CENA
01. APTO CÉSAR. INT. DIA.
Continuação
do capítulo anterior. César e Brenda se beijam. Aos poucos, vão se despindo de
suas roupas, enquanto trocam carícias e beijos. César e Brenda fazem amor,
apaixonadamente.
CENA
02. TRANSIÇÃO DO TEMPO. ANOITECER / SÃO PAULO. AEROPORTO. INT. NOITE.
Imagens
de Praia Real ao anoitecer. Imagens de São Paulo já a noite. Corta para
aeroporto. Rúbia e Patrícia se preparam para embarcar, no saguão.
RÚBIA: - Ai, Paty! Tem certeza que pegou
todas as nossas coisas?
PATRÍCIA: - Peguei sim, Rúbia! Você já me
perguntou isso mais de mil vezes!
RÚBIA: - É que eu comprei tanta coisa que
tenho medo de esquecer alguma...
PATRÍCIA: - Mas não esqueceu nada não...
Patrícia olhando em volta se
surpreende ao ver Cadu.
PATRÍCIA: - Não acredito...
RÚBIA: - O que foi? Esqueceu alguma coisa né?
Eu sabia!
PATRÍCIA: - Claro que não, não é isso!... O
Cadu vem vindo aí!
RÚBIA (virando-se para ver): - Não me diz
isso!...
Cadu se aproxima delas.
CADU: - Não poderia deixar de vir ver vocês
duas, desejar boa viagem.
PATRÍCIA: - Obrigada, Cadu. (abraçando ele)
Você foi um amigão mesmo. Valeu por tudo!
CADU: - Vocês também foram uma ótima
companhia para mim.
RÚBIA: - Com certeza a gente se vê novamente,
por aí... Curtir umas baladas, dar risada...
CADU: - Se aproximar cada vez mais...
RÚBIA: - Dependendo do tipo de aproximação,
pode acontecer de verdade.
PATRÍCIA (percebendo o clima): - bom Rúbia,
vamos? Já anunciaram o nosso vôo...
RÚBIA: - Vamos sim.
Patrícia abraça Cadu novamente.
PATRÍCIA: - Tchauzinho Cadu! Beijos, beijos!
CADU: - Beijão Paty. Abraço para os seus
pais.
PATRÍCIA: - Pode deixar, será dado sim.
Patrícia pega suas coisas,
enquanto Rúbia se aproxima de Cadu.
RÚBIA; - Não quero que você fique triste
comigo, chateado, por eu não escolher ficar com você. Mas quero que entenda a
minha situação.
CADU: - Tudo bem... Eu vou tentar entender
você...
RÚBIA: - Eu nunca vou te esquecer e nem o que
você fez por mim, Cadu. Isso vai ficar para sempre.
CADU: - Pode ter certeza que vai.
Os dois se abraçam.
RÚBIA: - Fica com Deus.
CADU: - Você também. Se cuida.
Patrícia e Rúbia seguem para a
sala de embarque. Cadu fica a observá-las.
CENA
03. APTO CÉSAR. QUARTO. INT. NOITE.
CAM
mostra César e Brenda deitados na cama, cobertos com um lençol. Os dois estão
dormindo “de conchinha”, bem agarradinhos. Aos poucos, César se acorda. Olha
para Brenda e sorri. Beija o seu rosto e se levanta. Brenda continua na cama,
dormindo.
CENA
04. APTO CÉSAR. COZINHA. INT. NOITE
César prepara um lanche. Organiza
tudo numa bandeja e leva para o quarto.
CENA
05. APTO CÉSAR. QUARTO. INT. NOITE.
César entra no quarto, coloca a
bandeja sobre uma mesa de canto. Senta-se na cama, ao lado de Brenda e alisa
seu corpo. Brenda sente as carícias de César e aos poucos se acorda.
CÉSAR: - Você é linda até dormindo... Feito
um anjo!
BRENDA: - Tive um sonho tão bom...
CÉSAR: - Ah é? E sonhou o quê?
BRENDA: - Sonhei com você. Só eu e você, na
beira da praia, trocando carinhos e beijos apaixonados!
Os dois se beijam, felizes.
CÉSAR (pegando a bandeja): - Preparei um
lanche para a gente comer.
BRENDA: - Hum, deve estar uma delícia!
CÉSAR: - Espero que você goste.
BRENDA: - Já gostei só de olhar!... (olha na
janela / espantada) Nossa! Já é noite!
CÉSAR: - Sim... E o que tem?
BRENDA: - Eu havia dito para o vovô e a vovó
que eu não iria demorar!
CÉSAR: - Ah, mas não precisa se preocupar
não. A gente toma esse lanche aqui e depois eu levo você para casa.
CENA
06. BEST FISH. CORREDOR. INT. NOITE.
Tomás
e Leandro caminham pelo corredor da Best Fish.
LEANDRO: - Até que o serviço hoje foi mais
leve...
TOMÁS: - Só se foi pra voce, porque eu ainda
tenho que levar uns papeis pra casa pra terminar... amanhã tenho que entregar
isso tudo pronto!
LEANDRO: - Boa sorte para você meu amigo!
Nesse instante, Felipe sai da sua
sala e encontra os dois.
FELIPE: - Fim de expediente então?
LEANDRO: - Graças a Deus!
FELIPE: - Eu também já estou indo embora.
TOMÁS: - Felipe, fiquei sabendo que você saiu
da casa do doutor Alberto. É verdade?
FELIPE; - Saí sim, Tomás. Agora estou morando
sozinho, no meu apartamento. É bom né, acho que já tenho idade para morar
sozinho.
LEANDRO: - Ah, que saudade do meu tempo de
solteirice, de morar sozinho... Era uma farra só! Não que agora eu não esteja
feliz casado, com a minha família, mas que era bom, isso era!
TOMÁS: - Eu já me sinto melhor assim, casado,
pai de família... Gosto muito de chegar em casa, ver minha mulher, minha filha.
Isso me deixa de peito estufado!
FELIPE: - Eu avisto casamento lá adiante, mas
bem lá adiante!
Os três riem.
LEANDRO: - Que tal a gente curtir um
barzinho?
TOMÁS: - Agora?
LEANDRO: - É, um happy hour, pra gente curtir,
relaxar... Que tal?
FELIPE: - Eu topo. O que eu mais preciso é
relaxar mesmo.
LEANDRO: - E aí Tomás?
TOMÁS: - Vamos sim... Também estou precisando
relaxar, espairecer!
LEANDRO: - Então vamos lá!
Os três saem.
CENA
07. CALÇADÃO PRAIA REAL. CARRO CÉSAR. INT. NOITE.
César
para com o carro próximo ao restaurante Maresia.
BRENDA: - Obrigado por tudo.
CÉSAR: - Eu é que agradeço você pela
companhia, pelo seu amor, por você existir na minha vida.
Os
dois se olham profundamente e se beijam.
BRENDA: - Preciso ir agora.
CÉSAR: - E quando a gente se encontra
novamente?
BRENDA: - Em pouco tempo. Pelo menos é o que
eu espero.
CÉSAR: - Pelo menos lugar a gente já tem pra
se encontrar, pra se curtir.
BRENDA: - Boa noite. Amo você.
CÉSAR: - Também te amo.
Os dois
se beijam novamente. Brenda sai do carro e vai embora. César fica a observá-la
por um instante, feliz. Depois liga o carro e vai embora.
CENA
08. RESTAURANTE MARESIA. SALÃO. INT. NOITE.
Brenda
chega no restaurante, sorridente.
BRENDA: - Boa noite pessoal!
JOAQUIM: - Até que enfim, Brenda! Pensei que
não viesse mais para casa!
MATILDE; - Eu já estava preocupada, minha
filha!
BRENDA: - Desculpa vovó, não consegui avisar
que eu me atrasaria, mas estou bem, já cheguei!
JOAQUIM: - E o que compromissos eram esses
que você tinha para resolver?
BRENDA; - Ah vovô, nada de mais. Contas, fui
ao banco, visitei alguns cursos.
MATILDE: - Está pensando em voltar a estudar?
BRENDA: - Estou sim, vovó. Estudar é sempre
bom, não é? E eu sempre gostei.
JOAQUIM: - Faz muito bem, minha filha. A
única coisa que poderemos deixar para os nossos descendentes e que ninguém pode
tirar é o estudo.
BRENDA; - Enfim, foi um dia bem proveitoso
para mim! Eu vou lá dentro, tomar um banho, trocar de roupa. Já volto para
ajudar aqui.
MATILDE: - Pode ir tranqüila, Brenda.
Guto, de longe, observa a
felicidade de Brenda. Ela sai e ele a segue.
CENA
09. APTO VERA. QUARTO VERA. INT. NOITE.
Vera
está deitada na cama, assistindo TV, quando Sabrina entra no quarto.
SABRINA: - Vou dar uma volta por aí, mãe.
VERA: - Por aí aonde, Sabrina?... E sozinha?
SABRINA: - Pelo centro, no shopping. E não
vou sozinha, vou com umas meninas da faculdade. Combinamos no Chat.
VERA: - Mesmo assim, toma cuidado, meu bem!
