mas o próprio Matheus me disse com todas as letras. Ele adorou a faculdade, o curso, já fez até amigos lá.
PETRÔNIO: - Nossa, fico muito feliz por ele.
HELENA; - Eu também papai. Fiquei tão contente dele ter gostado.

     Nesse instante, Bento entra na sala.

BENTO: - Com licença.
PETRÔNIO: - Pois não, Bento?
BENTO: - O seu Diogo e a namorada do Matheus estão lá fora. Desejam falar com a senhora, dona Helena.
HELENA; - Comigo?
BENTO: - Sim. E parece que o assunto é muito importante.
HELENA; - Essa gente tendo assunto importante para falar comigo? Essa boa...
PETRÔNIO: - Helena, deixe de bobagem e vá atendê-los! Os convide para entrar.
SAMANTHA: - Provavelmente eles querem saber notícias do Matheus.
HELENA: - Convidar para entrar? Mas nem morta! Não quero essa gente aqui dentro de casa. Esqueceu que aquela garota tentou me roubar?
SAMANTHA; - Não foi provado nada, Helena!
HELENA: - Não me interessa... Eu vou atendê-los lá fora mesmo.

     Helena se levanta e sai. Bento a acompanha.

PETRÔNIO: - Mas o Matheus em Londres... Que bom.
SAMANTHA: - É mesmo. Ele deve estar bem feliz.

CENA 42. CASA PETRÔNIO. EXT. NOITE.

     Helena vai falar com Diogo e Alice.

HELENA; - O que vocês querem aqui na minha casa?
DIOGO; - Viemos saber notícias do Matheus, Helena.
ALICE; - Queremos saber como ele está, se está tudo bem...
DIOGO: - E também queremos o telefone dele lá, alguma coisa para mantermos contato.
HELENA: - O contato dele de lá eu não posso dar.
ALICE; - Não pode, por quê?
HELENA: - É um pedido do próprio Matheus.
DIOGO: - O Matheus pediu isso? Não pode ser...
HELENA: - Pediu sim. Ele pediu isso porque agora ele quer se dedicar apenas ao seus estudos, sem ser incomodado por ninguém.
ALICE; - Como assim se dedicar aos estudos? Ele não iria ficar só por uns dias?
HELENA: - Não, queridinha. O Matheus ligou hoje para mim e avisou que não vem mais para o Brasil.
DIOGO (surpreso): - O Matheus não vem mais?
ALICE: - Ele vai ficar em Londres, é isso?
HELENA; - Que parte da frase “Ele não vem mais para o Brasil” vocês não entenderam? O Matheus não quer mais voltar! Ele decidiu ficar em Londres,
ALICE (decepcionada): - Não pode ser. Isso não pode ser verdade...
HELENA: - A mais pura verdade. Ele adorou a universidade, o curso e já fez até amigos por lá. Pelo visto, ele não volta tão cedo para o Brasil. Se é que um dia vai voltar para cá.
DIOGO: - Mas como isso? O Matheus não estava nem um pouco empolgado com essa viagem e agora está decidido a ficar lá?
HELENA; - Para você ver como o seu filho mudou de opinião rápido. Nada melhor do que conhecer para saber se gosta ou não.

     Alice está completamente decepcionada, entristecida.

HELENA: - Bom, se era isso que vocês vieram saber, agora já sabem. Por favor, podem ir embora.
DIOGO: - Mas Helena!
HELENA: - Chega Diogo! Eu já disse para vocês tudo o que vocês queriam saber. (a Alice) E para você menina, ele mandou dizer que tanto faz ou tanto fez a situação de vocês.

     Alice fica chocada.

HELENA: - Que você leve a sua vida que ele estará levando a dele lá na Inglaterra.

     Helena se retira. Alice chora. Diogo consola a garota.

DIOGO: - Calma Alice, não fique assim!
ALICE; - Não há como eu me controlar, Diogo. O Matheus não volta mais para o Brasil. E agora, como eu fico, esperando um filho dele!
DIOGO (surpreso): - Você está grávida do Matheus?
ALICE; - Estou... E eu pedi para a dona Helena avisar ele, mas pelo visto, ele não se importou.
DIOGO: - Mas, isso não pode ficar assim!... O Matheus não faria isso!
ALICE: - Mas fez, Diogo. Não quer saber de mim nem do filho dele...

     Diogo abraça Alice, que chora.

CENA 43. CASA ALBERTO. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

     Tânia, Alberto e Marina estão na sala.

ALBERTO: - E o César, onde está? Saiu?
MARINA: - Que eu saiba não, papai. Acho que está no quarto com a Rúbia. Os dois já estão a um bom tempo lá, conversando.
ALBERTO: - Devem estar falando sobre o bebê, o casamento... Matando as saudades!
TÂNIA: - A Rúbia voltou para casa e está sendo mais paparicada do que nunca.
ALBERTO: - Não é para menos, Tânia. Ela está grávida, está frágil, sensível.
TÂNIA; - Grande coisa... Acho um exagero todo esse cuidado com ela.
MARINA; - Pensei que você concordasse com os paparicos para a mãe do seu neto.
TÂNIA: - Tudo que é exagerado demais, faz mal. Ela vai acabar ficando mal acostumada e também vai deixar a criança do mesmo jeito...

CENA 44. CASA ALBERTO. QUARTO CÉSAR. INT. NOITE.

     César se surpreende com a atitude de Rúbia.