SABRINA: - Não precisa se preocupar mãe!...
Aliás, eu é que estou preocupada com você... desde a hora que você chegou hoje
se enfiou dentro desse quarto e não saiu mais... Agora está aí, quietinha,
parece realmente preocupada com alguma coisa...
VERA: - Ai filha, eu estou preocupada sim.
SABRINA (sentando-se na cama): - Preocupada
com o que, mamãe?
VERA; - Com a sua tia, Cristina.
SABRINA: - O que aconteceu agora? Ela teve
outra crise de ira?
VERA: - Não, não teve mais não.
SABRINA; - Mas então a senhora está
preocupada com o quê?
VERA: - Com esse comportamento de
montanha-russa que ela tem!... Uma hora está tudo bem, outra hora é tudo raiva,
ódio, ou então tristeza, melancolia... Até alegria em excesso ela tem! Isso não
é normal!
SABRINA: - Com certeza não. É ruim dizer
isso, mas pra mim, a tia Cristina está ficando louca, mãe!
VERA: - Ela não está louca, Sabrina. Ela pode
estar doente. Uma doença psicológica, talvez, um distúrbio...
SABRINA: - Bom, o que se pode fazer por ela
no momento é apoiar e cuidar para ela não sair brigando com todo mundo por
qualquer coisa... (beijando Vera) Eu vou indo lá mamãe.
VERA: - Não demora, meu bem! Qualquer coisa,
liga!
SABRINA (saindo): - Está certo!
Sabrina sai. Vera fica pensativa.
CENA
10. CASA BRENDA. QUARTO BRENDA. INT. NOITE.
Brenda
está pegando umas roupas para ir ao banho, quando Guto entra no quarto, com
aparência séria, fechada.
BRENDA: - O que foi, Guto? Aconteceu alguma
coisa lá no restaurante?
GUTO: - Você foi se encontrar com ele, não
foi?
BRENDA: - Ele quem?
GUTO: - Você sabe de quem eu estou falando...
BRENDA: - Fui. Eu fui me encontrar com o
César sim. Passamos o dia todo juntos e foi muito bom.
GUTO: - Eu não acredito nisso. Eu não
acredito que ele possa fazer você feliz.
BRENDA: - E por que não?
GUTO: - Porque ele está só te enganando, Brenda!
Ele é um sem vergonha, um bígamo!
BRENDA: - Não fale assim do César, Guto! Eu
posso até entender que você não me queira ver com ele, que ainda gosta de mim.
Mas eu não admito que você fale assim do César na minha frente!
GUTO: - Você está sendo enganada.
BRENDA: - Ninguém está enganando ninguém,
Guto. O César vai conversar com a Rúbia, ele vai deixar ela e nós dois iremos
viver felizes juntos. Isso não é enganar, é evitar a infelicidade.
GUTO: - Você acha mesmo que os dois vão se
separar?
BRENDA; - O César me deu a palavra dele.
GUTO: - Eles não vão se separar Brenda. O
casamento está marcado, a Rúbia está grávida! Não há como eles se separarem.
BRENDA; - Você está torcendo para que eles
fiquem juntos, não é?
GUTO: - Se eu disser que não, estarei mentindo
para você.
BRENDA: - Não quero mais falar sobre isso,
Guto. Não quero brigar com você. Se você puder me dar licença, eu quero arrumar
minhas coisas, tomar um banho e ir ajudar lá no restaurante. Aliás, eles devem
estar precisando de ajuda lá.
Guto
encara Brenda e aos poucos, vai saindo do quarto. Brenda fica pensativa.
CENA
11. RIO DE JANEIRO. AEROPORTO. SAGUÃO. INT. NOITE.
Imagens
do saguão do aeroporto. Grande movimentação de pessoas. CAM foca Rúbia e
Patrícia chegando. Rúbia se envaidece, alisando a barriga.
CENA
12. BARZINHO. INT. DIA.
Felipe,
Tomás e Leandro conversam na mesa do bar.
LEANDRO (animado): - Eu só sei que meu time
ganhou de virada, aliás, foi de goleada no último jogo e agora está folgado no
campeonato.
TOMÁS: - Ah Leandro! Também, o time que ele
enfrentou é o lanterna da competição! Não teve nem graça assistir o jogo!
LEANDRO: - Você está falando só porque o seu
time não está lá essas coisas... E você, Felipe, viu o jogo?
FELIPE: - Eu não me ligo muito em futebol
não.
TOMAS: - Ah não? E gosta de que esporte,
Felipe?
FELIPE: - Para falar a verdade, eu não me
prendo muito em esporte não... O máximo que eu faço é uma academia de vez em
quando.
LEANDRO: - Não curte nem uma pelada no final
de semana, com aquele churrasquinho depois e um pagode recheado de mulher?
FELIPE; - Dispenso Leandro.
LEANDRO: - Então em que mundo você vive,
Felipe? Não sabe o que está perdendo!
TOMÁS: - Mas o Felipe não é o único. Tem
muita gente que é assim como ele, não se liga muito em futebol, esses esportes
de massa... Eu até gosto de um futebolzinho. É a minha única atividade física.
LEANDRO: - Esqueceu do sexo, Tomás!
TOMÁS: - Como assim, esqueci do sexo?
LEANDRO: - Ué, o sexo é uma atividade física
também, meu camarada! Você se exercita, queima calorias, transpira...
FELIPE (risos): - Tem razão, Leandro!
LEANDRO: - Sem falar que você vai ao céu, é
puro êxtase, excitação!
TOMÁS: - Calma, Leandro! Daqui a pouco você
vai estar tendo um orgasmo aqui na mesa!
LEANDRO: - Ei, ei, está me estranhando é? No
meio de dois machos? Eu fora!
TOMÁS (olhando o relógio): - O papo está bom,
mas eu já vou indo embora.
FELIPE; - Já Tomás? Está cedo ainda!
LEANDRO: - É camarada! A noite é uma criança!
TOMÁS: - Mas já está na minha hora. A
Cristina deve estar sozinha em casa. Não gosto de deixá-la sozinha.
Tomás levanta-se, cumprimenta
Leandro e Felipe.
TOMÁS: - Leandro, acertamos o chope depois?
LEANDRO: - Pode ir tranqüilo, Tomás.
TOMÁS: - Boa noite para vocês.
Tomás vai embora. Leandro e
Felipe ficam sozinhos na mesa.
FELIPE; - Tomás saiu me parecendo preocupado
com a mulher dele... Ela está doente?
LEANDRO: - Está louca, isso sim.
FELIPE (acha engraçado): - Louca é?
LEANDRO: - Ah, isso é modo de dizer... Ela às
vezes tem umas crises, umas viradas de temperamento... Coisa totalmente
esquisita. Mas isso é assunto para mais um chope. Aceita?
FELIPE: - Claro! Pode descer aí.
Leandro chama o garçom e pede
mais chope para a mesa.
CENA
13. CASA TOMÁS. QUARTO TOMÁS. INT. NOITE.
Cristina
está deitada na cama, sozinha.
CRISTINA: - Será que eu estou mesmo doente?
Será que eu estou ficando louca?... Eu não posso faltar com a minha família...
Eu não posso...
CENA
14. RESTAURANTE MARESIA. SALÃO. INT. NOITE.
Matilde
e Joaquim conversam.
JOAQUIM: - Vendo a Brenda chegar tão feliz aqui
no restaurante, me deu uma vontade de falar para ela toda verdade!
MATILDE: - Calma Joaquim! Não pode ser assim!
A gente não sabe como a menina vai reagir, o que vai pensar...
JOAQUIM: - Eu sei. Tem que ser com cuidado.
MATILDE; - Isso mesmo.
Num
outro ponto do salão, Brenda e Alice conversam.
ALICE; - Então o passeio foi além das
expectativas, é isso?
BRENDA: - Foi maravilhoso, Alice! Eu já
imaginava que seria bom, mas não pensava que fosse tanto!
As duas riem animadas. Ao longe,
Guto observa sério. Sérgio se aproxima.
SÉRGIO: - EI Guto! Para de ficar aí se
amargurando! Bola pra frente, cara!
GUTO: - Ela acha que o César vai ficar com
ela... Ele está enganando ela.
SÉRGIO: - Se ele está enganando ela, isso é
ela que vai resolver e não você.
GUTO: - Ela não pode sofrer, Sérgio!
SÉRGIO: - Mas você não pode controlar a vida
dela, Guto!... Desse jeito, você vai acabar fazendo com que ela se afaste de
você.
CENA
15. LONDRES. PUB. INT. NOITE.
Matheus
e Natanael conversam no pub.
NATANAEL: - Então você e a sua namorada
enfrentaram um perrengue pra ficar juntos?
MATHEUS: - Isso mesmo. E de certa forma ainda
enfrentamos... Minha mãe não é totalmente a favor de nós dois. Aliás, não é
nada a favor da gente ficar junto.
NATANAEL: - E como vocês fazem para namorar,
se curtir?
MATHEUS; - A gente se encontra, vai
passear... O ruim é que ela não pode freqüentar a minha casa, né? Para não
gerar problema...
NATANAEL: - Entendo.