CÉSAR: - Você não faria isso, Rúbia.
RÚBIA: - acha que não? Pode ir... Vá, vá atrás da Brenda para você ver se eu não dou um fim em mim e na criança.
CÉSAR: - Isso é loucura, Rúbia! Pare e pense!
RÚBIA: - Loucura é viver sem você do meu lado, César... Não desista do nosso amor, do nosso casamento!
CÉSAR: - Não há amor, Rúbia! Entenda isso!
RÚBIA: - Eu te amo! Eu quero você do meu lado, para sempre!...
CÉSAR: - Rúbia, pensa numa coisa... Eu não posso ficar com você gostando da Brenda. Seria errado, não seria justo com você nem comigo!
RÚBIA: - Mas eu amo você e vou fazer você me amar também, César!... Não me deixe, por favor!... Não desiste de mim, não desiste do nosso casamento, da nossa vida! Eu sou capaz de uma loucura!...
CÉSAR: - Não diga isso Rúbia, por favor!
RÚBIA: - Então fica comigo, César. Casa comigo que eu farei você me amar assim como eu amo você. Não me deixe sozinha, senão eu não saberei mais o que é viver.

     César fica pensativo.

CENA 45. RESTAURANTE MARESIA. EXT. NOITE.

     Diogo e Alice conversam.

DIOGO: - Não se preocupe, Alice. Nós vamos conseguir falar com o Matheus e saber direitinho dessa história. Ele não pode simplesmente deixar você aqui, grávida de um filho dele e não ligar para nada!
ALICE; - Eu não sei mais o que eu faço, Diogo. Eu ainda nem falei para o seu Joaquim e para a dona Matilde, que são as pessoas que me criaram desde criança... Não sei nem como falar para eles essa história. Estava esperando o apoio do Matheus para me ajudar, mas pelo visto...
DIOGO: - O Matheus não está aqui, mas você pode contar comigo para o que precisar.
ALICE: - Muito obrigado, Diogo. O que eu mais vou precisar é de apoio mesmo. Bom saber que eu posso contar com você, porque com a dona Helena eu já sei que não terei nada.
DIOGO: - A Helena é uma pessoa totalmente insensível.
ALICE: - Ela até já me ofereceu dinheiro para abortar a criança.
DIOGO (chocado): - O que é isso que você está me falando? A Helena quis que você abortasse a criança, é isso?
ALICE: - Isso mesmo, Diogo. Me ofereceu dinheiro. Mas eu recusei. Não vou tirar essa criança! Se aconteceu, era para acontecer e eu vou assumi-la, sem medo ou vergonha.
DIOGO: - E faz bem, Alice.
ALICE; - Eu só queria o Matheus do meu lado...
DIOGO: - Nós vamos falar com ele, Alice. Nós vamos conseguir resolver essa história. Agora eu preciso ir, mas nós mantemos contato.
ALICE; - Claro. Muito obrigada por tudo!

     Os dois se despedem.

CENA 46. CASA VIRGÍNIA. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

     Virgínia e Carvalho acompanham o sorteio da loteria. Carvalho está totalmente ansioso.

VIRGÍNIA: - Fica calmo, Carvalho! Senão é capaz de ter um troço antes mesmo do sorteio!
CARVALHO: - Eu vou tentar me controlar, mas eu estou muito ansioso, Virgínia!...
VIRGÍNIA: - Olha lá na TV, vai começar!

Os dois fixam os olhos na TV, onde o apresentador faz o sorteio.

APRESENTADOR (na TV): - Boa noite amigos e amigas! Estamos aqui hoje para mais um sorteio da nossa loteria! Hoje, o premio será de 2 milhões de reais!
CARVALHO: - Ai, meu Jesus Cristinho, é hoje! É hoje que eu tiro o pé da lama!
VIRGÍNIA; - Olha lá, presta atenção!
APRESENTADOR (na TV): - Vamos ao sorteio.
VIRGÍNIA: - Confere aí direitinho!
CARVALHO: - Mas eu já estou com tudo aqui! Prontinho!
APRESENTADOR (na TV): - Os números sorteados são... Dez!... Vinte e dois!... Quinze!... Trinta e quatro!... Quarenta e um...
VIRGÍNIA: - E aí, como está indo?
CARVALHO: - Todos os números, meu amor! Todos os números! Só falta o último!
VIRGÍNIA: - E qual é o último?
APRESENTADOR (na TV): - E o último número... quarenta e sete!

Carvalho dá um pulo do sofá, animado, extremamente feliz.

CARVALHO: - Acertei! Estamos ricos, Virgínia!
VIRGÍNIA: - Ai, meu amor, que emoção!

Os dois se abraçam, felizes, comemorando.

CENA 47. CASA ALBERTO. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

     Rúbia e César descem as escadas, chegando na sala, ao encontro de Alberto, Tânia e Marina.

TÂNIA; - Até que enfim vocês saíram de dentro daquele quarto!
ALBERTO: - a conversa foi longa pelo visto.
MARINA: - E proveitosa também, não?
RÚBIA; - Muito proveitosa sim, Marina. Nós queremos anunciar que nós vamos nos casar daqui a um mês.
TÂNIA (espantada): - Daqui a um mês?!
MARINA: - Mas que ótima notícia! Não querem perder tempo mesmo.
ALBERTO: - É verdade isso, meu filho?
CÉSAR: - Sim papai. Nós vamos nos casar o mais breve possível.
    
     Tânia não se mostra contente, assim como César, que tenta disfarçar. Rúbia está completamente feliz e satisfeita em conseguir segurar César.

               FIM DO CAPÍTULO



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