MATHEUS: - E você? Não tem ninguém?
MATHEUS: - Nem aqui, nem no Brasil, nem em
lugar algum. Não quero me envolver tão cedo com alguém!
MATHEUS; - Ué, mas por que? Desilusão
amorosa?
NATANAEL: - Não, nada disso. Só não quero me
prender a ninguém, sabe? Depois que eu terminar a faculdade, quero ter o prazer
de viajar por aí com o meu avião, sem me preocupar em dar satisfação para
ninguém, sabe?
MATHEUS: - Sei sim. Liberdade!
NATANAEL: - Adoro essa palavra!... Liberdade!
MATHEUS; - Mas às vezes, uma companhia é bom,
não acha?
NATANAEL: - Claro que é... Também não serei
hipócrita em achar que viver sozinho, sem ninguém é a maravilhoso. O que eu não
quero é compromisso, entende?... Um rolinho ali, outro casinho aqui, não faz
mal. Até porque, ninguém é de ferro, né rapaz?
MATHEUS: - É mesmo!
CENA
16. CASA ALBERTO. SALA DE JANTAR. INT. NOITE.
Alberto,
César, Tânia e Marina jantam. Clarisse está ao lado, próxima à mesa.
ALBERTO: - Você hoje nem passou na empresa,
César.
CÉSAR: - Eu tirei o dia para resolver uns
compromissos, papai.
TÂNIA: - E que compromissos eram esses?
CÉSAR: - Coisas minhas mamãe.
TÂNIA: - Ultimamente você anda cheio de
segredinhos.
MARINA: - Todos têm segredos, Tânia.
Tânia encara Marina.
CLARISSE: - Ah, César! A Rúbia ligou hoje à
tarde.
CÉSAR: - A Rúbia! Ela não disse o que queria?
CLARISSE: - Queria falar com você, mas eu
disse que você havia saído.
ALBERTO: - A Rúbia... Estou louco para ver a
barriguinha dela de grávida! Deve estar linda!
CÉSAR: - Bom que você me falou Clarisse! Vou
ligar para ela agora!
Nesse instante, Rúbia entra na
sala.
RÚBIA: - Acho que não vai preciso ligar,
César. Eu já estou aqui!
Todos ficam surpresos com a
chegada de Rúbia.
CENA
17. APTO LÍLIAN. SALA. INT. NOITE.
Fredy
e Lílian conversam com Diogo.
LÍLIAN: - Muito obrigada Diogo, por você ter
aceitado o nosso convite de vir até aqui.
DIOGO: - Não precisa agradecer não, gente. Eu
é que peço desculpas, porque só consegui sair da imobiliária à essa hora.
FREDY: - Sem problemas. Pena o César não
poder estar aqui agora, ele teve que resolver uns compromissos hoje, durante o
dia.
DIOGO: - Eu entendo.
LÍLIAN: - Pois então, Diogo, nós pegamos o
seu contato através da Best Fish, de onde o projeto ambiental é ligado, porque
nós queremos firmar uma parceria com você, ou melhor, com a imobiliária.
DIOGO: - E como seria essa parceria?
FREDY: - Você com certeza ficou sabendo que o
projeto ambiental sofreu um grave incêndio há um tempo.
DIOGO: - Claro que soube. Foi desastroso...
FREDY: - Foi mesmo. Mas agora nós estamos
prestes a concluir as obras de reconstrução do novo espaço.
LÍLIAN: - E nesse novo espaço, nós teremos
salas especiais para, além de cuidar dos animais e do mar de Praia Real, também
pretendemos oferecer palestras, cursos sobre preservação ambiental, biomas,
entre outros planos.
DIOGO: - E onde a imobiliária se encaixa
nesse projeto?
FREDY: - Nós ficamos sabendo que vocês estão
coordenando a ocupação do condomínio que fica próximo à reserva ambiental do
morro.
DIOGO: - Sim, somos nós mesmos.
LÍLIAN: - Então, como a área da reserva é um
espaço delicado de trabalhar e até preservar, nós achamos que com a ajuda da
imobiliária, será possível que os moradores do novo condomínio e também os
moradores que já vivem na redondeza podem se conscientizar da preservação dessa
região.
DIOGO: - Gente, se eu contar para vocês que
lá na imobiliária nós tivemos essa ideia, de fazer uma campanha de preservação
da reserva, vocês não irão acreditar!
FREDY: - Nossa, muita coincidência!
LÍLIAN: - Isso é um bom sinal então!
DIOGO: - Isso é um ótimo sinal! Por mim, a
parceria está firmada com certeza!
Os três comemoram.
CENA
18. CASA TOMÁS. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.
Tomás
chega em casa e vai subindo as escadas, quando escuta um barulho na porta. Ele
volta e vê Patrícia entrando em casa.
TOMÁS (surpreso / feliz): - Filha!
PATRÍCIA: - Papai!
Os dois se abraçam fortemente.
TOMÁS: - Patrícia! Você aqui! Mas... Você
veio antes, não avisou nada...
PATRÍCIA: - Queria fazer surpresa! E a mamãe?
TOMÁS: - Pois eu também cheguei a pouco
tempo, estava subindo agora para o quarto... Vamos lá ver sua mãe!
Os dois sobem animados.
CENA
19. CASA TOMÁS. QUARTO TOMÁS. INT. NOITE.
Tomás e Patrícia entram no
quarto. Cristina está deitada na cama, dormindo.
PATRÍCIA: - Ela dormiu...
TOMÁS: - Nem pode ver a sua surpresa...
Nesse instante, Cristina se
acorda.
CRISTINA: - Filha!
PATRÍCIA (subindo na cama): - Mamãe!
As duas se abraçam fortemente.
Cristina se emociona.
CRISTINA: - Senti tanta sua falta, meu amor!
PATRÍCIA: - Eu também, mamãe! Morri de
saudades! De vocês dois!
Tomás se aproxima e abraça as
duas.
TOMÁS: - É tão bom abraçar os meus amores...
Os três permanecem abraçados,
felizes.
CENA
20. CASA ALBERTO. SALA DE JANTAR. INT. NOITE.
Rúbia
é recepcionada pelo pessoal na sala de jantar.
CÉSAR: - Rúbia!
RÚBIA: - Então César, não vai me dar um beijo
de boas vindas?
César se aproxima de Rúbia e a
beija.
ALBERTO: - Mas que surpresa é essa, menina?
Porque não avisou que chegava hoje? Assim eu poderia pedir para o Charles
buscá-la no aeroporto.
RÚBIA: - Mas a intenção era fazer uma
surpresa, seu Alberto, para toda família.
MARINA: - E pelo visto, conseguiu! (risos)
RÚBIA: - Clarisse, avise o Charles para
buscar minhas malas no táxi, lá fora, por favor?
CLARISSE: - Claro, com licença.
Clarisse sai.
TÂNIA: - Pensei que ficaria mais tempo em São
Paulo, Rúbia, aproveitando as belezas da metrópole.
RÚBIA: - Bem que eu poderia ficar, Tânia, mas
a saudade do meu amor me fez perder qualquer vontade de ficar.
MARINA: - E você voltou até mais linda,
Rúbia, feliz. Essa viagem fez muito bem para você.
RÚBIA: - Obrigada, Marina. E eu estou mesmo,
muito feliz. Ainda mais com esse bebê que estou esperando.
Rúbia alisa a barriga sobre o
vestido, que está saliente.
ALBERTO: - Em tão pouco tempo a barriga já
deu uma crescida!
CÉSAR: - Você conseguiu comprar tudo o que
queria, Rúbia?
RÚBIA: - Por incrível que pareça, eu
consegui. Mas gente, São Paulo é tudo de bom mesmo! Tem muita coisa boa, roupas
lindas... Comprei cada roupinha para o bebê!... Mas comprei tudo assim, branco,
amarelo, verdinho... Até porque eu não sei o sexo dele ainda.
ALBERTO: - E quando você pretende saber?
Quando será a sua próxima consulta?
RÚBIA: - Dentro de alguns dias. Mas o sexo eu
só vou descobrir quando ele nascer.
TÂNIA: - Realmente, a sua barriga cresceu...
Posso tocar?
RÚBIA: - Não!
Todos ficam surpresos.
TÂNIA: - Mas por que não?
RÚBIA: - Simpatia.
ALBERTO: - Simpatia? Que história estranha é
essa, Rúbia?
RÚBIA: - A história é mesmo estranha, seu
Alberto. Enquanto eu e a Paty fazíamos compras, fomos abordadas por uma cigana.
E ela leu a minha mão, dizendo que meu filho seria muito feliz, abençoado pelos
deuses e de progresso na vida. Mas para que isso se concretize, ninguém, além
de mim, poderá tocar na barriga. Isso porque nem todas as pessoas, possuem as
energias positivas que contribuem para o bem estar espiritual do bebê.
MARINA; - Gente, que coisa maluca!
RÚBIA; - Maluca ou não, eu prefiro acreditar.
Vai saber se isso não é verdade?
CÉSAR: - Eu acho isso uma tremenda bobagem,
Rúbia! Essas coisas não têm nada a ver!
RÚBIA: - Claro que tem, gente! E a cigana
falou com um brilho no olhar intenso... Até me arrepio só de falar!
ALBERTO: - Aposto que ela te cobrou caro por
isso...
RÚBIA: - Ela não me cobrou nada, seu Alberto.
Ela disse que a minha felicidade seria a recompensa dela.
Tânia observa tudo desconfiada.
ALBERTO: - Bom, se essa é a vontade da futura
mamãe, que assim seja!
Clarisse entra na sala.
CLARISSE: - Pronto, Rúbia. O Charles já
trouxe todas as suas coisas e as colocou no quarto de hóspedes. Assim, amanhã,
ou quando você quiser, fica melhor de você organizar tudo.
RÚBIA; - Obrigada, Clarisse...
CLARISSE: - Por nada. Com licença.
Clarisse sai.
RÚBIA: - Gente, se vocês me permitem, eu vou
subir para descansar. A viagem, por incrível que pareça, para mim ficou
cansativa.
ALBERTO: - Claro, minha querida! Vá descansar
sim. Teremos muito tempo ainda para falar sobre a viagem.
RÚBIA; - Com certeza. Tenham todos uma boa
noite. Você vem comigo, César?
CÉSAR: - Claro, vamos sim.
Rúbia e César saem.
ALBERTO: - O que foi Tânia? Você parece
preocupada...
TÂNIA: - Eu, preocupada? Não... Estou apenas
pensando numa coisa aqui, mas sem muita importância.
ALBERTO: - Fiquei tão feliz com a chegada da
Rúbia e do meu netinho!
MARINA; - Netinho? Pode ser uma netinha,
papai!
ALBERTO: - Pois é! Agora só quando nascer
para saber ao certo. Mas só o fato dela estar aqui conosco novamente já me
deixa mais tranqüilo.
MARINA; - Só essa história sinistra da
cigana, não é? Nunca vi coisa igual.
ALBERTO: - Eu também não. Mas nunca se sabe,
não é mesmo? Às vezes é bom não mexer com essas coisas de magia, energias...
MARINA; - Há quem acredite ou não nesse
misticismo. A rúbia pelo jeito acredita e muito.
TANIA: - Ela acredita é no golpe dela, isso
sim...
ALBERTO: - O que você falou, Tânia?
TÂNIA: - Hã?! Ah, pensei alto, só... Falei
que ela crê fortemente em qualquer crendice, só isso.
MARINA: - É, pode ser também. Mas quem somos
nós para dizer que não é verdade, não é mesmo?
ALBERTO: - É mesmo, minha filha... Bom, o
papo está muito bom, mas eu vou subir. Boa noite minha filha.
MARINA: - Boa noite papai. Sonhe com os
anjos!
ALBERTO: - Você vem também, Tânia?
TÂNIA; - Daqui a pouco, querido. Eu quero
achar um livro ali no escritório. Gosto de ter algo na cabeceira da cama, nas
noites de insônia!
ALBERTO: - Tudo bem. Boa noite para vocês!
Alberto sai.
MARINA; - Acho que eu também já vou indo.
TÂNIA; - Já vai tarde, inclusive.
MARINA; - Poupe-me Tânia. Boa noite para
você.
TÂNIA: - Boa noite queridinha.
Marina sai. Clarisse entra na
sala.
CLARISSE: - A senhora vai precisar de mim
ainda, dona Tânia?
TÂNIA; - Não, Clarisse. Pode se retirar
também.
CLARISSE: - Obrigada. Boa noite para a
senhora.
Clarisse sai. Tânia olha em
volta, verificando se não há ninguém por perto. Ela levanta-se da mesa e sai da
sala.
CENA
21. CASA ALBERTO. ESCRITÓRIO. INT. NOITE.
Tânia entra no escritório, pega o
telefone e disca para Heraldo.
TÂNIA: - Heraldo, sou eu, Tânia.
(T)
TÂNIA: - Oi, meu amor... Também estou com
saudades suas!
(T)
TÂNIA: - E então, o que achou do hotel novo?
(T)
TÂNIA: - Eu falei que você iria gostar. Eu
sou uma pessoa de bom gosto.
(T)
TÂNIA: - Claro! Amanhã mesmo estaremos
juntinhos, eu e você!
(T)
TÂNIA: - Agora eu preciso desligar.
(T)
TÂNIA; - Tenha uma ótima noite, meu amor!
Tânia desliga o telefone,
satisfeita.
CENA
22. TRANSIÇÃO DO TEMPO. AMANHECER. / CASA ALBERTO. QUARTO CÉSAR. INT. DIA.
Imagens
de Praia Real ao amanhecer. Corta para a casa de Alberto. No quarto de César, Rúbia
se acorda. Ela vê que César continua dormindo. Ela se levanta e vai até o
banheiro, onde arruma corretamente a barriga falsa, por baixo de sua camisola.
Quando sai do banheiro, percebe que César está acordando.
RÚBIA: - Bom dia, meu amor! Desculpe se fiz
algum barulho, eu não queria acordar você.
CÉSAR: - Você não fez barulho algum...
RÚBIA; - Senti tanta falta de dormir com
você.
CÉSAR: - Pena que eu não posso encostar meu
corpo no seu...
RÚBIA: - É uma pena mesmo. A cigana disse:
nada de contato desse tipo.
CÉSAR: - Sei lá, Rúbia, eu não acredito
nessas coisas não. Acho que eu, como pai, poderia tocar na barriga da minha
futura esposa, senti-la, beijá-la e depois quando estiver mais crescida, sentir
os movimentos do bebê!
RÚBIA: - Eu sei, meu amor! Mas eu acredito
nisso! E eu estando grávida, não posso ter as minhas crenças, os meus
pensamentos violados, contrariados!
CÉSAR; - Tudo bem, tudo bem...
RÚBIA: - Mudando um pouquinho de assunto, mas
ainda falando de nós dois, nós poderíamos marcar para logo o nosso casamento,
não acha?
CÉSAR: - Nosso casamento...
Rúbia; - É, César. Acontece que eu não quero
entrar na igreja com um barrigão enorme!
CÉSAR: - Eu sei, mas...
RÚBIA: - Eu até pensei que pudéssemos casar
em breve, daqui a um mês. Não está bom?
CÉSAR: - Um mês?
RÚBIA: - Sim! Eu já vi tudo de decoração,
local para a festa, a igreja!... E tendo dinheiro, tempo não é problema.
CÉSAR: - Eu sei Rúbia, mas é que antes eu
preciso resolver uns assuntos, uns assuntos muito importantes.
RÚBIA: - Ah não, César! Você não vai querer
adiar o nosso casamento por causa do projeto ambiental?
CÉSAR: - Não é bem o projeto ambiental,
Rúbia.
RÚBIA: - Se não é o projeto ambiental, com
certeza não deve ser algo importante assim. Porque pra você pelo visto só o
projeto ambiental é importante. Nem a nossa felicidade, o nosso casamento, o
filho que eu estou esperando!... Nada, nada disso tem importância para você.
Você está sempre adiando o nosso futuro, sempre...
CÉSAR: - Não, Rúbia, não diga isso. Claro que
eu me importo com você, com o nosso filho...
RÚBIA: - Então vamos marcar a data do
casamento logo, César! Daqui a um mês! Será perfeito!
César
fica pensativo, enquanto Rúbia se mostra animada / esperançosa.
CENA
23. CASA ALBERTO. GARAGEM. INT. DIA.
Charles
está na garagem, quando Tânia entra no local.
TÂNIA; - O carro está pronto?
CHARLES: - Está sim, dona Tânia.
TÂNIA: - Então vamos sair. Eu quero que você
me leve a um lugar... Mas ninguém pode saber onde vou, entende?
CHARLES: - Entendo sim, dona Tânia.
TÂNIA: - Então vamos, não quero perder tempo.
CENA
24. CASA VIRGÍNIA. SALA DE ESTAR. INT. DIA.
Virgínia
e Carvalho conversam enquanto tomam café da manhã. A mesa é farta.
CARVALHO: - A Marina é um anjo mesmo, hein,
Virgínia!
VIRGÍNIA: - É mesmo. Fez questão de deixar um
dinheirinho pra gente. Você gostou dessa mesa de café que eu preparei?
CARVALHO: - Nunca vi tanta coisa boa na minha
vida!
VIRGÍNIA: - Presunto de Parma, peito de peru,
suco de frutas vermelhas!
CARVALHO: - Com todo esse cafezão, eu vou ter
energia de sobra para comemorar!
VIRGÍNIA; - Comemorar o quê?
CARVALHO: - O sorteio da loteria! Se Deus
quiser, é hoje que eu fico rico!
VIRGÍNIA: - Mas você ainda tem esse bilhete,
Carvalho? Pensei até que você tivesse esquecido disso!
CARVALHO: - Eu, esquecer? Mas nem em sonho,
meu bem... (segurando a mão de Virgínia) Meu amor, eu vou tirar a sorte grande.
Você vai ver!
Carvalho
olha para Virgínia confiante.
CENA
25. CENTRO PRAIA REAL. HOTEL LUXO. INT. DIA.
Charles
para o carro em frente a um hotel luxuoso, no centro da cidade. Tânia desce do
carro e vai indo em direção a entrada do hall. Heraldo está esperando por ela
na porta. Charles observa todos os movimentos de Tânia. Ela se aproxima e
Heraldo vai recebê-la. Heraldo dá um beijo em Tânia, sem que ela espere. Charles
vê tudo. Tânia procura disfarçar.
TÂNIA: - Heraldo? O que é isso?!
HERALDO: - Isso é um beijo, oras! Não gostou?
TÂNIA: - Claro que gostei, (olhando em volta)
mas aqui, assim desse jeito não...
Tânia olha para o carro. Charles
finge que não viu nada.
TÂNIA: - Vamos para o seu quarto.
HERALDO: - Vamos sim.
Tânia e Heraldo entram. Charles observa
do carro.
CHARLES: - Então ela trai o seu Alberto...
CENA
26. HOTEL LUXO. QUARTO. INT. DIA.
Tânia
e Heraldo conversam.
HERALDO: - Esse hotel é bem melhor do que
outro mesmo. Nem se compara! Aqui eu me sinto um verdadeiro rei!
TÂNIA: - É o hotel mais caro da cidade.
HERALDO: - Mas porque você pediu para trocar
de hotel assim, de repente? Alguém descobriu alguma coisa?
TÂNIA: - Não, mas tem gente desconfiada.
HERALDO: - Quem?
TÂNIA: - A Virgínia, ex-mulher do Alberto, me
viu entrando naquele hotel, na última vez em que nós nos encontramos. Ela ficou
desconfiada.
HERALDO: - Se você quiser eu posso dar um
jeito nela...
TÂNIA: - Não, não será preciso. Vamos evitar
tomar atitudes mais drásticas... Por enquanto, fica assim... Agora eu quero é
aproveitar com você.
Tânia
agarra Heraldo e os dois caem sobre a cama, aos beijos.
CENA
27. CASA TOMÁS. SALA DE JANTAR. INT. DIA.
Tomás
e Cristina estão tomando café, quando Patrícia entra na sala e senta-se na mesa
com eles.
CRISTINA; - E então, minha filha, dormiu bem?
PATRÍCIA: - Dormi sim, mamãe. Até da minha
cama senti falta!
TOMÁS: - Depois de uma boa viagem, nada
melhor do que voltar para casa, não é mesmo?
PATRÍCIA: - É mesmo papai.
CRISTINA: - Mas e aí, me conta como foi tudo
lá!
PATRÍCIA; - Foi demais, mãe! São Paulo é
muito linda!... Andamos por vários lugares, passamos por cada loja, mamãe!
CRISTNA: - Ai, nem me fala, filha! As
boutiques de Sampa são um arraso!
PATRÍCIA: - E são mesmo. Depois eu mostro
para você as roupas que eu comprei. Mas eu também ajudei a Rúbia a comprar as
roupinhas do bebê e também algumas peças do enxoval do casamento dela.
TOMÁS: - Ela deve ter comprado muita coisa...
E também ficou muito feliz.
PATRÍCIA: - Ela ficou radiante, papai. A
viagem fez muito bem para ela. E agora com o casamento chegando, ela só tem a
ficar mais feliz do que nunca.
CRISTINA: - Ela já marcou a data?
PATRÍCIA: - Ainda não, mas me parece que ela
deseja se casar daqui a um mês.
TOMÁS; - Um mês?! Nossa, não é pouco tempo?
PATRÍCIA: - Ela não quer entrar na igreja com
a barriga grande...
CRISTINA: - Ah, ela já deve estar com uma
barriguinha saliente mesmo, não é filha?
PATRÍCIA: - Está sim, mamãe. Uma graça!...
Mas vocês nem sabem o que aconteceu!
TOMÁS; - O que foi?
PATRÍCIA; - Enquanto nós fazíamos compras,
uma cigana abordou a Rúbia e leu a mão dela.
CRISTINA: - e o que ela viu?
TOMÁS: - Você acredita nisso, Cristina?
CRISTINA: - Ah, tenho um pouco de curiosidade
apenas... Então, Paty, o que a cigana disse?
PATRÍCIA; - Disse que o bebê seria uma pessoa
de futuro próspero, de progresso, saúde, felicidade. Mas que para isso
acontecer de fato, ninguém poderia tocar nem ver a barriga de Rúbia, a não ser
ela mesma.
TOMÁS: - Que loucura isso, gente. Isso não
existe.
CRISTINA; - Parece loucura mesmo... Nunca vi
isso antes.
PATRÍCIA: - Pois é, mas a Rúbia ficou
impressionada com isso e resolveu seguir a risca os dizeres da cigana. Nem eu
vi a barriga da Rúbia na viagem.
TOMÁS: - Então ela acreditou mesmo.
PATRÍCIA: - Achou melhor não arriscar... E
por um lado até é bom. Pode ser uma bobagem, mas vai que no fundo acontece
mesmo o que a cigana disse? É bom não brincar com essas coisas.
CENA
28. HOTEL LUXO. EXT. DIA.
Tânia
sai do hotel e caminha em direção ao carro. Charles sai do carro e abre a porta
para ela, que entra. Charles entra novamente no carro.
CHARLES: - Vamos para aonde, dona Tânia?
TÂNIA: - Para casa, Charles.
CHARLES: - Tudo bem.
TANIA: - Mas antes que você saia, eu só quero
avisá-lo de uma coisa.
CHARLES: - Sim, dona Tânia.
TÂNIA: - O que você viu aqui hoje, morre com
você, entendeu?
CHARLES: - Mas eu não vi nada não, dona
Tânia.
TÂNIA: - Acho muito bom... Mesmo assim, já
está avisado.
CHARLES: - Tudo bem.
TÂNIA; - Vamos, pode ir.
Charles liga o carro e parte.
CENA
29. CASA ALBERTO. QUARTO CÉSAR. INT. DIA.
César
sai do banheiro, após tomar banho. Rúbia está fazendo anotações em uma agenda.
CÉSAR: - O que você está escrevendo aí,
Rúbia?
RÚBIA: - Estou montando a lista de convidados
para o nosso casamento.
CÉSAR: - Mas já?
RÚBIA; - Claro! Não quero esquecer de
ninguém.
César senta-se próximo dela.
CÉSAR: - Você não acha muito rápido isso tudo
não?
RÚBIA; - Não acho não. A gente se ama, César!
Para quê ficar adiando a nossa felicidade?
CÉSAR: - Acontece que eu preciso falar uma
coisa muito séria com você.
RÚBIA: - Mas o que você tem de tão sério para
me dizer?
CÉSAR: - Nós não podemos nos casar.
Rúbia fica surpresa com César.
CENA
30. LONDRES. APTO MATHEUS. INT. DIA.
Willian
entra no apartamento de Matheus, que está vendo TV.
WILLIAN: - Com licença!
MATHEUS: - Fala Willian! Tudo bem?
WILLIAN: - Tudo bem e você, aproveitando o
tempo livre?
MATHEUS: - É... Estou assistindo TV. A
programação aqui é muito boa... Ah, talvez tenha que falar com o pessoal do
hotel para avisar um problema.
WILLAN: - Que problema?
MATHEUS; - O telefone. Acho que está
bloqueado, sei lá. Eu não consigo ligar para o Brasil.
WILLIAN: - Mas se você quiser falar com a sua
mãe, pode usar o meu celular.
MATHEUS: - Mas eu queria falar também com a
minha namorada, a Alice.
WILLIAN: - Bom, para isso infelizmente eu não
poderei ajudá-lo.
MATHEUS; - Mas por que não? Eu prometo que é
rapidinho, só para avisá-la que amanhã mesmo eu já estou indo embora.
Willian ri. Matheus não entende.
MATHEUS: - O que foi? Não lembro de ter dito
algo engraçado...
WILLIAN: - Você não vai poder ligar para mais
ninguém aqui, Matheus.
MATHEUS: - Por que não?
WILLIAN: - Ordem da sua mãe.
MATHEUS: - Ordens da minha mãe? Como assim,
Willian?
WILLIAN: - Sua mãe me deu ordens para que eu
vigiasse você aqui em Londres e ordenou que eu não deixasse você se comunicar
com a favelada que você namora.
MATHEUS: - Não fale assim da Alice! Você não
a conhece!... Mas porque a minha mãe faria isso comigo aqui? Eu já estou longe
da Alice! O que mais ela quer?... Ah, mas amanhã quando eu chegar no Brasil,
nós vamos conversar seriamente.
WILLIAN: - Acho que vai demorar um bom tempo
para que você e sua mãe conversem pessoalmente.
MATHEUS: - Do que você está falando?
WILLIAN: - Você não vai embora, Matheus. Você
não vai voltar para o Brasil.
Matheus fica surpreso.
CENA
31. CASA BRENDA. QUARTO ALICE. INT. DIA.
Brenda
conversa com Alice, enquanto esta se arruma para sair.
BRENDA; - Eu não sei mais como enfrentar o
Guto, Alice! Ele está sempre me cercando, me dizendo coisas...
ALICE; - Que coisas?
BRENDA: - Ontem, por exemplo, ele veio me
dizer que o César não vai se separar da Rúbia e que o César não vai me fazer
feliz...
ALICE: - Brenda, o Guto está com o coração
ferido, está falando as coisas sem pensar...
BRENDA; - Mas mesmo assim, Alice. Acho que
para tudo há um limite! Por mais que ele esteja sentindo pelo nosso fim, poxa,
as coisas que ele me fala, me ferem também!
ALICE: - O que você tem que fazer é não dar
ouvidos. Se ele falar qualquer coisa sobre você e o César, deixa passar...
Quando mais você se importa, mais ele fala. Então deixa ele falar. Ele vai ser
que você não está dando importância, e vai parar com isso.
BRENDA: - Tomara amiga!... Mas e você, aonde
vai toda produzida desse jeito?
ALICE: - Eu vou até a imobiliária, falar com
o pai do Matheus, para saber se ele tem alguma notícia dele.
BRENDA; - É mesmo. Ele ainda não mandou
notícias de Londres?
ALICE; - Nada ainda... E com a mãe dele nem
adianta falar, não é?
BRENDA; - Daquela lá é bom manter distancia.
ALICE: - Por isso é que eu vou falar com o
Diogo. Assim ele me ajuda a falar com o Matheus.
CENA
32. CIA DE NAVEGAÇÃO. ESCRITÓRIO. INT. DIA.
Silvana
entra apressada no escritório de Henrique.
HENRIQUE: - O que foi Silvana? Aconteceu
alguma coisa?
SILVANA: - A gente precisa conversar. Do
jeito que está não dá mais para ficar, Henrique.
HENRIQUE: - Do que você está falando?
SILVANA; - Estou falando do nosso casamento,
que não vai nada bem. Você anda muito estranho comigo, a gente não conversa
mais, não fica mais junto. Você vive aqui na droga dessa companhia de navegação
e não liga mais para mim!
HENRIQUE: - Deixa de falar bobagens, Silvana!
Você é que está não está nada bem... Parece uma louca! Você veio aqui para
conversar ou para ficar me acusando de ser o único responsável por estar
levando o nosso casamento para o ralo?
SILVANA: - E você não é o responsável por
isso?
HENRIQUE; - Claro que eu não sou. Você também
a sua parcela de culpa nessa história.
SILVANA: - Ah eu tenho é? Não sei onde...
HENRIQUE: - Mas eu sei. Naquela droga de
história de ficar querendo me dar um filho, por exemplo.
SILVANA: - Eu só queria realizar o seu
sonho...
HENRIQUE: - Mas acabou enchendo a minha
cabeça!...
SILVANA: - Você está sendo grosseiro comigo!
Um ingrato!
HENRIQUE: - Ingrata é você Silvana, que não
enxerga o esforço que eu faço para te sustentar, enquanto você fica em casa,
feito uma dondoca ou então fazendo compras.
SILVANA: - Agora você está se contradizendo,
meu querido! Porque você nunca quis que eu trabalhasse! Sempre disse que mulher
sua não iria trabalhar. Só iria cuidar da casa, da família...
HENRIQUE; - Eu mudei.
SILVANA: - Eu percebi que você mudou. Deixou
de ser aquele homem legal, companheiro, fiel.
HENRIQUE: - Eu sou fiel, Silvana.
SILVANA: - Não é! Não é fiel coisa nenhuma!
Você pensa que eu não sei que você anda me traindo, Henrique?
HENRIQUE: - Eu? Traindo você, Silvana? De
onde você tirou essa ideia maluca?!
SILVANA: - Você acha mesmo que eu acreditei
naquela história de problema na companhia para resolver? Não! Eu não acreditei!
HENRIQUE: - Se você não acreditou na verdade,
o problema é seu! Mas não me acuse de infidelidade, pois isso eu não fiz!
SILVANA: - Mas esse seu comportamento nos
últimos tempos não é normal, Henrique.
HENRIQUE: - Você que não está sendo normal,
Silvana. Está ficando louca, inventando coisas!... Assim não dá mais. Não dá
mesmo!
SILVANA; - E você vai fazer o que? Pedir o
divórcio, por acaso?
HENRIQUE: - Vou. Eu quero o divórcio!
Silvana
se surpreende.
CENA
33. CASA ALBERTO. QUARTO CÉSAR. INT. DIA.
Rúbia
se surpreende com a atitude de César.
RÚBIA: - O que foi que você disse?
CÉSAR: - Nós não vamos nos casar, Rúbia.
RÚBIA; - Que história é essa agora, César?
Como assim, nós não vamos nos casar?
CÉSAR: - Eu queria dizer isso para você
antes, mas só consegui agora. Eu não posso me casar com você.
RÚBIA: - Mas porque não? A gente se ama, meu
bem! Eu te amo! Você me ama!
CÉSAR: - Aí é que está... Eu não amo você,
Rúbia.
Rúbia
fica totalmente apreensiva, um pouco transtornada.
CÉSAR: - Eu sei que é difícil, mas é a
verdade. Eu não posso continuar com essa história. Não dá para levar adiante
esse nosso relacionamento.
RÚBIA: - VocÊ não me ama?... Então você me
enganou, é isso?...
CÉSAR: - Não, eu não queria...
RÚBIA (interrompendo César): - Você me
enganou, César, me usou!...
CÉSAR: - Rúbia, por favor, não confunda as
coisas!
RÚBIA: - Não estou confundindo nada!... Você
apenas me usou e agora quer me jogar fora feito um papel de rascunho, um jornal
velho, um lixo!
CÉSAR: - Fica calma, rúbia, por favor! Pensa
no bebe!
RÚBIA; - Pensar no bebê?... (riso debochado)
Você está me dizendo para pensar no bebê? (fica séria) Você acabou de dizer que
não me ama, está me dando um fora, em mim e na criança! E agora quer eu pense
no bebê? Pense você em tudo isso que está fazendo!
CÉSAR: - Eu só estou fazendo isso para que a
gente não se machuque mais tarde!
RÚBIA; - Mas a dor pelo visto está sendo a
mesma, César... Você está me machucando falando essas coisas...
CÉSAR: - Eu não queria, Rúbia. Mas não é certo
eu ficar com você amando outra pessoa.
RÚBIA: - Quem é? Quem é a pessoa que você
está amando?
CÉSAR: - Não vamos falar nisso agora...
RÚBIA: - É a Brenda, não é? Fala César! É a
Brenda que você está amando, não é?
César
fica calado, consentindo.
RÚBIA; - Eu sabia!... Eu sabia que aquela
desgraçada iria estragar minha vida!
CÉSAR: - Não fale assim, Rúbia! Ela é sua
irmã!
RÚBIA: - Aquela sem vergonha esperou eu ir
viajar para atacar você e pelo visto ela conseguiu.
CÉSAR: - Ninguém me atacou, Rúbia. Eu sempre
me senti atraído pela Brenda, inclusive antes do seu acidente.
RÚBIA: - Você vai me deixar para ficar com
ela?
CÉSAR: - É dela que eu gosto de verdade.
RÚBIA; - Então o que você sente por mim é
mentira. Tudo o que você me disse durante todos os nossos dias juntos foi um
engano, um equívoco, é isso?
CÉSAR: - Eu sinto sim um carinho muito
especial por você, afinal, você é a mãe do meu filho.
RÚBIA; - Eu não quero carinho, eu quero o seu
amor, César! Eu quero ser a sua mulher!...
Rúbia
fica totalmente séria. César se preocupa.
CÉSAR; - O que foi Rúbia? Está se sentindo
bem?
RÚBIA; - Se você quiser me deixar para ficar
com aquela sonsa da Brenda, pode ir... Mas você nunca mais vai me ver, nem ver
seu filho.
CÉSAR; - Do que você está falando?
RÚBIA: - Aliás, até vai ver... Você vai ver
nós dois sim. Mas no necrotério.
CÉSAR (preocupado): - Rúbia, não vá fazer
nada, por favor!
RÚBIA: - Você quer ir para os braços da
Brenda, pode ir, César... Mas se você fizer isso, eu me mato e levo comigo o
nosso filho.
César
fica totalmente preocupado com Rúbia.
RÚBIA; - Você escolhe, César. A Brenda e a
minha morte ou o nosso casamento, com a nossa família feliz.
César
está apreensivo. Rúbia o encara.
CENA
34. LONDRES. APTO MATHEUS. INT. DIA.
Matheus
se espanta ao saber que não poderá mais voltar para o Brasil.
MATHEUS; - Mas isso não pode ser verdade!
WILLIAN: - É a mais pura verdade, Matheus.
Você não voltará para o Brasil tão cedo.
MATHEUS: - Mas eu não fico aqui nem mais um
minuto. Eu vou embora hoje mesmo!
WILLIAN: - E vai ir embora como?
MATHEUS: - Eu tenho alguns dólares guardados
na minha mochila...
Matheus
pega a mochila, procura a carteira, mas não encontra nada.
MATHEUS; - Onde está a minha carteira? Só me
faltava essa agora! Eu perdi minha carteira! Droga!
WILLIAN: - Você não perdeu a sua carteira.
MATHEUS: - Você sabe onde está?
WILLIAN: - Está comigo. Eu aproveitei que
você saiu ontem à noite, entrei aqui no apartamento e peguei tudo de dinheiro
que você tinha.
MATHEUS: - Canalha!
WILLIAN: - Agora você só irá embora depois
que terminar seus estudos aqui. Ou nem isso. É possível que você fique aqui
para sempre.
MATHEUS; - Devolva as minhas coisas, Willian!
Eu não admito isso!
WILLIAN: - Procure se acostumar, Matheus.
Daqui em diante, vocÊ viverá sob os meus cuidados, sob as minhas ordens.
Willian
sai do apartamento e tranca a porta. Matheus tenta abrir a porta, mas não
consegue.
MATHEUS: - Abre a porta, Willian! Vamos! Abra
a porta logo! Willian! Willian!... Droga!... Eu não posso ficar aqui, eu não
posso! Eu preciso voltar para o Brasil...
CENA
35. LONDRES. CORREDOR APTO. INT. DIA.
Willian
liga para Helena.
WILLIAN: -
Alô? Helena?
(T)
WILLIAN: -
Sou eu, Willian.
(T)
WILLIAN: - Acabo de avisar o Matheus que ele
não irá mais embora.
(T)
WILLIAN: - Sim. Você acredita que ele queria
ir embora amanhã mesmo? (risos)
(T)
WILLIAN: - Coitadinho... Mas pode ficar
tranqüila, que ele será bem cuidado aqui por mim.
CENA
36. CASA PETRÔNIO. QUARTO HELENA. INT. DIA.
Helena
conversa com Willian ao telefone. Ela está satisfeita com seu plano.
HELENA: - Mas eu não tenho dúvidas que você
irá cuidar bem do meu bebê. Quanto mais tempo eu puder deixá-lo longe daqui e
daquela vagabunda, melhor.
(T)
HELENA: - Que ótima notícia Willian. Muito
obrigada. Ah, e não precisa se preocupar, que manhã mesmo o dinheiro estará na
sua conta.
(T)
HELENA; - Isso mesmo. Eu mesma irei
depositar.
(T)
HELENA; - Obrigado querido pela força. Grande
abraço. Dê um abraço no meu bebê também por mim. E diga para ele que eu só
estou fazendo isso para o bem dele.
(T)
HELENA; - Está certo. Beijos.
Helena
desliga o telefone. Está totalmente feliz.
CENA
37. CASA SONIA. SALA DE ESTAR. INT. DIA.
Sônia
está lendo uma revista, quando Adriano entra na sala.
SÔNIA; - Nossa, como você está lindo,
Adriano!
ADRIANO: - Você acha é?
SONIA: - Acho sim. Está lindão!... Ih...
Aonde você vai lindo desse jeito? (risos)
ADRIANO: - Vou até o resort, ver como estão
as obras.
SÔNIA: - Ah é mesmo? Que bom querido.
ADRIANO: - Você não quer ir comigo lá também?
As obras já estão quase prontas.
SÔNIA; - Aceito seu convite sim. Só espera eu
colocar uma roupa melhor para acompanhar você nessa lindeza toda!
ADRIANO (rindo): - você fica linda de
qualquer jeito, meu amor!...
SÔNIA: - Eu não demoro!
Sônia sai. Adriano a espera na
sala.
CENA
38. OBRAS DO RESORT. INT. DIA.
Adriano
e Sônia acompanham as obras do resort, que já está quase concluído. Os dois
passam pelos diversos espaços do local, acompanhando tudo o que está pronto. O
casal está visivelmente feliz. Algumas vezes, trocam beijos e carícias durante
o passeio.
CENA
38. IMOBILIÁRIA. SALA DIOGO. INT. DIA.
Diogo
está trabalhando, quando Alice entra na sala.
ALICE: - Com licença, Diogo!
DIOGO: - Alice! Entre por favor!
Alice entra na sala.
ALICE: - Como vai? Espero não estar
atrapalhando o seu serviço...
DIOGO: - Imagina, não atrapalha nada não.
Sente-se, fique a vontade.
Alice senta-se.
DIOGO: - Então, o que trás você aqui?
ALICE; - Eu estou precisando de um pequeno
favor do senhor.
DIOGO: - Que favor?
ALICE; - Eu queria saber alguma notícia ou
então o contato do Matheus em Londres. Preciso muito falar com ele.
DIOGO; - Infelizmente, eu não poderei ajudar
você. Sabe por quê?
ALICE; - Não...
DIOGO: - Eu também não tenho o contato do
Matheus em Londres. Eu fiquei esperando que ele enviasse notícias, mas até
agora nada. Você já tentou falar com a Helena?
ALICE: - Acho que o senhor esqueceu que a
dona Helena me odeia.
DIOGO: - Ah, claro. Desculpe.
ALICE: - Não tem problemas... Mas e agora,
como nós faremos para saber do Matheus.
DIOGO: - Alice, minha querida, só há um
jeito. Indo falar com a Helena. E ela vai ter que nos dar notícias do Matheus.
CENA
39. CIA DE NAVEGAÇÃO. ESCRITÓRIO. INT. DIA.
Silvana
fica apreensiva com o pedido de divórcio de Henrique.
SILVANA; - Você está brincando, não está?
HENRIQUE: - Eu nunca falei sério em toda a
minha vida.
SILVANA: - Henrique, pensa bem no que você
está dizendo...
HENRIQUE: - Eu já pensei, Silvana. Pensei
muito.
SILVANA; - Mas as coisas não podem se
resolver assim.
HENRIQUE: - Esse é o único jeito das coisas
se resolverem, Silvana. Não há outra maneira para nós dois.
Silvana pega sua bolsa e vai
saindo da sala.
HENRIQUE: - Aonde você vai Silvana?
SILVANA; - O divórcio eu não vou te dar,
Henrique. Não vou entregar você de mãos beijadas para a outra.
Silvana vai embora. Henrique fica
pensativo.
CENA
40. TRANSIÇÃO DO TEMPO. ANOITECER. / CASSA PETRÔNIO. EXT. NOITE.
Imagens
de Praia Real ao anoitecer. Corta para a frente da casa de Petrônio. Diogo
estaciona o carro em frente a casa. Alice e ele descem do carro. Bento que
estava em frente ao portão vai recepcioná-los.
BENTO: - Boa noite.
DIOGO: - Boa noite, Bento. Nós gostaríamos de
falar com a Helena.
ALICE: - É importante.
BENTO: - Se vocês puderem esperar aqui. Eu vou
chamá-la.
DIOGO: - Claro.
BENTO: - Com licença.
Bento
sai. Diogo e Alice aguardam. Ela está um pouco ansiosa.
CENA
41. CASA PETRÔNIO. SALA ESTAR. INT. NOITE.
Helena,
Petrônio e Samantha conversam.
PETRÔNIO: - Então o Matheus decidiu ficar em
Londres?
SAMANTHA: - Eu não acredito!... Mas ele tinha
relutado tanto a ida para lá!
HELENA: - Pois é. Eu também tomei um susto
grande, fiquei surpresa também. Mas o próprio Matheus me disse com todas as
letras. Ele adorou a faculdade, o curso, já fez até amigos lá.
PETRÔNIO: - Nossa, fico muito feliz por ele.
HELENA; - Eu também papai. Fiquei tão
contente dele ter gostado.
Nesse
instante, Bento entra na sala.
BENTO: - Com licença.
PETRÔNIO: - Pois não, Bento?
BENTO: - O seu Diogo e a namorada do Matheus
estão lá fora. Desejam falar com a senhora, dona Helena.
HELENA; - Comigo?
BENTO: - Sim. E parece que o assunto é muito
importante.
HELENA; - Essa gente tendo assunto importante
para falar comigo? Essa boa...
PETRÔNIO: - Helena, deixe de bobagem e vá
atendê-los! Os convide para entrar.
SAMANTHA: - Provavelmente eles querem saber
notícias do Matheus.
HELENA: - Convidar para entrar? Mas nem
morta! Não quero essa gente aqui dentro de casa. Esqueceu que aquela garota
tentou me roubar?
SAMANTHA; - Não foi provado nada, Helena!
HELENA: - Não me interessa... Eu vou
atendê-los lá fora mesmo.
Helena
se levanta e sai. Bento a acompanha.
PETRÔNIO: - Mas o Matheus em Londres... Que
bom.
SAMANTHA: - É mesmo. Ele deve estar bem
feliz.
CENA
42. CASA PETRÔNIO. EXT. NOITE.
Helena
vai falar com Diogo e Alice.
HELENA; - O que vocês querem aqui na minha
casa?
DIOGO; - Viemos saber notícias do Matheus,
Helena.
ALICE; - Queremos saber como ele está, se
está tudo bem...
DIOGO: - E também queremos o telefone dele
lá, alguma coisa para mantermos contato.
HELENA: - O contato dele de lá eu não posso
dar.
ALICE; - Não pode, por quê?
HELENA: - É um pedido do próprio Matheus.
DIOGO: - O Matheus pediu isso? Não pode
ser...
HELENA: - Pediu sim. Ele pediu isso porque
agora ele quer se dedicar apenas ao seus estudos, sem ser incomodado por
ninguém.
ALICE; - Como assim se dedicar aos estudos?
Ele não iria ficar só por uns dias?
HELENA: - Não, queridinha. O Matheus ligou
hoje para mim e avisou que não vem mais para o Brasil.
DIOGO (surpreso): - O Matheus não vem mais?
ALICE: - Ele vai ficar em Londres, é isso?
HELENA; - Que parte da frase “Ele não vem
mais para o Brasil” vocês não entenderam? O Matheus não quer mais voltar! Ele
decidiu ficar em Londres,
ALICE (decepcionada): - Não pode ser. Isso
não pode ser verdade...
HELENA: - A mais pura verdade. Ele adorou a
universidade, o curso e já fez até amigos por lá. Pelo visto, ele não volta tão
cedo para o Brasil. Se é que um dia vai voltar para cá.
DIOGO: - Mas como isso? O Matheus não estava
nem um pouco empolgado com essa viagem e agora está decidido a ficar lá?
HELENA; - Para você ver como o seu filho
mudou de opinião rápido. Nada melhor do que conhecer para saber se gosta ou
não.
Alice
está completamente decepcionada, entristecida.
HELENA: - Bom, se era isso que vocês vieram
saber, agora já sabem. Por favor, podem ir embora.
DIOGO: - Mas Helena!
HELENA: - Chega Diogo! Eu já disse para vocês
tudo o que vocês queriam saber. (a Alice) E para você menina, ele mandou dizer
que tanto faz ou tanto fez a situação de vocês.
Alice
fica chocada.
HELENA: - Que você leve a sua vida que ele
estará levando a dele lá na Inglaterra.
Helena
se retira. Alice chora. Diogo consola a garota.
DIOGO: - Calma Alice, não fique assim!
ALICE; - Não há como eu me controlar, Diogo.
O Matheus não volta mais para o Brasil. E agora, como eu fico, esperando um
filho dele!
DIOGO (surpreso): - Você está grávida do
Matheus?
ALICE; - Estou... E eu pedi para a dona
Helena avisar ele, mas pelo visto, ele não se importou.
DIOGO: - Mas, isso não pode ficar assim!... O
Matheus não faria isso!
ALICE: - Mas fez, Diogo. Não quer saber de
mim nem do filho dele...
Diogo
abraça Alice, que chora.
CENA
43. CASA ALBERTO. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.
Tânia,
Alberto e Marina estão na sala.
ALBERTO: - E o César, onde está? Saiu?
MARINA: - Que eu saiba não, papai. Acho que
está no quarto com a Rúbia. Os dois já estão a um bom tempo lá, conversando.
ALBERTO: - Devem estar falando sobre o bebê,
o casamento... Matando as saudades!
TÂNIA: - A Rúbia voltou para casa e está
sendo mais paparicada do que nunca.
ALBERTO: - Não é para menos, Tânia. Ela está
grávida, está frágil, sensível.
TÂNIA; - Grande coisa... Acho um exagero todo
esse cuidado com ela.
MARINA; - Pensei que você concordasse com os
paparicos para a mãe do seu neto.
TÂNIA: - Tudo que é exagerado demais, faz
mal. Ela vai acabar ficando mal acostumada e também vai deixar a criança do
mesmo jeito...
CENA
44. CASA ALBERTO. QUARTO CÉSAR. INT. NOITE.
César
se surpreende com a atitude de Rúbia.
CÉSAR: - Você não faria isso, Rúbia.
RÚBIA: - acha que não? Pode ir... Vá, vá
atrás da Brenda para você ver se eu não dou um fim em mim e na criança.
CÉSAR: - Isso é loucura, Rúbia! Pare e pense!
RÚBIA: - Loucura é viver sem você do meu
lado, César... Não desista do nosso amor, do nosso casamento!
CÉSAR: - Não há amor, Rúbia! Entenda isso!
RÚBIA: - Eu te amo! Eu quero você do meu
lado, para sempre!...
CÉSAR: - Rúbia, pensa numa coisa... Eu não
posso ficar com você gostando da Brenda. Seria errado, não seria justo com você
nem comigo!
RÚBIA: - Mas eu amo você e vou fazer você me
amar também, César!... Não me deixe, por favor!... Não desiste de mim, não
desiste do nosso casamento, da nossa vida! Eu sou capaz de uma loucura!...
CÉSAR: - Não diga isso Rúbia, por favor!
RÚBIA: - Então fica comigo, César. Casa
comigo que eu farei você me amar assim como eu amo você. Não me deixe sozinha,
senão eu não saberei mais o que é viver.
César
fica pensativo.
CENA
45. RESTAURANTE MARESIA. EXT. NOITE.
Diogo
e Alice conversam.
DIOGO: - Não se preocupe, Alice. Nós vamos
conseguir falar com o Matheus e saber direitinho dessa história. Ele não pode
simplesmente deixar você aqui, grávida de um filho dele e não ligar para nada!
ALICE; - Eu não sei mais o que eu faço, Diogo.
Eu ainda nem falei para o seu Joaquim e para a dona Matilde, que são as pessoas
que me criaram desde criança... Não sei nem como falar para eles essa história.
Estava esperando o apoio do Matheus para me ajudar, mas pelo visto...
DIOGO: - O Matheus não está aqui, mas você
pode contar comigo para o que precisar.
ALICE: - Muito obrigado, Diogo. O que eu mais
vou precisar é de apoio mesmo. Bom saber que eu posso contar com você, porque
com a dona Helena eu já sei que não terei nada.
DIOGO: - A Helena é uma pessoa totalmente
insensível.
ALICE: - Ela até já me ofereceu dinheiro para
abortar a criança.
DIOGO (chocado): - O que é isso que você está
me falando? A Helena quis que você abortasse a criança, é isso?
ALICE: - Isso mesmo, Diogo. Me ofereceu
dinheiro. Mas eu recusei. Não vou tirar essa criança! Se aconteceu, era para
acontecer e eu vou assumi-la, sem medo ou vergonha.
DIOGO: - E faz bem, Alice.
ALICE; - Eu só queria o Matheus do meu
lado...
DIOGO: - Nós vamos falar com ele, Alice. Nós
vamos conseguir resolver essa história. Agora eu preciso ir, mas nós mantemos
contato.
ALICE; - Claro. Muito obrigada por tudo!
Os
dois se despedem.
CENA
46. CASA VIRGÍNIA. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.
Virgínia
e Carvalho acompanham o sorteio da loteria. Carvalho está totalmente ansioso.
VIRGÍNIA: - Fica calmo, Carvalho! Senão é
capaz de ter um troço antes mesmo do sorteio!
CARVALHO: - Eu vou tentar me controlar, mas
eu estou muito ansioso, Virgínia!...
VIRGÍNIA: - Olha lá na TV, vai começar!
Os dois fixam os olhos na TV,
onde o apresentador faz o sorteio.
APRESENTADOR (na TV): - Boa noite amigos e
amigas! Estamos aqui hoje para mais um sorteio da nossa loteria! Hoje, o premio
será de 2 milhões de reais!
CARVALHO: - Ai, meu Jesus Cristinho, é hoje!
É hoje que eu tiro o pé da lama!
VIRGÍNIA; - Olha lá, presta atenção!
APRESENTADOR (na TV): - Vamos ao sorteio.
VIRGÍNIA: - Confere aí direitinho!
CARVALHO: - Mas eu já estou com tudo aqui!
Prontinho!
APRESENTADOR (na TV): - Os números sorteados
são... Dez!... Vinte e dois!... Quinze!... Trinta e quatro!... Quarenta e um...
VIRGÍNIA: - E aí, como está indo?
CARVALHO: - Todos os números, meu amor! Todos
os números! Só falta o último!
VIRGÍNIA: - E qual é o último?
APRESENTADOR (na TV): - E o último número...
quarenta e sete!
Carvalho dá um pulo do sofá,
animado, extremamente feliz.
CARVALHO: - Acertei! Estamos ricos, Virgínia!
VIRGÍNIA: - Ai, meu amor, que emoção!
Os dois se abraçam, felizes,
comemorando.
CENA
47. CASA ALBERTO. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.
Rúbia
e César descem as escadas, chegando na sala, ao encontro de Alberto, Tânia e
Marina.
TÂNIA; - Até que enfim vocês saíram de dentro
daquele quarto!
ALBERTO: - a conversa foi longa pelo visto.
MARINA: - E proveitosa também, não?
RÚBIA; - Muito proveitosa sim, Marina. Nós
queremos anunciar que nós vamos nos casar daqui a um mês.
TÂNIA (espantada): - Daqui a um mês?!
MARINA: - Mas que ótima notícia! Não querem
perder tempo mesmo.
ALBERTO: - É verdade isso, meu filho?
CÉSAR: - Sim papai. Nós vamos nos casar o
mais breve possível.
Tânia
não se mostra contente, assim como César, que tenta disfarçar. Rúbia está
completamente feliz e satisfeita em conseguir segurar César.
FIM DO CAPÍTULO
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